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Sunday, December 5, 2010

)))Equalizar Você(((
Gostaria de ter o poder de
)))Equalizar Você(((

Roubar,
Possuir tua tutela,
Insana e despudoradamente,
Alheia a qualquer convenção moral,
Apenas ligada, comprometida com o desejo,
Vencendo o medo,
Rompendo a castidade,
Pelo menos uma vez na vida...
Ser tua mulher, deidade, rainha, cortesão...
Irresponsável, louca,
Dona e fora de mim mesma;
Vem...
Conhecer, desvendar, usufruir
Do meu “manual de instruções”.
REGINA COSTA

Dessedento esta vontade
Nos acordes de um desejo
E aproveito cada ensejo
Onde vejo a divindade
Que desnuda tanto agrade,
E no encanto agora eu vejo
O meu mundo benfazejo,
Sem saber mais da saudade,
Profanando em tal delícia
O teu corpo com malícia
Sobre sedas e cetins,
A desnuda fera então
Num momento de tesão
Acedendo os estopins.


-= EU TE AMO
Meus olhos
brilham
quando te vejo
chegar ...


(ivi)

Quando chegas minha alma vibra intensa
E teima em ser feliz, mesmo que a vida
Demonstre-se deveras dura e tensa,
Em ti encontro logo esta saída

Que há tanto desejei, e recompensa
Andante fantasia, distraída,
Deixando para trás a dor e a ofensa,
Levando a solidão já de vencida...

Brilhando feito o sol, olhar tão belo,
E quando estás comigo enfim revelo
Os velhos dissabores, meus segredos,

Errante como um velho cavaleiro,
Perdendo no passado, o paradeiro,
Agora tenha a vida entre meus dedos...



- SAUDADE...

Nas vísceras expostas, postas paz...
Cada pústula repulsas postulas,
Mas és éter, flutuas. Tuas gulas
São meus guias, vadias; vou atrás.

Se temo teu veneno traz antraz.
Se cedes teu remédio, negas bulas...
Devoras, todas horas, mas anulas...
Teu beijo pedra, perda, Satanás!

As mãos vãs e vazias vagam vilas,
Das frestas frenesi, fórmicas, filas...
Dos céus véus e meus veios, meios, fim...

Sexo verbal, venal, vogal verdades...
A saúde amiúde traz saudades;
Veleidades, vazio vago assim..

. -= EU VOU VIRAR FUNKEIRO
Eu vou virar funkeiro sim senhor,
E dane-se este mundo sem juízo...
Aí quem sabe eu tenha algum valor,
E mudo até meu nome se preciso.

Qualquer besteira serve de artifício,
Falar um palavrão cai muito bem,
Errado com certeza desde o início,
Quem sabe até melhore ano que vem.

Juntar umas cachorras bem bundudas,
Vestindo algum shortinho, requebrando,
Das rádios com jabás pedir ajudas,
Aí em poucos dias ‘tá tocando...

Mexendo devagar até o chão,
A moça vai mostrando o seu bundão...


- TE QUERO BEM PUTINHA...

Te quero bem putinha em minha cama,
Abrindo esta xoxota sem igual,
Ardendo com tesão a mesma chama
Que entornas já me toca, sensual.

Chupar o teu grelinho com vontade,
Lamber o teu cuzinho, ser teu par.
Depois de te fuder com liberdade,
Assanho meu desejo até gozar

Sentindo toda a porra te inundando,
Sugando o doce mel, ser teu zangão,
Abelha tão safada, irei chupando
Até que arrebentando em turbilhão

Exploda novamente em minha boca,
E secarei com sede tua loca...

-=Descaminhos
Descaminhos

“Se acaso tu vires e me vires,
Em outra direção, te peço, mires,
Sou quase o que teria já não sido”
Sou resto, funesto, da libido;

O silêncio que perturba teu ruído
Eu sou aqui, o que queres alhures,
O nada feito do teu sonho construído
Navegante que perdeu-se em sete mares.

E se depois da meia noite emplacares
Logo mudas de canal, Jô Soares,
Contigo a convivência, só me mata.

A lua nunca mais se fez tão prata.
Derrapo em tuas curvas, tombos, espinhos,
E sigo a trilhar teus descaminhos.

Josérobertopalácio

Encontro no teu corpo esta resposta
Há tanto perseguida e nunca dada.
Nesta nudez fantástica que é posta
Avanço sem pudor, a madrugada.

Eu sei que no final a gente gosta,
Da forma mais jeitosa e mais safada,
Menina; vais perder aquela aposta,
Que em verdade nos toca e nos agrada...

Chegando de mansinho em teus ouvidos,
Acesos os desejos e as libidos,
Ascendendo ao planeta maravilha...

Abrindo estes botões, descubro os seios,
E avanço destemido e sem receios,
Caindo de cabeça na armadilha...


AMAR DE NOVO
Sobrasse algum momento para mim,
Quem sabe poderia ter então
Ao menos o sabor, a sensação
De um mundo que não fosse tão ruim.

Perdido, sem ter rumo, vou assim,
Aonde me mandar o coração
Por mais que isto pareça vago e vão
De sonhos eu adubo o meu jardim...

Não posso mais conter estas verdades
Que teimam em gritar mais forte ainda,
Tampouco reclamar tolas saudades,

São tempos que jamais quero viver
E quando o sol ao longe se deslinda,
Eu comemoro o novo amanhecer


- FODER VOCÊ

Teu corpo percorrendo com tesão,
Sentindo nos teus seios arrepios.
Dois loucos que se entranham, turbilhão,
Misturas de luxúrias feitas cios.

Depois tocar teu grelo e te chupar,
Al dente, esta buceta apimentada
Coloco cada dedo, devagar,
Até te penetrar, minha safada.

Fudendo sem parar, a noite imensa,
No orvalho que derramas eu me farto,
Nos gozos que se dão em recompensa,
Refaço meu caminho em nosso quarto,

Na diuturna vontade de te ter,
Delícia de me dar e de comer...

´SAUDADES...
Meu sangue tendo origem lusitana
Não teme os temporais e enfrenta o mar,
Saudade faz a vida navegar
Meu peito com orgulho, já se ufana.

De Loures, a minha alma busca insana,
Um belo ancoradouro onde aportar,
Enfrentando os mistérios; mergulhar,
E um dia descobrir Copacabana...

Ainda trago em mim, a nostalgia,
Subi várias montanhas, fui a Minas,
Um velho sonhador já fantasia

E sonha vez em quando com Lisboa,
Descobrir novos mundos, nossas sinas,
E o pensamento alado, sempre voa...


[CAIXA]
[CAIXA]


Fecho os olhos
Abro as pálpebras do universo...
Sou uma nascente
E minhas águas
Despencam em cascata
Em íntima queda
Sobre pedras...
Abraço o mar
E navego-me
Nos meus braços-ondas...
Absorvo-me
...Dobro-me
Na tela de mim mesma...
A alma
No oceano afunda
E o silêncio fecha-se
(SOZINHO...)

Neusi Sarda

Fechado dentro em mim oceano sombrio
Nefasta sinfonia expondo a morte em vida
Estátua do vazio, aos poucos consumida,
Esculpo deste mar, em mármol duro e frio

Auto retrato aonde; os engodos desfio.
Por mais que esta desdita, ataque e mesmo agrida,
A solução; não vindo, o apocalipse cria
Do velho tabernáculo um campo nu, vazio.

Ensimesmado e quieto, atrozes dias passo,
Deste universo imenso, apenas leve traço,
Rascunho concebido em simples garatuja.

Fantoche que se expõe um tosco caricato,
O Fado traiçoeiro, insano eu desacato
Minha alma apodrecida, agora, imunda e suja...

[Chamado


Os pássaros cantam
o teu nome ...

O meu coração
chama por ti ...

(ivana)


E pela noite afora
Amando sem parar,
Vibrando num desejo
Gostoso de provar
Querida em cada beijo
Vontade de ficar.

Sabendo que amanhã
Eu terei de ir embora,
Coração desembesta
E o peito logo chora
Eu quero desta festa
Sem tempo e sem ter hora.

Beber de cada gota
Que vem do teu prazer
Tomando pouco a pouco
No todo a conceber
Ficando quase louco,
Sedento a te beber.

Comemorar contigo
Amor em cada verso
Vencendo todo o medo
Rasgando este universo
Sabendo do segredo
De um sonho tão diverso.

Querendo sempre mais
E nunca se esgotando
De tanto que te quero,
Viver me apaixonando,
Depois de um mundo fero,
A paz se revelando...

_ sem esperança
Pobre de quem jamais teve esperança.
Parece com castelo abandonado,
Na vida se esqueceu dessa criança
Embora permaneça sempre ao lado...

Não merece sequer virar lembrança,
A morte sem notícias é seu fado...
Essa alma tão vazia já se cansa,
O tempo se passou desesperado...

O corpo que sepulto não tem peso,
Nem pode ser cremado nem é lixo.
Na vida sempre foi um contrapeso.

O que pensou ser alma, carrapicho,
Não teve dor, amores, quis ileso,
No fundo não foi homem, simples bicho..

`A AMIZADE


A vida vai passando sem disfarce
Deixando uma ilusão como reserva,
Na busca pelo bem é bom mostrar-se
Distante da canalha e da caterva.
Encanto tão bonito de encontrar-se
Um verdadeiro encanto, um bom tesouro,
Fazendo da amizade, ancoradouro...

( )
Vazio
Ócio
Oco
Cadê?
??????????????????????????????


400 TROVAS...QUEM DIRIA
Trovejando de mansinho
Em tempestas violentas
Comemoro bem quietinho
Completei já quatrocentas


28 de Junho... discutindo futebol.

Hay dias que no sé ló que me pasa
Que abro meu Neruda e apago o sol,
Misturo poesia com cachaça
E acabo discutindo futebol...


Pois é, nesse dia 28 de junho, véspera do segundo aniversário do meu querido Marcos Dimitri, não há muitas novidades nos horizontes políticos do país. Tirando o pedido de demissão do Ministro da Agricultura, não há muitas novidades no país do futebol.
Além do próprio, é claro.
O PSDB, obedecendo as ordens dadas por padim Tonim, baixou a crista e ficou com o rabo escondido sob as penas, na Bahia de São Malvadeza Durão.
Jefferson Perez, o Outro, vai ser vice do Buarque, o outro. Voltam ao Senado, os dois...
Em vários estados, a “Unidos venceremos” prepara a gororoba intragável. Tenta primeiro convencer os aliados que vale a pena lutar, para depois convencer o povo. Se, no primeiro tempo o jogo tá difícil, mais difícil ainda vai ser convencer que Geraldo não tem nada a haver com FHC, ou que FHC fez um bom governo.
A defesa do Sociólogo é o Real, mas a estabilização econômica é filhote do Itamar, ou será que estou errado?
O PC do B vem com Lula, e esse é o caminho mais acertado; tanto histórica quanto coerentemente.
Geraldo quer Orestes junto com ele, mas Orestes não quer Geraldo, que ama José “Apagão” Jorge, que ama Tasso, que ama Agripino, que ama Arruda, que ama Antero Paes, que ama “Arcanjo” Efrain, que ama Aécio e Serra que fingem amar Geraldo, que submete-se a ACM, que junto com César maia, não amam ninguém. (Inspirado em Quadrilha... do Drumond).
Por falar nisso, Geraldo outro dia afirmou que a culpa da crise do final do Governo passado foi do “medo do Lula”, inclusive as “pernas abertas” para que mais de cem bilhões de dólares saíssem do país, via contas C5.
A confusão na “Unidos Venceremos” também é reflexo do “medo do Lula”. Confere?
Mais uma coisa deve ser acrescentada a esse dia 28 de junho. O frio, aqui fez um frio de lascar.
Mas, voltando ao futebol, estou torcendo pela Argentina ganhar da Alemanha. Time de casa não perde Copa do Mundo fácil não. E a torcida alemã vai torcer contra quem eliminar a sua seleção.
A italiana, como sempre, vai aos trancos e barrancos. Sem um Paolo Rossi da vida, fica mais complicado.
Ucrânia é a maior zebra, mas Croácia e Turquia ficaram em terceiro lugar nas últimas Copas.
Prefiro a Inglaterra que esse Portugal à la Scolari. É osso duro de roer...
Agora, o Brasil, apesar de ter a dupla Cafu Dida acho que tá indo bem.
Dimitri, papai te ama.
De resto, tudo segue na mais perfeita ordem, conforme os governistas ou num verdadeiro caos, conforme os oposicionistas.
Ah, esqueci de uma coisa: Geraldinos e Arquibaldos votam, em sua imensa maioria, no Lula. Ou no Nuna na na, conforme o meu rucnho...

69

Testei tua virilidade
agora sei que és safado
foi logo me querendo
Não quis só amizade
Agora me perguntas safadinho
do que mais gostei
Gostei de tudo que fizeste
Com este corpo que é só teu
Gostei da mordida e da lambida
Gostei da tua lança travada
Gostei da meia nove
logo ao romper da madrugada
Gostei de amar pela frente
Gostei de amar por trás
Deixar-te na minha gruta
Gostinho de quero mais
Molhadinha, molhadinha
Viu como fiquei?
Mel puro e gostoso extraído sabes
Deste amor que aqui se fez
Vem logo doce mel!
Repetir o teste mais uma vez
Vem!

Repito toda vez
Que me quiser querida,
Fazendo muito amor
Pegar desprevenida

Tirando a tua roupa
Lamber o teu pescoço
A mão passando embaixo,
Causando um alvoroço,

Amor não tenha medo,
Se entregue sem receio
Eu quero o teu tesão
Chupando cada seio

A mão vai penetrando
por dentro do vestido,
Prazer vai aumentando
Testar cada sentido,

Encontro esta grutinha
E sinto a tua mão
Descendo calmamente
Entrando no calção

A vara se prepara
A gruta bem molhada,
Mexendo com meus dedos
Te deixo arrepiada...

Depois eu escorrego,
Na frente e para trás
Encontro a bela furna
Enfio um pouco mais

Tua boca percorre
Meu peito e meus cabelos
A loca apertadinha
Com poucos raros pelos..

Lambendo devagar
Abrindo esta xaninha
A tua língua vem
Chupando a cabecinha...

Meus dedos sem juízo
Eu quero sempre mais
Beijando com vontade
Na frente e logo atrás.

Um meia nove feito
Assim com tal vontade
Escorre pelas bocas
Nossa saciedade...

GELIS
Marcos Loures

40 MIL SONETOS, GRAÇAS AO SENHOR.
001

A manhã me trazendo
Olhar onde pudesse
Acreditar na prece
Aonde em dividendo
O mundo transcendendo
Ao quanto se obedece
Enquanto além se tece
O quadro sem remendo
Do mundo mais suave
Aonde sendo uma ave
Liberto coração
Galgando espaços sigo
E tendo em ti o abrigo
Caminho e direção.

002


E seus raios solares
Dourando este caminho
Aonde mais mesquinho
Pudesse em vãos altares
E neles onde estares
Vencer qualquer espinho
Um mundo mais daninho
Ou tantos maltratares,
Vagando pelo quanto
O tempo ora garanto
Vencendo os meus temores,
Restando dentro em mim
O mar que não tem fim,
Em raros bons albores.


003



Da abelha fecundando
A plena primavera
Aonde nada espera
Senão tal vento brando,
Mas quando em mim nublando
Além do quanto gera
A vida sempre fera
O mundo mais infando,
O pranto o medo o vento
E nisto ainda tento
Cerzir novo caminho,
Mas quando me percebo
Apenas eu recebo
A dor, a pedra e o espinho.

004

Na eterna primavera
Aonde quis um dia
A mansa melodia
E nada mais tempera
A sorte, o corte a fera
O peso mostraria
O canto em agonia
E a vida desespera
Ausente da esperança
O corte já me alcança
E poda qualquer luz,
O risco ora se espalha
Sou campo de batalha
E feito em morte e pus.

005

A manhã, companheira
Dos sonhos mais audazes
E nele não me trazes
Senão velha ladeira
Aonde a derradeira
Loucura em tais mordazes
Caminhos vãos tenazes
Estendes a bandeira,
Restando muito pouco
E quando quase louco
Ainda tento a sorte,
Sem nada à minha frente
Apenas me contente
Saber da minha morte.

006



Refaz a nossa vida
A queda ou mesmo o medo,
E quando assim procedo
No quanto não duvida
Ou mesmo agora acida
O risco, o tempo ledo,
Não tendo outro segredo
Não vejo mais saída,
Tristeza diz da sorte
E quando não comporte
O tempo nega a luz,
O vasto caminhar
Agora sem lugar
O fim já reproduz.

007



Para os noturnos medos
Os olhos são vazios
E os tantos desafios
Agora em ritos ledos,
Ourives da ilusão
Poeta poderia
Gerar um novo dia,
Mas morto desde então
Suplica pela paz
E nada mais se vendo
Apenas o remendo
Dorido e tão mordaz
Restando o que inda vejo
Aquém do meu desejo.

008


Abrindo a porta, fecha
A sorte a quem se dera
Na fúria de uma espera
A dor é como flecha,
O risco em tênue mecha
A volta não tempera
E mata a primavera
Aonde a sorte flecha
E rasga esta promessa
O nada recomeça
Emana insensatez
O verso sem mais nexo
O rito mais complexo
O todo se desfez.

009


Há tanta coisa mais
Do que mero sonhar
E busco noutro mar
Quem sabe novo cais,
Enfrento os desiguais
Caminhos, navegar
Vencido e sem singrar
Os tempos vendavais,
Restando esta ilusão
E nela a direção
Timão não conhecia,
Naufrágio sem defesas
Seguindo as correntezas
A noite é sempre fria.

010

Que acompanha os solares
Anseios de quem sabe
O quanto não lhe cabe
Sequer parcos lugares
E tanto relutares
E nisto já desabe
O medo que se gabe
Ou tanto engalanares
Com falsas pedrarias
E nelas não terias
As messes mais queridas,
Restando em poesias
As horas mais vazias
Assim também as vidas.

011


As libélulas, sonhos
De livre caminhar
Sem termo nem lugar
Sem sóis ou enfadonhos
Delírios tão medonhos
Nem mesmo onde aportar
Apenas revoar
Em céus turvos, risonhos,
Arisca tarde aonde
O tanto já se esconde
Responde a tal promessa
Aonde o vento leva
A vida não longeva
Sem medo se professa.

012



Nossa vida passando
Sem tempo para nada
Sem medo ou alvorada
Ou chuva desabando,
O coração em bando
A porta dita estrada
A vaga e tola estada
O manso se nublando
O corte o canto o peso,
Aonde fora ileso
Agora em cicatriz,
Detesto o que detenha
Ainda busco a lenha
Que a messe me desdiz.

013


Tristeza anestesia
O parto sonegado
A linha outro traçado
A morte noutro dia,
Cultura ou mais sangria
Versando no passado
O verso desenhado
No pranto ou na agonia,
Mudando vez em quando
O prego penetrando
A morte não traduz
O peso do sonhar
A falta de lugar
Ausência desta luz.

014


A manhã vem trazendo
A sorte mais mesquinha
E nela se adivinha
O corte sem remendo,
O beijo num adendo
O parto se avizinha
Da vida outrora minha
Agora em vão perdendo;
Medonha face exposta
Aonde quis resposta
Proposta não sabia
Sequer algum mistério
E vago sem critério
Bebendo a sacristia.


015


Dançando nas esferas
Vagando em contraluz
Aonde nada pus
Tampouco ainda esperas
E quando degeneras
O passo ou reproduz
O tempo gesta a luz
Ou mesmo destemperas.
Sidérea profusão
Em astros divergentes
Porquanto ainda tentes
Diversa dimensão
O farto o fado o sonho
E tudo eu decomponho.

016

As nuas melodias
Postergam a verdade
E quanto mais degrade
Em turvas heresias,
O quanto tu querias
A morte ora me invade
E gera a tempestade
E nela as agonias
Os dias guerrilheiros
Os olhos espinheiros
Campônio coração
Lavrando em verso apenas
O quanto ainda acenas
Em dias de verão.

017


Que fazem do horizonte
Apenas este espanto
Aonde nada canto
Nem mesmo já desponte
O dia aonde aponte
O rumo onde garanto
E mesmo me adianto
Mudando a velha fonte,
Pedindo em vã promessa
O todo se confessa
Fortunas entre sonhos,
Os riscos arco além
E sei do quanto me contém
Em ares mais medonhos.

018



E em plenas alegrias
Os medos não puderam
Vencer e desesperam
Matando o que querias
Em idiossincrasias
As sortes destemperam
E nada mais se geram
Aonde não havias,
A sorte se trucido
O tempo resolvido
O manto renegado,
Apenas não sou gado
E nisto esta colheita
A vida nunca aceita.

019



As Ruas e destinos
Os medos balas, trevas
Aonde tu me levas
Ausentes rumos tinos,
E sei destes meninos
Em turvas vagas levas
E quando a morte cevas
Assim são cristalinos
Os ermos mais servis
E neles nunca quis
Sequer a mera sombra,
Verdade se prefira,
Mas bebo esta mentira
Enquanto a vida assombra.


020


Realejos dos tempos
Aonde nada resta
O beijo não empresta
Sequer os contratempos

E digo aos quatro ventos
Quem possa persistir
Depois do meu porvir
Olhares mais atentos

Resumo em verso e canto
O todo que podia
A noite segue fria
E nela me garanto

À bala num fiasco,
O tempo em mero frasco.

021

Quem me dera se
O tanto prometido
Pudesse sem sentido
O quanto não se vê
Ainda sem por que
O corte presumido
O dia resumido
No quadro e nada crê
No forte bala ou mesmo
No quanto me ensimesmo
Buscando solução
E teimo mesmo a sina
Ainda que assassina
Em noites de verão.

022

Realizassem por
Canto ou tanto faz
O medo mais audaz
O farto desamor
E nisto recompor
O corte outro voraz
Anseio ou mais tenaz
Delírio onde propor
O vento noutra cena
A morte não apena
Somente quem temia
Eras diversas trago
E bebo deste afago
Matando qualquer dia.

023

Mas, nada , estou assim
Ao menos no piano
Olhando o desengano
Que existe dentro em mim,
Tocando o quase fim
E nele se me dano
O corte dita o pano
E vejo outro jardim
Aonde nada houvera
Sequer a primavera
E tudo se perdeu,
O pouco que me resta
A liberdade gesta
O mundo em medo e breu.


024


Sabendo que virás
Após estes mesquinhos
Delírios mais daninhos
Ausentes rumo e paz,
O tanto mais mordaz
O corte diz espinhos
Os versos velhos ninhos
O peso mais audaz,
E nada além da queda
Aonde o passo veda
E a morte se garante
Mudando a cada instante
O rumo da promessa
E nada mais confessa.


025

O brilho dessa vida,
Ausente plenamente
No quanto se apresente
E nada mais duvida
A estrada dividida
O corte se pressente
E nele a vida mente
Ou tanto já perdida
A liberdade enquanto
Ainda tento e canto
Resumo em verso e nada
A morte anunciada
E nela não me espanto
Apenas me adianto.

026

depois de tanto tempo,
durante a vida vaga
a sorte não afaga
e trama em contratempo
o quanto pude além
e nada se repete
enquanto não reflete
o passo nunca vem,
e a morte outra promessa
ainda não me nega
o quanto fora cega
a velha e vã remessa,
ferido e sem defesa
entregue, mera presa.

027

Revivendo invadindo
O tanto não pude
Senão mera atitude
Aonde não deslindo
Sequer o que inda brindo
E mesmo que isto mude
Atroz a juventude
E nela distraindo
O passo rumo ao quanto
Pudesse sem entanto
Saber de outro momento
Cantando inutilmente
Ainda que me invente
Apenas me atormento.

028

Trazendo, ao fim da história
O medo se seguir
O nada presumir
Senão esta vanglória
E nela sem memória
O tempo que há de vir
Presume sem sentir
A farsa da vitória
Negando o passo aonde
O todo já se esconde
E muda a cada ausência
E nisto a realidade
Traduz outra verdade
E nela a morte, essência...


029


AH! COMO EU PODERIA
Vencer os meus temores
Aonde além tu fores
Seguindo cada dia
E nele esta alegria
Ditando novas cores
Gerando belas flores
Em cantos de alegria
A sorte, o corte o medo
Além deste arremedo
E nada mais senão
A paz dentro de mim
A vida em teu jardim
Terras da promissão...

030


DA SENSAÇÃO CRUEL
Ausente se medito
E quando ao infinito
Vagando imenso céu,
Resumo mesmo ao léu
O canto assim bendito
E tanto necessito
O passo em risco e véu,
Ausento do vazio
E tento em desafio
Vencer os meus anseios,
Incensos dentro da alma
A lua que me acalma
Transcende aos próprios veios.

031

DIZER-TE QUE, SEM TI
Já nada mais faria
Senão a fantasia
E nela me embebi
O tanto que senti
Ou mesmo poderia
Viver em alegria
Além ou mesmo aqui,
Restando deste pouco
O quanto me treslouco
Ou tento a sorte e o carma,
Meu canto em paz agora
A vida quando aflora
O coração desarma.

032

VOU PROCURAR-TE EM TODA
Certeza em voz suave
E quando a dor agrave
O tempo não açoda
E gera sem a poda
Ainda a velha trave,
A liberdade uma ave
O medo gira e roda,
E o corte se profana
A face soberana
Do manto que se faz
E nele tanto audaz
O canto mais tenaz
Jamais à vida engana.

033

JAMAIS EU SABERIA
Vencer o meu temor
Não fosse recompor
Assim a melodia
E nela a sintonia
Ou canto em dissabor
O corte o medo e a dor
O manto cobriria
Com tanta luz em nós
E mesmo o mais atroz
Deveras gesta a luz
E tanto quanto pude
Ou mesmo em atitude
O nada me conduz.

034

INFORMAR A ESSE LOUCO
Caminho aonde quis
Decerto ser feliz
E sei o quanto é pouco
O risco de sonhar
E ter noutro delírio
Aquém deste martírio
Imenso e claro mar,
Pudesse ainda ver
O todo aonde imerso
Percorro e me disperso
Em ritos de prazer,
Vagando em paz agora
O todo já se aflora.

035


EM QUE CANTO, EM QUE RUA
Apenas pude ter
Olhando o meu querer
Que além tanto flutua
Ou nada ainda atua
E gera o não saber
Mergulho no teu ser
E bebo a face nua
Por ela consagrando
O dia bem mais brando
Aonde se transcende
Ao quanto se desvende
Em toda maravilha
Amor paz se polvilha.

036

EM QUE MUNDO ELE SOUBE
O quanto nada havia
Senão a fantasia
E nela nada coube
Resolvo a cada passo
O tanto quanto pude
Ainda esta atitude
Aonde o nada traço
E bebo em vinho e paz
O manto mais suave
E nisto nada entrave
O passo mais audaz,
Gerando a sorte aonde
O mundo já responde.

037

AGORA QUE AS PALAVRAS
São meras luminárias
E mesmo tais corsárias
Não negam nossas lavras
Eu quero e tenho em mim
O todo que se trama
Cevando medo e drama
Ou mesmo outro jardim,
Pudesse acreditar
No passo aonde um dia
O tempo poderia
Ainda navegar
Gerando a sorte e a messe
Aonde a luz se tece.

038

AGORA QUE MEU MUNDO
Não traz outro caminho
Senão velhusco vinho
E nele já me inundo
O tanto que aprofundo
O corte me adivinho
E tento ser vizinho
Do gozo mais profundo,
Vagando sem destino
Ainda me fascino
Tentando novo brilho
O risco de sonhar
O medo de tocar
O mesmo velho trilho.


039

QUANTO MAIS ME APROXIMO,
Do todo que pudera
Gerar a primavera
E vejo apenas limo,
O corte não estimo
E nego quem tempera
Ainda esta tapera
E nela me redimo
Do gozo mais audaz
Da ausência aonde traz
O tempo em solidão,
O risco o gozo e o corte
A sorte não comporte
Senão mesmo verão.


040

Mas sinto a angústias mais
Audaz quando se quer
O toque da mulher
E nada dos cristais
Gerando sem jamais
Saber o que vier
Ou mesmo se pude
Ainda em temporais.
Resumo o meu destino
Aonde me fascino
E beijo o vendaval
A vida não mergulha
Senão mera fagulha
Do mundo atemporal.

041

SE, QUANTO MAIS DE DOR,
O manto não trouxesse
Ainda a mansa prece
Ou canto alentador
Vagando como for
E nisto se obedece
O passo que merece
E gera nova flor,
O vento o risco e o riso
O passo ao paraíso
O manto não recobre
O prazo que se dá
E sinto desde já
O coração mais nobre.

042

SUPLICO, POR FAVOR,
Se ainda vejo a luz
E nela se produz
O manto em medo e dor,
O corte o dissabor
O risco em contraluz
O tanto aonde pus
O medo ou desamor,
Não temo o que virá
E sinto desde já
A queda anunciada
Trazendo para mim
O quanto ora sem fim
Pensara a velha estrada.

43

Bela estrela acendendo
Um raio divinal
Permite sem igual
Um caminho estupendo
O quanto me envolvendo
Num rito magistral
Vagando pelo astral
Recebo este estupendo
Delírio aonde eu tento
Vencer imenso vento
E sigo sem temores
Além do quanto pude
No máximo a amplitude
Risonha dos amores.

44

Em brisas, maciez,
O tanto quanto além
Do todo onde contém
Amor quando se fez
E nesta insensatez
O gesto sem desdém
O ritmo que convém
E nele sem talvez
Singrando o céu imenso
E quando em ti eu penso
Encontro especular
Caminho majestoso
Em rito pleno e gozo
Por onde navegar.

45


De tudo que sonhei
Durante a vida inteira
Agora a verdadeira
Imagem desvendei
E sei da bela grei
Por onde a derradeira
Manhã é mensageira
Do quanto me entreguei,
E tento novo alento
E quando assim invento
Um porto além do mar
O beijo da esperança
Aos poucos já me alcança
Permite então amar...

46


Senão o meu caminho
Depois de tantos danos
Por vezes desenganos
E sei que vou sozinho,
Adentro pedra e espinho
Puindo velhos panos,
E quando soberanos
Os ermos mais daninhos
Gestando em mim a dura
E farta desventura
Procuro algum sinal,
Do todo que pudera
E sei quanto me espera
Em ato terminal.

47


Estrela que soubera
Depois dos erros tantos,
E agora em seus encantos
A vida recupera
A fúria em primavera
E bebe em riscos, cantos
E gera além quebrantos
O mundo em clara esfera.
O parto o peso o risco,
O coração arrisco
E beijo a madrugada
Aonde nada além
Do tanto que convém
Traduz a minha estrada.


48


Transforma meu viver
No quanto quis outrora
E tudo se demora
No pouco a perceber
Em ti eu posso ver
A sombra que decora
O corte não aflora
E a morte em desprazer
Jamais seria minha
Aonde nada alinha
Houvera esta esperança
E quando a sorte traz
Além do que é capaz
O canto em paz te alcança.


49


Abraço tal estrela
Durante os meus sonhares
Por todos os lugares
Consigo em paz vivê-la,
Quem dera se ao retê-la
Ainda me tocares
E vendo os meus olhares
Também pudesses vê-la,
O todo que se fez
Em mansa insensatez
Agora me domando,
O dia se anuncia,
Porém a estrela guia
Em mim vai se internando.


50

Abraços nem sementes
Nem medos ou temores
Aonde tu te fores
Irei contigo e tentes
Vencer os penitentes
Caminhos, dissabores
Reinando sobre as flores
Olhos clarividentes
Sabendo ser assim
A cor deste jardim
E nele sou tal qual
O riso, o risco e a prece
E tudo se oferece
Em rito magistral.

51


Esqueço meu caminho
Por pedras e desvios
E sigo os mansos rios
Aonde me avizinho
E bebo sem espinho
O manto em desafios
Unindo pontos fios,
Do todo eu adivinho
O risco de sonhar
O gozo a me tomar
E o tanto que inda possa,
A sorte sendo nossa
O corte já não temo,
Sequer em nada algemo.

52


E nem amar a lua
Que tanto desejara
E agora esta seara
Em face exposta e nua
Também além flutua
E bebe a sorte clara
A vida se prepara
E a morte se cultua.
Não tendo outro cenário
Além do temerário
Caminho que penetro,
Quem dera fosse assim,
O mundo dentro em mim
Ausente servo e cetro.

53

Quem dera se pudesse
Saber de outra vertente
Aonde se apresente
A vida com benesse,
O tanto se obedece
Ainda que se invente
Um rito imprevidente
Ou mesmo a vida esquece
E gera o desvario
E assim me desafio
Buscando a solidão,
Mas sei quanto se dera
A vida noutra esfera
Gerando a afirmação.


54


Viver mesmo que, embora,
Não seja o que pretenda
A sorte mera lenda
Agora não vigora
O tempo não se explora
O risco da contenda
A morte na moenda
O beijo não demora,
O peso de sonhar
O conto a navegar
Histórias de além vida,
Preparo a cada não
A minha direção
Sabendo da saída...

55


A lua que te traz
Já levará, bem sei
E noutra bela grei
Também se faz audaz,
Assim serei capaz
E nisto me entranhei
Enquanto seguirei
O passo mesmo em paz,
Além da plenitude
O tanto quanto ilude
Gerando a imensidão
Porquanto ser feliz
Fazer o que bem quis
Luares mostrarão...

56

E nada mais fazer
Senão seguir o passo
Vagando pelo espaço
O quanto conceber
Do amor dito prazer
E nele se me traço
O rumo aonde faço
O dia sem querer,
Mergulho no vazio
E logo desafio
As sendas mais atrozes,
Assim de tantos riscos
Apenas os ariscos
Delírios ditam vozes.

57


Amor, que se fazendo
Do todo mais além
Ainda me contém
E nisto sem remendo
O sonho vai tecendo
E segue sem desdém
Do todo sou refém
E beijo este estupendo
Caminho aonde possa
Viver a mais que a fossa
A vida noutra face
E sendo sempre assim
Amor não quero o fim
Nem mesmo o que o desgrace.

58


Se torna quase mais
Que o tanto que pudera
Sabendo a primavera
E mesmo os vendavais
Além dos desiguais
Caminhos onde a espera
Aos poucos degenera
O quanto fora cais,
Resulto do meu verso
E nele vago imerso
Mentindo ou mais sonhando,
O manto se desvenda
E sei do amor qual lenda
Em tempo outrora brando.

59


De sonhos e de cantos
Os tantos quanto pude
Em toda plenitude
Viver em tais encantos,
Agora não me retenho
Senão esta verdade
E nela se degrade
O quanto mais ferrenho
Pudesse ainda crer
E nada além do dia
Aonde fantasia
O mundo em bel prazer,
Resumo o verso em vão,
Mas busco solução.

60


Ecoa no meu peito
O canto aonde um dia
Vivera esta alegria
E agora se me deito
Jamais vou satisfeito
O risco mudaria
A sorte em ironia
E tanto mata o pleito
Enquanto me renega
A vida segue cega
E tudo não traduz
O parto, a lua a messe
E o vago além se esquece
Do quanto fora luz.

61

Divinos os teus rastros
E sigo até cansar
Buscando divagar
Adentro vários astros,
O mundo em alabastros
Marmóreo caminhar
Aonde lapidar
Se morro sem meus lastros?
Não pude esta promessa
E tudo se confessa
Apenas no vazio,
Mas tento nova sorte
E sigo sem suporte,
Enquanto o vão recrio.


62


Amares nunca dantes
Jamais se pode enquanto
Além não me adianto
Nem busco que agigantes
Postergo os degradantes
Delírios sem espanto
E neste pouco ou tanto
Ausentes diamantes,
Vendido sem a luz
E nela se propus
O risco não concerne
E sigo e perambulo
Enquanto a morte engulo
E a dor jamais externe.

63

Escapo numa escarpa
E tento após rochedos
Os dias menos ledos
E fujo desta farpa,
O manto já rasgado
O tempo não transcende
E nada mais se estende
Além do meu passado,
Restando muito ou nada
Do quanto quis outrora
A seca me devora
E mata a minha estada
Na estância da esperança
À morte a sorte lança.


64


Rochedos dos meus sonhos
Apenas heresias
E logo tu verias
Os dias enfadonhos
Aonde em tons bisonhos
Pudesse e não recrias
O canto em ironias
Ou mesmo estes medonhos
Delírios onde tento
Vencer o sofrimento
E crer num novo cais,
Mas quando me percebo
O amor mero placebo
Adentra os vendavais.

65


Mas, sendo quem não fora
Jamais pudesse ver
O dia amanhecer
Se esta alma é sonhadora,
Resulto do passado
E nada mais consigo,
Aonde quis abrigo
O tempo desolado,
O risco a manta a morte
O preço que se cobra
De quem tanto recobra
O mar onde comporte
Além da onda bravia
Quem sabe a fantasia?


66

Ser mar e navegar
Acasos entre quedas
E logo tu te enredas
Tomando devagar
O todo que perdura
Na falsa imagem leda
E quando mais conceda
Maior esta tortura,
Resisto o mais que posso,
No fundo até pensara
Na sorte bem mais clara
Mas, como se destroço?
Um pária nada além
Minha alma se retém.

67


Buscando em meu outono
Quem sabe novo sol?
Aonde quis em prol,
No nada enfim me abono
E bebo do abandono
Buscando no arrebol
Quem dera ser farol
Aonde não me adono
Sequer desta esperança
E quando a vida alcança
O medo mais atroz,
Ninguém escutaria
Ainda que vazia
A minha frágil voz.


68

Pedindo, nos meus versos,
Não pude acreditar
No quanto há de sonhar
Quem vive em tais imersos
Caminhos de universos
Além deste luar
E tanto procurar
Em tétricos submersos
Desvios da emoção
O tempo sempre em vão
O vago deste sonho
Aonde na verdade
A lua não me invade
E o sol não mais componho.

69

Amor que me maltrata,
E traz somente a dor,
Pudesse ter calor
Aonde a sorte ingrata
Certeza de cascata
Na queda em dissabor
Matando qualquer flor
Exterminando a mata
Floresce tão somente
O medo que apresente
E trace a negação,
E quando quis verão
A vida agora interno
Somente em duro inverno.

70

Perdi a minha vida
Na busca pelo farto
Caminho que descarto
Enquanto já me acida,
A morte construída
No peso atroz do parto
E quando me reparto
Não vejo a despedida,
O manto destroçado
O corpo acalentado
Nas ânsias de um querer,
Agora solitário
Vagando temerário
Sem nada a me prover.

71


Destino sempre prega
A peça em quem procura
A noite mais escura
Caminha sempre cega
O medo não carrega
Senão velha loucura
E quanto mais tortura
Negando alguma entrega
Resumo o barco em nada
A vida naufragada
A porta não abrindo
O todo se perdendo
A sorte; este remendo
Um sonho não mais lindo.

72


Embora muita vez
O mundo não reflete
O quanto me compete
Ou tanto se desfez
Ainda quando vês
O nada me remete
Ao sonho de pivete
Que a vida nunca fez,
O pranto, o medo o risco,
O quanto ainda arrisco
Na busca por um porto
Cenário aonde outrora
A vida revigora
Agora eu sei, é morto.

73

Na vida quase nada
Traduz o quanto pude
E vivo a plenitude
Há tanto imaginada
Resumo a minha estada
No verso que me ilude
No tanto que transmude
A sorte desenhada
Eu sinto após o vago
Caminho aonde afago
Apenas o que tento,
Rescaldos do passado
Agora sonegado
O mundo e o pensamento.

74

Recebes com carinho
O canto mais feliz
De quem tanto mais quis
E agora vou sozinho,
Se eu fora mais mesquinho
Dos sonhos, aprendiz
O canto é chamariz,
Porém morro daninho,
O marco não seduz
E gera em contraluz
A tempestade apenas,
E quando ainda quero
Um verso mais sincero
Decerto me apequenas.


75

Porém se amores traz
Quem tanto mais mentira
A vida não se atira
E trama mais audaz
O corte que sem paz
Aos poucos dita a tira
E nada se retira
Senão canto mordaz,
Vergastas lenham costas
E sem ter mais respostas
A porta não se abria,
O manto descoberto,
O rumo sempre incerto
O sonho; hipocrisia.

76


E mordem como tantos
Fizeram, tão somente
O quanto se apresente
Em fartos desencantos
Os dias, velhos mantos
Ausente uma semente
Ainda que se tente
Cercado por quebrantos
Não tenho solução
O dia é sempre em vão
E a morte não se cala,
Minha alma não transcende
E à dor somente atende
No fundo, uma vassala.

77


Os sonhos mais atrozes
O manto descoberto
O rumo sempre incerto
E neles os algozes.
Resisto o quanto tento
E nada mais se vê
A vida sem por que
Apenas sofrimento,
Bebendo esta mentira
Aonde quis o sonho,
O nada recomponho
E o pouco se retira,
Alheio ao canto eu sigo
Um mundo atroz e antigo.


78

Em busca dos divinos
Caminhos onde pude
Viver a juventude
E agora sem destinos
Mergulho esquecimento
E nada resta enquanto
Ainda me garanto
E bebo o quanto invento
Não pude ser feliz,
E nisto nada resta
Senão a mera fresta
Aquém do que eu mais quis,
Bisonha realidade
Deveras desagrade.

79


Vivendo deste amor
Porquanto quis um dia
Além da fantasia
Em sonho multicor,
Não posso mais propor
Senão quanto teria
Em dor e em agonia
Matando qualquer flor.
Olhando o meu passado
O dia desolado,
A noite sem promessa,
O farto caminhar
E sem qualquer luar
O medo se confessa.

80

Que trama sem saber
O parto, a mão suave
E nada mais agrave
Além do desprazer,
Querendo sem poder
Chegar e ser uma ave
Galgando qualquer nave
Aonde pude ver
O manto mais sagrado
Resumo consagrado
De um tempo em plena luz,
Agrados e desejos?
São tantos os ensejos
Somente ao nada eu pus.


81


Amor por ser amor
Não deixa qualquer medo
E tanto me concedo
Buscando nova cor
Aonde quer, se eu for
Da forma que procedo,
Dos sonhos, o arremedo
Mostrando o dissabor,
Negando esta ilusão
E nela a decisão
Não deixa que se creia
No parto após a morte
A vida não conforte
Quem dela sempre anseia.

82

E nele mesmo incrusta
A sorte mais audaz
E nada mais se traz
Medida clara e justa,
O quanto já me custa
Sonhar e ter tenaz
Caminho e nada faz
Uma alma mais injusta.
Resisto o que puder
E sei que sem qualquer
Desejo ou decisão,
Apenas o vazio
E nele desafio
Os tempos que virão.

83

Ao menos se escutasse
A voz de quem procura
Além desta loucura
Qualquer temor e impasse,
Mostrando a dura face
E nela esta tortura
Enquanto me amargura
O pouco que se trace,
Resvala no meu eu
E tanto se perdeu
Quem mais deseja o dia,
O corte se aprofunda
Uma alma vagabunda
Ao longe se perdia.

84

Mas tolo coração,
Depois de tanta luta
Ainda não escuta
Sequer esta versão
Do sonho e se virão
Embora a vida astuta;
Delírios, mas reluta
E gera no fastio
O mundo atroz e frio
E nisto este impreciso
Desenho se moldando
Em mim já se invernando
Em dor neve e granizo.
85

282

Jamais eu poderia acreditar
Nas tantas heresias da paixão
E vendo sem caminho ou solução
O passo eu não consigo desvendar
Quisera pelo menos um lugar
Aonde divisasse esta amplidão
E nela sendo assim, dias virão
Traçando a sorte além do imaginar,
Mas quando me desnudo e nada vem
O mundo se mostrando sempre aquém
Do quanto pude ou mesmo imaginara
Vagando sem destino vida afora,
O todo que deveras desancora
Domina sem limites tal seara.

86

Resumos de uma vida aonde quis
E tento até sonhar com novo dia,
O manto da verdade me escondia
O todo que pensara em tom feliz,
O risco de sonhar tentando um bis
Aonde na verdade não havia
Somente o mesmo som, melancolia
E nele o que eu buscara contradiz
Esgoto minha força nesta busca
E sei o quanto a vida é mesmo brusca
E traça a queda em todo atroz tropeço,
Quem sabe novo brilho ainda possa
Vencendo a solidão imensa fossa,
E ao fim alguma luz; inda mereço?

87

Mereço qualquer sorte, mesmo quando
O manto se desnuda em dor e medo,
O todo não passando de arremedo
O risco a cada passo se formando,
O dia noutra face está nublando
E quando desta forma em vão procedo,
O gesto mais audaz e desde cedo
O corte vejo enfim se aprofundando.
Não posso acreditar noutra conversa
E quando a realidade desconversa
A morte se aproxima lentamente,
No todo sem tempero e sem fastio
Apenas o meu mundo desafio
E vejo a minha sorte agora ausente.


88

Ausento do que fora independência
A liberdade morre a cada instante
E apenas o vazio se garante
E nele a sorte dita esta inclemência
Quisera pelo menos coerência
Aonde o mundo apenas doravante
Traduz a dor e nela esta inconstante
Verdade em dor e plena virulência,
Restando dentro em mim apenas isto
O mundo com certeza não conquisto
Nem quero alguma luz, quem sabe o escuro
Decerto seja tudo o que procuro
E não me preocupo com o brilho,
Apenas a incerteza ora polvilho.

89


Polvilho o verso aonde alguém escute
E sei do quanto nada represento,
Porém ainda sim decerto eu tento
Embora muitas vezes eu relute,
O gosto pelo canto não embute
Verdade nem sequer alheamento,
O tanto quanto possa em incremento
No farto caminhar já não desfrute
Somente da ilusão e nada mais
O tempo em dias fartos, vendavais
O olhar não mais procura algum apoio,
Quem dera se pudesse ser torrente
Ou mesmo um oceano que se tente,
Porém eu me contento em ser arroio.

90

Arroios da esperança, o verso dita
E sabe da ilusão aonde um dia
Gerando novo canto em harmonia
A sorte não precisa e necessita
De tudo que pudesse ser bendita
Ou mesmo agradecer em ironia
O todo noutra face mostraria
Realidade ou glória se infinita.
O prazo se findando após a curva
A vida na verdade sei que é turva
E nisto não se mostra a face escusa
Por onde o caminhar já não labuta
Nem mesmo uma visão assaz astuta
Ou mesmo a realidade mais confusa.


91

Confusa a vida diz deste abandono
E nego cada passo aonde um dia
Pudesse e até quem sabe caberia
O todo aonde o muito não abono,
Resolvo a cada dia e me adono
Apenas do que o fato mostraria
O olhar não mais cabendo em ironia
O tempo na verdade não tem dono,
Seria muito bom acreditar
Nas ânsias delicadas de um luar
Cevando em luz macia a prata imensa,
Mas quando vejo aquém do que pudera
A morte na verdade dita a fera
E nela a solidão é recompensa.


92

A recompensa mostra a face obtusa
De quem se quer bem mais do que talvez
O mundo noutra face já desfez
E assim a mão deveras sempre cruza
O passo quando muito ora confusa
Mergulho no passado e mostro a tez
Da qual a minha sorte ora não vês
Não aceitando mais qualquer escusa,
O risco de sonhar ora concebe
O coração em glória se percebe
Apenas num amor que me redime,
Vivendo cada instante por viver
O amor além de tudo posso ver
E nele a sensação clara e sublime.

93

Sublime maravilha diz da glória
De ter esta certeza me tomando
O dia que pensara bem mais brando
Mudando com certeza minha história
Não passo de uma voz aleatória
E tento caminhar sem saber quando
O mundo poderia transbordando
Gerar no fim de tudo uma vitória
A merencória lua se deitara
E mesmo dominando outra seara
Não resta dentro em mim senão palavra
E quando terminar a minha vida
A sorte desta senda dividida
Já não mais caberia nesta lavra.


94

Um lavrador de sonhos, o poeta
Não sabe e nem consegue dominar
A vida e neste farto desejar
Jamais se vê na sorte mais completa
E quando além do todo se repleta
E bebe cada raio do luar
Não vendo onde inda possa caminhar
A sorte na verdade expressa a meta
E assim ao se mostrar desnudo enquanto
O passo noutro rumo não garanto
Senão este granito dentro da alma
O canto se espalhando além de tudo
O quase caminhar e não me iludo
Nem mesmo a minha morte já me acalma.


95

A calmaria dita esta abandono
E quando mergulhando em tez sombria
O quanto posso ou mesmo poderia
Não dita na verdade qualquer sono,
Do pouco que me resta e já me adono,
O manto gera noite amarga e fria,
O canto se transforma em heresia
E neste caminhar não mais abono
O medo de viver, a sorte tece
E quando ainda vejo esta benesse
Resumo de uma vida imprevidente,
O marco se transforma em atitude
E o corpo na verdade se transmude
Enquanto o fim deveras se apresente.


96

Apresentando agora o fim da peça
O pano se abaixando lentamente,
No todo que deveras se apresente
Apenas a verdade se confessa
O medo não traduz o que interessa
Nem tanto quanto fora imprevidente
O mundo não se mostra claramente
E o corte sem temor já não tropeça
No parto e na palavra mais sutil
Aonde a minha morte se previu
Resumo de medonha poesia
A porta se trancando e nada vejo
Senão a mesma sorte neste ensejo
Aonde a solidão se moldaria.


97

Moldando com terror cada vergão
Esbarro no meu canto e nada tenho
Senão este caminho onde desdenho
O templo em falsa luz e provisão,
Acordo e me pergunto e sei que estão
Deveras o que tanto desempenho
E tento quanto mais o mar ferrenho
E como na verdade sou cristão
Não quero saber mais de cruz e medo,
Apenas ao amor eu me concedo
E nele sei vital a liberdade,
Não quero esta vergonha desfilando
O tempo noutra face desenhando
O quanto se transforma e já degrade.


98

Olhando mansamente este riacho
E nele se reflete a luz do sol
O amor bem poderia ser farol
E nele com certeza serei facho,
O todo que deveras já não acho
E bebo da esperança em arrebol,
Seguindo na verdade sempre em prol
Do todo que decerto não escracho
Eu vejo a mão divina em paz e glória
A sorte não seria aleatória
Eu quero e me pergunto aonde eu possa
Seguir a mão do Pai sem sortilégio
Amar e ser feliz é privilégio
Desta verdade imensa e sei que e nossa.

99

É nossa a decisão de ser feliz
E nada mais do quanto pude e quero
Ao menos se em verdade sou sincero
Permito o quanto além jamais desfiz,
O tanto quanto possa este aprendiz
E nele sou deveras mais austero
O amor por si somente já venero
E não o quanto outrora mais eu quis,
E resolutamente nada temo,
Sequer o que deveras dita demo,
O parto não permite outra falácia,
Não necessito mais de uma vingança
Meu canto em liberdade a Deus alcança
E nisto me perdoe alguma audácia.

100

Eu quero perdoar e ser também
Embora não precise do perdão
Para poder seguir em louvação
A quem eu desejara sempre bem,
O amor somente amor nele contém
E não precisa mais da provisão
De quem se deu além, satisfação
Mergulho no caminho e me convém
Seguir a liberdade que Ensinaste
Um mundo feito em dor tanto contraste
Percebo quanto é bom acreditar
Na plena face clara de quem ama,
Mantendo na esperança viva a chama
E sei que em cada um existe o altar.


600 TROVAS.
Calmaria se comprova
Quando acalma estas tormentas.
Fui brincar de fazer trova
Quando vi: eram seiscentas!


1
1

A humanidade vaga sem destino,
Esgarça a necessária liberdade.
Insânia, tresloucado desatino,
Espalha aos quatro ventos, falsidade.

O copo está vazio, pleno em mágoas,
Nos olhos do futuro, a solidão.
Secando ao poluir sonhos e águas,
As águias espalhando a negação.

Nas mãos de quem domina; a vã cobiça
Estende a fome em vastas plantações
A lua se escondendo, tão mortiça,
Encontra; nas manhãs, negros senões.

O amor é tão somente uma palavra,
Uma aridez resume toda a lavra...


2

Uma aridez resume toda a lavra,
O pastoreio é feito em ambição.
A mão que sempre nega é a que mais lavra
Matando uma esperança de perdão.

A podre carne exposta numa esquina
Não vale com certeza algum vintém,
No olhar quase pedinte da menina,
Uma expressão vazia, agora tem.

Escárnio se espalhando sobre a Terra,
Farrapos pelas ruas vão pedindo,
Olhar esperançoso; cego, cerra
A vida qual fantoche, se esvaindo.

Carpindo cada morte anunciada,
No fio da navalha, fria espada.

3


No fio da navalha, fria espada,
Encontra-se o fiel desta balança,
A paz há tantos anos; derrotada
Espera da amizade uma aliança.

O olhar se transformando em cruel arma,
Nos rastros da ilusão, vã meretriz.
O ser humano cumpre o triste karma
Lanhando em cada irmão, a cicatriz.

Escórias nos Congressos, no poder,
Os podres serviçais, velha sarjeta,
Ao gozo simplesmente do prazer
Marcando em crua incúria, uma tarjeta

Jogados nos tapetes da memória
Os fardos tão inglórios da vitória.


4

Os fardos tão inglórios da vitória
Estraçalhando sempre os derrotados,
A sorte se mostrando merencória
Os dias do final, anunciados.

Cadáveres de sonhos pelas ruas,
Argúcia se mostrando assim venal,
As faces da miséria, agora nuas
Numa expressão indigna e tão boçal.

A cada amanhecer, novos canalhas,
Esgoto que se mostra interminável,
Estrumes estampados nas batalhas,
Além do que já fora imaginável.

No afã de ser feliz, já vale tudo,
O sonho, morredouro, segue mudo.


5

O sonho morredouro segue mudo
Estampa em ironia a sua face.
Ferrugem vai tomando quase tudo
A podridão final, seu desenlace.

O quanto somos tolos, meu amigo,
Expressa-se em terríveis sensações.
Condena-se ao mais negro desabrigo
As esperanças morrem nos porões.

Verdugos de nós mesmos, imbecis,
Eternos vendilhões do mesmo templo,
Cordeiros sob os lobos, velhos vis
Apenas o vazio; inda contemplo.

Na morte anunciada a cada dia,
Meu verso se desfaz da poesia.

6

Meu verso se desfaz da poesia,
Retrata tão somente o que hoje vejo,
Reinado em que se fez hipocrisia
Ecoa em cada peito o vão desejo.

Distante do que fora uma partilha,
Algozes, os carrascos se aproximam,
Dos cães que nos atacam em matilha
Os vermes mais temíveis se auto-afirmam.

Parceiros desta estúpida cantata,
Escombros em total autofagia
A mão que nos carinha, cedo mata,
Bebendo cada gota em fria orgia.

O tempo incandescente trama traça
Tranqüilidade esvai-se na fumaça.

7

Tranqüilidade esvai-se na fumaça
Deixando uma tormenta como herança.
A sordidez humana tudo embaça
Apenas o vazio já se alcança.

Farrapos que eu carrego dentro em mim,
Espelham o que somos, na verdade,
A seca toma conta do jardim,
O que dizer da tal felicidade?

Bebendo tão somente deste fel,
A trama prometendo em amargura
Nas nuvens escondendo o claro céu,
A vida prosseguindo, assim, escura.

Nas trevas eu cultivo uma ilusão,
O sonho se demonstra sempre vão.


8


O sonho se demonstra sempre vão,
Moldando o simples nada, duro inverno,
Distante do calor de algum verão,
Veremos ao final somente inferno.

O tempo desfilando a fogo e ferro
Exprime a mais temível heresia,
Os sonhos se perdendo em frio aterro,
A mão volta, decerto, assim vazia.

Do quanto se plantou, velho costume,
Apenas incertezas por colheita,
Frutificando a esmo, cevo estrume
No esgoto sem final, já se deleita.

Trespassa em vergalhão uma alma aberta
A sorte, sendo espúria, nos deserta.


9

A sorte, sendo espúria nos deserta
Arcando com os preços a pagar,
Manhã tão esperada não desperta
Secando gota a gota, extenso mar.

Nos olhos da esperança, uma cegueira
Expressa o quanto somos idiotas
Perfume nauseabundo que se cheira,
Guardamos ignomínias em compotas.

A sórdida presença desta raça
Varrendo toda a Terra qual demente,
De toda a criação, a mais vil traça
Destrói o que não cria num repente.

Capachos de nós mesmos; quais cretinos,
Tramamos solidões, nossos destinos.

10


Tramamos solidões, nossos destinos
A cada novo dia um disparate,
Insanos sentimentos, velhos hinos
Fazendo do demônio, belo vate.

A fome que se espalha em ledos nós,
Expressa o que nós somos, cruel fera.
Depois da humanidade, nada após,
Estraçalhamos nossa primavera.

Qual ave de rapina; embrenhamos
As matas e as florestas, rios, mares.
Os sonhos e esperanças nós podamos,
Fazendo das mortalhas, os altares.

O quanto nos foi dado por amor,
Carcome-se com ar devorador.

11


Carcome-se com ar devorador
Até não sobrar nada, simplesmente.
A criatura mata o criador,
Poder que usufruíra impunemente.

A vítima promete em contradança
Um contra-ataque firme e sem engodos.
Cerzindo; a cada dia, uma vingança
Mostrando o quanto amor é bem de todos.

A fera irá moldando novas garras
Cobrindo toda a Terra em aridez,
Rompendo, finalmente tais amarras,
Criadas por cruel insensatez.

Das sombras emergindo em convulsão,
O fogo da natura em explosão.


12

O fogo da Natura em explosão
Rasgando a face inepta desta corja.
O vento transformado em furacão,
Que a mão da raça humana agora forja.

Partícipes excêntricos, escória,
Atônita, esta espécie, má e algoz,
Promete noite longa e merencória,
Deixando como herança o nada após.

Farrapos indigentes do que somos,
Vagando por desertos sem oásis,
Escombros do que outrora, ainda fomos,
A vida se perdendo sem ter bases

No céu enegrecido do futuro,
O dia amanhecendo sempre escuro...


13

O dia amanhecendo sempre escuro
Não deixa que se veja alguma luz.
O solo carcomido, seco e duro,
Apenas o vazio reproduz.

A par deste fantasma que virá,
O fim já se tornando imaginável.
Quem sabe uma esperança brotará
Nas mãos de um ser diverso e mais amável.

Um sonho que se faz a cada dia,
Galgando a mais sublime realidade,
Nas mãos imaculadas da poesia
O gozo mais sublime da amizade.

No canto deste louco trovador,
Uma ilusão se faz em pleno amor.



14

Uma ilusão se faz em pleno amor
E deixa as suas marcas sobre nós.
Espalha nos jardins, perene flor,
Matando em seu perfume, o medo atroz.

Ourives da esperança, um verso insano,
Ao pressupor eterna fantasia,
Do nada em que se molda o desengano,
Um raro amanhecer, cedo anuncia.

Fatídica mortalha que nos cobre,
Nas ledas emoções, tanto soçobram,
Cortando o franco amor, deveras nobre,
Temíveis ilusões são as que sobram.

E o tempo em que se mostra iniqüidade.
Esgarça a necessária liberdade.



15


Esgarça a necessária liberdade,
O fardo que eu carrego; vil cativo.
Aquém do que se pinta em liberdade,
Apenas, na verdade, sobrevivo.

Ao homem se permite quase tudo,
E nisso se percebe o quanto é vago,
A paz que na qual, ingrata, eu já me iludo,
O medo de sonhar, agora eu trago.

A par do que não sei, seguindo só,
Do outrora sacro amor, nada mais resta,
Tomado pelo extenso e triste pó,
Vazio dentro da alma, assim se empresta.

Do amor que se mostrou pleno perdão,
O pastoreio é feito em ambição.



16



O pastoreio é feito em ambição,
Gerando apenas ódio e solitude.
O vento em que se fez a anunciação
Mudando, de repente de atitude

Esgarça o que tramara simplesmente
A mão que, abençoada, nos tocou.
Agora, solitário qual demente,
Vagando eternidades, sei que vou.

Do desamor insano, fazem hinos
Vendendo tanto a cruz quanto as algemas.
Entranham na pureza dos meninos,
Cobiças e mentiras, os seus lemas.

No algoz que mata, aos poucos, a esperança,
Encontra-se o fiel desta balança.



17


Encontra-se o fiel desta balança.
Na podre e esfacelada luz inglória.
A força que em luxúrias nos alcança,
A lúgubre ilusão finge vanglória.

Nos louros, nossos fardos esculpidos,
Os cardos espalhando os seus espinhos
Amores tão diversos, corrompidos,
Os cantos destruindo tantos ninhos.

Quem sabe no final da amarga chuva
Virá em outra forma, mais gentil
Que caiba aos sonhadores feito luva
Deixando para trás amor servil.

Não quero mais ouvir antigos brados
Estraçalhando sempre os derrotados.



18

Estraçalhando sempre os derrotados
A fúria desta fera ensandecida
Esmaga os pobres seres destroçados
Na dura sensação de insana vida.

O pão tão bolorento que se serve,
Aos servos por pastores mais cruéis,
Fazendo com que o fogo se preserve
Distante dos suaves, doces méis.

Usando os mais terríveis instrumentos
Entranham nos cordeiros, seus arpões.
Ao cobrarem com ágio estes proventos,
Canalhas, usurários, rufiões.

O sol que redentor assim se embace
Estampa em ironia a sua face.



19

Estampa em ironia a sua face,
A sórdida vendeta que se faz,
A morte da esperança é o desenlace
Desta profana, orgia, Satanás.

Vestindo paletós, negras batinas,
A carcomida estampa que se vê
Turvando as águas puras, cristalinas.
Matando a fantasia que se crê.

Capachos do dinheiro, seu profeta,
A turba não se cansa mais da cruz,
Comida em que esta fome se completa,
Destrói em pleno altar, pobre Jesus.

A fonte inesgotável do desejo,
Retrata tão somente o que hoje vejo.

20

Retrata tão somente o que hoje vejo
Um Deus tão temerário quanto atroz.
A morte em vida, insana, sem ter pejo,
Espalha entre os cordeiros o vil algoz.

A canalhice estampa tais mentiras
Expostas nas igrejas, nos altares,
Cortando uma esperança, agora em tiras,
Secando em nascedouro meus pomares.

O pobre de um cordeiro, tão cordato,
Por lobos, iludido, é seu refém,
Da doce placidez feita em regato
Um turbilhão insano sempre vem.

Farrapos estendidos na lembrança,
Deixando uma tormenta como herança.


21


Deixando uma tormenta como herança
Subtraído desejo de igualdade,
Espalham Deus objeto de vingança
Forjado por demente falsidade.

Aos olhos dos famintos, catedrais
Espelham o poder da corja insana.
Em lúbricos prazeres, sensuais,
A força se mostrando soberana.

De um Éden prometido, há tanto tempo,
Vassalos de uma tétrica partilha
Criando a cada passo um contratempo,
Matando cada rês, cada novilha.

Do amor que se mostrara manso e terno,
Moldando o simples nada, duro inverno.


22


Moldando o simples nada, duro inverno
Nas névoas mais profundas de minha alma.
Acendem as fogueiras deste inferno
Aonde a solidão jamais se acalma.

Mergulho em cada verso; estou liberto,
Trazendo a liberdade ao dia-a-dia.
O que se fora, outrora tão deserto
Aguado pelo bom da fantasia

Esconde-se nos olhos de quem ama,
Mesmo que percebendo a negação
O fogo do perdão a nós inflama
Mostrando ao puro amor, cada estação.

A mão que vem a glória anunciar.
Arcando com os preços a pagar.


23


Arcando com os preços a pagar
A Igreja coleciona seus fantasmas,
Carrega em cada parte de um altar
O gozo do suplicio dos miasmas.

Em nome do Cordeiro, expõe um Deus
Canalha, vil e torpe, um assassino,
Jogando sobre as costas dos hebreus
A morte do cadáver do menino.

Arguta, tal raposa de batina
Escarra sobre as chagas, nega a cruz.
A fome de poder, logo domina,
Escárnio que se mostra em podre pus.

A luta pelo amor assim combate.
A cada novo dia um disparate.


24


A cada novo dia um disparate
Decora as procissões dos infelizes.
Trazendo em romaria o que retrate
As marcas das terríveis cicatrizes.

Vendendo como vinho, este vinagre,
Entranha na miséria suas garras,
O lucro que se aufere no milagre,
Permite as mais loquazes, frias farras.

Dourado se espalhando em catedrais,
Forrada pelo sangue dos cordeiros,
Orgia feita em trevas infernais,
Em nome do divino carpinteiro.

Goteja este hemorrágico demente
Até não sobrar nada, simplesmente.


25


Até não sobrar nada, simplesmente
Do quanto foste, Pai, ludibriado,
Vendido a cada pobre penitente,
Por este lobo em padre disfarçado.

Da salvação se faz a jogatina,
Restando tão somente a podridão,
A glória feita em vida se extermina,
Deixando uma esperança no porão.

Quem dera se eu tivesse aqui a adaga
Tramada na palavra com firmeza.
Louvando a verdadeira e santa chaga,
Nadando contra a amarga correnteza.

Meu canto que em amor, assim se forja.
Rasgando a face inepta desta corja.


26

Rasgando a face inepta desta corja
A verdade se estampando em placidez.
A mão que se permite em mansa forja
Ascende à plenitude de uma vez.

Coberto pelo manto da esperança,
Meu canto não se mostra agora inútil.
A plena lucidez tão calma e mansa,
Calando o burburinho farto e fútil.

Deparo-me com vasta escuridão,
Cobrindo com mortalhas, o meu céu.
Um Deus que é feito amor, paz e perdão,
Não pode ser vendido como fel.

A treva que esta imagem reproduz
Não deixa que se veja alguma luz.


27


Não deixa que se veja alguma luz
A fonte dos prazeres desenhada
Ao nada a vaga estrada nos conduz,
Deixando uma verdade desdenhada.

Lacaios do dinheiro e do poder,
Emanam nos seus olhos, podridões.
O lobo travestido nos faz crer
No reino dos bandidos e ladrões.

A mão vai escondendo uma navalha,
Debaixo de um sorriso de ironia,
A morte em plenitude já se espalha,
Carcaça carcomida em agonia.

Aumentando, nos púlpitos, a voz,
E deixa as suas marcas sobre nós.



28


E deixa as suas marcas sobre nós
As garras desta fera, solidão.
Rasgando da esperança; antigos nós,
Espalha o vento espúrio na amplidão.

Comportas; arrebenta, invade tudo.
A lápide esculpida como altar.
Estampa o coração que se faz mudo,
Tomando o corpo inteiro, devagar.

Vergastas entranhando as minhas costas,
Espalham pelos cantos todo o sangue.
Minha alma se cortando em frias postas,
Deixando uma esperança quase exangue.

Ourives da ilusão, cruel destino:
Insânia, tresloucado desatino.



29

Insânia, tresloucado desatino
Adentra o sentimento, leva ao fosso,
O sol quando voraz, extenso, a pino,
Causando sobre a Terra, um alvoroço.

Destroços que pululam dentro em mim,
Na visceral vontade em que se fez,
O vértice dos sonhos, nega assim,
Ao fim de cada noite, a lucidez.

O quanto cultivastes os meus sonhos,
Depois não me entregaste quase nada.
Os dias que se passam mais tristonhos
Renegam, em suplício, uma alvorada.

Secando a fonte, mata a minha lavra,
A mão que sempre nega é a que mais lavra


30


A mão que sempre nega é a que mais lavra
Capaz de transformar, revolução
Na força que se estampa na palavra,
O medo se tornando um furacão.

Sentido que se faz em tanta lábia
Mudando com constância cada tema;
A força feita ofídica eu sei, sábia,
Legando à panacéia, a dor extrema.

Telúrica expressão sendo esquecida
Expõe a vida ao fado mais amargo.
Negando ao labirinto uma saída
À sorte de viver já traz embargo.

Sofrida fantasia ainda aguarda
A paz há tantos anos; derrotada


31


A paz há tantos anos; derrotada
Expressa em cada rosto a cicatriz
Do quanto sempre fora anunciada
A sorte em que se tenta ser feliz.

Ao se afastar assim do antigo rumo,
Estrídulos se escutam pela noite.
A glória se perdendo em ledo fumo,
Entranha em cada pele, o duro açoite.

Misturas que avinagram todo o vinho
A cargo de um eterno pesadelo.
Não posso conceber que um ser sozinho,
Já sabe como amor pode retê-lo.

Nas mãos tão fugidias sem vitória.
A sorte se mostrando merencória


32

A sorte se mostrando merencória
Transforma-se num fardo, de repente.
Legado o que nós fomos à memória,
Já torna a nossa vida inconseqüente.

A voz que em emoção cedo se embarga,
Aguarda um riso franco da esperança.
Tornando a fantasia mais amarga,
Olvida uma promessa de mudança.

À margem dos meus passos, vou perdido.
Não tendo mais sequer um riso franco.
Por dor e tanta angústia vou vencido.
Corcel perde o galope e segue manco;

Num toque lancinante e mais agudo
Ferrugem vai tomando quase tudo.

33


Ferrugem vai tomando quase tudo
Esgarça uma ilusão, redunda em nada.
O passo num instante audaz eu mudo,
Tentando vislumbrar uma alvorada.

Titânica vontade já se cala,
Esboço, num momento a reação.
Quem fora comensal da mesma sala,
Agora se escondendo no porão.

Partícipe voraz deste festim,
A fera se mostrando em frias garras,
O vento derrubando tudo em mim,
Rompendo da esperança, tais amarras.

Nos lúdicos castelos da alegria.
Reinado em que se fez hipocrisia.



34


Reinado em que se fez hipocrisia
Negando do amor, a majestade,
Reféns do sortilégio da agonia,
Espelha-se em meus olhos, falsidade.

As noites envolvidas em néon
Enganam os meus olhos sonhadores.
Destoa o coração perdendo o tom,
Aborta em meu jardim, antigas flores.

No peito que se mostra em plenitude,
A faca que se entranha não perdoa.
Carrasco de uma falsa juventude
Meu barco vai sem rumo, rompe a proa.

Cortina em que se mostra vil fumaça,
A sordidez humana tudo embaça.


35


A sordidez humana tudo embaça
Exprime a solitária companhia
Quem fora outrora fera se faz caça
Nos olhos de quem trama a rebeldia.

Aos borbotões as águas inundando,
Tornando inadiável cada plano,
Amor que se esvaiu, fugindo em bando
Deixando em meu caminho, o desengano.

Aporta-se em meu peito, inverno e neve,
O quanto que já fiz e se perdeu,
A mão que me fustiga, enfim se atreve
Trazendo tal mortalha feita em breu,

A gélida expressão da solidão
Distante do calor de algum verão.


36

Distante do calor de algum verão
Uma andorinha foge deste inverno,
Riscando em bando faz arribação,
Num mote que se mostra, assim, eterno.

Do caos preconizado há tantos anos,
Recebo a frigidez de tua ausência.
Os olhos que se buscam, soberanos,
Esperam ter da glória, a convivência.

O sonho que esperança em si atrela,
Esconde a realidade mais cruel,
No céu de minha noite sem estrela,
A solidão estende um negro véu.

Depois da noite insana, vã, deserta,
Manhã tão esperada não desperta.


37

Manhã tão esperada não desperta
Esfarrapado sonho que eu carrego,
A dor que já me entranha logo alerta
Fazendo do meu passo, frágil, cego.

Estampa tão somente a falsa pedra,
Dourada sensação que me faz tolo,
A força da vingança, cedo medra,
Não deixa nem um riso por consolo.

Olhando o tempo inteiro para além,
Vasculho cada ponto do infinito,
A noite solitária quando vem
Impede da esperança qualquer rito

No verso que assim teço; desatinos,
Insanos sentimentos, velhos hinos.


38


Insanos sentimentos, velhos hinos.
Avassalando toda cercania,
Nos dias esquecidos, os meninos
Tramando o que esperança já dizia

Alagam com as mágoas, cada rio,
Arcando com os as dívidas humanas,
O vento que se entranha, nega o estio,
Matando as esperanças mais tempranas.

Carcaças carcomidas pelo tempo,
Vestido das estúpidas mortalhas,
A cada novo dia, um contratempo
Forjado pelos cortes das navalhas.

Numa expressão temível de rancor
A criatura mata o criador.


39

A criatura mata o criador
Deixando este cadáver insepulto,
Raiando em tempestade o desamor,
Na glória que se louva em cada culto.

Pertuitos que se abriram nestas fontes
Impedem que o regato assim prossiga,
Enegrecendo os belos horizontes,
A marca da pantera avilta a viga.

Nas vozes que se escutam, vagos sons,
Repetem as antigas ladainhas,
No céu que se amortalha, toscos tons
Colheita que se faz em outras vinhas,

Quando ao sabor cruel da solidão,
O vento transformado em furacão.


40



O vento transformado em furacão
Não deixa sobrar nada, esboça o fim.
Sabendo desta sina de antemão,
Cultivo uma esperança dentro em mim.

Marasmos dominando toda a cena,
Qual ostra; desta dor gero a nobreza.
Buscando ao fim da vida, a sorte plena,
Lutando contra a eterna correnteza.

Um lavrador já sabe da colheita,
Entregue às intempéries, não mais teme.
A dor que se entranhando vem e espreita,
O barco da existência quer um leme.

Uma esperança lavra em céu escuro,
O solo carcomido, seco e duro.

41



O solo carcomido, seco e duro
Por mais que tenha afagos e carinhos,
Estampa a solidão em cada muro
Fatal desesperança em desalinhos.

Destroços que carrego dentro da alma,
Espalho pelas ruas e calçadas.
Nem mesmo o paraíso já me acalma,
As horas prometendo derrocadas.

Estrela que perdi já não me guia,
Meu karma se mostrando mais voraz.
Escravo da ilusão, da fantasia,
Distante de meus olhos vejo a paz.

O vento da amizade, promissor,
Espalha nos jardins, perene flor.


2
42


Espalha nos jardins, perene flor,
Perfume que inebria enquanto engana.
Vergando quando ao vento em seu sabor,
À força sem igual, pois sobre-humana.

Em altas cordilheiras, cismo à toa,
Vagando qual cometa, perco o rumo.
Um verso que minha alma, cedo entoa,
Pressente a solução na qual me aprumo.

Ao ver descrito assim, o teu retrato,
Encontro insensatez, mesmo tardia.
O amor se verdadeiro é bom de fato,
Moldado em cada sonho com magia.

Agora, quando expresso na inverdade
Espalha aos quatro ventos, falsidade.


43



Espalha aos quatro ventos, falsidade
A voz que insanamente nos comanda.
O verbo traduzindo iniqüidade,
Disfarça o puro enxofre com lavanda.

O peito decorado por medalhas,
Trazendo no seu bojo, assassinatos,
Herói nas cruéis guerras e batalhas,
Nas mãos ensangüentadas, vãos retratos.

Ao espalhar impune tal terror,
Nas fardas ideais mais mentirosos,
Abutre travestido de condor,
Da morte em profusão são orgulhosos.

Trazendo sobre si, putrefação,
Matando uma esperança de perdão.


44



Matando uma esperança de perdão,
A turba numa herege insensatez,
Fazendo da esperança, maldição
Cordeiros; sacrifica em altivez.

Poder que assim se encontra no dinheiro
Transformando um amigo em um vassalo.
Distante do que pensa um companheiro,
Apenas um parceiro de regalo.

A vida é um simples jogo e nada mais,
Derrotas e vitórias são contábeis.
Aluga-se em momentos, qualquer cais,
Heróis são, na verdade aqueles hábeis.

Mas quem, sinceridade plena alcança,
Espera da amizade uma aliança.



45

Espera da amizade uma aliança
O coração de um pobre sonhador,
Toando uma cantiga de esperança
Espalha aos quatro ventos, pleno amor.

Fazendo da alegria, eterno mote,
Encontra por resposta, a liberdade.
Que a fonte deste sonho não se esgote,
Trazendo imensa paz, tranqüilidade.

Alçando à mais perfeita sensação
Da glória feita em luz e calmaria.
Nos braços de um amor, revolução,
Cobrindo toda a Terra em tal magia.

Na paz dos corações apaixonados
Os dias do final, anunciados.


46


Os dias do final, anunciados
Nas velhas e terríveis profecias.
Riscando em fogo intenso; mansos prados,
Negando alvorecer de novos dias.

Desastres e tremores repetidos,
O sangue que se espalha sobre nós.
Castelos em mentiras construídos
Mostrando um Deus carrasco, duro algoz.

Ao homem que se mostra tão submisso,
A triste sensação da dor imensa.
Não restará sequer beleza e viço,
A morte será santa recompensa.

Do todo construído, o vago nasce
A podridão final, seu desenlace.


47


A podridão final, seu desenlace
Cadáveres servindo de repasto
A quem se fez um deus em vil disfarce
Do qual, conscientemente eu já me afasto

Buscando perceber o Deus amigo,
Que traz em suas mãos, todo o perdão.
Ao deus que é vingativo eu não consigo
Abrir completamente o coração.

Que fosse sempre assim, e para todos.
Um Pai que amasse tanto cada filho.
Porém os vendilhões fazem dos lodos
Da morte insana e inglória um rico trilho.

Sabendo ser difícil o que eu almejo
Ecoa em cada peito o vão desejo.


48


Ecoa em cada peito o vão desejo
Que traga ao fim do dia, a bela lua
Ouvido que recende a um realejo
Ainda no passado continua.

Estrelas em fantástica explosão
Rolando pelos céus vão sem destino.
A cada novo rito a negação
Daquilo que ensinara o Deus menino.

Ofertas enriquecem salafrários,
Pastor só quer da ovelha o vil metal.
Cordeiros imbecis são voluntários,
Servindo de alimento ao bacanal.

Depois de satisfeita a gorda pança,
Apenas o vazio já se alcança.



49

Apenas o vazio já se alcança
Na formidável cena que se vê
A traça como enquanto faz a dança
E vende o quê da graça em que não crê

Trazendo em suas mãos a falsa espada
Matando o imaginário Satanás
Jogando o seu cadáver pela escada,
Pergunta depois disso: “Quanto dás?”

Um rufião em guizos vocifera
Espanca qualquer vítima imbecil.
Da ovelha que inda pensa cria a fera.
Com olhos de ganância, pobre e vil.

Cuspindo neste Deus do amor eterno,
Veremos ao final somente inferno.



50



Veremos ao final somente inferno
Criado pela estúpida mentira.
De um pai tão amoroso e sempre terno
A lança que ao irmão, já se desfira.

Na gula desta súcia inesgotável,
Não restará sequer um só centavo.
Lutando contra um demo imaginável
Decerto o bom pastor fica mais bravo.

Jogando assim por terra o que dizia
O Rei que se fez pobre carpinteiro.
A faca com que corta; amarga e fria
É sustentada apenas por dinheiro.

Numa sede impossível de aplacar
Secando gota a gota, extenso mar.



51

Secando gota a gota, extenso mar
Do sangue de uma ovelha já se farta,
Aos berros, não se cansa de gritar,
A paz celestial, logo descarta

Melhor uma batalha a cada dia.
Vendendo este armamento numa igreja,
Criando a mais temível fantasia,
Riqueza pelos cantos já poreja.

Os pobres cordeirinhos não percebem
Que o rumo em que se busca a claridade,
Não é o que os pastores preconcebem
Fantástica guerrilha-falsidade.

Cansei-me enfim de ouvir tal disparate,
Fazendo do demônio, belo vate.


52

Fazendo do demônio, belo vate
Levando assim pro abismo cada ovelha,
Qual fosse, de um leilão, vil arremate,
Não deixam sobrevir qualquer centelha.

Em todos os canais, rádios, estão
Comprando além de horários, consciências.
Ao ver a tal infausta procissão
Legando aos mais humildes; penitências

Eu sonho com a volta de Jesus,
Que o joio seja agora dizimado.
Não basta o seu martírio, dura cruz
Agora é patrimônio do prelado.


Tomando da canalha inconseqüente
Poder que usufruíra impunemente.



53

Poder que usufruíra impunemente
Os vermes disfarçados de pastores,
Exercito criado, de dementes,
Espalham pela Terra dissabores.

Gargalham-se depois desta colheita
Que é feita na voraz e má rapina.
Em Lúcifer a corja se deleita
Enquanto a vã ovelha se alucina.

Na fonte inesgotável e teatral,
Demônios sustentando os vis instintos
Deixando para traz paz divinal,
Amores e amizades vão extintos.

Um novo deus nascido em plena corja
Que a mão da raça humana agora forja.


54


Que a mão da raça humana agora forja
Um pai desnaturado e sem amor.
Vendido nos balcões por suja corja
Que espalha sobre tantos, o terror.

Riquezas prometidas, salvações.
Não cabem mais palavras pra dizer,
Paguemos em suaves prestações
A eternidade em glória e bel prazer.

Nos ofertórios, mesmo sacrifício,
Misérias são furtadas, dia-a-dia.
Os mestres deste “nobre” e caro ofício,
Refazem num altar, nigromancia

Quem rouba, da verdade, a plena luz
Apenas o vazio reproduz.




55


Apenas o vazio reproduz
O olhar de quem se faz o supra-sumo.
Das chagas do Senhor jorrando pus,
Ao ver os filhos todos sem ter rumo

Um dia, enfim cansado disso tudo,
Virá com fogo e ferro, uma mensagem.
Deixando este universo quieto e mudo,
Trazendo uma verdade sem miragem.

Assim ao se mostrar um Deus amigo,
Que busca nos doentes seu rebanho,
Aos pobres infelizes, bom abrigo,
No amor que é sem igual, vivo e tamanho.

Tocando suas mãos por sobre nós,
Matando em seu perfume, o medo atroz.0,

11 DE SETEMBRO


O dia que os EUA sentiram o gosto amargo do terrorismo

Uma das mais ousadas e cruéis ações terroristas de toda a História aconteceu m 11 de setembro de 2001. Nesse dia, o mundo inteiro parou perplexo para acompanhar o ataque que pôs abaixo um dos símbolos do poderio econômico norte americano: as torres gêmeas do World Trade Center (WTC). Pelo local costumavam transitar cerca de 200 mil pessoas, 50 mil dos quais trabalhadores. O WTC tinha, no subterrâneo, um dos grandes entroncamentos de trens urbanos da cidade de Nova York.

Momentos mais tarde, em Washington, o Pentágono, Sede do Ministério da Defesa e do Comando das Forças Armadas dos Estados Unidos, também era atacado.

Relembre os fatos que marcaram para sempre o 11 de setembro

Numa espantosa ação coordenada, e tendo como armas grandes jatos comerciais seqüestrados - carregados de combustível -, terroristas lançaram na terça-feira, 11 de setembro de 2001, um gigantesco e devastador ataque contra os Estados Unidos.

Às 08h45min, um Boeing 767-200 da United Airlines - que decolara de Boston às 7h59 para o vôo 175, rumo a Los Angeles, com 65 passageiros e nove tripulantes a bordo - é desviado e se choca contra a torre sul do World Trade Center, em Nova York. Pouco depois, às 9h03min, um segundo Boeing 767-200, da American Airlines - que partira de Boston às 8h10 para o vôo 11, rumo a Los Angeles, com 92 pessoas a bordo - atinge a torre norte do World Trade Center, diante das câmeras de TV.




Às 9h40 ocorre o ataque ao Pentágono. Em Washington, um outro jato da American Airlines (um Boeing 757) choca-se com instalações do Pentágono, nas proximidades da área de pouso de helicópteros. Faria o vôo 77, do Aeroporto de Dulles a San Francisco, com 58 passageiros e 11 tripulantes. Parte de um dos edifícios do Pentágono ficou muito danificada. Em seguida, as autoridades determinaram a evacuação da Casa Branca, Capitólio e Departamento de Estado



A exemplo das armas usadas - Boeings 767 e 757 da American e United Airlines, as duas maiores empresas aéreas americanas - os alvos escolhidos para a horripilante seqüência de atentados não poderiam ser mais simbólicos do poderio econômico e militar dos EUA: as torres gêmeas World Trade Center, de 110 andares, no coração do distrito financeiro de Nova York, que desabaram menos de uma hora depois de serem atingidas nos andares superiores por dois aviões, com 18 minutos de intervalo; e o Pentágono, a sede do Ministério da Defesa e do comando das forças armadas do país, nos arredores de Washington.

Conseqüências

Os atentados foram atribuídos à rede Al-Qaeda, de Osama Bin Laden, um terrorista que há 5 anos morava nas montanhas do Afeganistão. Naquela que foi chamada "cruzada contra o terror" pelo presidente americano George W. Bush, foi ordenado um ataque que devastou o país do centro-oeste asiático, na operação militar batizada de "Liberdade Duradoura".

Vinte e seis dias depois de sofrer um devastador ataque contra os principais símbolos do imenso poder econômico e militar – o primeiro contra o território continental em quase 200 anos -, e após intensos preparativos militares e diplomáticos, os Estados Unidos desencadearam no domingo, 07 de outubro, a resposta militar com uma noite de bombardeio maciço contra instalações da rede terrorista Al Queda no Afeganistão. As primeira explosões foram ouvidas às 9 horas da noite (13h de Brasília) em Cabul, a capital do Afeganistão, e Kandahar, cidade mais ao sul que é a principal base política do mulá Mohamed Omar, o líder do Taleban.

A operação durou pouco mais de dois meses. No sábado, 29 de dezembro de 2001, o Pentágono anunciava o fim da fase militar da guerra contra o terrorismo, anunciando planos para substituir os mais de mil fuzileiros navais estacionados em Kandahar por soldados do Exército.


21 de ABRIL
Hoje, 21 de abril de 2006, temos a lamentar a morte de Telê Santana, mineiro de Itabirito, um dos maiores técnicos de futebol desse país. Homem simples, honrado e, para quem acompanha o esporte, responsável pela libertação dos nossos jogadores presos a um sistema rígido e "europeinizado" desse que já foi chamado de o pio do povo.Telê, mineiro em sua maneira de agir, enquanto homem simples e seguro, sendo chamado por muitos de pão duro, iniciou um movimento de libertação dos sistemas táticos rígidos que reinavam no futebol brasileiro à época, sendo inclusive satirizado por um bordão que dizia - "bota ponta Telê!!", crítica a ausência de um ponta direita, coisa espantosa para os críticos da época; derrotado por falhas da defesa num fatídico jogo contra a inóspita Itália, ficou marginalizado por muitos e. em 1986, pela perda, coisa rara, de um pênalti por Zico, seu nome foi amaldiçoado.Se redimindo gloriosamente no São Paulo em 1992/93, com o bicampeonato da Libertadores e Mundial Interclubes.Morreu com a dignidade e a simplicidade com que levou a vida, aos 74 anos de idade, vítima de sepsemia.Em 21 de abril de 1985, falecia o presidente da república, primeiro civil desde o golpe militar de 1964, eleito pela oposição ao regime mililtar, símbolo da liberdade política, conseguida depois de anos e anos de sofrimento e tortura; o mineiro Tancredo Neves.Tancredo, político mineiro típico, natural de São João del Rey, velha São João, fora o único primeiro ministro brasileiro, num momento de grande turbulência, numa tentativa de salvar-se o sistema democrático; antes já tinha sido o companheiro fiel de Getúlio.Mineiramente libertário, seu nome entra para a história como um símbolo do final da ditadura e do reinício da democracia nesse país.Em 21 de abril de 1789, morre assassinado pelo Reino Português, após uma tentativa natimorta de independência e liberdade, o mineiro Tiradentes, natural da atual Tiradentes, cidade histórica de Minas.LIBERDADE AINDA QUE TARDIA, LIBERDADE.Após o assassinato de Tiradentes, o desejo de Liberdade se espalha pelo país, até desembocar na Independência em setembro de 1822.Três mineiros, três brasileiros libertários: Tiradentes, Tancredo e Telê.Três nomes, uma data - 21 de abril.Todos, coincidentemente iniciados com T, trazendo a mudança, a transformação.O QUE ISSO QUER DIZER, NÃO SEI, SÓ SEI QUE ESSA LUA ME DEIXA EMOCIONADO COMO O DIABO..
Publicado em: 15/10/2006 11:37:43



18 ANOS
Essa menina tá maluca uca uca
Ela não quer beijar na boca oca oca
E nem quer ficar comigo
O que fazer?
Pegar você
Beijar você
Olerere
Olarara
Depois não dá
Pra gente amar
Nem dar bandeira
Dançar o créu
Chegar ao céu
No berimbau
Cara de pau
Seguir o trio
Sentindo o frio
No carnaval
Sensacional
Cara de pau
Cara de pau
Cara de pau...

1557
Eu nasci naquela serra
Nos olhares desta lua
O meu peito sempre encerra
Esta deusa bela e nua...

1558


Solidão aqui por perto
Esta vontade de chorar
O meu peito sempre aberto
Nunca mais vai se fechar

1556
Vejo a vida neste espelho
Cada ruga é um presente,
Cada traço outro conselho,
Do futuro vou descrente

1559
Rasos d’água olhos tão tristes
Procurando por um bem
Eu bem sei que tu resistes
E por isso, sem ninguém


1560

Versos faço sem medidas
Não me canso de cantar
Ilusões se estão perdidas
Por meu Deus quero encontrar


1561

Fardo pesado carrego
A saudade dolorida
Tanto amor Jamais eu nego
É negar a própria vida...

1562
Tua boca framboesa
Cada lábio carmesim,
Teu amor uma riqueza
Rara flor do meu jardim.


1563

Faço o canto que quiseres
Em trovinha ou em soneto,
Mas decerto se vieres
Tanto amor eu te prometo.



1547
Meu amor uma andorinha
Que a saudade maltratou
Se sonhei que eras tão minha
O meu sonho se arribou


1548
Vejo a luz desta saudade
Pela luz dos olhos teus
Para haver felicidade
Tua luz nos olhos meus...

1549
Sou apenas um cantor
Que se fez apaixonado
Ao luar um trovador
Canta o amor, inebriado...


1550
Trovador que não se cansa
De cantar quem tanto quer
Poesia sempre alcança
Nos teus braços de mulher

1551
Minha vida não tem preço
Tanto apreço a vida tem
Cada dia num tropeço
A saudade sempre vem..

1552
Bebo a fonte da saudade
Nos teus beijos minha amada,
Não saber felicidade
Nesta vida é não ter nada...

1553
Ouço a voz de uma esperança
Canta livre passarinho,
Mas o tempo sempre avança
E me encontra tão sozinho...


1554

A saudade é matadeira
Pra matar esta saudade
Eu procuro a noite inteira
Sem ter lua, a claridade

1555
Quero o beijo mais garboso
Da morena mais faceira
Coração tão curioso
Não quer mais marcar bobeira


1572

Cavaleiro em lua cheia
Esperança em seu alforje
Quando a noite se incendeia
O dragão; mata São Jorge.

1573

Coração faz melodia
Com espanto de quem teima
Teu amor em noite fria
Esquentando até que queima.

1571




Fazer trovas já me traz
Alegrias e tristezas
Tanto amor não foi capaz
De vencer as correntezas.


1574
Bebo a sorte de quem teve
Alegria invés de dor
A minha alma se conteve
Ao sentir um grande amor


1575

Navegante sem cuidado
Naufragando antes do cais,
Meu amor sempre ao meu lado
Não te esqueço nunca mais

1576
Beijo a fronte delicada
Desta moça tão faceira
A minha alma apaixonada,
Ilusão tão verdadeira.


1577
Quero o sal da tua pele
Teu suor, o meu desejo
Teu amor já me compele
Ao destino que ora almejo

1564
Medo tenho do futuro
Isso não é novidade,
Sendo claro ou sendo escuro
Busco sempre a liberdade


1565
Tantas vezes te queria
Mas jamais tu me quiseste
Pois arar em terra fria
Na colheita não vieste.


1566
Vejo a lua e te imagino
Claramente nos meus braços,
Deste sonho de menino
Nosso amor estreita os laços


1567



Se das penas tu tens pena
Já de mim nada tu tens,
Sedas plenas, bela cena,
Mas deveras já não vens...


1568
Bebo a sorte traiçoeira
Que tragaste por engano,
Meu amor sabe a poeira
Mas decora um novo plano.

1569

Talvez veja com teus olhos
Os meus olhos junto aos teus
Num caminho feito abrolhos
Só restando o teu adeus...

1570


Alecrim que eu encontrei
Nas campinas das Gerais,
Meu amor eu te entreguei
Mas não me queres jamais....


1586

A morena tem seu quê
De carinho e sedução
Vem correndo e logo vê
Que é só seu meu coração.

1585

Laço firme tu me destes
E deveras me prendeu
Esperanças que me vestes
Deste amor ser todo meu.

1587
Não queria esta verdade
Nem tampouco uma mentira
Meu amor tanta saudade
Nos teus braços já me atira


1588
Quero ver se não pudesse
Compreender meu sentimento
Te faria reza e prece
Não te deixo um só momento


1589

Vento frio, madrugada
Meu amor já não está
Pela rua, na calçada
Meu amor onde andará?

1579

Tanto tempo sem te ver
Tanto quis e nada tenho
Meu amor o teu prazer
Nos meus sonhos não contenho.


1581
Poesia fiz contente
Para quem amo demais
Meu amor se fez urgente
Nos teus braços fez seu cais


1590

Veio vindo de mansinho
E tomando toda a sala
Coração de passarinho,
Quando vê quem ama, cala..

1580
Estrelinhas lá no céu
Vão dizendo de quem amo
Nosso amor em seu papel,
Com certeza o bem que clamo...


1583
Tanto quero o teu querer
E não queres meu amor
Sem te ter cadê prazer?
Só restando frio e dor.

1591

Passarinho quando canta
Com saudade do seu ninho
Minha voz já se levanta
Já não vou cantar sozinho


1582
Beijo a boca da morena
Mas a loura é quem me quer
Meu amor já não tem pena
Faz de mim o que quiser


1584
Labaredas do desejo
Se espalhando pela casa
Cada vez que, amor te vejo
Aumentando mais a brasa.

1578
Dedilhando na viola
Serenata fiz por ela
A minha alma já decola
Pega o barco, abrindo a vela...

1601

Este pobre trovador
Coração analfabeto
Na matéria de um amor
Bobeando locupleto.

1602

Tantas vezes quis teu nome
Escrever em poesia
Quando a lua ao longe some
É sinal de novo dia.

1603

Lago plácido sonhei
Para poder mergulhar
Nos teus braços eu fui rei
Coração fez coroar.

1604

Não persigo quem me odeia
Nem tampouco quem maltrata
No sertão a lua cheia
Se derrama sobre a mata.

1605

Trovador que não se cansa
De fazer trovas e rimas
Vai mantendo esta esperança
Mesmo se mudarem climas.


1606

Vento bom que me alivia
Quando faz muito calor,
Mas se a noite é muito fria
No teu braço, aquecedor.

1607
Calma, calma minha gente
Uma noite não é nada
Mas com esta dor de dente
Penetrando a madrugada?

1592

Tanto tempo procurando
Por alguém que não me quis
Meu amor me torturando
Nunca mais serei feliz.


1593
Se eu pudesse te daria
Um palácio, mas cadê?
Tão enorme fantasia
Pruma casa de sapê


1594
Vejo a luz dos olhos teus
Clareando a noite escura
Não encontro mais os breus
Se a minha alma te procura.


1595
Levo a vida deste jeito
Cada qual sabe o que faz
Vou vivendo satisfeito
Teu amor me trouxe paz

1596

Sinto o vento no meu rosto,
Uma brisa te chamando
O meu peito agora exposto
Se entregando ao vento brando.


1597
A verdade não engana
Quem deseja ter um bem
Minha sorte soberana
Procurando sempre alguém.

1598

Tenho os olhos já cansados
De chorar por quem partiu,
Dias tristes, descorados,
Por que amor se fez tão vil?

1599

São palavras simplesmente
Não traduzem o que sentes,
Meu amor feito demente
Não sabendo que tu mentes.

1600

Neste beco sem saída
Nada faço senão ir
Procurar a minha vida
Noutros tempos, no porvir...

1621
Caso venha sem vontade
É melhor ficar de fora,
Meu amor tanta saudade
se não mato, me devora.


1622
Tenho os olhos já cansados
De tentar felicidade,
Noutros mares mergulhados
Só marulho é que inda invade.

1623
No que posso te contar
Uma estrela matutina
Com saudades do luar
Tanto brilha e até fascina.

1624
Não me venha com mentiras
Nem tampouco me iludindo
O amor feito sem tiras
Nem retalhos se faz lindo.

1625
Coração de navegante
Timoneiro busca o cais,
Mas seguindo sempre avante
Teu amor não vejo mais.

1608
Quando o galo à noite canta
Despertando quem dormia,
De manhã já se levanta
Depenado na bacia...

1609

Jacaré virando presa
Se o riacho tem piranha
Vai servir de sobremesa
Pois multidão sempre ganha...


1610

Se esta boca fosse minha
Não cansava de beijar
Meu amor não adivinha
Quanto quero tanto amar...

1611-1615
1611


Esperança vem chegando
De mansinho, devagar
Meu amor, mas até quando
Eu terei que te esperar

1612

Nada além do que pensava
Coração de um violeiro
Que decerto já buscava
Teu amor, o tempo inteiro

1613

Vivo sempre perguntando
Como posso ser feliz
A tristeza me tomando
Vou vivendo por um triz

1614

Eu sou como um passarinho
Com vontade de voar
Mais distante do meu ninho
Sem ter ninho onde pousar.

1615

A saudade, uma gaiola
Que me prende e me maltrata,
No ponteio da viola
Liberdade é serenata...


1616-1620
1616

Vou buscando uma alegria
Onde um dia quis amor
Muito embora a fantasia
Só provoque imensa dor.

1617

Nos meus olhos rasos d’água
A tristeza é tão presente
A saudade em mim deságua
Novo amor se faz urgente

1618

Peço a Deus por um momento
Em que possa me alegrar
Vai girando o pensamento
Carrossel não quer parar...

1619

No cansaço desta noite
Alvorada não me quis
Se a saudade é como açoite
Como posso ser feliz?

1620

Tenho tanto que aprender
E tão pouco pra ensinar
Aprendendo a te prazer
Nas veredas deste amar...

1618
Coração tão vagabundo
Não se cansa de sonhar,
Nos teus braços me aprofundo
Nos teus sonhos mergulhar.


1619
Sorte tem quem a procura
Não me canso de dizer
Quando a noite é mais escura
Tua luz me dá prazer.


1620
Doce canto, o passarinho
Com beleza quer parceira
Com você fazendo o ninho
Vou brincar a noite inteira.

1621-1625
1621

Repentista e violeiro
Um eterno sonhador
O meu peito é mensageiro
Das loucuras de um amor.

1622

A trovinha é tão singela
Coração jamais se cansa
De pensar somente nela
Ser feliz, uma esperança...

1623

A paixão tem tantas faces
Que não posso mais contar,
Nos teus olhos os disfarces
Não aprendo a decifrar.

1624

Vejo a lua iluminando
Meus caminhos pela vida,
De tristezas vou lembrando
Esta noite em despedida.

1625

Risco o nome de quem amo
Trago os dedos machucados,
Da saudade não reclamo
Já conheço antigos fados...


1619
Sorte tem quem a procura
Não me canso de dizer
Quando a noite é mais escura
Tua luz me dá prazer.


1631
//Meu prazer te captura/
Seja noite, ou seja, dia/
Para estarmos sempre juntos/
Nessa despudorada magia//

Regina Costa

Pele com pele dá certo
Alegrias sem limites
O meu mundo segue aberto
Só te peço que acredites.

1626-1630
1626

Tanto tempo nesta espera
E ninguém fala meu nome,
Quando penso em primavera
Roseiral, morrendo some...

1627

A tristeza é companheira
Minha amiga inseparável
A parceira derradeira
Desencanto interminável.

1628

Roda, roda a sorte gira
E não pára de girar.
Teu amor uma mentira
Que aprendi a decifrar.

1629

Nada tenho de alegria
Meu prazer já foi embora,
E somente a noite fria
No meu peito se demora.

1630

Vai chovendo de fininho,
Tanto barro nesta estrada
Teu amor já sem carinho
Na verdade não diz nada...







Soneto clássico-decassílabo-sáfico-heróico-didático

com rimas alternadas,

dedicado ao Marcos Loures,

o Pai da Espiral-Composta em Sonetos,

Por Sílvia Araújo Motta (*)



Espiral (vi)ve (cur)va, (gi)ra en(tor)no

de algo cen(tral,) ca(mi)nha, (so)be, (des)ce,

triste, re(tor)ce (quan)do (vai) ao (for)no

e a cada (vol)ta (me)de, (sem)pre (cres)ce...



Vida é mis(té)rio, (dor,) sa(bor) a(dor)no!

Traz ale(gri)a e (pran)to ao (ser) que (nas)ce!

Na es(tra)da (cur)va in(di)ca em (seu) re(tor)no:

altos e (bai)xos! (Che)ga,(sai,) pa(de)ce!



Grande espi(ral) do (tem)po (faz) mu(dar,)

mover com (for)ça es(tre)las, (sol,) o (ven)to,

renova o (ci)clo e (tu)do (faz) vi(brar...)



Mas no anti-ho(rá)rio à es(quer)da, (no ou)tro (mun)do,

sem ener(gi)a, a (mor)te (traz) la(men)to,

separa(cão) que (vai) ao (mar) pro(fun)do.

-

Belo Horizonte, 30 de janeiro de 2008.



-

(*) Sílvia Araújo Motta-Belovalense/BH/MG/Brasil.

Presidenta do Clube Brasileiro da Língua Portuguesa/ 8 países lusófonos,

Cônsul Z-NO em Belo Horizonte /MG/Brasil,Poetas del Mundo/130 países.


Emocionado, eu tenho o orgulho de publicar este soneto feito pela excelsa poetisa Silvia Araújo Motta


1632
Rosas trago em meu jardim,
Amarelas e vermelhas
Coração traz dentro em mim
Deste amor, belas centelhas.


1626
Lavo os olhos na saudade
Do meu bem que não me quis
A tristeza agora invade
Nunca mais serei feliz

1636-1640
1636

Trago os olhos já cansados
De chorar por quem não quis
Os meus beijos vão calados
Coração bate infeliz...

1637

As palavras que disseste
Me trouxeram tanta mágoa
Neste solo tão agreste
Esperança não deságua...

1638

Trago a marca do abandono
Cicatrizes dentro da alma,
Já perdendo amor e sono
Nem o canto mais me acalma...

1639

Ergo os olhos e procuro
Quem outrora quis tão bem
Mas o céu estando escuro
Não me mostra mais ninguém.

1640

Barco ao léu, o mar carrega
Sem destino cadê porto?
A minha alma andando cega
Peito sem amor, já morto...

1627
Trovejante coração
Faz das suas e me engana
Outros dias sofrerão
Esta sorte desumana


1628
Tanto quero que não sei
Se o querer faz bem ou mal,
Meu amor eu encontrei
Noutros bailes, carnaval.


1629
A vovó tá bem surdinha
Nada escuta, minha gente
Tá careca e banguelinha
Só não tem mais dor de dente.


1630
Lambisgóia de uma figa
Mercenária e vagabunda
Se quiser pensão tem briga
Tem tapão na sua bunda.


1630
Lambisgóia de uma figa
Mercenária e vagabunda
Se quiser pensão tem briga
Tem tapão na sua bunda.


1631-1635
1631

Beijo o sonho que me deste
Como fosse um bom presente
Desde o dia em que vieste
O final, alma pressente...

1632

Bebo gotas deste orvalho,
Já não posso mais sonhar,
Meu amor o meu trabalho
Não me deixa descansar...

1633

Risos falsos, fantasias
A que resta, a do palhaço,
Procurando as alegrias
Não encontro nem pedaço.

1634

Tempo escorre em minhas mãos,
Sorte foge dos meus dedos,
Os meus cantos sempre vãos
Aumentando cedo os medos.

1635

Eu te trago uma mensagem
De quem tanto quis teu bem,
Trago sempre na bagagem
A saudade deste alguém...

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