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Sunday, December 5, 2010

23465
23465
As asas das angústias nos tocando,
Na ausência deste tanto que buscaras
Apenas no lugar chagas e escaras,
O mundo se mudando desde quando.

Houvesse ainda um tempo em que plantando
Com tudo este cuidado que tens; aras
Cevando as flores belas; perlas raras
As dores arribando em louco bando

Terias a colheita que se espera;
Porém a solidão, amarga fera
Pantera que entre tantas reconheço

Diversa deste anseio que há em ti
Mostrando em claros tons o que senti;
Amor; Bem precioso, não tem preço...


23466

Pudesse descansar depois de tanto
Caminhar sem poder ver claridade
Envolto pelos mantos da saudade,
Que causa dor e traz um raro encanto.
Ao mesmo tempo atroz, molda meu canto,
Enquanto se mostrasse na verdade
A sombra do passado que me invade,
Apascentando em dor nela me espanto.
Mas quando percebendo a tua ausência
A vida se perdendo sem clemência
Volvendo ao mesmo nada de onde vim,
Acaso poderia ter a sorte
De ter sob o comando, o Fado e o Norte,
Saudade então no Amor; teria fim..

23464
Fortuna se tornando uma inimiga
Daquele que se entrega sem defesas
Bebendo da alegria estas belezas,
Nos braços de quem ama já se abriga.

Mas quando a sorte muda e a vida intriga
Apenas entre as dores e tristezas
Já não comportariam fortalezas,
E o que era fantasia desobriga

A sorte sendo assim tola e volúvel
Problema sem resposta ou insolúvel
A vida em desamor não traz descanso.

E quando tão somente em ti percebo
A cristalina fonte que concebo
O Amor em plenitude e em paz, alcanço..

23468

Houvesse desdobrado o sentimento
Aonde se moldara tal quimera
A vida não teria tanta espera
O Amor seria além deste momento.

E quando permaneço mais atento
A sorte que procuro e me tempera
Vencendo com ternura a fria fera,
Deixando no passado algum tormento.

Buscando a limpidez tão cristalina
Do encanto que deveras me domina
Terei sem ter mais dúvida o louvor

De poder caminhar, cabeça erguida
E dando enfim sentido à minha vida
Encontraria em paz, o imenso Amor...

23469

Melhor seria não ter visto a cena
Aonde renegaste o sentimento,
Deixando tão somente o desalento,
Minha alma solitária se apequena.
E enquanto a poesia se diz plena
No canto em que louvei-te me atormento
Estando desde então bem mais atento,
A lua sobre as nuvens, dor acena.
Medonhas tempestades? Não queria,
Apenas uma frágil fantasia,
O Amor sendo demais, a dor é certa.
E eu sinto que deveras te perdi,
Vivendo esta ilusão, eu via em ti
A Sorte que insensata me deserta...


23470

A dúvida acomete quem se entrega
Aos vários dissabores deste encanto,
Por mais que ainda em festa, o verso eu canto
A sorte se demonstra cedo cega,
O mar onde esperança em paz navega,
Tempestuosamente gera espanto
Quando das nuvens negras vejo o manto
Uma alma mais sensível não sossega.
Encontro num Amor, santo remédio
Que enquanto nos ungindo, gera o tédio
Dicotomia clara se apresenta.
Trazendo em si a paz que nos sacia
Ao mesmo tempo o medo e esta agonia
Amor é calmaria e vã tormenta...


23471


Nas ondas que desfias em teus braços,
Tormentas entre doces ilusões
O Amor ao invadir os corações
Deixando bem marcados firmes traços,
Ocupa mansamente estes espaços
Diversas e sublimes tentações
Espalhando sensíveis furacões
Estreitando deveras fortes laços,
Embora muitas vezes lassos dias
Encontram solitárias noites frias
Vazios entre tantas maravilhas.
À sombra deste encanto mais perfeito,
Por vezes maltratado, eu me deleito,
Trazendo a escuridão, imenso, brilhas...


23472

Porque deixaste aquele que querias
Além do tanto Amor; eterno amante
Nos olhos tu trouxeste o diamante
Por onde desfilavas fantasias.

Seqüelas deste encanto, noites frias,
Não vejo o sentimento qual rompante
Tampouco quero a voz que me acalante
Depois deixe deveras mãos vazias.

No Amor e só por ele inda existo,
Percorro vales, montes, cordilheiras,
As honras que ofereço; verdadeiras

Vivendo este momento e até por isto
Desnudo os meus segredos ao propor
Além da própria vida, eterno Amor...


23473

Jamais eu deixaria de querer-te,
Se tenho em ti a glória e o descaminho,
E quando nos teus braços eu me aninho
Do sonho não há quem tente ou desperte.

O Amor quando em saudade se converte
Por vezes se tornando mais daninho,
Espalha a tempestade aonde o vinho
Bebera com ternura; e a paz deserte.

Não posso me calar, por isso canto,
E vivo ainda à luz do raro encanto
Que espalhas sobre a Terra, deusa nua,

Minha alma se mostrando transparente
E tendo esta candura que apascente,
Por sobre estas procelas já flutua.


23474

A Ninfa desfilando sedutora
Desnuda entre os nenúfares, a vejo
Aumentando deveras o desejo
Imagem divinal e tentadora.

Minha alma tantas vezes sonhadora
Ao ver esta beleza que ora almejo
Vivendo além do Amor, louco lampejo
Teimando com tal senda promissora

Encanta-se e num átimo se faz
Além do que pensara calma e paz
Uma expressão que traz fausta ternura.

Ao mesmo tempo um ar tempestuoso
Dizendo desventura, anseio e gozo,
Porquanto me seduz; tanto tortura...

23475

A Sorte se mostrando amara e escura
Mudando sempre antigas direções
Trazendo nos seus olhos, seduções
Que ao mesmo tempo dizem da tortura

Quem dera se tivesse tal ternura
Que aflorando em diversos corações
Expressa a maravilha das paixões
Aonde a eternidade não perdura.

Numa ávida e suprema fantasia
A cortesia foge e o medo cria
A dor que nos acolhe e nos conforta.

O Amor sendo um guerreiro; pacifica
Maltrata em finas luvas de pelica,
Gentil, arromba a casa, estoura a porta...


23476

Trazendo, o desamor, um negro manto
Aonde se escondesse a faca, a adaga,
A mão que na verdade ora te afaga
Prepara num segundo a dor e o pranto.

E quando mais mordaz o desencanto
Maior a solidão na escura plaga
Por mais que uma ilusão; o Amor nos traga;
Nestas veredas torpes; eu me espanto.

Quisera a claridade em raro sol,
Um helianto busca o seu farol
Nos olhos de quem ama e sabe bem

Cuidar com maestria deste sonho
Que em versos e sonetos eu componho
E sei que me avassala quando vem...


23477


Não quero mais falar da dura morte
Bem sei; a companheira derradeira
De todas as agruras, a parceira
À qual qualquer momento diz aporte.
Não quero uma esperança que se aborte
Tampouco a dor, etérea mensageira
Do fim que se aproxima, e corriqueira
Traçando muitas vezes nosso Norte.
Não quero ter nos olhos o pavor
Daquele que se entrega ao desamor,
E traz sempre a discórdia; e amarga a vida.
Só quero a luz que possa me alertar,
Mas mostre sob os raios do luar
O Amor, mantendo a dor entorpecida...

23478


Não sei se vale tanto a noite escura
Que possa me impedir de ver que o sol,
Ainda se escondendo no arrebol
Trará no amanhecer paz e ternura.

Por mais que uma alma entranhe esta amargura
A Sorte sem reveses, um farol,
Tramando maravilhas que de escol
É tudo o que se quer e se procura.

No Amor encontro a paz e as oferendas
Por mais que noutras sendas já desvendas
Momentos tão mordazes e infelizes,

Verás que quando entregue à sedução
Do imensurável deus, a embarcação
Superará com calma estes deslizes...


23479


Viver esta tristeza é necessário
O dia se fará depois das trevas,
E quando o amanhecer em sonhos cevas,
Decerto; tu verás outro cenário.

A Sorte se moldando no Fadário
Por mais que as dores sejam tão longevas
E dentro de tua alma, em frio nevas,
Enfrentarás; no Amor, tal adversário.

Jamais se esconda e creia ser possível
Uma alegria enorme, pois cabível
Mesmo que a porta seja tão estreita.

Quem teima e tem a glória de saber,
Somente num Amor pleno poder,
Tem a alma apascentada quando deita...


23480

Por campos mais alegres, mansos prados
Desfila-se esta sílfide divina
E o andar da bela Diva me fascina
Matando os dias frios, degradados,

Fazendo ao meu olhar doces agrados
Imagem que se molda diamantina,
Expressa num momento o que alucina
Um velho trovador entregue aos Fados.

Quisera ter nas mãos rara beleza
Entregue aos teus encantos, Natureza
Moldando uma escultura em que o cinzel

Nas mãos de um grande artista se fez mago,
Enquanto a divindade em sonho afago,
Vislumbro nos seus olhos, Deus e Céu...


23481
Nas águas em que banhas, de cristal
A fonte inestimável de um desejo,
Ao vê-la num instante já prevejo
O dia em que seja triunfal
O Amor cedo nos guia, e sem igual
Maior do que somente algum lampejo,
Na tenra sensação de um manso ensejo
Fazendo do prazer um ritual
Espalha-se deveras pelos campos,
Estrelas são apenas pirilampos
Reluzem sob o impacto deste encanto.
Falena que procura a clara luz,
O Amor em suas teias me seduz
Por ele e só por ele, agora eu canto...

23482
Expressa-se a Natura, em teus caminhos
Moldando com denodo cada rota,
E o Amor quando se entrega a paz se nota
Jamais caminharemos mais sozinhos.

Dos sonhos e das glórias, mansos ninhos,
Amor além da vida, não tem cota,
Tampouco com o tempo se desbota,
Não vejo em seu jardim; seres daninhos.

O quanto amor se mostra em plenitude,
Permite que este caminho enfim se mude
E o riso se tornando um ritual,

Aguarda tão somente outros momentos
Aonde apascentando estes lamentos,
Supere com ternura todo o mal...

23483


Qual fora, da palavra um operário
Usando destes versos, forma e cor,
Falando muitas vezes de um Amor,
Que sei quanto é deveras necessário.

Por vezes noutro canto temerário
Procuro demonstrar que o sonhador
Não foge nem desdenha a própria dor,
Abrindo dos sentidos, seu armário.

Não quero ser apenas relembrado
Como se fosse um tolo e de bom grado
Espero que me aceites, mas se não

Jamais irei mudar sequer um til
Somente para ser manso e gentil,
Pois neles ponho inteiro o coração...

23484

O mar ao se entregar aos vãos penedos
Encontra a resistência e não prossegue,
Assim a nossa vida não consegue
Vencer os desafios e os segredos,
Na força imensurável dos rochedos,
A sorte desairosa já nos segue
Sem ter sequer a paz que mansa regue
As flores condenadas aos degredos.
Não pude conservar este canteiro
Aonde Amor se fez mais verdadeiro
Não tive nos teus braços, este alento,
Por isso é que deveras sigo triste,
O amor que tanto quis já não resiste
Trazendo invés de paz, dor, sofrimento...

23485

A tarde se desfaz nesta saudade
Que tanto me maltrata e me redime,
Na sensação dileta gozo e crime,
Procuro ter enfim, tranqüilidade.
Pergunto aonde encontro, mas quem há de
Dizer além do quanto amor estime
Prazer que na verdade não suprime
Mostrando noutra cor, a realidade.
Vencido pelos medos e temores,
Aonde imaginara belas cores,
Apenas grises tardes, nada mais.
O tempo se mostrando um inimigo
Embora solitário, enfim, prossigo
Saveiro que à deriva, busca um cais...


23486

Ao te ver partir, sonhos fugiram
Levados pelas mãos de quem eu amo.
E quando em noite fria; amor reclamo,
Sem ter as emoções que inda interfiram
Por mais que outros caminhos se prefiram,
Não tendo solução; somente um ramo
Deste arvoredo imenso, cedo e chamo
E as horas solitárias, rodam, giram...
Mergulho no passado e te resgato,
O quanto foi difícil cada fato
Depois de ter nas mãos felicidade.
Morrendo na distância sigo vão
Escravo dos anseios da paixão,
Queria ter nas mãos a chave e a grade...

23454
Aonde uma tristeza se desterra
O tolo desencontro se escondia.
Ardente e tão sobeja fantasia
O Amor bendito trama; e a porta cerra.
O Sol dourando agora toda a Terra
Reflete a luz intensa em que se via
O encanto da divina poesia,
Que olhar de quem desejo em paz descerra.
Quem tem a imensa sorte de saber
E ter nas mãos a fonte do prazer
Percebe quão se faz belo e luzente
Os passos se perfeitos sob a saga
Do encanto tão sublime em que se afaga
O Amor no qual o Eterno se pressente...


23455
Ouvindo do oceano o seu marulho
Chamados de Sirenas maviosas,
Encontro as nossas noites mais formosas,
E desta fantasia já me orgulho,
Na doce melodia, audaz, mergulho
As ondas muitas vezes caprichosas
Enquanto num murmúrio manso gozas
Afastam do caminho pedregulho.
E sentindo-me em paz, extasiado,
Revejo os desenganos do passado
E agora me permito um sonhador.
Numa expressão divina, bela e rara,
O mar em seus segredos nos declara
A incomparável força deste Amor...


23456
O Sol ao se esconder entre os outeiros
Não deixa que se veja tal beleza
Daquela criatura que indefesa
Expressa os meus anseios verdadeiros.
Caminhos que te trazem, derradeiros,
Enfrento o dissabor e a correnteza
Vencida com vigor e com destreza
Revela após cascatas, o ribeiro

Aonde em mansidão imensa vejo
A Musa que deveras eu desejo
E beijo tuas mãos, divina dama.
Alvissareiros dias de ventura,
Depois de tanto tempo em vã procura
A voz do Amor imenso, enfim, me chama...


23457
Recolho os meus anseios; e os cultivo
Nas sendas sempre flóreas de um Amor,
Um bardo que se mostre um sonhador,
Vivendo a fantasia segue altivo.
Portanto deste encanto sobrevivo,
Outrora um simples tolo trovador,
Deixando para trás a imensa dor,
De sonhos mais audazes; eu me crivo.
Deveras merecia ser feliz.
O verso traduzindo o que se quis
Pedira ensandecido; esta presença;
Por mais que dolorido o caminhar
Quem tem em suas mãos o dom de Amar,
Decerto não há quem, no mundo o vença...


23458
Das nuvens que escondiam lua plena
As marcas indeléveis de um passado,
Aonde se quisera iluminado
Caminho mais tristonho a dor acena.
O mesmo Amor que cura e me envenena,
A Sorte se detém nas mãos do Fado
Quisera tão somente um manso prado,
Porém o desamor à dor condena.
Arando com ternura o duro solo,
O medo se desfaz; com ele o dolo
Perdido entre os brilhares da esperança.
Luzindo em noite imensa, a lua clara,
A vida noutra vida já se aclara
E o Amor entre a neblina, enfim, avança...


23459
Envolto pelas tramas da Natura
Deitando em meu caminho arroio manso
A fonte dos desejos; logo alcanço
E a doce fantasia já perdura
Deixando no passado esta amargura
Que outrora fora fera; mas avanço
E tendo à minha frente este remanso
A dor enfim encontra a sua cura.
Pudesse eternizar este momento,
Estando sob as luzes de um alento
Não sendo tão somente um lenitivo,
Percebo quão o Amor se faz presente
Na imensa Natureza e em toda gente,
Por ele e só por ele, Amor, eu vivo...


23460
A deusa que se fez mulher e trama;
Envolta nos anseios do desejo,
O Amor no qual mergulho e assim prevejo
Eternizada em mim a rara chama
Que tantas vezes chega e assim nos chama
Por vezes na figura de um lampejo,
Ou mesmo de um delírio tão sobejo,
Mas Vênus, neste instante já nos clama.
E entregue sem defesas à loucura
Que sana e nos tortura e abençoa
Invade pela popa, adentra a proa
Ao mesmo tempo fere e assim nos cura,
Trazendo um sofrimento encantador,
Maior que o próprio Zeus, somente o Amor...


23461
Perdoe se talvez houvesse tido
Algum momento em que te magoei
Por vezes reconheço, tanto errei,
O Amor perdendo assim qualquer sentido.
Por tanto que eu já tenha percorrido
Às vezes noutras sendas, mergulhei,
Diversa desta rara e bela grei,
Aonde cada sonho foi vivido.
Escusas eu te peço, e mesmo imploro,
Se em pensamentos torpes me demoro,
Eu creio ser tão grande o sentimento
Que abarca do viver cada segundo
E nele tanto quanto me aprofundo,
Escravo sou de todo pensamento...


23462
Amor que perpetua-se em prazeres
Trazendo a sorte imensa para quem
Vivendo a fantasia que contém
Em si toda a magia dos quereres.
Por onde e quais caminhos escolheres
Terás no Amor; intenso e grande bem,
É sendo e tendo sempre que ele vem
Descreve com doçura seus poderes.

Porém nas sendas frias e distantes
Ausência de luzeiros radiantes
Somente a escuridão; tormento e treva.
Uma alma sem Amor é quase nada,
A vida em desamor que tanto enfada,
Nas estações diversas, sempre neva...


23463
Mores tristezas têm os que não sentem
A força imensurável de um Amor,
Pudesse ser somente um Trovador,
Enquanto os novos dias se pressentem;
As horas prazerosas nunca mentem,
E moldam com denodo encantador
Um tempo todo feito num louvor
Por mais que as velhas dores atormentem.
Serenando deveras a minha alma
Na paz de um sentimento que me acalma
Percebo ser possível tal herdade
Aonde desfrutando das venturas
Terás no pleno Amor o que procuras,
Verás nos braços teus, felicidade...


23494

Relembre da paixão que um dia fora
A dona dos meus olhos e segredos,
Aonde desenvolvo meus enredos
E a sorte se mostrando sonhadora,
Enquanto a solidão dita os degredos
Uma alma dentre tantas sofredora,
Buscando alguma imagem redentora,
Percebe que se escapa entre seus dedos
A Sorte num momento mais atroz,
Calando da esperança qualquer voz,
Na foz desta emoção, um mar sombrio.
Aonde se mostrara uma alegria,
Agora tão somente se irradia
No olhar enamorado; um desafio...

23495

Por mais que em águas turva a alma nade
Buscando a placidez que não se vê,
A sorte em que deveras amor não crê
Determinando sempre esta saudade.

E enquanto se desmancha a realidade
Procuro os teus sinais, porém cadê?
No livro da esperança ninguém lê
E sabe decifrar toda a verdade.

Outrora um sonhador. Hoje um farsante,
Enquanto me dizias deste instante
Pensava tão somente em meu prazer.

Agora que se finda a nossa história,
Resgato novamente da memória
O mundo que esperava em ti viver...


23493


Quando o tempo chegar e neste espelho
Tu vires tantas rugas; lembrarás
Do amor que desprezaste anos atrás,
Por isso meu Amor, eu te aconselho

A crer que na existência somos frágeis
E a vida não traduz eternidade,
Escute no meu verso esta verdade
Por mais que te pareçam bem mais ágeis

Os dedos no futuro serão lentos
Os olhos embaçados, e o sorriso
Que outrora se mostrara mais preciso
Agora sem os dentes, busca alentos.

Não queres meu amor? Termina o embate.
Só peço, por favor, não me maltrate...


23497


Olhando mansamente o teu olhar
Percebo quanto a vida se faz boa
E quando navegando a voz se entoa
No mar de teus prazeres; mergulhar,
Bebendo cada raio do luar,
Dos risos e dos gozos a canoa
Que vence as correntezas, logo aproa
No cais que imaginei sempre encontrar.
Vestindo esta emoção ser teu parceiro,
Vivenciando o gozo verdadeiro
De tantas ilusões, glorificado,
Agora não pergunto mais por que
Eu sei do amor imenso em que se vê
O mundo em pirilampos, estrelado...

23496

O amor nos aquecendo em brandas luzes
Deixando para trás medos e dores,
Colhendo nos teus olhos raras cores
Matando ervas daninhas, tantas urzes,
Vencendo os dissabores, já conduzes
Meus passos sempre etéreos, sonhadores
Por entre este canteiro, belas flores,
Que sei com tanto afeto tu produzes.
Mesclando esta alegria com a crença
Do amor que a cada dia nos convença
Ser ele tão somente a solução.
Vivenciando a glória de poder
Dizer que em ti somente o meu prazer,
Envolto nestas teias da paixão...


23498

Fugisse da tristeza que é fatal
Mudando logo o curso deste rio,
As horas solitárias desafio
E sinto da esperança o ritual
Mergulho neste mar e bebo o sal
Por vezes teias; teço ou já desfio
A fantasia acende o seu pavio,
E o fim se demonstrando sempre igual.
Vazio o coração de quem procura
Ao menos um momento de ternura
E não achando nada nem ninguém,
Durante a vida inteira, um sonhador,
Agora no final, o trovador
Somente uma ilusão inda contém...

23499


Pudesse ainda ter no que sonhar
Em íntimos momentos, nada vindo,
Apenas o passado; inda deslindo
E nele não mais quero mergulhar.
Tivesse esta ventura, ter no mar
Um dia inesquecível; raro e lindo
Mas sinto esta tristeza me seguindo
E tento inutilmente disfarçar.
Usando da palavra, simples versos,
Enquanto no vazio vão imersos
Os sonhos de quem tanto quis e nada.
Encontro a solidão, fiel parceira,
E a dor imensa chaga corriqueira
Negando o amanhecer, uma alvorada...


23500

Pensando no luar claro e bendito
Aonde poderia ter a sorte
De ter modificado o frio Norte
Um mundo inesperado, e mais aflito,

Enquanto no futuro eu acredito,
Propões a fina adaga que me corte,
Não tendo mais sequer algum suporte,
O canto se tornando um brado, um grito.

Alvissareiros dias que virão
Moldando com carinho esta emoção,
Somente uma ilusão de um sonhador,

Que tendo em suas mãos a dor e o riso,
Num passo tão audaz quanto impreciso,
Desbrava as duras sendas deste Amor...


23541 até 23613
23613
Não digas a mentir o que pretendes
Não creio nas falácias e façanhas
Jamais suportarei as velhas manhas
Nem acredito mais nestes duendes.
Da luz que na verdade nunca acendes
Não poderia ver as tais montanhas,
E quando a cada dia bem mais ganhas
O quanto te desejo não entendes.
E dane-se portanto ou por tão pouco
Não quero nem pretendo ficar louco
Apenas no sufoco levo a vida.
Se tens ou se não vens problema teu,
O mundo noutro rumo me escolheu
A história deste amor, já vai, perdida...
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Janeiro 26, 2010 1 comments links to this post

23612
Apressas a subida, pois bem sabes
Que a queda na verdade não terás,
Aonde se imagina plena paz
Bem antes que com tudo ainda acabes;
Deveras neste quadro já não cabes
Tampouco outro caminho a vida traz
O mesmo que este pouco ainda faz
Permite então versões onde desabes.
Apenas no final mera centelha
A luz que na verdade se avermelha
Não diz da claridade que procuro,
Mas bem melhor alguma chama
Do que toda a verdade em que se trama
Deixando a minha vida neste escuro...
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Janeiro 26, 2010 0 comments links to this post

23611
Desceste com sorrisos esta escada
Depois de ter me dito o não final,
Aonde se mostrara sensual,
Agora não me diz mais quase nada.
E quando percebi nesta alvorada
O sol quarando a vida no quintal,
Bebendo deste corpo todo o sal,
Minha alma já deveras tão cansada
Não pode prosseguir e se calando,
As aves vão fugindo em louco bando,
Apenas a saudade inda me leva,
Mas tudo não passou de uma ilusão,
O verso se mostrando outra versão
De simples aversão imensa treva...
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Janeiro 26, 2010 0 comments links to this post

23610
Fogueiras e folias nesta festa
Aonde comemoras o vazio
Que deste de presente e que desfio,
Deixando para trás o que não presta.
A vida me garante e sempre atesta
Não vale mais o tolo desafio,
Restando ao navegante o mar mais frio,
Sonhando com calores da floresta.
Meiguice mentirosa? Que se dane.
No amor que tanto quis, eterna pane,
O verso traduzindo o sentimento.
Aguço meus ouvidos e nada ouço,
Apenas esperando o calabouço
Sequer fugir, querida, agora tento...
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Janeiro 26, 2010 0 comments links to this post

23609
Uns dias que se gozam alegrias
Enquanto noutros dias tempestades,
Mesquinharias ditam as verdades
Aonde com certeza interferias.
Bebendo cada gota que darias
Não fossem tão cruéis felicidades,
Nem mesmo quando em mares largos nades
As águas se demonstram bem mais frias.
Peçonha em cada beijo; tua marca
E quando a poesia em ti se embarca
Vagando por naufrágios e tormentas,
Não vês que tudo aquilo se fez vago,
E vejo dos demônios que hoje trago
Aqueles em que tocas quando alentas...
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Janeiro 26, 2010 0 comments links to this post

23608
O verso que é reverso da medalha
Inversas emoções, frio e calor,
No quanto a poesia trama a dor,
Ao mesmo tempo em paz, ela batalha.
E sei que quando afio esta navalha
Olhando para o tal retrovisor,
No quadro tenho muito o que compor,
A métrica por vezes me atrapalha.
Sossego que procuro no teu colo,
E quando em tempestades eu assolo
Talvez seja querendo a perfeição.
Sem ter algemas faço o meu poema,
Não vejo no rimar qualquer problema,
Apenas obedeço ao coração...
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Janeiro 26, 2010 0 comments links to this post

23607
Tal qual se foram tolos outros dias
Os tempos em mudança, itinerantes,
O que fora verdade, por instantes,
Somente são agora velharias.

Assim também as minhas poesias,
Que na verdade são quais debutantes
Usando vez em quando alguns turbantes
Carregam dentro da alma estas estrias.

Metamorfoses; tento vez em quando,
O teto desta casa desabando,
Matando o que restou de velho em mim.

Dedetizar o verso eu te garanto
Que mesmo não trazendo mais encanto,
Impede que se crie então cupim...
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Janeiro 26, 2010 0 comments links to this post

23606
Pensara ser um grande pregador
Falando para as moças, com cuidado,
À sombra do fantasma do pecado,
Ao espalhar decerto algum louvor,

Ao confundir desejos com amor,
O pobre não sabia; desgraçado,
O quanto foi por Deus também amado,
E ao profanar assim o redentor

Mesclando sacanagem com vontade,
Deixando para trás a realidade
Até com o decote ele implicou.

E para completar sua bravata
Somente com o terno e a gravata,
Roupas que Jesus Cristo nunca usou...
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Janeiro 26, 2010 0 comments links to this post

23605
Trazias Santo Antonio no teu quarto
Pensando num provável casamento,
Até que depois disso num momento,
O santo se mostrando mesmo farto,
Causando em teu amante um forte infarto
Invés de fantasia este tormento,
Deveras tais crendices, não agüento,
Nem mesmo compartilho ou já reparto,
Só sei que no final a moça veio
Sem medos, sem rancores nem receio,
Audaz com seu vestido decotado,
O Santo adormecido não sabia
Que a moça abandonando a fantasia
Entregou-se deveras ao pecado.
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Janeiro 26, 2010 0 comments links to this post

23604
As moças têm nos olhos romantismos
Que os homens muitas vezes nem percebem,
E quando as ilusões ainda bebem,
No amor encontram cedo seus batismos,

Estigmas diferentes, cataclismos,
No fundo em poesia elas concebem
Além do que em verdade já recebem,
Mas sabem como usar seus magnetismos.

As moças são deveras sonhadoras,
Mas vivem com os pés por sobre o chão,
É delas o poder da sedução.

E quando em santos vários, redentoras
Imagens disfarçando a realidade,
Transformam todo adeus numa saudade...
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23603
Ó vento do norte, tão fundo e tão frio,
Não achas, soprando por tanta solidão,
Deserto, penhasco, coval mais vazio
Que o meu coração!

Vendaval

Fernando Pessoa

Encontrando vazio o coração
Que outrora se fizera mais feliz,
Aprofundando a dor, tudo desdiz,
A própria sorte traz a negação,

Agora tão somente a solidão,
Aonde no passado amor eu quis,
A sorte me abandona, vaga atriz
Mostrando a cada dia o mesmo não...

Penhascos e desérticos caminhos,
Os dias que enfrentando são sozinhos
O vento traz o frio e rouba o Norte

Aonde houvera um verso, simples trova,
Agora imensa dor e negra cova,
Aguarda finalmente a minha morte...
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23602
Tudo quanto penso

Tudo quanto penso,
Tudo quanto sou
É um deserto imenso
Onde nem eu estou.
Extensão parada
Sem nada a estar ali,
Areia peneirada
Vou dar-lhe a ferroada
Da vida que vivi.

Fernando Pessoa

Deveras no que penso sou inteiro
E nada impedirá tal pensamento,
Vivendo imensamente este momento,
Jamais eu mudaria este tinteiro
Deserto em que mergulho, verdadeiro,
É o que decerto sou, e sem alento,
Tampouco no não ser eu me atormento,
Onde jamais estou, nisto me inteiro.
Sem nada a estar nem ter prossigo ali,
Da vida que por certo eu já vivi
Areia muitas vezes peneirada.
Numa extensão parada, vagos sigo
Na imensidão do nada, se prossigo,
Apenas adivinho a ferroada...
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23601
Não quero navegar, bastando então
Que possa em liberdade caminhar
Por entre as maravilhas do criar
Tramando sempre ao fim a criação.

Se a vida inda pudesse agigantar
Tornar mais evidente uma emoção
Tocando mansamente a sensação
E dela conseguir já decifrar

A essência que transborda-se em meu sangue
Por mais que seja anêmico meu verso
Poder ao atingir todo o universo

Até que no final um corpo exangue
Ajude a evolução da humanidade
Na mística da Raça que me invade...

parafraseando Fernando Pessoa
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23600
Leão mostrando a força em sua juba,
A sorte tem diversas variáveis
Por vezes em caminhos intragáveis
É como ouvir o solo de uma tuba.

Que faço se não como mais jujuba
E o diabetes mostra inalterável
O pé se demonstrou ora amputável
Procuro um tratamento e vou pra Cuba,

Ao menos o charuto é de primeira,
Na escola te encontrei porta bandeira
Nesta estação primeira, quis verão,
Metade do que faço é por engano,
O resto, meu amor, me causa dano
Apenas neste verso a diversão...
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23599
Salvando num arquivo os meus poemas,
Eu sei que no final não valem nada,
Jogados pelas ruas na calada,
Apenas romperão minhas algemas,
Não quero ter nas mãos jóias e gemas,
Apenas o que outrora em madrugada
Uma alma tão distante quão cansada
Pensara ter nos olhos, meros temas.
Selando a minha sorte, odor mais acre,
Rompendo da esperança qualquer lacre
Eu acredito e até mesmo acrescento
Não faço e nem farei sequer um préstimo,
Nem mesmo por acréscimo este empréstimo
Somente por alento sigo atento...
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23598
Descrevo como vejo a realidade
E nada me censura nem se atreve,
Se trago em minhas mãos calor ou neve
A vida me pertence, eis a verdade.
Não quero que meu verso sempre agrade
Senão eu não seria assim tão breve
Inspiração entrando em franca greve
Já não suportaria qualquer grade.
Matando os desafetos com palavras,
Usando para tal as minhas lavras
São larvas que virão à ser crisálidas.
As armas são trabucos e facões
Não quero ter senhores, soluções,
Se as minhas poesias são esquálidas...
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23597
O mundo em tantas voltas volta atrás
E mostra em mil revoltas, liberdade
O sangue que se escorre sempre traz
Depois de certo tempo, a claridade,

E quando o verso encanta e satisfaz
Demonstra do cantor a qualidade,
Porém sendo em verdade um incapaz
Prefiro retratar a realidade.

Embora muitas vezes traiçoeira
Bandeira que demonstra várias cores;
Nos lábaros mais belos, os louvores

Da sorte que virá já não inteira.
Verás que um filho teu esquece a luta
E sabe muito bem porque reluta...
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23596
Permite, no Seu Reino, Satanás
Depois de perdoar os seus enganos
Do arcanjo decaído em novos planos,
A Terra conhecendo enfim a paz

Imagem; semelhança se desfaz
E Deus que é o maior dos soberanos
Ao ver a derrocada dos humanos,
Um claro amanhecer agora traz.

Edênicos prazeres rebrotando,
O amor que era total, se demonstrando
A dor da morte, enfim, agora ausente.

E sente-se o perfume da esperança
Que renovada força já se lança
Numa ânsia que se torna mais freqüente
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23595
O sol refaz aos poucos seus fulgores
E o ser humano morto e sem morada,
Apenas o cadáver deste nada,
Que um dia transbordou medos e horrores,
E quando sobre os corpos nascem flores,
A vida se mostrando renovada,
Da podre criatura desgraçada
Nem sombra, Deus escuta então louvores.
Demônios se destroem; vão ao Céu,
Cumpriram desde agora o seu papel,
E o arcanjo que era fogo se faz paz.
Redime-me deveras a serpente,
E o Pai sendo em verdade onisciente
Permite, no Seu Reino, Satanás...
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23594
Gerando outros fantasmas, novas eras
E a Vida sobrevive à própria vida,
Da carne agora exposta e apodrecida,
No salivar intenso destas feras,
Estraçalhados homens são quimeras
A humanidade enfim em despedida,
A Terra num momento agradecida,
Aos pouco toda a glória regenera.

Depois desta nefasta mortandade,
Sem ter quem a destrua nem degrade
Natura se entregando sem temores.
Aonde a podridão sempre reinara,
A luz já se tornando bem mais clara,
O sol refaz aos poucos seus fulgores...
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23593
Imensa multidão de canibais
Vagando sobre corpos decompostos,
Os ossos entre os vermes vão expostos,
Orgásticos e loucos bacanais,
Momentos entre tantos rituais
Demônios entre os mortos sempre à postos
Revezam-se e deveras recompostos
Etéreos e sombrios carnavais,
Medonhas criaturas, ritos trágicos,
Os olhos dentre as sendas quase mágicos
Risonhos caricatos, bestas feras,
Entoam as canções e ladainhas,
Os vermes sobrevivem entre as vinhas
Gerando outros fantasmas, novas eras...
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23592
Apenas de Satã se escuta a voz
E a legião de lúbricas bacantes
Tomando toda a Terra em vãos instantes
Mergulham-se e devoram todos nos.
Aonde se pensara mais atroz
Os risos das quimeras triunfantes,
Feridas entre cortes terebrantes
Certeza do vazio logo após,
E tudo num momento se transforma,
A pele decomposta se deforma,
E o gozo se espalhando, e muito mais.
Dos poucos que sobraram, negra sina,
Explode na fatal carnificina
Imensa multidão de canibais...
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23591
Cumprindo a mais amarga profecia
Fantasmas entre espectros mortos-vivos
E os ritos mais macabros, são altivos
As trevas sonegando uma ardentia.
A morte do planeta se anuncia
Entre fogueiras tantas, finos crivos,
Pastores se tornando mais nocivos,
Soberbos demoníacos audazes
A lua se perdendo, nega as fases
E a escuridão se espalha sobre nós,
Trombetas disparadas pelos cantos,
Aonde houvera paz, os desencantos,
Apenas de Satã se escuta a voz...
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23590
O intenso gargalhar de Satanás
Vestindo-se de lavas, fogaréus,
Mergulha deste inferno, adentra os Céus
E bebe dos arcanjos toda a paz.
Num passo mais terrível e mordaz,
Arranca dos fiéis os alvos véus
E explode num momento os bons ilhéus
E um pandemônio então logo se faz.
As criaturas sacras e benditas
Eternas lamparinas e infinitas
Percebem que o holocausto se anuncia.
Verdade apocalíptica se espalha,
Nas mãos deste demônio uma navalha
Cumprindo a mais amarga profecia...
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23589
A lua morre atrás desta montanha
Deixando putrefeita esta ilusão,
Matando o que restara da emoção,
A sorte desvairada já me entranha

E quando imaginara noutra sanha
A vida muda logo a direção,
Entregue aos desacordos, sempre o não
Resposta que minha alma não estranha.

Morresse então seria imensa glória,
Não tendo nem as sombras da vitória
Medonhas criaturas; perco a paz.

Aonde esperaria um riso franco,
Encontro o dissabor e não estanco
O intenso gargalhar de Satanás...
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23588
Abortando deveras a semente,
De nada me valeu o sacrifício,
À beira do terrível precipício
A morte se tornando então premente,
O fim da leda história se pressente
Aguardo tão somente o velho ofício
Da bala que penetra, este orifício
Marcando o que deveras, a alma sente.

No infausto de viver, apenas resto
Deitando este vazio que ora empresto
Ao medo feito insânia que me entranha.
A boca que me beija e agora escarra
O sol já se escondendo, escura barra,
A lua morre atrás desta montanha...
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23587
Na morte que virá cedo, alucino
E a cada novo dia nova dor,
Aonde imaginara campo e cor,
Apenas o vazio e o desatino.
Acordo o que restara do menino
Que um dia se fez manso e sonhador,
Porém sem ter mais nada pra propor
Nas mãos da morte vejo o vão destino.
Argutas maravilhas se disfarçam,
Os olhos entre as trevas já se esgarçam
E deixam que se veja tão somente
A negra escuridão que se aproxima,
Amortalhado sonho, dita a rima,
Abortando deveras a semente...
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23586
Eu vejo nos teus olhos, fria fera
A sanguinária deusa que me bebe
E quando se demonstra e se concebe
Nas garras afiadas da pantera
Aonde imaginara mansa espera
O fogo feito em lágrimas recebe
Aquele que esperança inda percebe
E nela tão somente se tempera.
Aguardo o meu final, em cena atroz
Das criptas e masmorras solto a voz,
Mas nada se compara ao desatino,
Voraz no qual adentro em frialdade,
Aonde imaginara liberdade,
Na morte que virá cedo, alucino..
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23585
Nesta sorte intragável, eu me arrisco,
Cadáver em total putrefação
Buscando tão somente algum perdão,
O gozo que tivera; eu já confisco.

O mundo se tornando mais arisco,
No fundo o que me resta, a negação
Depois de tanto tempo sempre em vão
A morte se apresenta qual petisco.

Das sombras que me deram como herança
Amortalhada luz de uma esperança
Vulgarizada e estúpida quimera.

Não posso me calar frente à verdade
E mesmo que a palavra desagrade,
Eu vejo nos teus olhos, fria fera...
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23584
Mas sei que no final, virá ninguém,
Por isso me despeço num soneto
E quando nos teus braços me arremeto
Bebendo cada gota que contém

Enquanto a madrugada inda não vem,
Medonhas ilusões; já não prometo
E tomo do veneno, adentro o gueto
Aonde a poesia dita o bem.

Nefastos tais espectros do passado,
O beijo que me deste, amortalhado,
O gozo de um prazer é quase um risco.

Dos pélagos de uma alma entorpecida,
Procuro reviver o que, perdida,
Nesta sorte intragável, eu me arrisco...
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23583
Numa ânsia que se torna mais freqüente
A fúria de um passado me condena,
E quando a podridão tomando a cena,
O olhar quase mendigo, se apresente.
No quanto quis e nada se fez gente,
Tampouco a boca amarga ainda acena
Se a lua em despedida se fez plena
A morte encontrarei em seu poente.
Mesclando poesia e realidade,
Vivendo por saber que a claridade
Por mais que seja errônea, um dia vem.
Mumificados sonhos, abandono,
Quisera algum momento a mais de sono,
Mas sei que no final, virá ninguém...
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23582
Na festa que em si trágica dizia
Dos gozos entre rastros esquecidos,
Mergulho sem pensar os meus sentidos,
Expresso na ilusão, a fantasia

Que embora tantas vezes me traria
Os dias entre pedras repartidos,
Aonde se estendera em vãos gemidos,
A morte da sincera poesia.

Não posso me furtar ao ver a escória
Legada para todos pela história
Sutil e deformante caricata,

A mão que te acalenta, a que destrói,
Prazer que te apascenta, o que corrói
A sorte à qual te entregas, a que mata...
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23581
A lira silencia enquanto o bardo cala-se
Deixando como herança apenas poesia
Que expressa ao mesmo tempo o mundo que queria
Distante do fulgor expresso em algum Palace,

Do muito que dissera em versos tristes; fala-se
Somente do que outrora em expressão diria
Sorvendo de uma estrela a imensa fantasia
E o corpo em cremação, ainda teima. Estala-se.

Não poderia ter sequer a sorte plena
Da mansidão divina aonde a morte encena
Algum festivo ocaso, envolto em negritude.

Porém ao se perder dos tantos que gostara
A morte na verdade, em bálsamos declara
O que tão frágil vida espera quem a mude...
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23580
Já o Loures não sou.... Que palhaçada
Bocage merecia outro final,
Escrito com certeza por boçal
História muitas vezes mal contada.

No fim da minha vida é minha alçada
Falar deste canalha ritual
Que mostra na maior cara de pau
O Cristo sendo exposto na calçada.

De tantos pecadores eu garanto,
Deus deu o seu perdão; mas, entretanto
Ao vendilhão o açoite; mas contemplo

Que a corja nesses dias continua,
Só que vendiam tralha em cada rua
Agora vendem Cristo no Seu templo...
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23579
Não é difícil crer neste Jesus
Tampouco compreender o que dizia,
No amor e no perdão, tanta alegria,
Assim é bem mais fácil nossa cruz,

Porém quando um pastor qualquer conduz
Rebanho vai entrando numa fria,
É tanta confusão que então se cria
Deixando bem mais longe a clara luz.

Pecado é garantia de salário,
Metade deste povo é salafrário
Do otário que esta turba podre engana

Não é a salvação que agora importa,
É muito estreita eu sei, do Céu a porta,
Cuidado que o seu lobo quer é grana...
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23578
Pecado é ganha pão de meio mundo,
Não fosse Satanás pobre pastor,
O padre sem ter nada o que propor
Seria tão somente um vagabundo?

E quando me confesso mais imundo
Pedindo algum perdão mesmo um louvor
O dízimo cobrado é um favor
Pedágio sem o qual não me aprofundo.

Batismo com certeza tem seu preço,
Assim no casamento um adereço
A mais custa aos nubentes e o aluguel?

É tanto azeite para esta engrenagem
Que até me parecendo sacanagem
Viagem muito cara: Igreja ao Céu...
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23577
Cadela em pleno cio faz a festa
Coitada da infeliz, estupradores
Diversos em matizes, várias cores
Até que de uns dois, três ou quatro gesta.

Depois em plena selva ou na floresta
Os lobos entre lobos caçadores,
Devoram os mais fracos, perdedores
Canibalismo é tudo o que inda resta.

O roubo da comida, simples sorte,
Cabendo ao mais esperto uma atenção
Leão come filhote de leão,
A lei que sempre impera: a do mais forte.

Humanidade dela já dá cabo
O que nos freia um pouco é o Diabo...
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23576
Antes do entendimento da presença
De um Deus e de um Diabo malfazejo
Reinava sobre todos; o desejo
E nele tão somente a velha crença.

Abraão com sua irmã é natural,
E Lot com duas filhas de uma vez,
Jamais passou por ser insensatez
O incesto abençoado era normal.

Em nome de Javé a morte é santa,
Os saques são comuns, estupros idem,
Pra Jeová, decerto tudo bem,

Barbudo com mais nada já se espanta.
Até que veio alguém que de uma cruz
Mostrou toda a verdade e a clara luz...
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23575
Já não suporto mais hipocrisia,
Vencer os desafios não é fácil,
Por mais que a moça seja bela e grácil
Ainda traz a velha fantasia.

Calão se for do baixo ou se é de cima,
Não mudando o sentido do que falo,
Se é falo ou se é pipoca; eu já me calo
Senão pode esquentar demais o clima.

Meu filho me mandou para a pariu
Aonde ele escutou esta bobagem,
Se o mundo se entregou à sacanagem
Nem por isso serei grosso ou gentil,

Meu verso não é feito com tesão,
Também não sou escravo da paixão...
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23574
Não sou vitoriano nem velhusco
Tampouco quero ter falsas morais,
Aonde são prazeres anormais
O mundo se tornando bem mais brusco,

Se orgasmos entre festas inda busco
Não sou somente hedônico; boçais.
Falsos conservadores são fatais,
Porém em toscas sombras não me ofusco,

O sexo com certeza é natural
E chego a te dizer: essencial,
Nasceste por acaso de outro jeito?

Não quero ser somente um tolo orgástico,
Mas posso te dizer sem ser sarcástico,
Quem sabe exercitando faz direito...
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23573
Das gregas ilhas vejo no passado
Farta sabedoria em gozos vários,
Momento divinal, velhos fadários
À eternidade sempre condenado

A poesia, um dom abençoado,
Ao qual se devotaram visionários
Por mais que agora esteja nos armários
Há tempos o futuro revelado.

Em Lesbos maravilhas foram feitas,
E se hoje nos sonetos te deleitas
À lésbica e soberba poetisa

Tu deves o prazer que agora tens,
Num verso heróico dou meus parabéns
Àquela a quem em glória se eterniza...
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23572
Dionísicas loucuras, festas risos,
Entregas sem limites nem pudores
Enlanguescidas fêmeas, multicores
Em toques violentos e imprecisos,

Aonde se pudesse ter certeza
Os laços se rompendo por segundos,
Nos vinhos e nas carnes, vários mundos
Seguindo a mais diversa correnteza.

E lúbricas serpentes, gargalhares,
Obesos cavalheiros, podres damas,
Em sáficos prazeres, fartas chamas,
Na imensa profusão destes altares.

Impérios desabando e o gozo aflito
De um povo que pensara-se infinito...
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23571
Erótico senhor, deus das loucuras
Encontro em tuas flechas os delírios,
Vencendo com prazer velhos martírios,
As dores e os temores, cedo curas.

Expressa-se em prazeres transbordantes,
Delícias entre ritos sensuais
Nas festas e soberbos bacanais,
Em meio ao sortilégio das bacantes,

Um fauno se entregando, insaciável,
Sacrílegos festins, vinhos e sexo
Sem ter qualquer juízo, perco o nexo
Mergulho neste mundo incontrolável.

E bebo dos delitos e pecados,
Lúbricos caminhos desvendados...
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23570
Sentindo o fogo ardendo em cada veia
Bebendo destes goles prazerosos,
Adentro maravilhas, sonho gozos,
E a sorte num momento me incendeia,

O fogaréu que aos sonhos vida ateia
Momentos delicados, caprichosos,
Caminhos sem pudor, voluptuosos
Atado sem defesa à tua teia.

Penumbras entre beijos e mordidas,
As horas vão passando em fúria e riso,
Passamos dos limites e medidas,

Jamais alguém se deu com tanto fogo,
E assim ao perceber o Paraíso,
Orgasmo interminável nem um rogo...
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23569
Netuno com sua ira em mar revolto
Procelas e borrascas, sem bonança,
Aonde imaginara uma esperança
O mundo sem destino; segue solto.

E quando a voz do vento; ao longe escuto
Preparo-me deveras para o ocaso,
A vida sobre a Terra tem seu prazo,
Porém inda resisto e até reluto,

Mudasse este destino, mas Netuno
Explode em maremotos fúria imensa,
A morte em paz seria a recompensa
Erguendo alguma prece a Zeus e a Juno

Descubro ser inútil, tal apelo,
E ao final só resta, em dor, sabê-lo...
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23568
Seguindo por estradas mais formosas
Adentrando caminhos e arvoredos,
Os dias me contando os seus segredos,
A cada novo encanto; cevo rosas,

E vejo entre estas árvores frondosas
A fonte cristalina e entre meus dedos
Cumprindo deste Fado, seus enredos,
Estradas entre flores, maviosas.

Ouvindo a flauta doce, penso em Pan
E bebo este ar tranqüilo da manhã
No amor é necessário que acredite

Quem sabe decifrar da natureza
Detalhes que ela expõe com sutileza,
Vislumbrando nos prados, Afrodite...
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23567
Gozando este prazer de ter comigo
A bela criatura que se fez
Expressão mais completa da altivez
Na qual encontro a paz do eterno abrigo,

Trazendo neste olhar o que persigo,
O Amor que em tanto amor mais do que vês
Permite que se veja o Deus que crês
Um Pai além de tudo, irmão e amigo

Acenas com sorrisos e convidas
Ao bem maior que existe em nossas vidas
No encanto deste amor inigualável.

A fonte dos desejos em teus lábios,
Momentos delicados, raros, sábios
Num mundo se tornando agora, amável...
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23566
O nada transformando-se no nada
Aonde poderia crer na luz,
Ascendo ao vão inferno; e a mão conduz
À negra solidão tão ansiada.

Especulares sombras dominando
A cena transtornando as ilusões
Demônios vão chegando aos borbotões
Porões escurecidos, me tomando.

À parte dos fantasmas vejo a imagem
De um soberano ser, cruel visão
Que tendo um cetro escuso em cada mão
Reinando na nefasta paisagem,

Em meio à névoa extensa, ri-se, audaz
Em lúbrico delírio; Satanás...
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23565
Deitado sob a lua eu te imagino
Desnuda maravilha a quem me entrego,
Por mares bem tranqüilos se navego,
Ribeiro delicado e cristalino,

E quando isto; percebo e me fascino,
Abandonando a dor que inda carrego,
Em rimas bem mais pobres eu me apego
Tomado pelo amor, santo destino

Quisera declarar-me em versos belos,
Tramando em fantasias os castelos
Aonde poderias ser rainha,

Porém um pobre e tolo sonhador,
Não tendo quase a nada a te propor
Deseja que tu sejas sempre minha...
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23564
Na decomposição dos seres vivos
A fome se matando em mortes tantas,
No eterno movimento, risos, mantas
Por quer sermos pernósticos e altivos?

A própria natureza traz seus crivos
E ao vê-los com certeza desencantas,
Da imensa podridão que tu decantas
Benéficos cadáveres. Nocivos?

Se deles somos feitos e refeitos,
Por que então teríamos direitos
De comandar a vida se é da morte

Que nós sobrevivemos, e deveras
A fera que se fez entre mil feras
Pensa ser diferente a sua sorte?
posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Janeiro 26, 2010 0 comments links to this post

23563
O verso que emolduro em tantas alegrias
Dizendo desta forma o quando necessito
Falar deste momento aonde mais que um grito
Expresso o que bem sei ainda em sonhos crias

Emoldurando em sonho o quanto fantasias
Trazendo para a terra o universo infinito
Estrelas que percebo expressam cada rito
Num êxtase supremo, aonde poderias

Dizer do teu demônio embora em cores frágeis
Os dedos no poema expressam versos ágeis
Mordazes ilusões, perpetuando assim

O quadro que deixaste em cima desta mesa,
Mesquinharia cega, aonde quis beleza,
Negando a correnteza esmaga o que há em mim...
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23562
Numa ânsia delicada em formas tantas
Beleza que desfilas pelas ruas,
Mergulho nos teus braços; vejo em luas
As formas constelares com que encantas

O bardo sonhador; cedo agigantas
E enquanto tu levitas e flutuas
Marmórea fantasia que cultuas,
Delírios entre sonhos, logo plantas;

A vida em tua vida traz a sorte
Brindando ao teu prazer esqueço o corte
E vibro na fantástica alegria

Ao salpicares astro quando passas
Dourando com delírios, fartas graças
Desmanchas em teus passos, fantasia...
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23561
Amigo e companheiro de caçadas
Adentrando estas selvas, em Diana
A deusa protetora, a soberana
Que nos permite sempre as mais ousadas

E belas entre matas, caminhadas,
Jamais a minha seta em vão se engana,
Nos cervos e narcejas já se explana
Bem sucedidas horas; tanto agradas.

Adentrando estes campos verdejantes,
Aonde se buscara diamantes
As mãos de vários deuses e pastores

Cevando as esperanças lança e seta
Na glória de um cantor, simples poeta,
Prazeres muitas vezes redentores...
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23560
Somente por ditosa e bela dama
Suspira o coração deste poeta,
Que a sorte sendo rumo, sonho e meta
Ao mesmo tempo adoça e já reclama,

Presença que mantendo a mesma chama
Deveras cada dia me completa
Moldando a fantasia que repleta
Minha alma em melodias, mansa trama.

Bebendo desta fonte cristalina
Que enquanto me sacia e me domina
Permite que eu consiga ser feliz,

Eterno enamorado, nas paixões
Encontro os meus caminhos, direções,
Na glória insuperável que assim quis...
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23559
Sentindo estremecer os pés cansados
Expostos aos diversos espinheiros,
Os dias que percebo derradeiros
Não sabem nem verão campos ou prados.

Apenas em demônios disfarçados
Os risos entre gozos corriqueiros,
Dos pântanos, meus leitos costumeiros
Os dias entre dias desgraçados.

Arfante e sem domínio a besta fera,
Expondo suas garras, mostra os dentes
No olhar avermelhado dos dementes

A sorte num escárnio já me espera,
Após emanações pútrido gozo,
Sarcástico demônio, prazeroso...
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23558
Quisera em verdes prados, clara fonte
Apenas um pastor com seu rebanho,
O sol deitando luzes no horizonte
Pensando em minha diva desde antanho,

Após este arvoredo um belo monte
Aonde houvera Ninfas eu me banho,
E aguardo que entre as matas já desponte
A Musa à qual entrego amor tamanho.

Diana percebendo os meus anseios
Esvanecendo em paz tantos receios,
Trazendo esta pastora que em meus braços

Deitando tantos sonhos e carinhos,
Transborda em fartos beijos, raros vinhos,
E Zeus compadecido, estreita os laços...
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23557
Vislumbro em teu olhar a castidade
Na alvíssima beleza em que se expõe
O mundo nos teus braços recompõe
O que perdera outrora em qualidade,

E tendo esta visão que tanto agrade
A sorte num segundo me propõe
O verso que esperança em paz compõe
Negando desde já qualquer saudade.

Ausentes deste olhar, os dissabores,
Espalhas nos canteiros, belas flores
Fulgores deste sol enamorado.

E em ti depois de tanto, eu pude ver
Que a vida guarda em si farto prazer,
Prossigo o meu caminho do teu lado...
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23556
Numa harpa desenhavas melodias
Aonde imaginara em cada acorde,
Um mundo aonde o gozo nos aborde
Diverso que em versos tu dizias.

Magérrima e dantesca criatura
Que em meio aos temporais, se fez profana,
Enlanguescida e tosca soberana
Mortalha te servindo de moldura.

Visões que demoníacas nos tomam,
Caminhos que procuras, espectrais
Na abóboda dos sonhos, seus vitrais,
Mosaicos e arabescos que se assomam.

Quasímodos estúpidos servis,
Reinando sobre a corja; mas gentis...
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23555
Saudade descorada pela vida,
Na fátua sensação do nada ter,
Aonde pude após evanescer
Sentir a mão deveras já perdida.

Enquanto nos seduz, cruel acida,
E mata a cada instante o teu prazer,
Não vejo nela como amanhecer
Se traz toda a verdade destruída.

Destroços ambulantes; podre e inerme
Sensação que eterniza cada verme
Moldando eternidade do vazio.

Neblina amortalhada que nos segue,
Saudade tendo quem sempre a carregue
Eternizando o inverno amargo e frio...
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23554
Os vermes me devoram pouco a pouco,
Adentram o intestino e meus pulmões,
Vagando por diversas direções
Matando em própria vida um pobre louco.

A podridão se faz a cada instante,
Meus pés denotam cedo a turva cena,
Nos dedos avançando-se a gangrena
A amputação prevista e debridante.

O quinto pododáctilo direito
Mumificado expõe a realidade,
A morte se aproxima e quando invade,
Sobrevivência é um rumo bem estreito.

Acordo e mal percebo o odor intenso,
E, tosco, num futuro ainda penso...
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23553
Espalhando-se ao vento a cabeleira
De um ébano; formada, em raro brilho
Ao ver tanta beleza, maravilho
Minha alma se entregando não se esgueira.

Tu tens em teu olhar a derradeira
Vontade de seguir em manso trilho,
Do amor não mais encontro um empecilho,
Augusta fantasia traz cegueira.

Não posso me furtar a tal desejo
Que enveredando os sonhos, dizem luzes,
Não tendo em meu caminho pedras, urzes,

A vida em plena paz ora prevejo,
E espalhas pela casa o teu perfume,
Falena entorpecida segue o lume...
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23552
Mansão aonde espíritos vagueiam,
Celebram em sanguíneos sacrifícios,
A morte enaltecendo tais ofícios
Os restos que ficaram se rastreiam

Num brinde feito em pútridos fluídos
Os rastros se espalhando pelos quartos,
Esquartejados corpos, novos partos,
Banquetes por demônios divididos.

Diviso em névoa densa os meus escombros,
Escórias do que outrora se fez gente
E tudo numa orgástica vertente
Os erros inda pesam sobre os ombros.

E as sombras me revelam o que fomos,
Da fruta proibida, simples gomos...
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23551
Minha alma entregue aos gozos da peçonha
Que molda o meu futuro, e me incandesce,
A sorte não se crendo nunca tece
Além do que esperança ainda sonha.

Nos olhos a mortalha me envergonha
E o quadro feito em dor, ternura e prece,
Já não me ouvindo mais, agora esquece
E um tempo em desventura se componha.

Erguido sobre os restos, as carcaças
Dos homens que pensaram liberdade,
Ao fim da leda história, esta inverdade

Mostrada quando em risos esfumaças
E tramas num intenso gargalhar
A morte neste imenso lupanar...
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23550
Qual fora um mensageiro destas flores
O gozo da esperança se perdendo,
A sorte não passando de um adendo,
Aonde poderia ver as cores

Embalde mergulhei em vãos amores,
E o dia pouco a pouco anoitecendo,
Mistério em desencanto; não desvendo,
Tampouco caminhando aonde fores

Sabendo que em teus rastros e pegadas,
Somente a imensidão que não aguardas
Negada a cada dia. É sempre assim.

Das doces violetas e verbenas
A morte se moldando enquanto acenas
Matando sem pensar o meu jardim...
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23549
Uma engrenagem vil e sem proveito,
Mesquinhos os anseios deste ser
Que tendo em suas mãos algum poder
Pensando ter na morte, o seu direito,

Insânia que nos toma, não aceito,
E vejo todo dia apodrecer
Imagem que desvenda o anoitecer
Eterno em que deveras me deleito.

Desonra que polui esta Natura
A deusa se mostrara bela e pura,
Porém ao ter gerado a raça humana,

Mal percebia o quanto estava errada,
E agora a cada dia mutilada,
O verme sem pensar, tudo profana...
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23548
Etéreos sentimentos, vagos sonhos,
Fenômenos diversos, e o vazio,
Assim após a morte o desafio
Se molda em ritos trágicos, medonhos.

Pensara num momento em paz ou guerra,
Delícias ou martírios, treva ou luz,
Porém a morte à morte nos conduz
Na escuridão imersos, sob a terra.

Uma alma se sossega e volta ao zero,
Mergulhos em profundos precipícios,
Voltando para os nossos vãos inícios,
Sem riso ou dor intensa, assim espero.

E a morte num momento revelada
Trazendo simplesmente o eterno nada...
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23547
As normas que criaste; agora vãs,
Numa esterilidade se desfazem
E quando esta verdade enfim te trazem
Desenhas falsos quadros e amanhãs.

Orquestras em mentiras o futuro,
Não sabes dos espectros que virão,
No sangue que espalhamos pelo chão,
Esterco produtivo que procuro,

Cadáveres que agora tu empilhas,
Mesclados com escusas esperanças,
Provocam nos demônios festas, danças,
A Terra se inundando em maravilha

Do esgoto se refaz a vida e a sorte,
Negando com firmeza a própria morte...
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23546
Hirto ao perceber farsas inglórias
Escarro sobre os corpos; sigo a sina
Da mão que se mostrara uma assassina
Envolta nestes gáudios das vanglórias;

Envolto pelas névoas, vou soturno
Erguendo cada morto qual troféu
E sanguinário abutre em seu papel,
Revezam-se rapinas turno a turno,

E quando enfim retorno das profundas
Esbarro nestas farsas dos mortais,
Disfarces entranhando tais chacais
Mundo em podre eflúvio; logo inundas

Bebendo cada gota liquefeita
Da carne apodrecida, já desfeita...
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23545
Minha alma aniquilada encontra a morte
E nela a solução dos meus anseios
Aonde ainda houvera algum receio
O fim das esperanças mata a sorte.

E em meio às vãs neblinas, podridão,
Açoites explodindo em minhas mãos,
Os dias foram toscos, tolos vãos,
Encontro tão somente a escuridão.

Das cores e alegrias já me afasto,
Perpetuando o escárnio; intensa dor,
Incrível que pareça, este torpor
Tornando o mundo amargo e tão nefasto.

As trevas dominando o que restara
Da vida que pensara calma e clara.
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23544
O olhar mortiço e frio desta fera
Que aguarda tão somente algum descuido,
Bebendo todo o sangue e qualquer fluido
Na insânia destemida se tempera.

Cadáveres se espalham pelos cantos
Desnudas podridões, saques diversos,
Demônios sobre os ossos vão dispersos,
Entoam ladainhas, velhos cantos.

E enquanto se preparam para o fim,
Nas mãos o frio açoite vergastando
As semi-vidas toscas molestando,
Estupros entre incestos no festim.

A turba se confunde em formas várias,
Eternidade em lavas temerárias...
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23543
Entranho neste estranho labirinto
Aonde sem saída nada vejo
Senão este abortar de um vão desejo,
O quão inda sonhara agora extinto.

Farsantes e dementes criaturas,
Espasmos entre risos, palavrões,
O sangue se escorrendo aos borbotões
A sede insaciável nele curas,

Esperança esquecida nos portais,
As lavas consumindo o que inda resta
Sombrias garatujas, louca festa,
Numa expansão de ritos hormonais,

Satã com seus demônios, nada fala;
Observa este ir e vir na horrenda sala...
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23542
Perdida no passado a mera lenda
Da sorte que talvez trague a esperança
Apenas um resíduo na lembrança
A morte cada farsa já desvenda.

Encontro após o túmulo a verdade
Em formas mais diversas, podridão,
Minha ama na fatal putrefação
Das dores e terrores tem saudades.

Efêmeros prazeres; aproveites
Que tudo se deforma totalmente,
Quem pensa eterna paz, não sabe e mente
Apenas nos vazios, os deleites;

O Céu inalcançável, mera imagem,
Caótica e terrível paisagem...
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23541
Emanações diversas e sombrias
Espectros de um passado sob trevas
Disformes multidões, podres catervas
Tal qual antes do fim tu percebias.
Medonhas criaturas, noite eterna,
O látego explodindo nos costados
Demônios entre corpos destroçados,
luz se afasta da pálida caverna.
E vândalos destroem tal cenário,
Satânicas bacantes, loucos vermes
Ossadas espalhadas já inermes
Insano passageiro, visionário
Em meio às podridões, carnificinas
E louca entre fantasmas te alucinas...

23614 a 23700
23700
Em flores tão soberbas, Natureza
Expõe na primavera seus primores
E vendo as alamedas multicores
Entregue sem medidas à beleza
E quando se permite tal leveza
Uma alma mais suave em seus pendores
Proclama a maciez de tais amores,
Mostrando fielmente esta grandeza.
Não posso me furtar a tal cenário,
E tendo em minhas mãos o gozo vário
Estendo-me nos versos e agradeço
A sorte de poder ter em delírio
Além do que pensara ser martírio
Das belas fantasias o endereço...
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23699
Pudesse ter nos olhos os segredos
Que ainda não consigo decifrar
Bebendo as alegrias do luar,
Não posso sonegar velhos enredos.
Se eu tenho o meu futuro entre meus dedos,
Os dias que virão podem falar
Do quanto me acalenta o teu gostar
E mostro-me deveras sem os medos

Que outrora consumiam os desejos
E tendo nos meus sonhos tais lampejos
Despejo em luzes fartas, poesia;
O quadro se mostrando mais sutil,
Permite que entre versos céu anil
Azulejando em paz um manso dia...
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23698
Mudando desde já velhas roupagens
Aonde se moldaram risos tantos
Envolto pelos riscos, desencantos
Esqueço as mais felizes paisagens,
E enquanto me entregando às engrenagens
Ao menos não vertendo falsos prantos,
Deveras embarcando em sonhos bantos
Arcaicas melodias e visagens.
Fazendo da esperança uma senzala
A voz que tantas vezes nada fala
Emite em sons sombrios meus lamentos,
E quando em fantasias arrebatas
Sentindo em minhas costas as chibatas
Aonde quis a paz, ganho tormentos...
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23697
As cores que pensava serem várias
Agora se agrisalham e me afastam,
Os dias na verdade já se bastam
Encontro as vagas noites perdulárias
No céu em abandono procelárias
Os répteis de minha alma que se arrastam
Enquanto nos escuros já contrastam
Com todas as defesas visionárias.
Apego-me ao não ser e tenho nisso
O fogo que em verdade ainda viço
Bastando-me saber da morte em gozo.
O pântano do qual desvendo feras
Expressa as ilusões, falsas quimeras
No espelho me retrato, desairoso...
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23696
Entre aves de rapina, o bote é certo
E o corpo apodrecido sobre a mesa
Deveras com fartura, a sobremesa
Mudando de repente este deserto.
E sendo pelos medos descoberto,
Não tendo mais sequer medo ou defesa
Exponho-me sabendo ser a presa,
Em campo na verdade sempre aberto.
Somente estes fantasmas que inda levo
Por mais que imaginara ao fim longevo
Escombro de um passado, vil escória
Que morta em plena vida nada diz,
Amortalhando o risco, um infeliz
Perdido sem vigor e sem memória...
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23695
Cantasse alguma música e talvez
Pudesse crer na tal eternidade,
Mas tendo a fantasia que degrade
Não teimo e perco logo a minha vez.
O quanto em alegrias se desfez
Caminho que pensara em claridade
Agora mais distante a liberdade
No fundo o me resta: insensatez;
O berço em que nasci, apodrecido,
O dia muitas vezes esquecido
O gozo insuperável do não ter.
E quanto mais procuro algum caminho
Somente vislumbrando fogo e espinho,
Vontade de fugir ou de morrer...
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23694
Na mesma proporção em que me entrego
E vejo destruído cada sonho
O fim da longa história, eu te proponho,
Por mares mais ferozes já navego.
E o quanto se fizera louco e cego,
Ainda em versos frios decomponho
O medo que nos medos eu reponho
Invés de procurar, me desapego.
Bastando ser bastardo e ter por fardo
Abrolho, pedregulho espinho e cardo
Ardentes emoções são falsas tramas.
Esgueiro-me entre ratos neste esgoto,
Da vida devorando o tenro broto,
Aspiro deste incêndio brasa e chamas...
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23693
Espécies tão diversas que me habitam
Bactérias, vermes, vírus entre helmintos
E mesmo quando exponho meus instintos
As forças animais já se habilitam.
Mais fortes do que a mente quando gritam
Rompendo da ilusão diversos cintos,
Os ânimos que outrora quis extintos
Deveras muitas vezes inda excitam.
O berço se transforma neste túmulo,
E chego mansamente ao cume e cúmulo
Perpetuando o podre ser humano,
Nos ascos que me tens, asas me dás,
E quando se mostrasse mais voraz
Maior o meu delírio vão, profano...
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23692
Não quero discernir morte de gozo
Se todos os caminhos, mesma foz,
Aonde se mostrara algum algoz
O dia sendo assim maravilhoso.
O peso do passado, desastroso,
E o canto que me embarga e cala a voz
Perpetuando o resto que há em nós
Decerto o meu destino é caprichoso.
Caleidoscópios dizem do que sou,
Mosaico que disforme não se expõe
Enquanto a minha sorte decompõe
O preço que se paga é muito caro.
Escrevo tão somente vagas linhas
E nelas com certeza me adivinhas
Putrefação de uma alma eu escancaro...
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23691
Niilista tantas vezes quis respostas
E as velhas negações, versões diversas,
Acima dos enganos e conversas,
As mesas entre corpos sendo postas,
Se gostas do que escrevo ou se não gostas,
Verdades sobre as quais também não versas,
Esgoto nos anseios, sendo imersas
Palavras que devoras; nunca expostas.
Apenas os postais de antigos medos,
Aonde se trancaram meus segredos
Sem chaves, estes cofres nada são
E perco-me deveras, desvarios,
Semeio quando colho os desafios
E trago em cada sim a negação...
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23690
Na mesma proporção que a dor aumenta
O frio dentro da alma já progride,
Enquanto a realidade sempre agride,
Na forma mais audaz e violenta
Nem mesmo a solidão ora apascenta
Aos tempos mais felizes, vã regride
E o passo a cada dia se decide
Bebendo do vazio que alimenta.
O escasso caminhar não leva mais
Aos dias que pensara sempre iguais
No fundo são deformando o que buscara
Carinho sendo escárnio me acompanha
Forjando da aguardente este champanha
Fazendo da ferida, imensa escara...
Marcadores: rebek

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23689
Nas vozes do além túmulo as verdades
Que não sonegaria, pois credito
Aos vermes o melhor de cada rito
Bebendo sem pudor as veleidades.
Enquanto apodrecendo me degrades
Terminas com meu tempo que é finito
E o rosto decomposto exposto aflito
Ainda vê distantes velhas grades.
E sendo sempre assim, a vida e a morte,
Não posso sufocar; negar a sorte
E o verso se aprofunda nos vazios.
Aonde se moldasse uma esperança
Mortalha enegrecida, já se lança
Das velas, acendendo os seus pavios...
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23688
A podridão que aos poucos já me invade
Por mais que ainda seja bem sutil,
No fundo tanta imagem permitiu
Enquanto a vida em farsas se degrade.
Apego-me aos valores da saudade
E sei que na verdade isso faz vil
Quem tantas vezes teve e repartiu
Buscando sem perdão saciedade.
Apego-me aos valores mais venais
Enquanto em vilipêndio transformais
Os riscos que pensara serem vagos.
Os beijos desta pútrida quimera
Causando desde sempre a louca espera
Seriam das mortalhas seus afagos...
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23687
Vislumbro minha vida com clareza
E sei que nada fui e nem seria
O tolo que se envolve em poesia
Morrendo num momento, velha presa,
E quando a mão desfere a seta, tesa
Esconde o que restara da alegria,
Não posso ser cruel, mesquinharia
Só tendo a minha morte por defesa.
Aonde se escrevesse uma emoção,
Deveras encontrei a negação
E afagos desta fera envilecida.
Assim melhor seguir a minha estrada
Que mesmo só levando ao mesmo nada
Traduz mais fielmente o que foi vida...
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23686
Olhando esta sutil fotografia
Aonde se fizeste em cores várias
As tramas que vivemos; temerárias
Na sorte que a verdade ainda adia.
O peso do passado se alivia
Aonde percebera luminárias
E os cortes profanados, vidas párias
Nas almas dos infaustos, as sangrias.
Excluo dos meus versos meus esgotos
Tampouco quero os pés agora rotos,
Escondo-me nas tramas mais sutis.
E sei que sendo assim, falso e venal,
A vida que eu buscara, triunfal
Produz imagem lúdica e feliz...
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23685
Se a cada novo instante ainda assomo
A imagem tresloucada deste inferno
Aonde se fizesse ainda eterno
O fogo que deveras não mais domo.
Descomunal figura sabe como
O mundo não teria um vento terno
Se em meio aos teus rancores eu hiberno
Vivendo a profusão de um longo inverno
A vida dividida em cada tomo.
Asperges os teus tétricos fulgores
E quando novo tempo; recompores
Verás quão frágil sonho se apresenta
A quem aquém do todo é sempre escasso.
E quando nos intentos eu fracasso
A vida se propõe mais violenta...
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23684
Bebendo desta estrela matinal
O raio que se entranha me diz: trai.
O quanto sem enganos já distrai
O rosto se mostrando mais venal.
O berço deste encanto sideral
Moldando o que deveras alma esvai
No berço aonde outrora quis um pai
Apenas a vergonha toma o sal.
E quando se mostrasse a face escura
Do quase que me leve em tal loucura
Vital essência; eu busco no vazio.
E tendo em minhas mãos a morte insana,
O quanto do meu mundo se profana,
Responde pelo quanto me esvazio...
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23683
Ao longe dos meus olhos, inda passa
A velha confraria dos demônios
Aonde se mostraram patrimônios
Somente o que restara: uma devassa,
As mãos já calejadas dos campônios
E o tempo vagaroso se esfumaça
Enquanto se demonstra em plena praça
A fúria insaciável dos hormônios.
Aspectos tão diversos desta vida
Aonde com certeza está cumprida
A sina que nos deram Evangelhos,
Os dedos engelhados, rugas fartas
Enquanto da verdade não te apartas
Devoram-te na certa, escaravelhos...
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23682
Qual fora de carneiros, um rebanho
Seguindo o seu pastor, podre promessa,
A história noutra senda recomeça
E o jogo que pensara ainda ganho
Deveras não permite o que inda entranho
Mesquinhos os temores, já confessa
Uma alma que perdida em vão tropeça
Causando o mais profundo corte e lanho.
A perda dos sentidos, convulsão
Esgueiro-me entre as urzes; proteção
Não tenho e nem pretendo, sou assim,
Martírios de mim mesmo vergastadas
As portas do futuro estão cerradas
A vida se prepara para um fim...
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23681
De minhas podres mãos a sorte arranca
Pedaços entre facas, canivetes
E tudo o que deveras me prometes
Somente este vazio te desbanca.
Aonde se mostrara uma carranca
Os olhos; coniventes, arremetes
E teimas com escuros e competes
Enquanto a vida atroz devora e espanca.
Não pude mais conter sequer o quanto
Decerto se mostrasse em desencanto
O pranto não sossega, mas prefiro
Metânica explosão em fátuo fogo
Do que poder mostrar em algum rogo
A bala prenuncia a morte e o tiro...
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23680
Buscando alguma forma quando e como
Pudera desvendar segredos vários,
Os dias entre nuvens, temerários,
O tempo com vigor diverso eu tomo,
E bebo do prazer enquanto domo
Os medos onde escondo meus fadários
Revelo os dias tolos, seus horários
E tudo o que pudera; simples pomo.
Assenta-se a poeira e o tempo passa,
Aonde imaginara uma fumaça
Apenas leve brasa e nada além.
O quadro se repete vez em quando,
E vejo o mundo inteiro desabando
Olhando de viés, tanto desdém...
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23680
Aonde se fizeram toscas crenças
Somente o não se mostra mais completo,
E quando deste vago me repleto
Não posso suportar as desavenças
Por mais que disto tudo; já convenças
Das várias convenções; se inda deleto
O tempo mais complexo, predileto,
Dirá dos descaminhos e doenças.
Naufrágios são comuns em quem procura
A noite sem estrelas tão escura
Nesta obscuridade o meu degredo,
Aonde se moldara alguma luz,
O tempo sem ter tempo me conduz
Ao quanto se perdera desde cedo...
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23679
Expondo dos meus sonhos simples fósseis
Mesquinhas emoções herança dada,
O corte que se mostra enquanto enfada
Momentos que pensara bem mais dóceis
No fundo se permitem mais indóceis
A sorte que deveras me degrada
A boca que me beija nauseada
E os vermes sãos os mesmo que inda roceis.
Efêmeros prazeres; não mais quero
O gozo deste pútrido ser fero
Não satisfaz a quem se fez mortalha.
E quando a faca brilha em tuas mãos,
Jogando nestes solos, vagos grãos,
A senda dos senões a morte espalha...
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23678
Apenas do que fora, simples fumo
Aonde se fizera força, o vago,
E quando a minha morte ainda afago,
Eu bebo da tristeza todo o sumo.
Os erros do passado se eu assumo
Procuro pelo menos mais um trago
Da vida que se perde em cada bago,
E a cada novo dia me consumo.
Perdesse algum momento e não teria
Sequer o que pudesse em alegria
E tu escarras sempre com teu ódio.
Repúdios que me deste são comuns,
Os dias mais felizes, se inda alguns
Meu corpo apodrecido enfim. Açode-o...
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23677
Tal qual se imaginara assim medonha,
Imagem refletida neste espelho,
Deveras bebo o gozo que aconselho
Enquanto uma alma tola ainda sonha.
Escrevo sem ter medo nem vergonha
Apenas não suporto e me ajoelho
Defronte ao paraíso em que me espelho
Além do que este verso te proponha.
Ao menos uma paz que necessito
Não mostre ser diverso deste rito
O canto que encenara o fim dos dias.
Mereço pelo menos caridade,
Por isso não desejo nem saudade
No inferno que deveras me querias...
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23676
Sonhasse com diversa maravilha
Não fossem os meus versos realistas
As mãos de insuperáveis, bons artistas
Apenas fantasia, o canto trilha.
Nefastas ilusões, não sendo uma ilha
Apenas o mordaz inda conquistas
E quando noutros rumos tu me avistas
Minha alma sem fulgor, já não mais brilha.
E o ocaso se fazendo mais freqüente
Ainda é que o em verdade se pressente
Depois de não valer sequer a prece.
O peso que se impõe sobre estas costas,
É tudo o que decerto ainda apostas
E a morte salvadora se oferece...
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23670
Olhando pelo imenso telescópio
Talvez divise estrelas, nebulosas,
Perfeitas maravilhas, fabulosas,
Delírio comparável mesmo ao ópio.
Enquanto num incrível microscópio
Mais diversas bactérias perigosas
E criaturas vagas, caprichosas
E o mundo desde o nano ao macroscópio
Permite-se vagar em formas várias.
Assim ao refazer a própria vida,
Jamais conhecerás real ermida,
Porém almas errantes, meras párias
Envoltas nos mistérios dos degredos
Em fátuas ilusões, vários segredos...
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23675
Deveras exageras proporções
Dos sentimentos tantos que vagueias
Aonde imaginara praia e areias
No fundo são somente provações.
E sei que quanto mais louca incendeias
E tramas outros rumos, direções,
Acendes com loucura os furacões
Entranhas pelas casas, nas ameias.
Escravo do vazio que legaste,
Ao menos ser gentil, não há desgaste
E o peso se tornando um empecilho.
Abrindo os tumulares descaminhos
Envolvo-me deveras nos espinhos
A solução; aos poucos engatilho...
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23674
De dores e terrores são compostos
Os dias em que teimo resistir,
Sabendo do vazio do porvir
As dores são decerto, meus impostos,
E os dedos pouco a pouco decompostos,
Os tempos não serão como há de vir
O canto que não pude mais ouvir
E os ossos cada dia mais expostos.
Na macilenta imagem que ora vejo,
Especulares formas do desejo
Outrora insaciável e hoje morto.
Não tendo outra saída, e ancoradouro,
Nos braços da mortalha em que me douro
Imaginando ainda um frágil porto...
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23673
Restando do total pequenas partes
Ainda não consigo crer na morte,
Que sei ser desta vida sempre o Norte
E mesmo que conceda tais apartes,
Não verso sobre as formas nem das artes
Eu quero a sensação de algum suporte,
Não tendo uma alegria que se aporte
Resisto bravamente a tais enfartes
E quase não retenho mais os medos,
Aonde se fizeram meus degredos
Os dedos gangrenados não importam.
Se ao menos permitisse algum respeito,
Porém neste vazio em que me deito
Os dias como facas finas, cortam...
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23672
Imagem quase informe do que fui,
Passado se mostrando em fria cena,
Enquanto a realidade ainda apena
O bêbedo desnudo ainda flui
Rondando esta esperança que ora rui,
Não quero nem vestígios de uma pena,
A boca que beijara me envenena
E o podre a cada dia mais influi.
E vá-te procurar noutra vereda
Aquele que deveras te conceda
Um gozo mais atroz, velha profana.
Se eu sou este cadáver insepulto,
Não quero nem a sombra do teu vulto,
Canalha que deveras desengana...
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23671
Apenas do que fui, mera parcela
Que tanto me maltrata e me magoa
Enquanto o pensamento segue à toa
O barco se perdendo, rota a vela,
A boca que é mordaz já me revela
A vaga sensação que ainda aproa
Naufrágio se prepara enquanto voa
O sentimento em paz jamais se atrela.
Agora o fim de tudo se apresenta,
E apenas o vigor de uma tormenta
Nefastas ilusões, que as leve embora.
O gosto tão amargo que deixaste,
No amor que me disseste, simples traste
Pantera numa espreita me devora...
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23670
Observando deveras os mais altos
Montes onde encontrei alguns sinais
Dos dias que passamos; anormais,
Degraus enormes, sempre tais ressaltos.
Os dias que pensara serem lautos
Agora em vãos momentos, transformais,
O quanto se buscara foi demais
Os passos traduzindo os mais incautos

Caminhos onde a sorte se fez tanta
E ao mesmo tempo a morte se levanta
E ri-se desta orgástica loucura.
Já não comporto mais mesquinharias
Diverso deste mundo que querias,
A morte mansamente me procura...
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23669
Aonde imaginara cordilheiras
Apenas depressões e vales fundos,
Mergulho nos abismos mais profundos,
Por mais que qual farsante tu não queiras,
Se embalde entre estas pedras tu te esgueiras,
Meus dias prosseguindo sempre imundos,
Olhares que disparas, vagabundos,
Esquecem dos quintais velhas mangueiras.
Bebendo as variantes da emoção
Escravizando uma alma em teu porão
Pensavas ter nas mãos o meu destino.
Qual louca que se entrega numa orgia,
Apenas a verdade me encobria
E agora em versos frágeis descortino...
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23668
Aspectos tão diversos, mesma face,
A mortalha que deste, um vão presente
Por mais que uma saída ainda tente
Não posso superar qualquer impasse.
Embora a realidade me desgrace,
Jamais dela seria assim, ausente,
E o quanto do vazio uma alma sente
Permite o mais sombrio desenlace.
Acaso sem saída, morto o sonho,
Nos antros mais escusos, decomponho
Apêndices de um velho trovador,
Que outrora em versos mansos quis a vida,
E agora esta sarcástica ferida
Envolve-me num rito e num louvor...
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23667
Olhando com firmeza e nitidez
Percebo que deveras não sou nada,
Vestígio do que andara noutra alçada
Aos poucos minha vida se desfez,
E nesta mais completa estupidez
A sorte foi há muito, destroçada,
Por mais que inda tentasse uma guinada
Não quero ter mortalha em que se fez

A sanha dos poetas e dos loucos,
Se os gritos são embalde, seguem roucos
A porta que trancaste, não arrombo;
Não vejo outra saída nem preciso,
O beijo sem caráter, um aviso
Que preconiza agora a queda e o tombo...
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23666
Se ao largo da ventura a paz prefiro
E nada conseguindo eu me permito
Além do que talvez fosse infinito
O corte mais profundo em que me firo,
Apenas dos teus olhos vejo o tiro
E nele está o prazer do ser aflito
Que embalde sortilégio seja dito
Às voltas com vazios, inda giro.
Aprendo a cada dia ser assim,
Nefasta poesia que há em mim,
O pão que me sonegas, distribuis,
Embora virulenta criatura,
Na morte ou na esperança que me cura,
Deveras já não vagas nem influis...
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23665
Aonde imaginar poder crer
E ter dentre dos sonhos horizontes,
Devastas com a fúria minhas pontes
Matando o que podia amanhecer
Nas mãos trazes poderes, mastodontes
E bebes do meu sangue até verter
Roubando a fantasia, toma o ser
E secas da esperanças, parcas fontes.
Assim é que se mostra o quanto queres
E mesmo que deveras interferes
No quase que eu herdei e não consigo,
Dos charcos onde encontro a placidez,
Somente o que me resta em lucidez
Transmite ao andarilho algum abrigo...
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23664
Procuro tão somente o suicídio
E bebo esta cicuta que me dás,
Assim quem sabe, enfim, encontre a paz,
Depois de tanto tempo em vão dissídio
O verso que pudesse em manso vídeo
Na vítrea passarela sendo audaz
Devorando os escombros é mordaz
Meu mundo se perdendo após. Agride-o.
A raiva se estampando nos meus olhos,
Ferrolhos impedindo uma saída,
E a morte se moldando diz da vida,
Somente entre espinheiros, meus abrolhos,
Atóis que imaginara não existem,
E os ventos mais sombrios já persistem...
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23663
Apenas entre insetos sou inseto
Numa metamorfose em perda e dor,
A pútrida emoção a se compor
Diversa do que outra eu quis dileto.
No verso mais feliz, o predileto,
Ainda poderia ter louvor,
Agora me entranhando este rancor
No qual sem preconceitos me completo.
Ascendo ao meu martírio com ternura,
E sei que na verdade a morte cura
Aquele que em tristezas e ilusões
Bebera deste cálice sagrado,
Agora segue sendo destroçado,
Exposto às asquerosas refeições...
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23662
Demonstro da ilusão suas facetas
E carcomidos versos demonstrando
O quanto imaginara outrora brando
E agora são medonhas as falsetas,
Adentro pelos becos, guetos, gretas
E o término da vida se moldando,
Não quero mais saber aonde e quando
Ao vago do infinito me arremetas.
Somente sou o tosco em fantasia
Que aos teus olhos amor, apodrecia
Em decompostas formas e atitudes.
Só peço que te vás, e que me deixes,
O rio se envolvendo com seus peixes
Já pede que seus leitos; não transmudes...
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23661
A voz da violência que se espalha
Por toda a minha casa, não consigo
Vencer o meu fantasma em desabrigo
A vida se mostrara tão canalha
No fio, o desafio da navalha
E a carne apodrecida, tosco artigo
Vendido em livrarias, mas não ligo,
Apenas a verdade me atrapalha.
Pereço paulatina e friamente
E enquanto a realidade não desmente
Sou mero caricato do que fora,
Servido de bandeja num banquete
Soneto em despedida, este bilhete
A morte enfim seria redentora...
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23660
Um verso violento em mar bravio
Perpetuando a dor que me legaste,
A porta que deveras tu trancaste
E em loucas sensações já desafio,
Mergulho no passado em que desfio
Rasgando qualquer sonho. Sou desgaste
Do tempo que se deu algum contraste
Descrevo tão somente o medo e o frio
Aonde não pudera ter preciso
O mundo que devoras, fera escracha,
Minha alma se desmancha e não mai acha
O rumo entre tempestas e procelas,
Mesquinharias são muito freqüentes
E sabes quão mordazes os dementes
Momentos em que nua te revelas...
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23659
A vida, esta maldita fantasia
Que tanto nos domina e depois disto
É como se em verdade não existo
A morte se apodera e a paz se cria,
Lateja dentro da alma esta agonia
Por vezes, idiota até insisto
No gozo que deveras sem ser visto
Apenas é longínqua melodia.
Assassinando os sonhos, não me resta
Senão tal desvendar de tolos mitos,
Percorro devagar os infinitos
E vejo o grão que sou nesta floresta
Poeta que, iludido já se cansa
Matei esta quimera, uma esperança...
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23658
Os monstros que carrego dentro da alma
Medonhas criaturas que decoram
De vez em quando loucas já se afloram
Causando tão somente medo e trauma.
Da angústia reconheço dorso e palma
E os vermes que deveras me devoram,
Apenas tão somente comemoram
E a cena na verdade ainda acalma.
Quisera ter no fim algum momento
Aonde pelo menos me apascento
Ausência de mentiras e sarcasmos.
Os olhos se esvaziam, se esfumaçam
Enquanto os meus demônios se disfarçam
Os dias seguem vãos, deveras pasmos...
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23569
A vida se transcorre em tal rancor
Que nada sossegando o peito aflito
Por mais que na verdade seja um rito
Aonde abarco um cais em plena dor.
Negar a própria sorte muda a cor?
Meu tempo é muito pouco e ser finito
Transforma qualquer verso num só grito
Jamais verei um mágico sol-pôr.
Quebrando estas correntes; me liberto,
Por mais que meu futuro seja incerto
O certo é que não tenho muitos dias.
E a morte se aproxima velozmente
O frio que eternal a alma pressente
Deveras o que sempre tu querias...
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23568
Dos restos que hoje sou eu me alimento
Estômago; intestino, eviscerado
Arquétipo do errôneo e vão passado,
A cada novo tempo ainda tento,
Mas sei que na verdade mesmo atento,
Vazio será sempre o meu legado,
Percorro os descaminhos, cada prado,
Não traz sequer a paz, tampouco alento.
E beijo apodrecidos dedos; fardo
Que carregando ainda em plena vida,
Invés da quaresmeira; agora o cardo
Aquilo que decerto ainda sou,
A sorte num momento sendo urdida
Demonstra tão somente o que restou...
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23567
Paixão que represento em sacrifício
Cortando a minha pele, a fina adaga
A boca da serpente quando afaga
Fazendo da peçonha o seu ofício,
Trazendo nos seus olhos, precipício,
Enquanto a violenta onda me traga
Fugindo de mim mesmo em fria plaga
O quarto é como outrora fora. Visse-o.
Aspergindo os demônios que me deste,
Agruras são sorrisos, gozo é peste,
E o tempo não decifra os meus anseios.
Morrer em podres fardos, árduo rito
Alçando o meu caminho ao infinito,
Já não suportaria mais rodeios...
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23657
Não quero esta versão que heroicamente
Fizeste para a sorte que não veio,
E sendo assim por certo banqueteio
Fazendo do mesquinho, uma semente.
O beijo que me deste, sempre mente
E o peso do passado de permeio
Moldando este caminho que receio,
No barco que naufrague novamente.
Os pés quando amputados salvação
De quem ao se perder na podridão
Ainda busca a vida, mesmo parca.
E tendo a poesia como amiga,
Por mais que no vazio inda prossiga
A sorte noutros cantos desembarca...
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23656
Numa misteriosíssima ilusão
Cerceio cada verso em tolas rimas,
E quando em vãs mentiras tu já primas
Mergulho no vazio da amplidão.
E o quase se tornando o meu refrão,
No quanto ainda gostas ou estimas,
Não tenho mais coragem, vejo em Dimas
Exemplo a ser seguir. Peço perdão.
Mas nada impedirá o louco brado
De quem se fez na vida um desgraçado
Mesquinho ser, estúpida promessa
Que agora ao se abortar, mostra na face
O vômito da fera que o embace
E a cada novo dia recomeça...
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23655
Mergulho na lagoa dos engodos
Aonde se apodrecem esperanças
E quando entre nenúfares me laças
Encontro tão somente podres lodos.
Escudo-me nos vermes, sei-os todos
Jamais esperaria temperanças
Nem mesmo arcando enfim com tais lembranças
Nas mãos velhas vassouras, toscos rodos,
E tudo não se limpa, putrefeitos
Medonhos caricatos foram feitos
Do barro em que o demônio defecara.
Assim, nos olhos vagos do profeta,
O verso incoerente de um poeta
Descobre de Satã o corte e a vara.
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23654
Humanas criaturas, vermes tolos,
Que bebem das sanguíneas emoções,
Torturas entre balas e canhões,
Canhestros camaradas, onde pô-los?
Vassalos dos desejos, sem opô-los
Na permissiva vida, são leões
Nas jaulas, embotados. Nos porões
Aonde poderia recompô-los

São meras feras toscas e medonhas,
Por mais que em ilusões inda componhas
Cenário mais suave; já não me engano.
A farsa se fazendo mais cruel,
Aonde se derrama fúria e fel
Decerto tu verás um podre humano...
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23653
Desfilam-se cadáveres e restos
Aonde poderia crer que a vida
Por mais que se mostrasse dolorida
Já não trouxesse ritos tão funestos,
Em meio aos furacões, loucos incestos,
Medonha e sem desculpas a ferida,
Que entre meus pesadelos fora urdida,
Moldando com terror antigos gestos.
Escrevo em toscos versos o que embora
Pareça bem mais mórbido se aflora
E toma todo o corpo, invadindo a alma,
Somente o gozo amargo deste fel
Que tanto produziste, é teu papel,
Depois de tantas fúrias, inda acalma...
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23652
Cantasse pelo menos a esperança.
Mortalhas que inda trago; não esqueço
Bem sei que este final; quero e mereço
Enquanto a sorte ao largo já se lança.
Pudesse ter previsto uma mudança,
Ao menos se tivesse outro endereço
Tortura não seria este adereço
Que aos poucos entre as carnes vai e avança;
Meu verso amortalhado só traduz
O que me falta ainda, porto e luz.
Desabrigado sonho perpetua
O fogo que não cessa um só momento,
E quanto mais voraz eu me atormento
Deitando sob o incêndio de uma lua...
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23651
Não pude suportar o teu sorriso
Imaculadamente um falso gozo,
E sendo sem candura, pedregoso,
Mergulho no vazio; mais preciso.
E tudo o que pensara ser um guizo
No fundo outro caminho que ardiloso
Moldaste com audácia, caprichoso,
E quanto mais refúgio, mais eu biso.
Frisasse alguma frase eu poderia
Sentir quem sabe ao fundo, a fantasia,
Mas nada me poupando já clareia,
E a carne se apodrece em vãos pedaços,
Ainda do passado, queimos os laços,
A lua nunca mais se fez tão cheia...
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23650
Exércitos de farsas e mentiras
Em turbilhões diversos versos verso
O peso do passado vai disperso
Nas balas que deveras já me atiras,
E quando nos vergões inda prefiras
O tempo se moldando no universo,
Seguindo a poesia e nela imerso
Ainda busco em vão belas safiras.
E o fogo não se cansa e me devora
Afloram-se desejos desde agora
Causando no meu peito o descalabro,
E quando a fantasia enfim eu abro,
Descubro a solidão que me decora
No riso da verdade, mais macabro...
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23649
O amor quando se faz barro ou argila
Moldando uma figura em vasos vários,
Além dos dias falsos, meus fadários
Sem ter sequer quem dores; aniquila,
Esqueço do passado; arcaica fila
Aonde os meus destinos visionários
Escondem as loucuras nos armários
E o fogaréu da fúria inda destila.
Esvaem-se em segundos tudo o que
Pensara e na verdade não se vê
Sequer a velha sombra do que fora.
Misturo os meus fantasmas e fantoches,
Por mais que dos meus medos já deboches
Minha alma sem remédios, sonhadora...
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23648
Quem fora nesta vida messiânico
Paspalho se desnuda em versos frios,
Recebo como herança tais vazios
E o olhar ora cristão, porém satânico.
Não quero nem reparo se houve pânico
Apenso meu destino em vagos brios,
Espectros que me seguem sendo esguios
O mote que perfaço, quase orgânico.
- É carma. Tu dirias, mas sei bem
Que o nada quando em nada se contém
Expressa fielmente o que me resta.
A boca se escancara e traz nos dentes
Os vermes que deveras não pressentes,
Matando o quanto havia alma funesta...
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23647
No olhar de quem prepara um simples crime
A fúria desmedida diz que tudo
Não passa deste tempo em que me iludo
Aonde uma verdade não se estime,
A morte sem ventura me redime,
Seguindo em descaminhos, sempre mudo,
No vasto do vazio quando grudo
O verso mergulhado em dor oprime.
Nas carnes decompostas, o prazer,
Se eu tenho vampirescas ilusões,
Os ventos se transformam, turbilhões,
E neles possa ainda mesmo ver
Que nada se fará conforme eu quis;
Porém bisonhamente eu peço bis...
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23566
Aonde imaginara a mansidão
Somente encontro aqui a mesma escarpa
Nas mãos que se sonegam, faca e farpa
O tempo se mostrara em solidão.
Vergando sob o peso da emoção,
Já não escuto mais sequer uma harpa
Minha alma tão pacífica qual carpa
Mergulha no vazio ribeirão
E morto sem saber o que fizera
Aonde inda tentara a primavera
A neve se tornando mais comum,
De todos os engodos a carcaça
Apenas tão somente quando passa
Responde em ladainha: sou nenhum...
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23646
Os mares mais distantes eu transponho
Usando como barco, este vazio
Que embora seja simples desafio
É tudo que em verdade inda componho.
O tempo se moldara assim medonho
A vida que deveras eu desfio
No mar que em tempestades já desvio
Enquanto um cais suave; inda proponho.
Repondo as minhas coisas no lugar,
Às vésperas da morte, nada temo,
Primando pelo gozo, como um demo
Vergando-me ao diverso mergulhar
Mereço por acaso esta vergasta
Que a mão feita em carinhos não afasta.
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23645
Qual fora um ser que ainda em vão medite
Buscando a solução que não virá,
Servindo desde sempre, sei que já
Não terei nem sequer o que acredite.
Não deixo me levar, qualquer palpite
A sorte vez em quando negará
E o tempo na verdade mostrará
Que tudo que eu queria tem limite.
Obesas ilusões são mais cruéis
E delas imagino fúria e féis
Arcando com os enganos dos meus dias.
Aonde se fizera tentação
Não sendo deste amor, decoração,
Conforme imaginaras e querias...
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23644
Qual fosse destas sombras mais sinistras
O mártir que se entrega sem defesas,
Aonde poderiam as belezas
Diversas ilusões já não ministras.
Percorro tão somente em vagas listras
Medonhas emoções, diversas presas,
Carcaça carcomida sobre as mesas,
Das ondas mais vorazes, loucas cristas.
Estrídulos; escuto e nada faço
Somente me regendo este cansaço
Da vida que não vale quase nada,
Mesquinharias toscas, o presente
Que tanto se quisera e se pressente
Matando desde sempre essa alvorada...
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23643
Tangesse dentro da alma a harpa sombria
Aonde se moldasse um vasto mar,
E bêbedo de luz a caminhar,
Por mais que toda a vida seja fria.
Aonde se derrama o que seria
Do verso se não fosse o bem de amar,
Perdendo desde agora o meu pomar,
Do quanto quis e nada mais teria.
Assaz glorificante a morte exata
No fundo não seduz e não maltrata
Malogros enfrentando dizem vida.
Asquerosa figura se desnuda
Sem ter quem me condene sonego a ajuda
Prefiro a solidão da doce ermida...
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23642
Minha alma não reprime os desalentos
Se deles os meus versos são a fonte,
Percebo quando escuro este horizonte
Aonde mergulhar em fartos ventos.
Os dias se passando, os pensamentos,
No quanto se podia crer em ponte,
Sentindo que a verdade desaponte
Não posso mais prever novos proventos.
Apenas os mesmíssimos fadares
Por mais que tão distante navegares
Verás que o verso é feito de emoção.
Entrego algum sorriso e em troca tenho
A podre solidão, cruel empenho
De quem se fez amante e volta ao chão...
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23641
A dor que exprimo em versos me deforma
A cada novo tempo mais audaz,
Estrada sem descanso se perfaz
Mudando a cada instante, nova forma.
Não quero obedecer à velha norma
Espero no final algo mordaz,
Bebendo este veneno que me traz
Aquela que propunha uma reforma.
Informo-me dos tempos onde existe
No crivo do passado, sigo triste
E mato esta esperança que me tolhe.
Uma alma em transparência; não percebo,
E quando me entregando ainda bebo
Os restos que minha alma em vão recolhe...
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23640
Versos de amor? Findando tal etapa
O quase se mostrara renitente
Por mais que algum sorriso ainda alente
Não quero mais usar a escura capa.
O sol que cada nuvem chega e tapa
Pudesse ser deveras bem mais quente
Sem ter nada que ainda me faz crente
Das pedras quero apenas fria lapa,
Negando desde sempre esta existência
Apelo para quem com inocência
Ainda crê possível Paraíso.
No cerne da questão, a vida e a morte,
Enquanto a fantasia já se aborte,
Ao menos não terei mais prejuízo...
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23540
As bocas entre as carnes, lacerantes,
Sentindo cada dente que se entranha,
O verso se moldura na montanha
Aonde me perdera por instantes,
Os velhos predadores são gigantes
E a sorte que sonhei e que me estranha
Deixaram a mortalha como sanha
De quem não poderia ser feliz,
Acerca da mentira que me diz
Quem fosse destroçando o que inda resta,
Nos velhos arvoredos frias caças,
E quando sorridente; ainda passas,
Invés do meu velório; queres festa...
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23639
Plantasse uma esperança, porém na horta
A sorte se perdeu faltando o adubo,
Se às vezes noutro espaço ainda subo
A fantasia agora segue morta,
E quando em vários ritos sonho aporta
Mergulho no passado, um velho tubo,
Mudando cada aspecto, prisma ou cubo,
A boca que me beija não me importa,
Serpentes entre farpas e fagulhas
No entanto sem defesas tu te orgulhas
Da faca que entranhaste no meu peito.
E as fontes variáveis do prazer
Podendo a cada instante me perder,
Por sobre finas lanças eu me deito...
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23638
Não pude disfarçar a solidão
Que tanto se fizera assim presente,
O quase ser feliz minha alma sente
Trazendo no final a negação;
Ao velho caminhante, a solução
Na morte que deveras se pressente
Por mais que uma razão se mostre ausente
Inverna dentro da alma este verão.
Apraz-me tão somente o ledo fim,
E a morte me rondando, diz do quanto
Perdera-se na força deste encanto
Moldando cedo o riso, sendo assim
Não deixo de tentar sobreviver,
Mas quero ainda algum parco prazer...
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23637
Não posso me furtar a ser assim,
Um tempo após a morte dos meus ritos,
O cardo que cevaste em meu jardim,
Permite os versos toscos; velhos gritos.
Havia dentro em mim o querubim
Que agora se perdendo em infinitos
Navega por distâncias sem ter fim,
Ferindo com antigos, tolos mitos.
Aprendo a ser cruel naturalmente
E tudo o que minha alma ainda sente
É feito deste sangue que tu bebes,
Aonde poderia ter a paz,
Agora amortalhado tanto faz,
Além deste cadáver que concebes...
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23636
A morte dos meus sonhos deu-se enquanto
Roubaste as minhas últimas verdades,
E quando os meus espaços tu invades
Demonstras que não valho sequer pranto.
Não quero prosseguir, mas entretanto
Já não conseguirás as velhas grades,
Retorno aos meus anseios, pois que brades
O verso não se dobra, nem meu canto.
Que dane-se quem tanto se fez santa
E quase a cada instante se levanta
Mordendo com sorrisos imbecis,
Mortalha se me cabe é meu problema,
Não tendo quase nada que ainda tema,
Não quero e nem serei bom ou feliz...
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23635
Infância que perdeu-se há tanto e agora
Refaço nos meus olhos qual pudera
Ainda ser a viva e vã pantera
Que aos poucos, novamente me devora.
Abarco cada sonho que inda ancora
Atracações diversas, quem me dera;
Se o fogo do passado me tempera
A morte da esperança já decora.
Os versos que procurem pelo alento,
Metáfora da vida que eu invento
Adentro este vazio como fosse
Um último tormento, ou manso alívio.
Cadáver do meu sonho está ali. Vi-o
Tal qual uma criança espreita um doce.
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23634
Eu sei que não virá quem disse adeus
E nada acrescentando sigo assim,
Mortalhas vão tomando o meu jardim,
Não quero mais pensar sequer em Deus,
Os dias que passaram, todos meus
Das vozes que escutasse chego ao fim
Metáforas; criara e se estopim
A bomba destrançando luz e breus.

Arquétipo de sonhos que não pude,
O meu pensar deveras tosco e rude
Medonhos os versáteis sentimentos.
E quando não couberam soluções
Não pude decifrar as ilusões
Nos olhos dos engodos, meus ungüentos...
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23633
Sentando o coração no velho paço
Por onde não passaram mais os trens
Por vezes imagino que inda vens,
Mas logo este fantasma; já desfaço.
E quando mergulhando passo a passo,
Escarifico o resto dos meus bens,
As ordens que recebes dos aléns
Traçando da ilusão velho compasso
Escrevo o verso frágil e mesquinho,
Seguindo devagar o meu caminho,
E sinto que talvez reste uma chance
Aonde ver a sorte se não creio,
Não posso ter em mente este receio,
Por mais que a dor em mim ainda avance...
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23632
O vento assobiava melodias
Dos tempos onde quis alguma luz,
Severas ilusões traçando a cruz
Que a cada novo instante me trarias
Não fossem os meus versos fantasias
Compondo o que a verdade não produz,
Na profusão de cores, corpos nus,
Versões que em aversões tu não darias.
Mesquinhos os meandros da paixão
E neles sem saber se sim ou não,
Mergulho os meus poemas e me faço
Apenas a carcaça do que outrora
O vento assobiando se demora
E o beijo não passou de simples traço...
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23631
Verdade é como manta multicor
Deveras nos descobre enquanto aquece
E nestas ilusões o mundo tece
Variações do tema, como o amor.
E quase se perdendo a decompor
Na pura invalidez desta quermesse
Sem nada além do quanto se obedece
O peito, num naufrágio teima em dor.
Houvesse pelo menos um instante
Aonde se pudesse triunfante
Adentrando a real felicidade.
Verdade em mil matizes se desnuda,
A sorte que se dá, forte ou miúda
Tentando quem deveras já te agrade...
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23630
Palavra não bastando para ser
Aspectos mais diversos que traria
O quadro feito em luz, melancolia
Moldando o meu enorme desprazer.
Assim sem poder ver e sequer crer
Apenas o passado bastaria
Invés de se perder em agonia
O beijo sonegado; pude ter.
No pôr do sol, a sombra do passado,
Somente do que tive algum recado
Mostrado em multicores expressões.
O verso se desnuda por inteiro
E o gozo que pensara verdadeiro
Transmite tão somente estes senões...
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23629
Coloco dentro da alma esta mantilha
Que escurecendo o dia nada traz
Seguindo o meu destino; se mordaz,
Apenas no final uma armadilha,
Não faço e nem farei desta matilha
Que o tempo se moldando diz audaz,
O quadro sem rabiscos satisfaz
Enquanto o mar em luas claras brilha.
Enegrecido sonho, faz do tempo
Além do que pudera contratempo
Atemporais momentos; não conheço,
Converto estas palavras em verdades
E quando em mares turvos inda nades,
Vejo a sorte ignorando este endereço.
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23628
Buscara algum caminho em que pudesse
Ao menos vislumbrar a liberdade,
Sem nada que em verdade ainda agrade
Vazio versejar meu tempo tece.
E o quanto se fizera o bem que esquece
O medo que persigo ora me invade,
Enquanto em mar tranqüilo quer que nade
Uma alma transparente que tivesse
Percorro em descaminhos outras sendas
Que embora muitas vezes tu repreendas
No fundo não divergem desta foz,
Ainda que se mostre mais escura
A estrada que em desníveis me tortura
Às vezes mais suave ou mesmo atroz...
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23627
Puseste dentro da alma um barco e um cais,
Mas nada do que pude salvaria
Quem sabe navegar, faz da alegria
Além do que queria e muito mais.
Por onde poderia, não notais
Se tudo o que pudesse em agonia
No mar de imensas dores nadaria
São sonhos mais comuns entre mortais.
E o verso se perdendo em águas turvas,
Sabendo decifrar o que nas curvas
Transforma em descaminho um bem tranqüilo,
Aonde não pusesse algum espinho,
Vergando sob o peso, vou sozinho
E as mágoas que inda restam, eu destilo...
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23626
Não tires o que outrora se fez festa
E deixe que eu perceba o que propões
E enquanto não vislumbre soluções
Apenas o delírio, o que me resta,
Se nada do que teimo já se empresta
Aos medos que não trazem ilusões,
Vestígios do que foram corações
Na noite sem luar, rota e funesta.
Mas peço, por favor, já não retires
O brilho que em teus olhos percebia,
O encanto se mostrando em fantasia
Deixando a proteção de velhos pires,
Impede que eu mergulhe no vazio
Dos versos que reversos, ora crio.
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23625
Dos brincos que tu trazes, teus disfarces
Esboças os desejos e as libidos,
Aonde se pudessem esquecidos
Demonstram na verdade tuas faces,
E quando em tais belezas sempre embaces
Os olhos que teimaram, percebidos,
Mordazes os delírios permitidos
Aonde fantasias; inda traces.
Seriam nestes lóbulos somente
Adendos se não fossem sedução
E tenho com total satisfação
O gozo do que em brincos se pressente,
Meus lábios procurando em tais enfeites
Caminhos para enfim, raros deleites...
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23624
Saudades que trazemos só desmentem
As dores que sentimos; nada mais.
O barco não voltando ao mesmo cais,
As velas do passado ainda mentem.
E quando dos momentos que se sentem
Assenta-se a poeira, são demais
Os ritos que deveras provocais
Usando das lembranças que inda alentem.
Saudade diz mentira e falsidade,
Retrato bem distante da verdade
Memória seletiva traz o bom,
Matando o que de fato acontecera
Como se fosse assim feito de cera
Neste museu que muda a cor e o tom...
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23623
Um pêndulo matreiro, o coração,
Por vezes traz sorriso e mesmo gozo,
Depois este menino caprichoso
Em si já nos demonstra a negação.
Versando sobre as chuvas de verão
Verás o que talvez vá tenebroso,
E embora muitas vezes generoso,
Naufraga qualquer sonho, solidão.
Nas horas mais felizes, riso franco
Depois eu mesmo vejo e já desbanco
Num bando de ternuras e mentiras.
É como fosse festas num velório,
O pensamento expressa este ilusório
Caminho que deveras vão, retiras...
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23622
Deixaste que esta máscara caísse,
Depois de tantas vezes se esconder
Nas horas mais difíceis pude ver
O que doce ilusão já me desdisse.
No quanto se permite esta tolice
Eu vejo no reflexo do meu ser
O que não poderia mesmo ser
Fugindo vez em quando da mesmice.
Se vejo atrás da máscara o retrato
De quem por tantas vezes eu retrato
Em versos lisonjeiros ou audazes
Percebo que também assim sou eu,
Minha alma noutra escala se escondeu
E faço do meu mundo o que tu fazes...
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23621
Minha alma muitas vezes se protege
E quando se percebe, em fria algema.
O amor velho parceiro, antigo tema
A vida de quem sonha sempre rege.
Em tons mais claros creio; branco ou bege
Enquanto o dia a dia inda se tema
Não vejo e nem procuro mais problema
E quando a realidade enfim lateje

Eu tenho nos poemas, a vingança,
E a voz muito mais forte, o peito lança
Buscando até quem sabe ser feliz.
Não posso sonegar esta verdade,
Atrás da poesia, imensa grade
O mundo a cada instante me desdiz...
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23620
Por mais que tanta coisa a gente diga
Apenas são fumaças, nada além,
O muito do vazio se contém
Na face que deveras desabriga.
Da sorte traiçoeira desobriga
Nossa alma que deveras nada tem
Além do que resguarda de outro alguém
Por mais que esta pessoa seja amiga.
No quase e no talvez nos protegendo,
Do todo somos partes; mero adendo
E disso é se faz nossa defesa.
O rio se espalhando pelas margens
Lambendo com vigor as paisagens
Enfrenta vez em quando a correnteza...
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23619
Jamais diria alguma coisa, amiga
Do todo que me move; envolto em luzes
Das sortes e dos medos, minhas cruzes
A vida na verdade desabriga.
E enquanto a realidade se persiga
Nos olhos da verdade tais obuses
Ainda que bem pouco inda reluzes
Enquanto no vazio se consiga
A eterna proteção que nós quisemos,
Se temos sacros ritos, loucos demos,
No fundo somos partes deste todo
Que espalha-se nas sombras que deixamos
Enquanto do arvoredo, finos ramos,
Deveras chafurdamos neste lodo...
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23618
A vida não permite que a verdade
Se mostre inteiramente, pois é nela
Que uma alma se desnuda e se revela,
Reflexo da total obscuridade.
Enquanto a fantasia nos invade
O barco da esperança abrindo a vela,
Corcel das ilusões, palavra sela
E volta num galope à imensidade.
Mas quando nos olhamos num espelho,
A farsa se mostrando por inteiro,
Não adianta mais qualquer conselho
Envelhecemos sim, e isto me basta
E o que eu pensara, um nobre cavaleiro;
Figura maltrapilha, amarga e gasta...
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23617
Jamais uma verdade se completa
E mostra inteiramente o que sentimos,
Por mais que muitas vezes permitimos
Visão que se demonstra, a razão veta.

Assim é como fosse este poeta
Nos versos que deveras iludimos
Diverso de nós mesmos, o destino
Assim quão variável nossa meta.

Sentir o arfar suave ou dor imensa,
Não tendo nem talvez a recompensa
De um riso ou de uma lágrima, teimamos,

E mesmo quando tentam nos calar
Salgando de alegria cada mar
Invés de nos calarmos, mais cantamos...
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23616
Percebo-te sombria, amargurada
E as trevas de tua alma já se apossam,
Por mais que os novos dias inda possam
Dizer da claridade da alvorada

A sorte, tantas vezes desprezada,
Enquanto as nossas lágrimas se empoçam
E as fantasias tolas sempre adoçam
Realidade tosca não diz nada.

A cada tempo a mesma ingratidão
E nisso se resume a nossa vida,
Encontro a solidão da despedida,

O amor nunca passou de uma visão,
E assim seguimos sós; nada contém
Uma alma eternamente sem ninguém...
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23615
Uma alma que se mostre assim, inquieta
Em plena liberdade, impertinaz
Buscando a cada verso a velha paz
Na qual a fantasia se completa,
Traduz a voz intensa de um poeta,
Somente o desconsolo satisfaz
Podendo a cada dia mais audaz,
Tendo só fantasia como meta.
Vencer os meus eternos dissabores,
Lutando por caminhos onde flores
Não sejam utopia, mas reais.
Meu canto se esbarrando na verdade,
Enquanto uma ilusão já se degrade
Não deixa de sonhar. Isso, jamais!
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23614
Pudesse ter apenas um sorriso
E nada mais seria tão ruim,
O mundo desabando traz pra mim
Um gosto mais amargo, mas preciso
Além do que talvez tomando o siso
Permita que se creia ainda assim
Que tudo mudaria, pois no fim
Quem sabe ainda reste algum aviso
Mostrando uma saída e, de repente
Um novo amanhecer já se apresente
Trazendo a paz bendita, a mensageira
De um tempo aonde possa ver a luz,
Ao sonhador então fazendo jus,
Conforme uma alma livre ainda queira.

23701 a 23740

23740
Festins aonde encontro estas rapinas
Esbaldam-se com pútridos manjares
E bebem desejosas, como em bares
O sangue em que se escorrem tuas sinas,

Pudesse perceber quanto fascinas
Abutres e chacais, seres vulgares,
Os vermes te elevando aos vãos altares
Da negra podridão, fazem-te minas.

E assim em tais orgásticas loucuras
Por entre estas neblinas, já perduras
Eternizado em pérolas sombrias.

Esgota-se deveras num instante
No riso mais audaz e delirante
Das tétricas e horrendas confrarias.

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23739
As belas iguarias; banqueteias
E rapineira sombra já me ronda,
Enquanto este fantasma agora sonda
Entranho sem saber em tuas teias.

Por mais que uma alma tola ainda esconda
Tu sabes desvendar artérias, veias
E bebe todo o sangue que saqueias
E a voz em alto brado como estronda...

Estrídulos diversos, murmurantes
Espelhas o que tanto desejaras,
E quando nos meus pântanos a clara

Visão de tolos dias, tu vens antes
E tramas com deveras competência
A morte sem perdão nem indulgência...

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23738
Encontro os meus espectros nos ermos
Envoltos em neblinas, noite escura
A cova que me deste em terra dura,
Convida ao que talvez em outros termos

Ainda gostaria de podermos
Arcar com as angústias da procura
E enquanto o pesadelo já perdura
Sem nada que sonhar até bebermos

Do fel evaporado deste espaço,
Aonde o ar se mostre mais escasso
Pedaços do que fomos, e ainda sou.

Nesta fantasmagórica ilusão
A morte se desenha em aversão,
Porém foi na verdade o que restou...

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23737
Ainda se pudesse ter saída
No imenso labirinto feito em urzes,
Enquanto no passado vira cruzes
Agora desconheço a própria vida.

A sorte abandonada, ou esquecida
Jamais eu poderia ver as luzes
Por trevas mais obscuras me conduzes
Sabendo que o rancor ainda agrida

Quem vive do passado tão somente
Sonega para o chão; o grão, semente
E tudo não passando de um aborto,

Aonde se pudesse crer na paz
Apenas o vazio já se traz
Negando ao navegante qualquer porto...

posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Janeiro 28, 2010 0 comments links to this post
23736
Se tudo o que pretendo foi negado,
Em cântaros esqueço cantorias
Os sonhos na verdade sempre adias
E mandas com silêncio, o teu recado.

O prazo descumprido e nunca dado,
As horas que entre os dedos escorrias
Deixando como marca tais sangrias
O corpo exangue além abandonado.

Esqueceste de tudo, mas talvez
Ainda me restando a lucidez
Eu possa refazer a caminhada.

Porém neste funéreo beijo amargo,
A voz que ainda teimo; logo embargo
A vida de uma vez, esfacelada.

posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Janeiro 28, 2010 0 comments links to this post
23735
Quisera a minha vida mais augusta
Aonde se pudesse crer na sorte
Que tantas vezes trama a minha morte,
E o pouco do que resta inda degusta.

A voz dos meus espectros não me assusta,
Mas tendo tão somente o fundo corte
E a ausência da esperança que conforte
A vida, mesmo parca tanto custa.

Quem dera algum lampejo de alegria
Enquanto a poesia se esvaia
Deixando a solidão por companheira,

Integro os mais profanos bandos, párias.
Aonde imaginara luminárias
A luz por entre as trevas, vã, se esgueira...

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23734
A estrada em que decerto inda palmilho
Não tendo mais um ponto em que eu consiga
Apenas a palavra mais amiga,
Um velho coração de um andarilho

Fazendo da esperança amargo trilho,
Ainda que deveras já prossiga
A cada nova curva mais periga
E mesmo entre os humildes, eu me humilho.

Arcando com os meus tantos desacertos,
Vencendo os desafios e os apertos,
Não posso me furtar ao meu ocaso,

E galgo as mais tranqüilas ilusões,
Por mais que sejam curtos os verões
O pouco já me basta, e nisto aprazo...

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23733
A dor que agora invade e assombra o sonho
Aonde poderia ter um dia
No qual com tanta fé mergulharia
E a cada bordoada, decomponho.

O que se mostraria tão medonho
Não sei se valeria a fantasia
Na qual uma alma tola ainda urdia
Um verso que pudesse ser risonho.

Insepultas verdades me açodando,
O quase se desnuda desde quando
O tempo demonstrou vago final,

Aonde poderia ter um porto
Não quero, pois me encontro quase morto
Além do meu espúrio funeral...

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23732
Se exalto o antigo sonho em que talvez
A minha vida enfim teria paz,
Não posso me sentir mais incapaz
Se o amor em tanto amor já se desfez;

Mortalha vem tomando em altivez
Aquilo que pensara mais audaz,
A morte se aproxima e nisto traz
O fúnebre fantasma que tu vês.

Esqueço a cada dia do que outrora
Ainda poderia sem demora
Vivenciar em tempos mais felizes,

Não sei se eu poderei sanar as dores,
Só penso em te pedir para repores
O que em alegrias já desdizes...

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23731
O quanto do passado construíra
E desde então somente o nada levo,
Aonde me entreguei; já não me atrevo
Castelo em esperanças, pois ruíra.

Não trago mais no peito ainda uma ira
Tampouco este rancor terrível, cevo
Nem creio num amor que se, longevo
Ainda outro caminho exposto, mira.

Erijo dos meus ermos este sonho
E morto quando em tréguas recomponho
O mundo feito em fera e mais atroz,

Não quero ter somente o vão tormento,
E quando noutros braços me apascento,
Tornando mais suave a minha voz...

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23730
Pensara poder ter além do todo
Alguma explicação mais convincente
E tudo o que minha alma ainda sente
Expressa na verdade podre e lodo,

A vida por si só, um grande engodo
E neste mundo, apenas penitente
Por mais que outro caminho ainda tente
Já não conheço mais paz nem denodo.

E quando tento um ar mais respirável,
Ou fonte que se mostre enfim potável
A mesma putrefeita solidão.

E esvaio em farsas tantas como um pária,
Minha alma muita vez incendiária
À vida apresentando esta aversão...

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23729
Desmoronando enfim os meus castelos
Aonde em vãos orgulhos fiz meu mundo,
E quando no vazio me aprofundo
Não restam nem sequer sonhos mais belos.

Espero alguma sorte que não vindo
Desmancha o que pensara ser mais doce,
É como se deveras inda fosse
O mundo mais suave e mais infindo.

Apresso-me a negar os descaminhos
Por onde eu andaria em fogo e lava,
Minha alma que nas trevas se entregara
Buscando solitários, velhos ninhos,

Agora se desfaz em podre esfera
E apenas o final, ainda espera...

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23728
Aonde quis o sonho, a realidade
Sem ter nem mais escrúpulos; desnuda
A face aonde outrora quis ajuda
E a morte se mostrou sem falsidade.
Por mais que uma esperança ainda nade
O tempo a cada instante sempre muda,
Nem mesmo a caridade que inda iluda
Permite que se creia em liberdade.
Esgarço-me em neons e brilhos falsos,
Audazes os modernos cadafalsos,
Disfarces entre pernas e sorrisos,
A pútrida verdade é feito em gozo,
O mundo se mostrando caprichoso
No Inferno os aparentes Paraísos...

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23727
Qual fora nas pirâmides da vida
O vértice deveras almejado
O templo que julgara no passado,
Agora a sorte morta é vã, perdida.

Aonde imaginara enternecida
Sacrílego demônio enclausurado
O beijo que me dei emocionado
Demonstra esta ilusão vaga e perdida.

Se agora eu apodreço pouco a pouco
E mostro-me aos teus olhos quase um louco,
Amontoando em mim velhas carcaças,

Ao largo desta estúpida quimera,
Sem ter sequer piedade, uma pantera
Seguindo o teu caminho, agora passas...

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23726
Somente do passado um velho entulho
Semente dos escombros que me deste
O nada que do nada se reveste
Demonstra a cada passo, o pedregulho.

E quando; os meus segredos desembrulho
Percebo tão somente o frio e a peste
E a dor na qual o sonho ainda investe
Deveras como fosse algum marulho

Distante dos teus mares, navegar
Enquanto em tal desdita sei do mar
Ouvindo a voz medonha do futuro,

Que tanto amaldiçoa quem espera
A sorte que deveras me faz fera
Atocaiada em solo árido e duro...

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23725
Só sei que nada sou e disto faço
Apenas a verdade e nada além
O quanto desejara a sorte o bem,
Restando disto tudo um vão pedaço;
Seguindo cada rastro; ganho o espaço
Enquanto o mesmo nada me contém
Hermético fantasma; sigo aquém
Do quanto imaginara e em sonhos traço.
Murmuro o que pensara ser resposta
E quando vejo uma alma assim exposta
Não tenho outra saída e teimo em crer
Que ainda poderia ter a sorte,
Mudando com certeza o antigo norte
E poderia, enfim, deveras ser.

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23724
Apenas sou matéria e nada mais,
Mas quando eu fizer em fátuo fogo,
Não tendo mais sequer a reza e o rogo,
Meu verso entre os diversos, frágil cais.

Esboço alguma tola solução
E tento ter a sorte fugidia
De quem em outros mundos fantasia
Sabendo dos vazios que virão.

Não quero e nem pretendo tais lauréis
A poesia é morta e já faz tempo;
Se fosse pelo menos passatempo,
A vida modifica seus papéis.

Aonde outrora houvera alguma luz,
Agora tão somente pedra e cruz..

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23723
Canhestro estro ou ostra no ostracismo
Cismando cataclismos cato o vento
Se o menos ou somenos aparento
Aonde houver verão ainda cismo.
E sinto se pressinto o mesmo achismo
Não quero ser o quanto para-vento
Invento uma aversão, dela o provento
No prédio assédio e tédio causam sismo.

Momento onde; mormente adentra infausto
Jamais a mais demais meu holocausto
Jornais ditam notícias, cios, ócios
Extrema unção ação dita a serpente
Ser crente ou coerente ente que mente
Divinos hinos sinos, bons negócios...

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23722
Saltava sobre a lava em vão vulcão
Aonde o bonde perde o senso crítico,
Não sendo o que seja este analítico
Caminho leva ao vinho e à viração.
Concreta poesia diz o não
A morte tema homérico quis mítico
Eclético fantoche quase elíptico
Olímpico ser vil sem servidão.
Afasto do nefasto; faustos falsos,
E falo destes fartos cadafalsos
No encalço do meu verso mais perfeito.
Traduz ir-se na luz que não conduzo
Num traduzir-se tanto ou mais confuso
Cafuzo ou mameluco me deleito...

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23721
No júbilo, do jugo me esqueci
E julgo que pensei ter asa própria.
Por mais que a vida mostre ser imprópria
A senda que desvenda o que há em ti.
Metrópoles diversas poles certas
Do pólen, colibris, abelhas, levam
E quando as asas livres se relevam
As bocas beijam méis e me desertas.
Partindo do concreto, concretizo
O tremular que emulas entre as velas,
E sendo o que talvez inda revelas
Ao fundo a tempestade diz granizo.
Sementes da semântica; disperso
Enquanto canto tanto em cada verso...

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23720
Vontade de meu medo estrangular
Destroçar e deixar em mil pedaços
Acendo o meu cigarro e fumo maços,
Rasgando a minha própria jugular.
Imagem que; prismática e angular
Transforma poesias em abraços,
Os dias se passando sempre lassos,
O medo continua singular.
Agarro os meus desgarros e detenho
O tenho nada diz se não pudera
Aonde não contenho mais a fera
Assanho os seus cabelos, fecho o cenho
Detento deste amor que tento tanto,
Invento um vendaval; me desencanto...

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23719
Amortalhando o dia que vivemos
Esqueço-me do quanto não se tem
E penso que a saudade diz alguém
Que agora, com certeza já não temos.
Não quero santos falsos, veros demos
Não valem na verdade algum vintém
E tudo o que meu verso diz desdém
Temática disforme quebra os remos.
Exímios nadadores? Nada disso,
O peso do passado rouba o viço
E o compromisso é feito com a morte.
Assentando a poeira, sou atroz,
Meu verso do meu mundo sendo o algoz,
Não há quem me acalente ou me suporte...

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23718
Desmoronando assim vasta montanha
Entre as neblinas fartas, meu mergulho
De cada sensação, só pedregulho
Cascalho que minha alma agora ganha.
Não posso descrever inútil sanha
Se fútil inda faço meu orgulho
Ao longe do teu mar quero o marulho
Sereia tão dispersa já se assanha.
Nas ondas entre pranchas, tubarões,
Barões entre viscondes e condessas,
Entrego de bandeja tais cabeças,
Na cova aonde havia tais leões
Fazendo do meu verso liberdade,
Palavra até sem nexo me invade...

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23717
Amor que em fases fazes diferenças
Trazendo em seu lazer dor e promessa
Enquanto a cada tempo recomeça
Provoca tantas vezes desavenças.
Por mais que destes fatos te convenças
O beijo se disfarça e já tropeça
Na boca amordaçada esta compressa
Diversa do que versam tolas crenças.
Não posso discernir meu ir do teu,
Perpetuando o amor que se perdeu
Eu teimo em transformar água no vinho
Aonde inebriado, me torturo,
Porém do quanto fora tão impuro
Saudade cruelmente eu adivinho...

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23716
Verdade que deveras turbilhona
O rumo onde embaraça uma emoção,
Degrada desde sempre em podridão
Abaixa dos meus circos, velha lona.
E o pétreo coração não se abandona
E deixa borbulhante sensação
Aonde se fizera alguma ação
A doação sem fé já não me abona.
Se eu quero ou se desfaço, finjo farsas,
Enquanto vez em quando tu disfarças
E mostras gargalhares imbecis.
Não pude condenar quem tantas vezes
Pastor ao desviar as tolas reses
Mostrara seus propósitos mais vis...

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23715
Nos tantos que são poucos eu pretendo
Acerca dos engodos ter certezas,
Se expões as tais emendas sobre as mesas,
Não quero ser retalho, nem adendo.
Escondo-me debaixo do que vendo
Não poderia crer tantas belezas,
As bocas demonstrando firmes presas,
A cicatriz somente um dividendo.
Atento aos teus domínios nada faço
E quero só poder em pouco espaço
Abrir as minhas asas e voar.
Poeta tem um quê de fantasia
Que medra quando vê o que se urdia
Nas tramas dos desmandos de um amar...

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23714
As bases do que outrora quis verdade
São frágeis e desabam, pois no fundo
Nas sendas destes vagos, me aprofundo
E tudo se transforma, em realidade.
O que pensara ser variedade
Traduz um sentimento vagabundo
E; quantas vezes teimo em novo mundo
Propondo o que talvez nem tanto agrade.
Orgásticas loucuras vão e vêm
Depois de certo tempo mais ninguém
Lembrando-se das festas tão profanas.
E sabes muito bem que quando eu digo
Do amor eu só pretendo ter abrigo,
Se pensas só em risos, tu te enganas...

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23713
Enquanto ainda peço e me estremeço
Enveredando rotas mais diversas,
Não quero mais dos sonhos o endereço,
Nem mesmo conhecer sobre o que versas.
Apenas os desvios, reconheço,
E na verdade aceito estas conversas
Que sei ser muito além do que conheço,
Mas sinto a cada dia, mais dispersas.
Perpetuar a dúvida é talvez
O que melhor na vida já se fez,
A verdade absoluta, uma ignorância.
Não quero ser estúpido e por isso
Da mesma forma em que meu sonho, atiço
Retorno novamente à minha infância...

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23712
Não veja como fato o que descrevo
E mesmo se pudesse não faria
Se o medo se desmancha noutra orgia
Ainda caminhar sozinho, devo.
E quando nos meus dedos levo o trevo
A sorte na verdade mudaria,
Acervo da ilusão; já não me atrevo
A crer ser mais possível novo dia.
Ardendo nesta febre de consumo,
Eu bebo a poesia e nela esfumo
As pontas de cigarros sobre o chão.
E invento novo vento em tempestade
Por mais que amar demais te desagrade,
Não posso e nem suporto mais perdão...

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23711
Vagando pelos vastos do Universo
Versões de tempos outros? Inda creio
Não posso me furtar e banqueteio
Usando para tal somente o verso.
E quando noutro tanto sigo imerso,
Não peço e nem tampouco algum receio
Usando a fantasia em que permeio
O templo sobre o qual ainda verso
Mundanas expressões, fundo funesto,
E enquanto aos meus descasos eu me empresto
Adestro o coração, gauche caminho,
Esquadros entre tês, prédio medonho,
Se o todo neste pouco eu te proponho,
Deveras o que resta, desalinho...

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23710
Ao respeitável público, o espetáculo
Começa a qualquer hora, e não tem fim,
Deveras apresento um querubim
Que tem invés de mãos, cada tentáculo!
A sorte adivinhada neste oráculo
Cigana diz que o mundo está chinfrim
E o fogo se espalhando no Jardim,
Invés de proteção; tente outro sáculo.

E Baco desfilando com baquetes
Diabo com as suas diabetes
O Padre vai cantar no trio elétrico

Assim a vida passa e tudo bem,
E quando o Apocalipse diz que vem
O rufar dos tambores se faz tétrico...

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23709
Solares entre escombros, velhos prédios,
A caricata imagem do futuro
Verdade que entre corpos eu apuro,
Não sei se existirão inda remédios.
Demônios entre tantos, vis assédios
E a podridão erguendo a cada muro
Um templo mais amargo, em solo duro
Ocasos formam túneis tantos. Vede-os.

Não poderás dizer do desconforto
Ao veres nas esquinas cada morto
A culpa é também tua, quando omisso.
Quem vive a realidade sabe a algema,
Pois injustiça e fome não é tema,
É necessário SIM, ter COMPROMISSO...

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23708
Viajo por mim mesmo entristecido
Vencendo os meus rancores mais profundos,
Em sentimentos torpes, vagabundos
Há muito me sentindo envilecido.
O quanto não conheço inda duvido,
E bebo dos dejetos tão imundos
Os sonhos se mostrando moribundos
Apenas o vazio é percebido.
Escrevo por tentar saber se posso
Ainda acreditar que alguém perceba
E desta realidade já se embeba
Fazendo do que é meu e teu, o nosso.
Assim numa corrente; entrelaçados,
A sorte não se lance em meros dados...

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23707
Procuro nas ruínas velhas tralhas
E teimo em me fazer inda poeta
A vida que na vida se completa
Não sabe do terror de tais navalhas.
Apenas no silêncio em que trabalhas
Encontro a fantasia como meta,
Mas sei que a realidade é fria seta
Trazendo ao sonhador, restos, migalhas.
E o pântano aonde se fez pura
A imagem devastada da cultura
Apodrecendo em gozos segue hedônica.
Mecânicas sombrias ditam normas
E quando mal percebe; tu deformas
Fazendo do vazio, eterna tônica...

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23706
Aonde se fizeram risos, ritos,
Histriônico mundo se moldara
O corte profanado vira escara.
Os medos se transformam; infinitos.
E quando se mostrassem torpes gritos
Aonde a poesia se declara,
Não vejo a solução; pois desampara
A sorte dos ingênuos, tolos mitos.
Assisto aos terremotos e desta era
Apenas não concebo a primavera
Que espera interminável, vagamente.
Enquanto em parricídio segue a vida
Imagem do Senhor sendo vendida,
Igreja se transforma; incoerente...

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23705
O sonho de esperança desmorona
E trama a solidão, cruel resgate
Após a nossa vida, duro embate
A solidão e a morte, nossa dona.
Enquanto se profana e se abandona
Por mais que uma ilusão já se arremate
O mundo sanguinário ou escarlate
Fingindo nada ver, dorme e ressona.
Assim não poderia ter sequer
O gozo de um prazer que já se quer
E o tempo não seria tão ruim.
Neblinas e fumaças, turvos dias,
Enquanto a fantasia tu parias
A seca toma todo este jardim...

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23704
Apenas tão somente o sortilégio
Seguindo cada passo que tu dás,
A fera que, medonha é mais voraz
Mantendo seu poder, etéreo e régio.
O fraco sem ter alguém que inda protege-o
Vagando pelas ruas, pede paz,
O quanto de amargura a vida traz
Sombrias as ruínas, mundo egrégio.

Acreditar na força da esperança
É ter nas mãos ainda a luz que lança
E mesmo entre fantasmas reproduz
A imagem do que outrora se fez belo,
Porém na podridão que ora revelo,
Não bastaria apenas uma Cruz...

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23703
A sorte que busquei, despedaçada
Angústias devorando o ser humano
Enquanto se mostrando mais profano
Ao mesmo tempo entoa o mesmo nada.
Da outrora presa fácil na caçada
Agora um ser terrível, soberano,
Invés da fantasia traz no dano
A marca da pantera disfarçada.
Serpente que devora outra serpente
E quando se desnuda traz peçonhas
Se com paz no futuro ainda sonhas,
O medo do viver que ora se sente
Traduz a realidade em cores mortas,
Por isso em vãos prazeres, tu te aportas...

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23702
Por mais que se mostrasse em ordinários
Caminhos, a verdade não se nega
E a humanidade segue sendo cega
Procelas, terremotos: mostruários.
Os versos se entregando aos relicários
Revivem ilusões, o hoje sonega
E quanto mais ao velho já se apega
Futuros são ocasos visionários.
Nefasta criatura à qual se deu
Poder de transformar a luz em breu,
E nisto se produz destruição.
Pensando-se divina, tal canalha
Desfaz este planeta abutre gralha,
Pergunto: quem fará a recriação?

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23701
Por sermos, na verdade sempre assim,
O ser humano em ritos temerários
Destrói a cada dia o seu jardim
E busca para tal seus honorários.
Também a podridão chegando a mim
Destila seus terrores que sei vários
Do mundo simplesmente vejo o fim
Neste holocausto, estúpido fadário.
A morte que em mais mortes já se alastra
Futuro a cada dia mais se castra
E o novo não verá provavelmente
O que ainda resta de esperança
Amortalhada espécie ao vão se lança
Embora tal verdade se apresente


23701 até 23800

23800
Ouvindo a voz do vento nos umbrais
Clamando como fosse alguém em dor,
Num rito muitas vezes qual louvor
A sorte se mostrando: nunca mais...

Pudesse mergulhar pelos astrais
Tivesse esta altivez; feito condor
Abrisse esta janela ao bem do amor,
Quem sabe neste instante dos venais

E parcos descaminhos, lenitivo
Mantendo ainda o sonho, sobrevivo
E teimo contras as forças da Natura.

Aonde poderia crer possível
O encanto que deveras sendo crível
Eterna e docemente se procura...

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23799
Sonhar com a devida liberdade
Que tantas vezes traz a luz na qual
A vida se tornou menos venal,
Enquanto a poesia, o peito invade.

E toda a fantasia que te agrade
Formando este sublime festival
No mar de imensas ondas, frágil nau
Encontra enfim o cais, tranqüilidade.

Assim as nossas vidas negam celas
E libertário sonho nos alcança
Mantendo neste olhar a temperança

Que mansamente cedo me revelas
Abrindo então as velas venço o mar,
Sabendo desde sempre o bom sonhar...

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23798
Aborto feito em turva sabotagem,
Deveras esta ofídica canalha
Enquanto muitas vezes me atrapalha
Deforma desde sempre esta paisagem.

Pudesse crer: somente uma miragem
Que o vendaval tomando logo espalha,
Qual fora um fogo simples sobre a palha,
Por mais que os dissabores sempre ultrajem.

Não posso me furtar à tal serpente
E o mundo que buscara mais ardente
Tornando-se vazio em fogo brando.
A sorte se desfaz a cada instante
E o mundo se transforma e o viajante
Fugindo da peçonha e te negando...

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23797
Não quero ter nas mãos troféus e glória
Beijando esta bandeira que me deste,
Aonde se fizera mais agreste
A vida não repete a velha história,

A lua se desfila merencória
Jardim se tornando árido reveste
De abrolhos a beleza enfim. Decore-a

Com todos os desejos e delírios
Esqueça os dissabores e martírios
Produza com devida paciência

A luta se renhida, fortalece,
O amor não se curvou nem obedece
E a dor já não resiste à sorte. Vence-a...

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23796
Das eras que passamos, turbulências
Aonde imaginara ter remanso,
Os dias entre fogos; esperanço,
Mas sei serem ingênuas inocências.

Permite-se sonhar conveniências
Enquanto a sorte ao longe; não alcanço
E deixo-me levar suave e manso
Enquanto tu desfilas tais demências.

Apenas coincidências; dita a vida
Que embora muitas vezes já perdida
Permite ao sonhador, alguma luz.

Enquanto a solidão bate na porta,
E a poesia outrora viva, é morta
Desejos se mostrando inteiros, nus...

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23795
As folhas de papel rotas na mesa
Demonstram o que sentes; doce amada,
Do todo que te quis não sobra nada
Levado pela imensa correnteza,

E tendo na verdade em vã beleza
A sorte muitas vezes desejada
Descansa-se o luar sobre a calçada
Derramas sob a luz tanta leveza,

Disfarces de uma fera em franca guerra,
No olhar torpe e medonho se descerra
A dura realidade; pois tu és

Aquela a quem me dei sem perceber
Atando com devasso e vão prazer
Correntes e grilhões junto aos meus pés...

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23794
Brilhantes e diversas cores; trazes
Nos sonhos entre ritos, fantasias,
Enquanto maravilhas inda crias
A vida se transforma em tantas fases.

Além do que deseja e mesmo fazes
Das sórdidas lembranças, agonias
Encontras ao final, alegorias
E mostra neste encanto o quão capazes

Aqueles que permitem brilho intenso
E quando mais atento, reconheço
Após o medo enorme, este endereço

Aonde encontrarei tudo o que penso,
Nas mãos da redentora poesia,
O mundo que minha alma fantasia...

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23793
O mundo que em verdade nos esmaga
E traz em suas mãos a faca e o corte,
Aonde se pudesse ver a sorte
Apenas vejo o brilho desta adaga.

A boca vocifera em louca praga
Preparo a caminhada para a morte,
Sem ter jamais o sonho que conforte
Distante dos meus olhos, bela plaga.

Afagos de uma mórbida loucura
Durante a vida inteira, isto perdura
E traz como castigo a dor venal.

Assim ao descobrir algum farol,
Procuro pela paz qual girassol
Naufrágios esperando a pobre nau...

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23792
Enquanto em rubro sangue borrifada
A vida que profanas, guerra e saque,
Aguardo este momento; em duro baque
E temo que afinal não reste nada.

Por mais que a fantasia ainda estaque
Nos olhos de quem ama a vã estrada
Uma alma pelo sonho abandonada
Usando um corroído e podre fraque

Permite-se que veja atrás do muro
Um tempo aonde em vagos eu procuro
Ao menos um momento feito em paz,

Mas sei que após a chuva, nada vem,
E quando perceber, talvez alguém
Em cujos olhos brilho ainda traz.

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23791
A chama mesmo sacra ainda teima
E devasta toda a sorte de esperança
Aonde a solidão cruel avança
O tempo na verdade já se queima,

Em meio aos constelares diademas
As nebulosas tomam o cenário,
O amor que sempre fora necessário
Agora se prendendo em vãs algemas.

Por mais que nada temas, inda crês
Nos dias mais atrozes e venais,
E enquanto procuravas por um cais
A vida se perdendo num talvez

A nossa embarcação, naufrágio à vista,
Sem ter sequer um bote que inda a assista...

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23790
Não quero ser o mártir que sonhaste
Tampouco irei fugir à realidade,
No quanto a própria vida nos degrade
A morte se aproxima em tal desgaste,

E quando percebeste tal contraste
Verás então que a solidariedade
Caminho mais tranqüilo, na verdade
Impede que o viver se torne um traste.

Sondando estes oráculos confusos,
E os búzios entre cartas e ciganas,
Por vezes quando pensas; já te enganas

Os dias que virão bem mais obtusos
Trarão à tona todo este dilema
Também a solução, pois nada tema...

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23789
Jamais reconhecendo a própria morte
Buscando qual hedônico, o prazer,
Deixando muitas vezes de viver
Ao léu se entrega a vida, leda sorte.

Sem ter sequer a força que comporte
Imensidão do mundo, eu posso crer
No quão insuperável é o ser
Por mais que já sonegue a luz e o aporte.

Do trágico futuro, nada falo,
Os olhos embotados de um vassalo,
Uma avassaladora e vil verdade.

Enquanto a humanidade se distrai,
O pano sobre a cena, aos poucos cai,
Demônio em súcia atroz, a Terra invade...

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23788
Quem sabe se esmagando esta serpente
Eu poderei; talvez, saber da luz,
Pesando em minhas costas, farta cruz
Aonde se mostrara então ausente

O brilho que nos olhos já se sente
De quem em luminárias reproduz
O encanto deste canto em versos crus
Na audácia mais feliz e transparente.

Aonde houvesse um modo de tentar
Poder em plena tarde ver luar
E deslumbrar a prata que derrama

Tomando toda a cena, mansidão
Enquanto o fogaréu desta paixão,
Aumenta – insensatez- a enorme chama…

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23788
Quem sabe se esmagando esta serpente
Eu poderei; talvez, saber da luz,
Pesando em minhas costas, farta cruz
Aonde se mostrara então ausente

O brilho que nos olhos já se sente
De quem em luminárias reproduz
O encanto deste canto em versos crus
Na audácia mais feliz e transparente.

Aonde houvesse um modo de tentar
Poder em plena tarde ver luar
E deslumbrar a prata que derrama

Tomando toda a cena, mansidão
Enquanto o fogaréu desta paixão,
Aumenta – insensatez- a enorme chama…

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23787
A sorte pela qual eu tanto zelo,
Não deixa que se creia no vazio,
Enquanto a tempestade eu desafio,
O amor em luzes claras, frágil, belo

Em tramas mais suaves eu revelo,
Enovelados dias eu desfio
Moldando com denodo o bem que crio,
Destino em teu destino já não selo.

E sigo em libertária caminhada,
Uma alma sem temor; quando ilibada
Não deixa qualquer dúvida e se entrega;

Por mais tempestuoso o que virá,
Gerando a calmaria desde já,
A sorte não será, deveras, cega...

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23786
A liberdade acende a imensa luz
Que enquanto for a guia nos permite
Viver sem ter sequer algum palpite
Enquanto o próprio lume nos conduz.

A sorte que na sorte reproduz
Não sabe na verdade de um limite,
E enquanto houver a força que palpite
A história sem demora, em paz reluz.

Mas quando nos grilhões, nosso futuro,
Ao largo da alegria, não depuro
E teima-se em venal satisfação

Vergastas entre açoites e correntes,
Por mais que o amanhecer; inda pressentes
Neblinas em terror é que virão...

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23785
Pudesse ter ainda em fátuo brilho
Real soberania sobre os atos
Talvez já não trouxesses nestes fatos
Além do que somente um empecilho.

E quando noutras sendas, teimo e trilho,
Pudesse desvendar claros regatos,
Tomando o meu destino, desacatos,
Os quais; corcéis soberbos; não encilho.

Ainda poderia crer nas lendas,
Mas quando os desenganos tu desvendas,
Não posso conceber sequer que cedas

E volto-me ao clamor de um peito audaz
Demonstra-se na fúria até capaz
De incendiar sem dó tuas veredas...

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23784
A turba se envolvendo em néscios dias
Ilusões mesquinhas nos tomando
A corja se prepara, ataca em bando
A morte insofismável que previas

Macabras emoções, alegorias
O mundo a cada instante destroçando
O quanto tu pensaras bem mais brando
Peçonha das rapinas que tu crias.

Assíduos frenesis, espasmo tanto,
Deveras não prossigo mais meu canto
Agora em alto brado a voz se emana,

Perpetuando o medo em que baseias
O sangue que mal corre em tuas veias
Imagem de uma deusa vã, profana...

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23783
O fel que dos teus lábios conheci
Num amargor imenso, fria fera,
Aonde imaginara a paz, quimera,
O sonho se perdendo todo em ti.

E quando mergulhara descobri
Abismo que em abismos dores gera
Nem mesmo a mansidão da longa espera
Acalma esta sandice em que vivi

Postergo a solução dos meus problemas,
Sabendo da verdade que inda temas
Medonhos precipícios aos teus pés.

O barco naufragado já diz tudo,
Nas ânsias deste encanto não me iludo,
Arranco estas correntes, vis galés...

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23782
Brindemos, pois à gloria de saber
Que mesmo na amargura conseguimos
Vencer os mais complexos, frios limos
Vivendo esta ventura do prazer.

E tomando deveras todo o ser,
O amor no qual decerto prosseguimos,
Um tempo mais amável descobrimos
E nele nós iremos reviver

A eternidade, sendo uma promessa
No amor sem ter limites recomeça
Trazendo a quem sofreu; a redenção

E serenando assim, a luz revela
A calmaria após qualquer procela,
Negando desde sempre a negação.

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23781
Deste mundo venal nós zombaremos
Enquanto houver a força que me impele
Sentindo no frescor de tua pele
O sonho que deveras escrevemos.

Não posso me furtar ao mar risonho
E nesta fantasia mergulhando
Procuro um tempo aonde seja brando
O imenso sentimento que proponho.

Vencer os mais diversos dissabores
E mesmo quando em dores, ter nas mãos
A fecundar a histórias, mansos grãos
Seguindo cada passo aonde fores,

E florescendo a paz neste canteiro,
O amor que tanto eu quis é verdadeiro...

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23780
Enlouquecido teimo em fantasias
Apontam-me deveras o vazio,
Que em cada verso em vão, eu já desfio
Diverso do universo que querias,

Mendigo algum carinho em noites frias
E o medo se tornando um desafio,
Aonde imaginara o mar que crio,
Areias movediças, agonias.

Espreito num instante a fera sorte
E sei que no final somente a morte
Será de minha história, a redenção.

Enquanto houver a força que me ilude
As águas derramadas deste açude,
Jamais trariam paz e inundação...

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23779
Não posso destruir o sentimento
Que ainda me habitando traz a dor,
Aonde se pensara salvador
Apenas no final, medo e tormento,

Se dele, na verdade me alimento,
E tenho outro momento ao teu dispor
Podendo novamente recompor
O que jamais deixou meu pensamento.

Vibrantes emoções? Já não espero
O olhar que se reflete agora fero
Não tendo as alegrias que sonhara.

Mas creio ser possível novo dia
Aonde a sorte em vida se recria
Deixando em noite escura, a lua clara...

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23778
Não fosse o grande amor que eu alimento
Embora não consiga ter a sorte
De quem ao se perder não acha o Norte,
E encontra invés de paz, tanto tormento,

Pudesse reviver no pensamento
O amor que com certeza me conforte,
Porém sem ter a luz que inda comporte
Apenas tão somente, em vão, lamento.

Agora, se prossigo é pela fé
Já não suportaria mais galé
Meus pés acorrentados? Nunca mais.

Prefiro ao maltrapilho desamor,
Voar com liberdade do condor
Já bastam de procelas, temporais...

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23777
O meu soneto é feito em dor e pranto,
Na vida, apenas fui um passageiro,
O encanto que trouxeste; derradeiro
Agora tão somente um desencanto,

Mas teimo e na ilusão ainda canto
E sinto o vento audaz e lisonjeiro,
Mordaças; já não trago e verdadeiro
Usando da esperança o verde manto

Escrevo em cada verso, uma palavra
Que possa transformar árida lavra
E trazer por colheita, uma alegria.

Assim a poesia sempre traz
Ao velho guerrilheiro, imensa paz
No mundo em que; feliz, já fantasia...

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23776
Erguendo as minhas mãos, em prece eu peço
A sorte que deveras desconheço,
Se a cada novo passo, outro tropeço
Palavras com cuidado, sempre meço

E teimo em ter nas mãos a fantasia
Que tanto me maltrata e me diz bem,
E quando a noite chega e não contém
Sequer o que; talvez, se merecia

Não deixo me abalar, prossigo em frente
E mesmo na completa solidão
Envolvo em esperança o coração
Por mais que o medo e o vago ele freqüente.

Assim, da vida sou coadjuvante,
Da glória e do prazer, vivo distante...

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23775
Bailando sobre os sonhos, luzes várias
Encontram a perfeita sincronia
E enquanto o coração dita alegria,
As dores vão embora, procelárias.
À sombra do passado o Amor se cria
E traz nos seus olhares luminárias
Das fontes que julguei celibatárias;
O gozo mais audaz se propicia.
E quando mergulhado em águas mansas
Num êxtase supremo, cedo alcanças
A etérea sensação de ser completa.
Assim a nossa vida em fogo intenso,
Nas labaredas fartas, recompenso
A dor de ser apenas um poeta...

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23774
Pudera imaginar fúlgidos raios
Desfiles de belezas entre tantas,
E quando, maviosa tu me encantas
A lua simulando vãos desmaios,

Meus sonhos de teus sonhos são lacaios,
Moldando a fantasia quando cantas
Divina e fabulosa és entre as santas
Os medos que dominam; esmagai-os

Servindo ao nosso amor, não poderia
Vivenciar tamanha maravilha
Que tantas vezes busco enquanto trilha

Os mais sublimes prados, a alegria,
Esplêndida e sublime me fascinas
Trazendo ao peito ateu, luzes divinas...

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23773
Bailando os meus sentidos nesta busca
Aonde a sorte molda um dia claro,
Amor que tantas vezes eu declaro
Nem mesmo a solidão ainda ofusca
E quando a realidade se faz brusca,
Encontro em teu olhar um manso amparo,
O sonho desfiando um dia raro
Aonde a poesia não rebusca
E traz em versos simples, rimas pobres,
Momentos que se fazem bem mais nobres
Descobres os desejos mais sutis.
E quando em tal mergulho salvador
Penetro a fonte calma em que este amor
Desvendo estes mistérios. Sou feliz...

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23772
Na fleuma deste encanto que derramas
Enquanto; estrelas mostras neste olhar
Aonde poderia te encontrar
Vivendo intenso amor em tuas tramas,
Deixando no passado medos, dramas,
Apenas neste lago mergulhar
Nas águas cristalinas decifrar
Desejos e vontades que reclamas,
Expresso nestes versos tal desejo
E sei que no final serei feliz,
Se a sorte que deveras eu prevejo
Tramando com ternura o meu futuro,
Nem mesmo a fantasia contradiz
O bem que nos teus olhos, eu procuro...

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23771
Enigmas que me trazes neste olhar
Que embalde, tantas vezes perguntei,
Aonde se escondera, em rara grei
Por onde poderia procurar

Quem sabe e tanto encanta ao se entregar
Mudando desde então; em ti vaguei
Num mar de azul sereno mergulhei
Jamais eu pensaria em naufragar

Seguindo a calmaria deste alento
Bebendo a mansidão em que apascento
Borrascas que deveras fora atroz

Agora que me trazes mansidão
Contando sempre as horas que virão,
Escuto como um canto a tua voz...

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23770
Olhar que quando estás já se serena
Mudando num momento o brilho opaco,
Aonde se mostrara sempre fraco,
O Amor revigorando trama a cena

E a sorte transmitindo em tarde amena
O cais em que deveras chego e atraco
Após a tempestade e em paz estaco
Uma haste que permita a luz mais plena.

Havendo desde então no ancoradouro
O sol de intenso brilho onde me douro
Aspectos mais suaves e felizes,

Já não comporto a dor de ser tão sozinho,
E quando da esperança eu me avizinho
Esqueço do passado, os vãos deslizes...

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23769
Não são tão simplesmente dolorosos
Os dias em que bebo a solidão,
A sorte noutro rumo e direção,
Os ventos sempre são mais caprichosos.

Aonde se pudera em pedregosos
Caminhos, perseguir a solução,
Envolto pelas tramas da ilusão
Pensara em vãos momentos, mas formosos.

Agora que não tenho outra saída,
Percebo quão valeu a nossa vida,
Do nada ao nada eterna e friamente

Vasculho nos armários da lembrança
E o tempo sem perguntas sempre avança
E o Amor em solidão, a dor consente...

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23768
Poemas que jamais alguém lerá,
Sonetos se perdendo com o vento
Aonde imaginara um só momento
Esqueço o que vivemos, desde já

O tempo com certeza mostrará
Que todo sonho morre e me atormento
Vivendo sem carinho, afeto e alento
O templo que contemplo ruirá.

E o fim de nossa história será nada
A casa que se fez abandonada
Deixada ao deus dará, já desabou.

E vejo neste espelho em rugas feito
O amor cujo final; em paz aceito
Comendo cada resto que sobrou...

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23767
Meus olhos seguem frios; vão extáticos
Aonde poderia ter o brilho
As sendas mais atrozes ora trilho
Momentos de terror, finais apáticos.

Se os sonhos de quem ama; são lunáticos
O coração se veste de andarilho
E encontra a cada passo um empecilho
Os dias não serão jamais tão práticos.

Assim ao perceber que a solidão
Apossa-se de um torpe coração,
Escondo-me deveras na saudade,

Aonde imaginara algum verão,
A neve se derrama sobre o chão,
Apenas sinto em mim a frialdade...

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23766
As cores se espalhando no canteiro
Perfumes mais diversos, mil matizes,
Aonde no passado, mais felizes
Pensara num amor tão verdadeiro,

E agora quando sinto ainda o cheiro
De teus cabelos, logo me desdizes
Deixara tão somente em cicatrizes
O tempo sem o qual sou derradeiro.

Já não me martirizo, mas percebo
Nas dores e granizos que recebo
O fim de um sonho alegre e transparente.

Pudesse retornar ao dia manso,
Mas sei que é tudo em vão, desesperanço
Por mais que ainda sonhe, o fim se sente...

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23765
Aonde se pensara num enredo
Diverso do que tantas vezes vi,
Sonhando com desejos vejo em ti
A marca da vontade e do degredo,

E mesmo quando insano inda concedo
Percebo: não estás; amor, aqui
E voltando ao início, te perdi
Num sonho que se fez atroz e ledo.

Nas flores e nos pântanos resumos
Do encanto que se vai; são frágeis fumos
E nada mais consegue enfim contê-los.

Relembro cada dia, um doce afeto,
E quando nos delírios me completo
Sentindo ainda aqui os teus cabelos...

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23764
Aberta entre meus dedos, a esperança
Avança sobre os restos do que fomos,
E toma; num momento, sumos, gomos
E neste mar sombrio, ela se lança

Aonde se pensara em temperança
Desunião marcando o que hoje somos,
Diversos na verdade, vários tomos
Da vida sobre a qual já não se alcança

Sequer os leves rastros e pegadas,
A lua se derrama nas calçadas
Cadeiras e conversas. Nada vem

Senão esta neblina que se entorna
E a morte que apascenta inda contorna
Deixando um leve traço, raro bem...

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23763
Amor trazendo em si, glória e pecado
Aonde imaginara um dia calmo,
Apenas solidão deveras salmo
E busco da esperança algum recado,

Percebo quanto em vão, lutei e sinto
Que tudo não passou de um breve engano,
Mergulho nos espaços e me dano
Bebendo esta aguardente, qual um absinto

E quando descobri que não pudera
Vencer os descaminhos, nada eu fiz
Somente cultivando a cicatriz
Das marcas destas garras, vil pantera.

Amar e ter a sorte companheira
É tudo o que na vida, mais se queira...

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23762
O amor deixando escrito pelos astros
As sendas mais audazes; nada disse
O verso em que buscara a paz, tolice
Não restam do passado sequer rastros,

A vida se permite em vários lastros
O mundo em que a verdade se desdisse,
Na luz esta esperança em que se vice
Mantendo-se em firmeza, fortes mastros,

Seguindo em mar aberto, naufragando
Nas ondas e procelas desde quando
Ouvira o canto mago da sereia,

Amar e ser feliz... Ah! Quem me dera,
A sorte se desfaz, fria quimera,
Enquanto a fantasia me incendeia...

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23761
Do amor tantas mentiras e loucuras
Levaram ao vazio em que percebo
Além da fantasia em que me embebo
As horas são terríveis, me torturas

Vivendo do passado, as amarguras
Que em meio a tais anseios eu recebo,
Aonde imaginara ser um Phebo
Realidade mostra tais agruras.

E enquanto não sossego o coração,
Recebo o desafeto da ilusão
E beijo as vãs estrelas que me deste.

Por vezes poderia até pensar
Que existe um belo raio de luar,
Porém a vida traz na dor, seu teste...

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23760
A noite sob estrelas, bela e lírica
Traduz os sentimentos de quem ama,
E sabe que se envolve em louca trama
A sorte se fazendo quase empírica.

Não pude revelar o quanto eu quero
O teu amor que sei jamais teria,
Amar e ser feliz? É fantasia,
Perdoe se estou sendo mais sincero.

Não posso acreditar no mar que trazes
Ainda descortino do passado,
O Amor como um destino malfadado
Embora tenha mesmo tantas fases.

Mergulharia até se não soubesse
Das teias que este insano sempre tece...

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23759
A noite se desnuda e assim, pagã
Delírios entre rotas sem fronteira,
Enquanto ela se dá e vem inteira
O Amor se permitindo em novo afã.
Até beber os raios da manhã
A madrugada audaz, a derradeira,
Loucuras entre corpos e a bandeira
Dos sonhos não se mostra mais tão vã.
Assim um sonho é feito em luzes fartas,
Mas quando em realidade tu te apartas,
Vazios adentrando o velho quarto.
O solitário e arcaico sonhador,
Sem nada mais se cansa de propor
E esquece-se num canto, amargo e farto...

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23758
Manhã dos meus anseios, rutilante
O sol entremeado por neblinas
E enquanto o pensamento tu dominas
A vida se transborda neste instante.

Pudera prosseguir e sempre adiante
Nas líricas paisagens cristalinas,
O quanto não percebes e fascinas,
Semente que o amor deveras plante

E façam-se de luzes os meus dias;
Mas sei que na verdade me iludias
E tudo não passou de um desengano,

A solidão batendo à minha porta,
O frio penetrando, atroz, me corta
E em farsas; desespero e assim me dano...

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23757
Enquanto os tantos astros desfilaste
Deixando tua herança em sonhos feita,
Meu coração; amarga sina aceita
Embora, na esperança um vão contraste.

Desfias os meus ermos, pois notaste
O quanto a fantasia se deleita
No amor que para mim, é quase seita,
Coluna que sustenta é como uma haste

Por sobre a qual ergui os meus castelos,
Aonde imaginara dias belos
E a tempestade atroz, tudo devora.

A morte se aproxima e se revela
Destino para quem minha alma apela
Despetalada flor percebe esta hora...

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23756
Sementes que espalhaste pela Terra
Jamais perecerão, eternizadas
Nas ânsias muitas vezes demonstradas
No encanto que esta vida mesmo encerra.

E quando ouvir distante a voz da guerra
Entre os destroços todos, algemadas
As luzes que querias libertadas
O imenso sortilégio desenterra

Os velhos e profanos insensatos,
Assim no decorrer dos mesmos fatos
A vida é garimpada entre funéreos

Caminhos em que a sorte nada traz
Senão a sensação venal e audaz
Dos grãos das esperanças. Pois, enterre-os...

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23755
Encontro soluções tão diferentes
Em vários e complexos descaminhos
A poesia doura velhos ninhos
E os dias se transformam quando mentes.

Religiões diversas, claras mentes
Confusas emoções, paixões e vinhos
Assim entre sabores vagos, são sozinhos
Os templos e os tormentos, quais vertentes

Erguidas sobre túmulos diversos
Aonde pensamentos vão imersos
Reflexos desta angústia que nos guia.

Em meio às tantas formas e cenários
Fizemos as pirâmides, templários
Pergunta sem respostas; agonia...

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23754
Procuro calmamente novos trilhos
Por onde poderia crer possível
Um tempo onde feliz pudesse crível
E os dias não seriam andarilhos.

Mas quando percebendo os empecilhos
A sorte tão cruel quanto factível
O mundo em vagos rumos. Porém, vive-o
E mostre outro caminho para os filhos.

Quem sabe ao perceberem que se fez
Completa a mais total estupidez
Em nome de uma falsa liberdade,

Assim o sol virá bem mais tranqüilo,
Diverso da neblina que destino
Na fúria da procela, o nada invade...

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23753
Andasse entre montanhas, rios, vales,
E tantas flores belas no caminho,
E enquanto do final eu me avizinho
Só peço que deveras nada fales,

E se puderes sonhos inda embales
Por mais que eu te pareça, então, sozinho,
Um trêmulo fantoche vão; me aninho
Nas ânsias de um desejo em que regales

Uma alma transtornada e tão pequena,
Apenas tua voz já me serena
E basta como um manso lenitivo,

Embalde envelhecido em podres formas,
Sonhando com o encanto em que tu formas
Um mundo aonde em paz, eu sobrevivo...

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23752
Desfilo estes escombros onde restas
Efervescência outrora, diz o nada,
Aonde se mostrara iluminada
Nos ermos mais escuros das florestas
E quando aos desencantos tu te emprestas
Moldura já dispersa e desgraçada
A vida envilecida abandonada,
Em meio às fantasias mais funestas.
Assim o tempo passa e modifica
Uma alma que pensara nobre e rica
Desfeita nas veredas, feita em pus.
Por mais que te entretenham tais belezas
Entranharás depois as incertezas
Difícil carregar a própria cruz...

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23751
Na multifacetária vida eu vejo
Os ramos de arvoredos mais diversos,
E teimo nas angústias destes versos,
Moldados com furores do desejo.

Aonde se fizera em azulejo
Os céus entre mil nuvens vão dispersos,
E os templos erigidos de universos
Distantes tramam mais do que prevejo.

Ainda se pudesse navegar
Entre as estrelas, luas e galáxias
Por mais que na verdade procure; ache-as

E enfim tu poderás verter luar
Por todos os teus poros, velho nauta,
A sorte de quem sonha, é sempre incauta...

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23750
Amando além da vida, eternamente
Se houver eternidade, nela juntos
Embora para os outros, dois defuntos
Unidos pelo amor, nova semente

Gerada por si mesma, eterno moto
Moldando no amanhã o que se faz
Hoje e se transformando em rara paz
No amante caminha que em sonho adoto.

E quando em viuvez, etérea chama
Mantida com o fogo da emoção,
Mas noutros caminheiros que virão
O amor se refazendo já te chama

E aquilo que pensara ser eterno,
Transborda à própria morte, num Inferno...

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23749
Após o que se fez em dor e morte
Navegaremos mares mais tranqüilos?
Aonde se encontrasse a paz. Segui-los;
Os vastos desencontros desta sorte?

Não tendo a expectativa que conforte
Aguardo mansos prados. Consegui-los
No imenso turbilhão e prossegui-los
Depois de anunciado o medo e o corte.

E célere tentar outras vertentes,
No quanto me querias e consentes
Esconde-se a verdade mais atroz.

Não temo o meu final, até o anseio,
E nele imaginando o vago, ou veio
O que será de nós, momento após?

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23748
A morte se mostrando em cores vivas
Arguta e temerária; nada poupa
É como se coubesse noutra roupa
A imagem que em demônios loucos, crivas.

Adoto os meus enganos, são deveras
Os filhos da amargura que acompanha
A vida que se fez em risco e manha
Envolta nos anseios destas feras

Que habitam o meu eu e não sossegam,
E quando se permite algum descuido,
Esgueira-se a esperança, frágil fluido
E as sortes e desejos se sonegam.

Assim na eterna dúvida, desfio
A eternidade expressa-se em vazio?

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23747
A mãe de todos nós; Natura em chamas,
Aonde se pudesse crer no sonho
O barco se perdendo, não reponho
A vida destroçada em tolas tramas.
E quando à realidade tu me chamas
O tétrico sorriso em que me exponho
Define o quão amargo, um ser medonho
Destrói a própria vida em mansos dramas.
Apátrida e vazia insensatez
Espalha-se o terror em cores mórbidas
E as criaturas vis, venais e sórdidas
Num matricídio insano como vês
Expõe-se vaga e pútrida figura
Na auto-destruição já se emoldura..

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23746
Verdade midriática em lividez
Assim vejo o futuro inexorável,
Angústia a cada tempo renovável
Num misto de loucura e lucidez.

O quanto do que outrora se desfez
Mergulho num abismo inabitável
E tento ter um mundo que, improvável
Noutro caminho belo se refez.

Excêntricos prazeres e ternura,
A morte traz na morte a própria cura
E o beijo desta terra, o derradeiro.

Semântica somente e nada mais?
Romântico delírio diz de um cais
Quiçá pudesse crer ser verdadeiro...

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23745
À terra devolvido, nada temo
Sequer a solidão dos ermos solos,
Aonde eternamente terei colos,
Medonhas tempestades, louco Demo,

Quem sabe na verdade, barco e remo
Sem ter as velhas chagas, tristes dolos,
Assim o meu futuro entre tais pólos
No qual a cada dia mais me algemo.

Ou mesmo este vazio e turvo nada
Dizendo do que outrora fora a vida,
E sendo pouco a pouco já perdida,

Entre sendas diversas maltratada
A pútrida e venal realidade
No terror infernal, ou claridade...

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23744
O tempo se renova e não consigo
Ainda crer que tudo se desfez no dia a dia
Aonde ainda houvera poesia
A sorte que; distante inda persigo,

Procuro algum refúgio ou mesmo abrigo
Enquanto o mundo inteiro desfazia
A minha história. Triste então, eu vi-a
Expressa num tormento; meu amigo.

Aonde eu quis um mundo mais liberto
O passo a cada tempo desacerto
E incerto bebo as mágoas, nostalgias.

E embora me perceba mais ausente,
O quanto de mim mesmo inda se sente
Revivo em belos sonhos, melodias.

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23743
Do verso se fazendo eternidade
Aonde vários bardos se impuseram,
Os dias invernosos compuseram
O que se fez em dor, leda saudade.

E quando a solidão tenaz invade
Além destas tristezas que se esperam
Poemas com cuidado mais se esmeram,
Na dor alheia o vento que te agrade.

Esboço alguma frágil reação
E crendo que outros tempos não virão
Mergulho no vazio, ensimesmado.

Pudesse ter a sorte de prever
E até quem sabe, o rumo reverter
Revendo os meus enganos do passado...

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23742
Pudesse ter nas mãos a garantia
De um novo amanhecer em luz tranqüila,
Porém a solidão venal destila
A fúria pela qual perceberia

A turva caminhada. Mereci-a.
Se o homem quando feito desta argila
Retorna à própria terra. Ao descobri-la
Verás vermes famintos numa orgia.

São pertinentes fatos; pó ao pó,
Por isso ao percorrer a vida só,
Desvendo dela mesma os seus anseios.

E quando a voz silente se fizer
O rumo; preconizo onde puder
Saber destas entranhas, ledos veios...

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23741
E quando dos meus olhos se apagarem
O que se fez penumbra e escuridão
Voltando a fecundar o velho chão
Enquanto os vãos das terras me tomarem,

Resgates que deveras ao cobrarem
Mergulharei na treva e solidão,
Na marcha em que se faz putrefação
Somente estas ossadas, se buscarem.

O fardo de uma vida se faz leve,
Momento que julgara amargo é breve
E o túmulo servindo qual remanso,

As lágrimas aos poucos se esquecendo,
O dia noutro dia renascendo
A paz que tanto quis, enfim alcanço...

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Quinta-feira, Janeiro 28, 2010
23740
Festins aonde encontro estas rapinas
Esbaldam-se com pútridos manjares
E bebem desejosas, como em bares
O sangue em que se escorrem tuas sinas,

Pudesse perceber quanto fascinas
Abutres e chacais, seres vulgares,
Os vermes te elevando aos vãos altares
Da negra podridão, fazem-te minas.

E assim em tais orgásticas loucuras
Por entre estas neblinas, já perduras
Eternizado em pérolas sombrias.

Esgota-se deveras num instante
No riso mais audaz e delirante
Das tétricas e horrendas confrarias.

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23739
As belas iguarias; banqueteias
E rapineira sombra já me ronda,
Enquanto este fantasma agora sonda
Entranho sem saber em tuas teias.

Por mais que uma alma tola ainda esconda
Tu sabes desvendar artérias, veias
E bebe todo o sangue que saqueias
E a voz em alto brado como estronda...

Estrídulos diversos, murmurantes
Espelhas o que tanto desejaras,
E quando nos meus pântanos a clara

Visão de tolos dias, tu vens antes
E tramas com deveras competência
A morte sem perdão nem indulgência...

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23738
Encontro os meus espectros nos ermos
Envoltos em neblinas, noite escura
A cova que me deste em terra dura,
Convida ao que talvez em outros termos

Ainda gostaria de podermos
Arcar com as angústias da procura
E enquanto o pesadelo já perdura
Sem nada que sonhar até bebermos

Do fel evaporado deste espaço,
Aonde o ar se mostre mais escasso
Pedaços do que fomos, e ainda sou.

Nesta fantasmagórica ilusão
A morte se desenha em aversão,
Porém foi na verdade o que restou...

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23737
Ainda se pudesse ter saída
No imenso labirinto feito em urzes,
Enquanto no passado vira cruzes
Agora desconheço a própria vida.

A sorte abandonada, ou esquecida
Jamais eu poderia ver as luzes
Por trevas mais obscuras me conduzes
Sabendo que o rancor ainda agrida

Quem vive do passado tão somente
Sonega para o chão; o grão, semente
E tudo não passando de um aborto,

Aonde se pudesse crer na paz
Apenas o vazio já se traz
Negando ao navegante qualquer porto...

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23736
Se tudo o que pretendo foi negado,
Em cântaros esqueço cantorias
Os sonhos na verdade sempre adias
E mandas com silêncio, o teu recado.

O prazo descumprido e nunca dado,
As horas que entre os dedos escorrias
Deixando como marca tais sangrias
O corpo exangue além abandonado.

Esqueceste de tudo, mas talvez
Ainda me restando a lucidez
Eu possa refazer a caminhada.

Porém neste funéreo beijo amargo,
A voz que ainda teimo; logo embargo
A vida de uma vez, esfacelada.

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23735
Quisera a minha vida mais augusta
Aonde se pudesse crer na sorte
Que tantas vezes trama a minha morte,
E o pouco do que resta inda degusta.

A voz dos meus espectros não me assusta,
Mas tendo tão somente o fundo corte
E a ausência da esperança que conforte
A vida, mesmo parca tanto custa.

Quem dera algum lampejo de alegria
Enquanto a poesia se esvaia
Deixando a solidão por companheira,

Integro os mais profanos bandos, párias.
Aonde imaginara luminárias
A luz por entre as trevas, vã, se esgueira...

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23734
A estrada em que decerto inda palmilho
Não tendo mais um ponto em que eu consiga
Apenas a palavra mais amiga,
Um velho coração de um andarilho

Fazendo da esperança amargo trilho,
Ainda que deveras já prossiga
A cada nova curva mais periga
E mesmo entre os humildes, eu me humilho.

Arcando com os meus tantos desacertos,
Vencendo os desafios e os apertos,
Não posso me furtar ao meu ocaso,

E galgo as mais tranqüilas ilusões,
Por mais que sejam curtos os verões
O pouco já me basta, e nisto aprazo...

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23733
A dor que agora invade e assombra o sonho
Aonde poderia ter um dia
No qual com tanta fé mergulharia
E a cada bordoada, decomponho.

O que se mostraria tão medonho
Não sei se valeria a fantasia
Na qual uma alma tola ainda urdia
Um verso que pudesse ser risonho.

Insepultas verdades me açodando,
O quase se desnuda desde quando
O tempo demonstrou vago final,

Aonde poderia ter um porto
Não quero, pois me encontro quase morto
Além do meu espúrio funeral...

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23732
Se exalto o antigo sonho em que talvez
A minha vida enfim teria paz,
Não posso me sentir mais incapaz
Se o amor em tanto amor já se desfez;

Mortalha vem tomando em altivez
Aquilo que pensara mais audaz,
A morte se aproxima e nisto traz
O fúnebre fantasma que tu vês.

Esqueço a cada dia do que outrora
Ainda poderia sem demora
Vivenciar em tempos mais felizes,

Não sei se eu poderei sanar as dores,
Só penso em te pedir para repores
O que em alegrias já desdizes...

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23731
O quanto do passado construíra
E desde então somente o nada levo,
Aonde me entreguei; já não me atrevo
Castelo em esperanças, pois ruíra.

Não trago mais no peito ainda uma ira
Tampouco este rancor terrível, cevo
Nem creio num amor que se, longevo
Ainda outro caminho exposto, mira.

Erijo dos meus ermos este sonho
E morto quando em tréguas recomponho
O mundo feito em fera e mais atroz,

Não quero ter somente o vão tormento,
E quando noutros braços me apascento,
Tornando mais suave a minha voz...

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23730
Pensara poder ter além do todo
Alguma explicação mais convincente
E tudo o que minha alma ainda sente
Expressa na verdade podre e lodo,

A vida por si só, um grande engodo
E neste mundo, apenas penitente
Por mais que outro caminho ainda tente
Já não conheço mais paz nem denodo.

E quando tento um ar mais respirável,
Ou fonte que se mostre enfim potável
A mesma putrefeita solidão.

E esvaio em farsas tantas como um pária,
Minha alma muita vez incendiária
À vida apresentando esta aversão...

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23729
Desmoronando enfim os meus castelos
Aonde em vãos orgulhos fiz meu mundo,
E quando no vazio me aprofundo
Não restam nem sequer sonhos mais belos.

Espero alguma sorte que não vindo
Desmancha o que pensara ser mais doce,
É como se deveras inda fosse
O mundo mais suave e mais infindo.

Apresso-me a negar os descaminhos
Por onde eu andaria em fogo e lava,
Minha alma que nas trevas se entregara
Buscando solitários, velhos ninhos,

Agora se desfaz em podre esfera
E apenas o final, ainda espera...

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23728
Aonde quis o sonho, a realidade
Sem ter nem mais escrúpulos; desnuda
A face aonde outrora quis ajuda
E a morte se mostrou sem falsidade.
Por mais que uma esperança ainda nade
O tempo a cada instante sempre muda,
Nem mesmo a caridade que inda iluda
Permite que se creia em liberdade.
Esgarço-me em neons e brilhos falsos,
Audazes os modernos cadafalsos,
Disfarces entre pernas e sorrisos,
A pútrida verdade é feito em gozo,
O mundo se mostrando caprichoso
No Inferno os aparentes Paraísos...

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23727
Qual fora nas pirâmides da vida
O vértice deveras almejado
O templo que julgara no passado,
Agora a sorte morta é vã, perdida.

Aonde imaginara enternecida
Sacrílego demônio enclausurado
O beijo que me dei emocionado
Demonstra esta ilusão vaga e perdida.

Se agora eu apodreço pouco a pouco
E mostro-me aos teus olhos quase um louco,
Amontoando em mim velhas carcaças,

Ao largo desta estúpida quimera,
Sem ter sequer piedade, uma pantera
Seguindo o teu caminho, agora passas...

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23726
Somente do passado um velho entulho
Semente dos escombros que me deste
O nada que do nada se reveste
Demonstra a cada passo, o pedregulho.

E quando; os meus segredos desembrulho
Percebo tão somente o frio e a peste
E a dor na qual o sonho ainda investe
Deveras como fosse algum marulho

Distante dos teus mares, navegar
Enquanto em tal desdita sei do mar
Ouvindo a voz medonha do futuro,

Que tanto amaldiçoa quem espera
A sorte que deveras me faz fera
Atocaiada em solo árido e duro...

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23725
Só sei que nada sou e disto faço
Apenas a verdade e nada além
O quanto desejara a sorte o bem,
Restando disto tudo um vão pedaço;
Seguindo cada rastro; ganho o espaço
Enquanto o mesmo nada me contém
Hermético fantasma; sigo aquém
Do quanto imaginara e em sonhos traço.
Murmuro o que pensara ser resposta
E quando vejo uma alma assim exposta
Não tenho outra saída e teimo em crer
Que ainda poderia ter a sorte,
Mudando com certeza o antigo norte
E poderia, enfim, deveras ser.

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23724
Apenas sou matéria e nada mais,
Mas quando eu fizer em fátuo fogo,
Não tendo mais sequer a reza e o rogo,
Meu verso entre os diversos, frágil cais.

Esboço alguma tola solução
E tento ter a sorte fugidia
De quem em outros mundos fantasia
Sabendo dos vazios que virão.

Não quero e nem pretendo tais lauréis
A poesia é morta e já faz tempo;
Se fosse pelo menos passatempo,
A vida modifica seus papéis.

Aonde outrora houvera alguma luz,
Agora tão somente pedra e cruz..

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23723
Canhestro estro ou ostra no ostracismo
Cismando cataclismos cato o vento
Se o menos ou somenos aparento
Aonde houver verão ainda cismo.
E sinto se pressinto o mesmo achismo
Não quero ser o quanto para-vento
Invento uma aversão, dela o provento
No prédio assédio e tédio causam sismo.

Momento onde; mormente adentra infausto
Jamais a mais demais meu holocausto
Jornais ditam notícias, cios, ócios
Extrema unção ação dita a serpente
Ser crente ou coerente ente que mente
Divinos hinos sinos, bons negócios...

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23722
Saltava sobre a lava em vão vulcão
Aonde o bonde perde o senso crítico,
Não sendo o que seja este analítico
Caminho leva ao vinho e à viração.
Concreta poesia diz o não
A morte tema homérico quis mítico
Eclético fantoche quase elíptico
Olímpico ser vil sem servidão.
Afasto do nefasto; faustos falsos,
E falo destes fartos cadafalsos
No encalço do meu verso mais perfeito.
Traduz ir-se na luz que não conduzo
Num traduzir-se tanto ou mais confuso
Cafuzo ou mameluco me deleito...

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23721
No júbilo, do jugo me esqueci
E julgo que pensei ter asa própria.
Por mais que a vida mostre ser imprópria
A senda que desvenda o que há em ti.
Metrópoles diversas poles certas
Do pólen, colibris, abelhas, levam
E quando as asas livres se relevam
As bocas beijam méis e me desertas.
Partindo do concreto, concretizo
O tremular que emulas entre as velas,
E sendo o que talvez inda revelas
Ao fundo a tempestade diz granizo.
Sementes da semântica; disperso
Enquanto canto tanto em cada verso...

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23720
Vontade de meu medo estrangular
Destroçar e deixar em mil pedaços
Acendo o meu cigarro e fumo maços,
Rasgando a minha própria jugular.
Imagem que; prismática e angular
Transforma poesias em abraços,
Os dias se passando sempre lassos,
O medo continua singular.
Agarro os meus desgarros e detenho
O tenho nada diz se não pudera
Aonde não contenho mais a fera
Assanho os seus cabelos, fecho o cenho
Detento deste amor que tento tanto,
Invento um vendaval; me desencanto...

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23719
Amortalhando o dia que vivemos
Esqueço-me do quanto não se tem
E penso que a saudade diz alguém
Que agora, com certeza já não temos.
Não quero santos falsos, veros demos
Não valem na verdade algum vintém
E tudo o que meu verso diz desdém
Temática disforme quebra os remos.
Exímios nadadores? Nada disso,
O peso do passado rouba o viço
E o compromisso é feito com a morte.
Assentando a poeira, sou atroz,
Meu verso do meu mundo sendo o algoz,
Não há quem me acalente ou me suporte...

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23718
Desmoronando assim vasta montanha
Entre as neblinas fartas, meu mergulho
De cada sensação, só pedregulho
Cascalho que minha alma agora ganha.
Não posso descrever inútil sanha
Se fútil inda faço meu orgulho
Ao longe do teu mar quero o marulho
Sereia tão dispersa já se assanha.
Nas ondas entre pranchas, tubarões,
Barões entre viscondes e condessas,
Entrego de bandeja tais cabeças,
Na cova aonde havia tais leões
Fazendo do meu verso liberdade,
Palavra até sem nexo me invade...

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23717
Amor que em fases fazes diferenças
Trazendo em seu lazer dor e promessa
Enquanto a cada tempo recomeça
Provoca tantas vezes desavenças.
Por mais que destes fatos te convenças
O beijo se disfarça e já tropeça
Na boca amordaçada esta compressa
Diversa do que versam tolas crenças.
Não posso discernir meu ir do teu,
Perpetuando o amor que se perdeu
Eu teimo em transformar água no vinho
Aonde inebriado, me torturo,
Porém do quanto fora tão impuro
Saudade cruelmente eu adivinho...

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23716
Verdade que deveras turbilhona
O rumo onde embaraça uma emoção,
Degrada desde sempre em podridão
Abaixa dos meus circos, velha lona.
E o pétreo coração não se abandona
E deixa borbulhante sensação
Aonde se fizera alguma ação
A doação sem fé já não me abona.
Se eu quero ou se desfaço, finjo farsas,
Enquanto vez em quando tu disfarças
E mostras gargalhares imbecis.
Não pude condenar quem tantas vezes
Pastor ao desviar as tolas reses
Mostrara seus propósitos mais vis...

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23715
Nos tantos que são poucos eu pretendo
Acerca dos engodos ter certezas,
Se expões as tais emendas sobre as mesas,
Não quero ser retalho, nem adendo.
Escondo-me debaixo do que vendo
Não poderia crer tantas belezas,
As bocas demonstrando firmes presas,
A cicatriz somente um dividendo.
Atento aos teus domínios nada faço
E quero só poder em pouco espaço
Abrir as minhas asas e voar.
Poeta tem um quê de fantasia
Que medra quando vê o que se urdia
Nas tramas dos desmandos de um amar...

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23714
As bases do que outrora quis verdade
São frágeis e desabam, pois no fundo
Nas sendas destes vagos, me aprofundo
E tudo se transforma, em realidade.
O que pensara ser variedade
Traduz um sentimento vagabundo
E; quantas vezes teimo em novo mundo
Propondo o que talvez nem tanto agrade.
Orgásticas loucuras vão e vêm
Depois de certo tempo mais ninguém
Lembrando-se das festas tão profanas.
E sabes muito bem que quando eu digo
Do amor eu só pretendo ter abrigo,
Se pensas só em risos, tu te enganas...

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23713
Enquanto ainda peço e me estremeço
Enveredando rotas mais diversas,
Não quero mais dos sonhos o endereço,
Nem mesmo conhecer sobre o que versas.
Apenas os desvios, reconheço,
E na verdade aceito estas conversas
Que sei ser muito além do que conheço,
Mas sinto a cada dia, mais dispersas.
Perpetuar a dúvida é talvez
O que melhor na vida já se fez,
A verdade absoluta, uma ignorância.
Não quero ser estúpido e por isso
Da mesma forma em que meu sonho, atiço
Retorno novamente à minha infância...

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23712
Não veja como fato o que descrevo
E mesmo se pudesse não faria
Se o medo se desmancha noutra orgia
Ainda caminhar sozinho, devo.
E quando nos meus dedos levo o trevo
A sorte na verdade mudaria,
Acervo da ilusão; já não me atrevo
A crer ser mais possível novo dia.
Ardendo nesta febre de consumo,
Eu bebo a poesia e nela esfumo
As pontas de cigarros sobre o chão.
E invento novo vento em tempestade
Por mais que amar demais te desagrade,
Não posso e nem suporto mais perdão...

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23711
Vagando pelos vastos do Universo
Versões de tempos outros? Inda creio
Não posso me furtar e banqueteio
Usando para tal somente o verso.
E quando noutro tanto sigo imerso,
Não peço e nem tampouco algum receio
Usando a fantasia em que permeio
O templo sobre o qual ainda verso
Mundanas expressões, fundo funesto,
E enquanto aos meus descasos eu me empresto
Adestro o coração, gauche caminho,
Esquadros entre tês, prédio medonho,
Se o todo neste pouco eu te proponho,
Deveras o que resta, desalinho...

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23710
Ao respeitável público, o espetáculo
Começa a qualquer hora, e não tem fim,
Deveras apresento um querubim
Que tem invés de mãos, cada tentáculo!
A sorte adivinhada neste oráculo
Cigana diz que o mundo está chinfrim
E o fogo se espalhando no Jardim,
Invés de proteção; tente outro sáculo.

E Baco desfilando com baquetes
Diabo com as suas diabetes
O Padre vai cantar no trio elétrico

Assim a vida passa e tudo bem,
E quando o Apocalipse diz que vem
O rufar dos tambores se faz tétrico...

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23709
Solares entre escombros, velhos prédios,
A caricata imagem do futuro
Verdade que entre corpos eu apuro,
Não sei se existirão inda remédios.
Demônios entre tantos, vis assédios
E a podridão erguendo a cada muro
Um templo mais amargo, em solo duro
Ocasos formam túneis tantos. Vede-os.

Não poderás dizer do desconforto
Ao veres nas esquinas cada morto
A culpa é também tua, quando omisso.
Quem vive a realidade sabe a algema,
Pois injustiça e fome não é tema,
É necessário SIM, ter COMPROMISSO...

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23708
Viajo por mim mesmo entristecido
Vencendo os meus rancores mais profundos,
Em sentimentos torpes, vagabundos
Há muito me sentindo envilecido.
O quanto não conheço inda duvido,
E bebo dos dejetos tão imundos
Os sonhos se mostrando moribundos
Apenas o vazio é percebido.
Escrevo por tentar saber se posso
Ainda acreditar que alguém perceba
E desta realidade já se embeba
Fazendo do que é meu e teu, o nosso.
Assim numa corrente; entrelaçados,
A sorte não se lance em meros dados...

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23707
Procuro nas ruínas velhas tralhas
E teimo em me fazer inda poeta
A vida que na vida se completa
Não sabe do terror de tais navalhas.
Apenas no silêncio em que trabalhas
Encontro a fantasia como meta,
Mas sei que a realidade é fria seta
Trazendo ao sonhador, restos, migalhas.
E o pântano aonde se fez pura
A imagem devastada da cultura
Apodrecendo em gozos segue hedônica.
Mecânicas sombrias ditam normas
E quando mal percebe; tu deformas
Fazendo do vazio, eterna tônica...

23801 até 23816
23816
Pudesse inda conter nos olhos este brilho
Que tantas vezes foi um marco em minha vida,
A sorte se desnuda e vendo assim perdida
Caminho mais diverso, ainda teimo e trilho

Enquanto sob a luz senda bela palmilho
Bebendo da ilusão; encontro-a distraída
Seguindo cada passo aonde a lua ungida
Derrama argênteo fogo aonde louco encilho

Corcel de uma esperança atroz e vingativa,
Aonde já se lança uma alma quase viva
Vivenciando a dor de ter em olhos fixos

A imensa fantasia, agora abandonada
Numa avidez tamanha apenas vejo o nada
Qual fora feito em cruz, terríveis crucifixos...

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23815
Pudesse então vibrar em meio aos vários ritos
Descrentes ilusões, ardentes caminhares,
Vivendo deste encanto aonde tu buscares
Os dias que; decerto, espero os mais bonitos

Adentrando este espaço, encontro os infinitos
Por onde desejei erguer nossos altares
Estranho sortilégio: envolvo-me em luares
Distantes do que um dia embalde foram mitos.

Poeta; retornai que a lua em vã neblina
Há muito que esquecida, agora não fascina
Tampouco a serenata ainda se faz bela

Na lua do sertão, mergulho no passado
E vejo desde então, qual templo destroçado
Imensa maravilha, envolta em rota tela...

posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Janeiro 29, 2010 0 comments links to this post
23814
Sentindo esta vontade audaz, fremente
De ter em minhas mãos, a dor da liberdade
Enquanto a fantasia entregue à realidade
A cada novo dia, a história se desmente

E falta ao sonhador, ainda o remetente
Por mais que em calmaria ainda teima e nade
A sorte em dissabor, por mais que desagrade
Permite que inda crie um dia pertinente.

Alvissareiro sonho embalde não resiste
E a vida se fazendo ainda amarga e triste
Não deixa sequer sombra aonde se descanse

Tenaz, velho guerreiro acostumado à dor
Um guerrilheiro entende a voz de um sonhador
Ainda que pareça ausente deste alcance...

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23813
Envolto pela luz buscando noutras formas
A solução final aonde eu poderia
Dizer do quanto vale a imensa fantasia,
Porém logo ao me ouvir, o que eu disse, deformas.

E fazes do meu canto ameno tuas normas
Causando ao coração; imensa e vã sangria
Ainda posso ouvir distante melodia
Falando em voz macia, o quanto que em reformas

Seria necessário ao homem se quisesse
Além de simplesmente uma oração ou prece
Um claro amanhecer em brilhos mais constantes

Mudando deste vento, a marcha e a direção,
Trazendo enfim alento e paz, transformação
Ao lapidar assim; perfeitos diamantes...

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23812
Clarão imaginário em tempos invernais
Provoca este alvoroço invade todos nós,
O mundo agora hiberna e mostra-se feroz
Enquanto este castelo; agora derrubais

Vós sois o que se faz na ausência de algum cais
O lobo se mostrando em fúria mais atroz
Devora o próprio lobo e tudo segue após
No verso mais sincero; a fera; demonstrais.

Sendo-vos mais tranqüilo o dia feito em guerra
O tempo sem ter tempo, a morte cedo encerra
E trama desumano o dia que virá,

Espécie decomposta exposta à tal peçonha
Ainda se omitindo, um novo dia sonha
Apocalipse então é feito desde já...

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23811
Percebo na alvorada a luz destes clarões
Aonde imaginara a névoa persistente,
A vida se mostrando ainda renitente
Embora se perdendo em várias direções.

Entoas com soberba as mais belas canções
E enquanto cantas livre, a dor já se pressente
Envolta num abraço a luz que me apascente
Demonstra após a chuva, imensos turbilhões

Que a doce calmaria, uma ilusão apenas.
E quando novo mundo; em lástimas encenas
Desejas o poder e dele usufruindo

O esgoto se reabre em fendas magistrais
Deixando-se antever medonhos animais,
Porém o dia nasce envolto em manto lindo...

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23810
Pudera simplesmente em chamas perceber
Vulcânica promessa expressa em plenitude
Por mais que num momento a história seja rude
O mundo que procuro ainda penso em ter

Vencendo a cada dia o enorme desprazer
Espero com certeza o bem que ainda ajude
A ter nas mãos o sonho e com firmeza mude
Aquilo que não quero e não posso mover.

Sincero verso canta amanhecer dourado,
Deixando todo o medo envolto no passado,
Entoando a canção em que se fez mais terno,

O velho coração, abrindo-se ao futuro,
Encontra na alegria, o todo que procuro,
E nisto se percebe, embora morto; eterno.

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23809
Pudesse navegar e ter nas mãos o leme
Naufrágio mais distante; audaz o timoneiro
Que trama em sorte imensa, um sonho em que me inteiro
E nada, nem procela, o navegante teme.

Sem medo nem temor, por mais que já se extreme
Caminho descoberto em céu mais altaneiro
Do solo da esperança apenas passageiro,
Enquanto em poesia a Terra toda treme

Imenso terremoto, amor se revelando,
Aonde imaginara um dia bem mais brando
Tempestuosamente a mente seduzida

Envolta pelo afeto, abraça esta alegria
E enquanto se faz luz, o novo mundo cria
Refaz a cada verso a mansa e bela vida...

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23808
Intraduzíveis sons espalham-se na Terra
Aonde houvera paz a fome em campo farto,
Aborta-se a esperança; indefectível parto
E imensa solidão no olha já se descerra.

Quem dera se pudesse arar a mansa terra,
Porém esta ilusão, aos poucos eu descarto,
E sinto-me sozinho, imenso e vago quarto
Olhando para a luz por sobre a nobre serra

Percebo quão perfeito, o Deus que nos criou
Humanidade tosca em triste rebeldia
Enquanto Deus criava, o humano destruía

E agora que percebo o pouco que sobrou
No olhar desta rapina, a gula se espalhando,
Um fogaréu imenso, abutres vêm em bando...

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23807
Procuro neste céu azulejadas cores
Que possam me trazer a luz que tanto espero,
O amor além de tudo, o bem suave e fero
Moldando em alegria o medo em mil horrores,

Seguindo cada passo aonde ainda fores
Nas sendas deste encanto o sonho em paz tempero,
Vivendo da esperança um dia em que venero
Jardim onde plantei e cultivei tais flores.

Percebo que este eterno e nobre sentimento,
No qual eu muita vez ainda me atormento
Vivendo a magnitude expressa em cada verso

Alçando num segundo infinito delírio
Deixando no passado o que fora martírio,
Contendo em minhas mãos, deveras, o universo...

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23806
Pudesse eternizar do amor cada momento
Quem sabe enfim teria a paz que se procura
E enquanto se espalhasse entre nós a loucura
A vida então seria além do sentimento

Ao qual em fantasia imerso, eu alimento
Trazendo ao sonhador um mundo em tal alvura
Que mesmo o grande mal, em tanto amor se cura
Tramando a cada dia, um claro e manso alento.

Não pude discernir, outrora sem saber
Do quanto se podia, em ti viver prazer
Deveras fora um tolo, apenas, nada além,

E quando ao acordar sublime maravilha
Que em meio à farta luz, mais forte ainda brilha
Alertando afinal, que o imenso amor já vem...

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23805
No mármore em que é feita a deusa dos meus sonhos
Eternidade traz além de tal beleza
A sorte que pensara, emana esta grandeza
Aonde outrora houvera os dias mais medonhos,

Agora em primavera os sóis deixam risonhos
Caminhos em que a luz qual fora em correnteza
Desfila-se divina e envolta na leveza
Deixando no passado, os medos mais bisonhos...

Ascendo ao infinito, embarco em cada estrela
Alçando a maravilha ao menos por revê-la
Exposta no meu quarto, amante mais febril,

Enlanguescidamente encontro-te desnuda
Minha alma então se cala, e enquanto se faz muda
Formosura em nudez, igual jamais se viu...

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23804
Eternos bronzes, prata à bela luz da lua
Estende-se divina a mais sublime diva
E quando vejo a luz desta figura altiva
Deitada sobre a cama, etereamente nua

Minha alma se perdendo aos poucos te cultua
E mesmo que distante, ainda sobreviva
O sonho mais audaz, que de prazeres criva
Quem sabe distinguir o belo e enfim flutua.

Na brônzea e rara tez entrego-me deveras
Além do que talvez bem sei que não esperas
Moldando em sintonia, amor claro e perfeito

Aviva-se a emoção, e bebo deste encanto,
Deveras deveria alçar em brado e em canto
A glória em perfeição enquanto eu me deleito...

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23803
Aonde o meu desejo se acendera
Avança em noite imensa, a lua cheia,
E quando em fantasias se permeia
Quem tanto se perdeu, sobrevivera;

Ascendo ao coração, velas e cera
Liberdade se faz e já clareia
A vida que deveras se incendeia
No barco em que minha alma se escondera,

Espreito as velhas dores e não vendo
O tempo se mostrando sem adendo
Vivendo a maravilha de poder

Sentir em plenitude esta emoção,
Vigor e poesia, a direção
Num oceano em paz, a me perder...

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23802
Há quanto a liberdade acende o facho
Trazendo na ardentia o caminhar,
Apõe-se sobre os raios do luar,
Enquanto os meus desejos; em ti acho.

Realço as maravilhas que me trazes
Nos versos em que traço o teu porvir,
Vivendo todo o amor vou repetir
Qual lua se entregando às suas fases.

Medonhas artimanhas da ilusão,
Mesquinharias tantas que jamais
Pudessem ser assim, cruéis, banais
Os ventos num naufrágio, embarcação.

Ainda destes sonhos, timoneiro,
No amor ao qual me dou e vou inteiro...

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23801
Curvando sob o peso da ilusão
Que muitas vezes dita esta chibata,
Enquanto a fantasia me arrebata
A vida me mantendo sobre o chão,

Abismos que criara, em solidão,
O sonho mais feliz, já me maltrata
E quando a poesia me arremata
Esqueço qualquer rumo e direção,

Alçando eternidade num segundo,
Se em meio a tantos vagos me aprofundo
Nas vagas deste mar eu me perdi.

E preso aos teus desejos e vontades,
Aprendo a descobrir quando me invades
Trazendo o que melhor existe em ti...

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23707
Procuro nas ruínas velhas tralhas
E teimo em me fazer inda poeta
A vida que na vida se completa
Não sabe do terror de tais navalhas.
Apenas no silêncio em que trabalhas
Encontro a fantasia como meta,
Mas sei que a realidade é fria seta
Trazendo ao sonhador, restos, migalhas.
E o pântano aonde se fez pura
A imagem devastada da cultura
Apodrecendo em gozos segue hedônica.
Mecânicas sombrias ditam normas
E quando mal percebe; tu deformas
Fazendo do vazio, eterna tônica...

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23706
Aonde se fizeram risos, ritos,
Histriônico mundo se moldara
O corte profanado vira escara.
Os medos se transformam; infinitos.
E quando se mostrassem torpes gritos
Aonde a poesia se declara,
Não vejo a solução; pois desampara
A sorte dos ingênuos, tolos mitos.
Assisto aos terremotos e desta era
Apenas não concebo a primavera
Que espera interminável, vagamente.
Enquanto em parricídio segue a vida
Imagem do Senhor sendo vendida,
Igreja se transforma; incoerente...

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23705
O sonho de esperança desmorona
E trama a solidão, cruel resgate
Após a nossa vida, duro embate
A solidão e a morte, nossa dona.
Enquanto se profana e se abandona
Por mais que uma ilusão já se arremate
O mundo sanguinário ou escarlate
Fingindo nada ver, dorme e ressona.
Assim não poderia ter sequer
O gozo de um prazer que já se quer
E o tempo não seria tão ruim.
Neblinas e fumaças, turvos dias,
Enquanto a fantasia tu parias
A seca toma todo este jardim...

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23704
Apenas tão somente o sortilégio
Seguindo cada passo que tu dás,
A fera que, medonha é mais voraz
Mantendo seu poder, etéreo e régio.
O fraco sem ter alguém que inda protege-o
Vagando pelas ruas, pede paz,
O quanto de amargura a vida traz
Sombrias as ruínas, mundo egrégio.

Acreditar na força da esperança
É ter nas mãos ainda a luz que lança
E mesmo entre fantasmas reproduz
A imagem do que outrora se fez belo,
Porém na podridão que ora revelo,
Não bastaria apenas uma Cruz...

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23703
A sorte que busquei, despedaçada
Angústias devorando o ser humano
Enquanto se mostrando mais profano
Ao mesmo tempo entoa o mesmo nada.
Da outrora presa fácil na caçada
Agora um ser terrível, soberano,
Invés da fantasia traz no dano
A marca da pantera disfarçada.
Serpente que devora outra serpente
E quando se desnuda traz peçonhas
Se com paz no futuro ainda sonhas,
O medo do viver que ora se sente
Traduz a realidade em cores mortas,
Por isso em vãos prazeres, tu te aportas...

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23702
Por mais que se mostrasse em ordinários
Caminhos, a verdade não se nega
E a humanidade segue sendo cega
Procelas, terremotos: mostruários.
Os versos se entregando aos relicários
Revivem ilusões, o hoje sonega
E quanto mais ao velho já se apega
Futuros são ocasos visionários.
Nefasta criatura à qual se deu
Poder de transformar a luz em breu,
E nisto se produz destruição.
Pensando-se divina, tal canalha
Desfaz este planeta abutre gralha,
Pergunto: quem fará a recriação?

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23701
Por sermos, na verdade sempre assim,
O ser humano em ritos temerários
Destrói a cada dia o seu jardim
E busca para tal seus honorários.
Também a podridão chegando a mim
Destila seus terrores que sei vários
Do mundo simplesmente vejo o fim
Neste holocausto, estúpido fadário.
A morte que em mais mortes já se alastra
Futuro a cada dia mais se castra
E o novo não verá provavelmente
O que ainda resta de esperança
Amortalhada espécie ao vão se lança
Embora tal verdade se apresente

23817 até 23900


23900
A Via Láctea deita imensa claridade
Derrama este caminho em maga e bela luz
E enquanto se apresenta intensa nos seduz
Trazendo para o céu, um ar de liberdade,

Envolto em tal beleza, o brilho que me invade
Durante a noite inteira, imagem me conduz
Num êxtase supremo uma alma em paz reluz
Deixando-se levar, total tranqüilidade...

Poeta deslumbrado ao ver a Natureza
Entrega-se ao delírio e em plena correnteza
Esvai-se o vão terror que há tanto o consumia,

Enquanto a senda clara, em láctea maravilha
Etérea realeza, em mansidão rebrilha
E um verso se elabora imerso em fantasia...

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23899
Imensa ansiedade envolve o sonhador
Que tanto se entregara e nada vendo em troca
Aos poucos se desvia e em vão já se desloca
Vagando sem destino e nada a se propor.

Teimando com estrela o velho trovador,
O sonho mais audaz, um barco em mansa doca,
O seresteiro faz da lua a quem invoca
A deusa preferida, argênteo, claro amor.

Percebe-se no olhar de quem enamorado
Ainda se mostrando em luzes encantado,
Vagando sem destino em rua, beco ou vila

Soltando a sua voz em alto som, num brado,
Vivendo sem temor, do amor que vislumbrado
Emana a maravilha e em luzes já desfila...

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23898
Apenas esperando o dia em redenção
Eu sei que tanto medo espalha-se entre nós
A vida se é da vida amargo e duro algoz
Impede que se veja as luzes que virão,

E tendo neste olhar, o brilho e a sensação
De um mundo aonde possa em paz seguir a voz
De quem quando nos guia expressa estreitos nós
Aonde encontraria o amor em louvação.

Mas quando a voz se torna estúpida e venal
Rebanho se desvia e bebe deste fel
Amargando o terror, em dose tão cruel,

Serpente que desvia em rito sensual,
Demônio se apresenta e toma toda cena,
Enquanto mais distante, a paz ainda acena...

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23897
Onde perpetuamente a luz já se escondera
Deixando a fria treva erguer-se soberana
Uma alma sem destino, aos poucos já se engana
Derrama-se depressa e como fosse cera

Aonde o fogaréu que amor louco acendera
Expressando a vontade uma alma que é cigana
Da plena liberdade, a todos já se ufana
E em meio a tal loucura inda sobrevivera.

Assaz rebelde sonho aonde me entregara,
Vivendo esta certeza, a vida sendo cara
Aporto em cais seguro ouvindo a voz do vento,

Que tanto me trazia a doce melodia
E agora tão somente a realidade cria
Moldando um mundo calmo aonde em paz, me alento...

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23896
Pudesse ter nas mãos as linhas do futuro
Cigano coração, vagando mesa em mesa,
Adentra a solidão, prepara uma surpresa
E deixa o meu viver amargo e sempre escuro;

A solução; não sei. E quando em vão procuro
A vida se defende e mostra com destreza
A luz tão farta e rara expondo-se em beleza
E neste lusco-fusco; indômito, eu perduro.

Decerto quanta vez num brilho raro e nobre
A sorte sem desdém, aos poucos me recobre,
Mas quando vejo enfim, do corte a santa cura,

As mãos sonegam luz, e o medo continua
Aonde houvera amor, neblina cobre a lua
Deixando como rastro apenas a loucura.

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23895
A luta prosseguindo em termos mais insanos
Não deixa sequer que se possa crer na sorte
E pesando este fardo aonde vejo a morte
Em passos sem descanso, andares soberanos,

E os dias transcorrendo em meio aos desenganos
Deveras poderia ainda ver no aporte
Da luz imensa e clara, amor que me conforte
Porém ao perceber, desvias estes planos.

E mudas novamente, audaz e soberana,
Uma alma que procura a paz em ti se engana
E morre a cada instante, um pouco e sempre mais,

As mãos pedem clemência e negas com sorrisos
Irônica serpente; invades paraísos
Preparas com sarcasmo amargos funerais...

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23894
Indubitavelmente entregue aos teus desmandos
Não tento prosseguir sabendo dos anseios
Que entornas quando vês abertos mansos veios
Transbordando na guerra os dias que eram brandos.

Assim ao perceber deveras teus comandos,
Procuro algum refúgio em outros tantos meios
O pensamente invade espaços vãos e alheios
Ao vê-la qual abutre em incansáveis bandos.

Pudera ter decerto a doce sensação
Que possa permitir os dias de verão
Deixando para trás invernoso caminho,

Adentro a mansidão e bebo a calmaria
Enquanto percebendo a luz que se irradia,
Nas tramas deste encanto – AMOR – eu já me aninho...

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23893
Minha alma se projeta além da eternidade
E busca a mansidão aonde eu poderia
Viver com plenitude um sonho, a fantasia
Expõe dentro do peito o canto que me invade.

Sem nada mais temer, e nada que degrade
O mundo que componho; a solidão desvia
Na braça de outro rio, e envolto em alegria
Deixando esta agonia apenas na saudade.

Seria muito bom se tudo fosse assim,
Florada garantida, a paz tocando em mim
E a vida renovada em meio às esperanças,

Mas quando tu me vês em sórdida tormenta,
O quanto eu poderia, apenas se lamenta
Não quero a piedade à qual; olhares lanças...

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23892
Tragicamente eu vi depois da calmaria
Ainda imaginando um dia mais feliz
A dura tempestade, aonde a paz desfiz
E tão somente a dor em pântanos se cria.

Vencida pela fúria o mundo se esvazia
Somente vislumbrando imensa cicatriz
A sorte com desdém imenso contradiz
O que pensara ser além da fantasia.

Mas nada me restando apenas minha voz
Num brado que incessante audaz e até feroz
Não contenho o silêncio e dele faço o brado

Num êxtase profundo escrevo este soneto
E a luta que não pára; incessante, eu prometo
Deixando qualquer medo apenas no passado..

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23891
Não vejo mais a luz aonde tanta vez
Pensara ter nas mãos destino, sorte e vida,
Agora que em verdade a história me convida
Mostrando aonde eu quis o amor que não se fez

E enquanto se perdera o rumo e a sensatez
A sorte se esvaindo e a glória em despedida
Não posso mais conter e a voz já vai perdida
Cansado de lutar, aonde há lucidez?

Não tendo esta resposta eu vejo que afinal
O mundo que eu buscara expressa-se venal
E em turbulento sonho eu tento inda revê-lo,

Mas nada me acompanha e exposto à fantasia
O quanto imaginara aos poucos se esvazia
Deixando tão somente o medo e o pesadelo...

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23890
Herético demônio invade a Terra inteira
Espectro sanguinário entorpece os sentidos
Enquanto os homens vão, assim tão divididos
A solidão se mostra a eterna companheira,

E quando a noite chega e mostra a traiçoeira
Vontade soberana, adentrando libidos
Num êxtase supremo, os dias esquecidos
E a morte em riso farto expõe-se lisonjeira.

Impetuosamente ao fim de certo tempo
Aonde houvera luz, apenas contratempo
E o medo se espalhando invade cada casa

Nefasta madrugada anunciando o fim,
Trombetas vão tocando o amargo querubim
E o fogaréu se espalha aonde houvera brasa...

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23889
Insólita figura andando sobre a Terra
Aonde se imagina a imensidão profana
A sorte tanta vez a quem sonega engana
E o coração vazio aos poucos se desterra.

Enquanto a poesia é morta e já se enterra
O gozo sem limite, imagem soberana
Destrói a eternidade; a geração se dana
E morta desde então, a peça enfim se encerra.

Aonde poderia existir a semente
A pétrea insensatez soberba e poderosa
Matando em nascedouro, enquanto a sorte glosa

Não deixa que respire um ar bem mais tranqüilo,
Invés do pleno amor, peçonha já destilo
Moldando em turbulência um sol vão e inclemente...

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23888
A fé que nos movendo espalha a luz intensa
E trama no futuro um dia feito em glória
Ao ser humano então, o Pai trouxe a vitória
Eternidade sendo a maga recompensa,

A paz que existe em Cristo exala a força imensa,
Mas quando existe em nós, apenas a vanglória
Aquele em semelhança, agora sendo escória
No hedônico prazer, somente a fera pensa.

E quando o fim chegar e a luz celestial
Mostrada sem temor, à toda humanidade
Virão anjos do Céu e finda a impunidade

Rolando em fogaréu, tomando todo astral
A Mão que nos redime ao Fado se entregando,
Trazendo a plenitude apenas ao que é brando...

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23887
Putrefação de uma alma expressa agora o fim,
Convulsa tempestade adota a humanidade
Satânico prazer cruel, enquanto invade
Espalha farto abrolho em árido jardim.

Distante da esperança, a voz de um querubim
Clamando pela paz, chamando à realidade
Enquanto em vã tolice, um ser que se degrade
Ditando solitário o que não sabe enfim.

Perdoe-me Senhor, se tanto magoei
E tanto descumpri a Tua santa lei
Pensando na alegria, apenas nada mais,

E agora quando a morte exala seus odores
Aonde imaginara ainda colher flores
Encontro em meu retrato imagens tão venais...

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23886
Encontro no Senhor, amor de irmão e Pai
E louvo em oração agradecendo a luz
Que em meio a tanta treva a Ti, já me conduz,
Embora a realidade amarga e tanto trai

A luxúria e o prazer profano, nos seduz
E neles toda a glória, aos poucos já se esvai
E quando a noite chega e a escuridão distrai
A queda se prepara e o medo dita a cruz.

Nas urzes o Jardim se fez improdutivo
Também assim sou eu, porém em Ti eu vivo
E trago uma esperança, além do imaginário

Não posso me calar e sigo-Te Senhor,
Vivendo a plenitude eterna deste Amor
E o coração mais manso expressa este cenário...

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23885
Caminha sempre surda a turva humanidade
Bebendo a solidão em taças de cristal,
Aonde se pudera amor fenomenal
Apenas encontrando a dor que nos invade

E teima simplesmente erguendo cada grade
Sem ter sequer notícia aonde este final
Nos levará contudo, a cada vão degrau
Escada nos conduz ao cume que degrade

Resíduo tão profano aonde houvera um sonho
Eu mesmo não escapo e em trevas decomponho
O tanto que foi dado em pleno e farto amor

Deveras deveria haver bem mais cuidado,
Porém no olhar ateu apenas o pecado
Merece tanto aplauso e até, glória e louvor.

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Parágrafo que em brado evoca a salvação
Aonde se fez Deus presente em sacrifício
A multidão faminta ainda espera o ofício
E nele com certeza, os ditas da Paixão,

Mas sei que depois disso, o mundo segue em vão,
A cada novo dia, imenso precipício
Cavado pelos pés que desde o mero início
Trouxeram para a Terra o medo e a podridão,

Demônio disfarçado em anjo ou num pastor,
Esconde-se num antro, e mostra em suas garras
Libidinoso riso, em orgias e farras

Aonde se pregara o perdão feito amor
Descubro esta senzala e nela cada escravo
Nas ânsias do poder, o amor se torna agravo...

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23884
Eu vejo o renascer de um tempo mais amigo
Na voz de um cantador, promessas se cumprindo
E o tempo se moldando em dia e claro e lindo
Trazendo ao sofredor, amparo feito abrigo,

Assim um trovador; deveras, já consigo
Pensar com lucidez no sonho que deslindo,
Um mundo bem mais justo amor se torna infindo,
E depois disto tudo; encontro o que persigo.

Quem dera fosse assim, mas não é a verdade
A podre realidade expressa a humanidade
Que aos poucos já destrói a casa aonde mora,

Bebendo deste sangue incrível virulência
Aonde houvera luz agora em inclemência
O mundo pouco a pouco a si mesmo devora...

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23883
Apenas sobrará a ossada e nada mais
Por isso para que soberba em teu olhar
Depois de certo tempo, o nada há de encontrar
Aquela que sonhara em dias magistrais

Ser mais do que pensara, além de todo cais
A deusa soberana, esposa do luar
Ao ver-se transformada em pó irá brilhar?
Enquanto a voz do bardo em tons fenomenais

Eternizada em glória, um dia a bela diva
Agora já desfeita, em rugas e terrores
Ouvindo a melodia encarnará tais cores

Que a poesia trama e mantém sempre viva
A força que se impele e molda tais matizes
Diversos das que tens, imensas cicatrizes...

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23882
Atônito encontrara escombros do que fui,
Aonde se imagina um tempo mais amável
Decerto em luz intensa, a noite memorável
Porém na solidão, castelo queda e rui,

E enquanto a luz se afasta o medo tanto flui
E tudo o que pensara, outrora em solo arável
Destrói-se num segundo além do imaginável
E no conjunto inteiro, a parte sempre influi.

Eviscerado sonho aonde te perdi?
Só sei que em pouco tempo eu me afastei de ti
E quando percebi o nada se instalara

E o medo me tomando, invade e não descanso
Minha alma busca em vão, a paz de algum remanso
Aonde quis o amor, apenas funda escara...

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23881
Aonde imaginara um mundo feito em paz
Num tumular anseio a morte se deslinda
E quando na verdade é cedo, mesmo ainda
Assim a realidade o tempo diz e traz.

Percebo que afinal, o medo satisfaz
E o templo onde julgara a vida bem mais linda
Aos poucos com o tempo, enfim também se finda,
Mostrando a dor que sinto e esconde-se detrás

Enquanto a poesia outrora feita em luz
Agora em medo e treva, apenas reconduz
Ao pó de onde surgi ao pó que já me espera

Extremos que percebo aos poucos já se tocam,
As ilusões esqueço, as glórias não se estocam,
E aonde houvera amor, agora a vida é fera...

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23880
Delírios sensuais em noite convulsiva
Expressam violência aonde quis a paz,
A sorte desvirtua o quanto sou capaz
Mantendo a velha chama ainda sempre viva,

Por mais que na verdade a vida já me priva
Do quanto desejara e nada satisfaz
Poeta se perdendo, a glória não se faz
Enquanto a fantasia, em tantas dores criva

O peito que se encanta e morre sem remédios,
Aguardo a solução; e imerso em frios tédios
Ingratidão se mostra amiga e companheira,

O medo se desnuda e chego ao fim de tudo,
Mesquinha sedução, na qual inda me iludo,
A morte mansamente assim de mim se inteira...

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23879
Excêntrico cantor um dia quis poeta,
Quem sabe do silêncio escuta a voz maldita
De quem se fez em mágoa e dela esta desdita
Esvaziando o encanto e assim já se completa.

Amena madrugada? A sorte mais dileta
Morrendo sem o brilho, a luz não se credita
Em quem se fez sombrio aonde houve pepita
E tem a fantasia ainda como meta.

Mal pude perceber o quanto sou assim,
A paz não me domina, e morto chego ao fim
Deveras, temporais; espalho quando canto

Trazendo pra quem sonha uma verdade em pranto
Medonhas ilusões; já não cultivaria
Apenas tão somente espalho esta agonia...

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23878
Haurindo um ar profano a vida em dores tantas
Exausto caminheiro aguarda pelo fim
E quando se percebe aonde e quando vim
Eu sei que na verdade ao ver-me desencantas.

Pudesse ter a glória, embalde quando cantas
Demonstras o vazio e mesmo sendo assim,
Ainda me pergunto o quanto sei de mim
Nas ondas do oceano; infaustos tu levantas.

E sabes discernir o que pudesse ser
Além do nada imenso, a glória de um prazer
Que jamais poderia encontrar em quem trama

A vida em voz nefasta, assim do quanto queres,
Não posso te servir sequer pratos, talheres,
Tampouco manteria acesa em nós a chama...

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23877
Acreditar na vida, embora complicada
Às vezes com paixão em outras; desespero
Mergulho no vazio e nele me tempero
Sabendo que afinal o tudo trama o nada,

Mas quero me encontrar e sei que abandonada
Uma alma transpirando um desejo mais fero
Permite que se creia ainda no que eu quero,
Aguardo a lua cheia e vejo da calçada

O brilho que se espalha e toma toda a Terra
E quanta maravilha eu sinto que se encerra
Fazendo acreditar num dia claro e bom.

Mas quando na verdade, a lua surge imensa,
Não pode ter; sequer pensar na recompensa,
Segue ofuscada então, por luzes de neon...

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23876
Fruindo mansamente em mim doce ternura
Aonde imaginara a dor e a virulência
Apenas só te peço, enfim tenhas clemência
Que a sorte a cada tempo em quadros emoldura

Diversa maravilha, às vezes amargura
E tendo disto tudo eterna consciência
Tu saberás viver e tendo esta ciência
Verás que na verdade, o amor já te procura

Amarga desventura, a terra mal plantada
E tudo o que eu vivera; eu sei não fora nada
Senão inútil noite aonde em vão granizo

O frio acometendo e a geada espalha
Por sobre a plantação a turva cordoalha
Deveras hibernando o sonho que preciso...

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23875
Sombria madrugada envolta na neblina
A morte se aproxima invadindo o meu quarto,
Encontra-me cansado e de tudo já farto
Imagem que te assusta, a mim doma e fascina.

Pudesse ter agora a fria e dura sina
E quanto mais da vida afasto-me descarto
O sofrimento imenso e sei; feliz, eu parto
Deixando para trás a treva que assassina.

Outrora tive o brilho em plena mocidade
Agora tão somente o medo chega e invade
Tomando todo espaço insânia me acomete

Por isso no velório, um pedido eu te faço,
E peço que isto siga, em cada ponto e traço,
Invés do carpir falso, apenas luz, confete...

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23874
Percebo que acabou a festa em que talvez
Pudéssemos saber da nossa plenitude,
Sem ter sequer alguém que ainda nos ajude
A vida se perdendo, em loucura se fez

E o renovar do sonho, a cada dia ou mês
Mudando na verdade omite esta atitude
Aonde se fez seca, ausência de um açude
Aonde se fez treva, procuro a lucidez.

Diógenes moderno; acendo esta lanterna
E nada encontrarei, carrego tal certeza,
A sorte está lançada, os dados sobre a mesa,

Felicidade morre, e enquanto o sonho hiberna
Aguardo melhor dia e sei que não terei,
Nem mesmo tendo a glória e sendo escravo ou rei...

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23873
Cruel assassinato a cada novo dia,
Assim se espalha a dor e o mundo se perdendo,
Aonde houvera luz, agora se escondendo
Apenas ilusão, amor não se recria,

Viver este momento, estática agonia
Pudesse imaginar o medo como adendo,
Mas hoje numa esquina, o terror eu desvendo
E a noite se tornando eternamente fria.

Pudesse ainda crer na tal humanidade
Que se matando assim, em águas turvas nade
Deixando como herança a Terra inabitável,

Aos poucos que me lêem; perdoem desabafo,
Alexandrino verso, invés do que fez Safo
Um mundo solidário: um tempo memorável...

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23872
Cadáveres no chão, exposta em guerra
A vida não valendo o pão sequer o vinho,
Caminho em solidão; no vago já me aninho
E o coração guerreiro, agora a paz encerra.

Enquanto desfilar a morte sobre a Terra
Deveras cabe a nós em forma de carinho
Saber o quão é bom chegar bem de mansinho
Deixando para trás, a dor imensa serra.

Quem sabe esta mortalha usada sem clemência
Um dia se transforme e trague a paciência
Na convivência plena ensinamentos vários

Além da complacência a luz guiando os passos,
Aprendo a respeitar do próximo os espaços
Meus aliados são antigos adversários...

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23871
Humana insensatez destrói nosso planeta
Deixando para trás a vida em louca esfera,
Aos olhos de quem ama, esmagar a pantera
É tudo o que devia à paz da baioneta

Porém com simples arma, a ponta da caneta
Um sonhador qualquer, ainda a sorte espera
E bebe da ilusão, vazia e vã quimera
Até já parecendo, às vezes tão ranheta.

Não posso e nem devia enfim silenciar
A sertaneja luz intensa do luar
Derrama sobre nós a imensidão de um céu

Aonde se permite o brilho do futuro,
E mesmo que este solo ainda árido e duro
Só nos cabe fazer em paz nosso papel.

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23870
Proliferando a guerra aonde se quis paz,
Vencida este ilusão, apenas realidade
Embrutecida sorte embora não se aguarde
Ainda creio em Deus e o bem que Ele me traz.

Enquanto humanidade aos poucos já desfaz
O Amor que recebeu num ódio eis a verdade
Transforma esta venal; tanta imbecilidade
Total insensatez num mundo mais mordaz.

Escuto ainda o grito emanado em senzalas
Ao ver tal sofrimento, estúpido te calas
Terrível omissão matando assim, futuro,

Permite que se creia – apocalipse vem
E no final de tudo, a solidão, ninguém.
Apenas o Senhor, que em lágrimas procuro...

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23869
A consciência nada em águas turbulentas
Medonhas ilusões, estúpidas quimeras
Aonde no passado, a paz que ainda esperas
Trouxera uma alegria em lutas violentas,

Não posso me calar, já nem mais se agüentas
As tramas da loucura, as garras destas feras
Imensos temporais, vagando em vãs esferas
Temperas a alegria em cores virulentas.

Assim nada terás senão este vazio,
Que a cada novo verso, embalde desafio
E sinto tal horror aonde busquei glória,

Porém a solitária e amarga juventude
Sem ter a luz que guie e a mão que ainda ajude
Não pode nem pensar nos louros da vitória...

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23868
Num mar aonde outrora imaginara a sorte
Sereias e tritões; mergulho em águas fundas
Deveras neste instante a dor da qual me inundas
Provoca a sensação sombria de uma morte

Aonde não pudesse entrar num novo norte
Nas vagas ilusões, deveras aprofundas
A seca se espalhando em terras mais fecundas
Não posso me furtar ao ver já sem suporte

Quem tanto se entregou e quis felicidade,
Agora tão somente o frio da saudade
Matando pouco a pouco, o nada como herança,

Mas sei que quem labuta, um dia há de vencer
E ter em suas mãos, as tramas do prazer
Com tal perseverança a paz ao fim se alcança...

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23867
Vivendo esta amargura à luz de cada instante
Um velho marinheiro ainda busca um cais
Embora na verdade, eu sei que não tem mais
Sequer ancoradouro, aonde radiante

Divino e fabuloso em dias magistrais
Agora nada vendo; o mundo, este mutante
Aonde se pudera encontrar diamante
Apenas o vazio em que vos transformais

Dizendo desta luta inglória e sem vencidos
Tomando já de assalto embarga meus sentidos
E sei que nada tendo, ao fim amargo fel,

Bebendo da esperança um mel que não sacia,
Encontro tão somente à luz da fantasia
O coração vadio andando sempre ao léu...

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23866
Destino em desatino, a rima se produz
E tudo o que pensara ainda não se fez
O amor com sua glória; expressando altivez
Aonde imaginara os sonhos belos, nus,

Apenas o vazio, entranha-se sem luz
E deixa como herança amarga insensatez
Vivendo por viver, buscando a lucidez
Eu sei do amor imenso, ao qual já se conduz

O coração que sonha em novo amanhecer
Aonde se emoldura uma ânsia em tal prazer
Que nada mais segura o fogo que nos toma,

Porém sem ter amor, do nada ao mesmo nada,
A angústia se anuncia e invés de uma alvorada
A névoa sem final, meu mundo entrando em coma...

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23865
A Terra atormentada expressa-se deveras
Envolta em tal neblina a sorte amortalhada
Apenas o vazio aonde se fez nada
Enquanto sigo exposto e enfrento tais quimeras

Aonde poderia haver mais primaveras
Minha alma já vislumbra a noite, a madrugada
Em trevas, solidão; buscando a bem amada
Bem sei que no final, mais nada ainda esperas.

E sigo como fosse um velho timoneiro
Borrasca nunca finda e o tempo se nublando
As aves lá no céu esgueiram-se num bando

E tudo o que pensara agora acontecendo,
A vida traz na morte, a sorte e o dividendo,
E apenas um pedaço o que foi feito inteiro...

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23864
A imagem caricata à qual já se entregara
Quem tanto se fez guerra e agora busca a calma
Eterno desamor, destroçando tua alma
A mesma mão que amansa, agora desampara.

Não sabes distinguir; a jóia sendo rara
Lapida-se com arte enquanto ali se acalma
O coração do artista esquece qualquer trauma
E a vida neste instante, em paz, logo se aclara.

Medonha estupidez; infausto desengano,
O mundo em que viveste embalde tão profano
Traduz e tão somente o fim que se aproxima,

Aonde houvera brilho as trevas entornando
Tempestuosamente, um mundo outrora brando
Desfaz em um instante o que se fez estima...

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23863
Percebo entre as gentis, suaves maravilhas
O Brilho encantador por onde deveria
Seguir em calma rota, a imensa fantasia,
Diverso da tristeza aonde agora trilhas,

As sortes e o prazer, que em vão já não palmilhas
Permitem me falar do quanto poderia
Viver em plenitude o amor, esta alegria
Que sabe verdadeiro e; tola, sempre humilhas.

Cansado de tentar buscar a claridade
Meu peito já se expõe na luz da liberdade
Deixando para trás uma amargura imensa,

A vida nos ensina através do tropeço,
Buscar numa esperança a paz que ora mereço,
Diversa direção; amor nos recompensa...

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23862
Aonde poderia em paz a criatura
Encontrar o remanso aonde se fez luta,
Minha alma sem cuidado, apenas já reluta
E vive amargamente a insânia da procura.

Enquanto a noite cai e o frio então perdura,
A solidão atroz, o amor em força bruta
Hermético eremita adentra em sua gruta
Sabendo mais distante a paz feita em ternura.

Assim a cada dia enfrento os descaminhos,
Os olhos entre vãos, dos medos são vizinhos
E sinto na amplidão, brilhantes astros; sóis.

Quem dera fossem meus, eu poderia ter
A doce imensidão do mundo em que o prazer
Amantes; já transforma em loucos girassóis...

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23861
Qual fora um galopante e tonto desvairado
Andando sem destino em meio às tantas trevas
Procuro pela paz distante que inda cevas
Às cegas sem domínio, envolto em tal pecado,

Aonde poderia exposto ao meu passado
Trazer de volta à vida o amor se ainda nevas
E bebes da ilusão; traiçoeiras conservas
Longevas emoções, o tempo abandonado

E em pleno sortilégio, egrégias maravilhas
Dizendo desta lua aonde em brilhos trilhas,
Moldando a sensação supérflua e tão venal

Da eternidade expressa em gozo e riso tanto,
Apenas a verdade em tristes árias canto
Sabendo sem ter cais, naufrágio desta nau...

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23860
Atormentado; eu busco alguma paz possível
E sinto que talvez ainda não consiga
Vencer a tempestade, embora tão antiga
A vida sem amor, não se tornando crível,

Mudando de estação, o vento ao longe, audível
Permite se pensar na sorte que periga
Imenso temporal; em fúria desabriga
No quanto o desamor se mostra tão factível.

No desagregador e temerário adeus
As lágrimas tomando os olhos tristes, meus,
Somente uma lembrança, apenas nada mais

De um tempo em que feliz, julgara-me qual Rei,
Agora percebendo o quanto tanto errei,
A sorte que tentara, eu não terei jamais...

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23859
Eu penso no teu corpo exposto sobre a cama
Deitando esta nudez divina e soberana
Minha alma se entregando embarca-se profana
Enquanto à tal delírio o anseio já me chama,

Vivendo plenamente, as loucuras da trama
Da intensa claridade, a fúria que se emana
Daquela deusa nua, à qual vida se explana
Moldando com firmeza, a paz que se reclama.

Numa expressão suprema, aos gozos magistrais
Descendo pelo rio em margens fabulosas,
Enquanto num momento, em loucura tu gozas,

Da fonte que se mostra eu peço e quero mais
Até poder, cansado enfim saber que o sonho
É feito deste amor, que em luzes eu proponho...

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23858
Meu corpo se entregando ao pânico e cansaço
Buscara há tanto tempo um canto em que pudesse
Viver a eternidade imensa feita em prece
Dizendo de um amor, que em sonhos inda traço,

Quem sabe se bebendo a luz de teu abraço
A sorte num momento então visse e viesse
Minha alma sendo exposta à venda em tal quermesse
Da qual não restaria ainda um leve traço

Não fosse a fantasia embalde vaga e tola,
A cruz que inda carrego expondo a nudez. Pô-la
Aonde eu poderia com calma decifrar

O quanto nada existe em lúgubre temor,
Arcando com meu erro, exposto ao novo amor
Bebido nesta noite, em raios de luar.

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23857
Aonde se pensara apenas convulsões
Encontro finalmente a luz que procurava,
Vulcânica beleza, expressa em fogo e lava
Demonstrando divina, intensas sensações.

Pudesse ter meus pés sem algemas, grilhões
E a liberdade então, de uma alma outrora escrava
Na qual a fantasia em luzes claras lava
O tempo em que julgara exposto às ilusões,

Vencendo calmamente a fúria em desalento
Deveras outro tempo, ainda gozo e tento
Expressando no verso o amor que desejara,

Vivendo esta loucura a cada novo tempo,
Sem ter sequer mais medo, embora o contratempo
Cadenciando o passo, aos poucos curo a escara.

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23856
Voluptuosamente em ti eu mergulhei
Bebendo a falsa luz que tanto ainda emanas
E quando, temerária a sorte desenganas
Mudando a fantasia, encontro noutra grei

Os restos do passado, à sombra do que eu sei
Passando pela dor, por dias e semanas
Tristeza rapineira em águas tão mundanas
Fazendo do vazio a sua norma, a lei.

E tudo não passou de simples ilusão,
Aonde poderia em paz, a atracação
Se desde que me entendo, o velho ancoradouro

Deveras destruído, expondo nas ruínas
Realidade tosca, à qual já não dominas
E o sol deste verão; aonde, em vão me douro...

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23855
O quanto penso em crer num dia temerário
Exposto a mais cruel, terrível esperança
Que enquanto nos sacia, embalde não avança
Pudesse ter amor ainda em vida. Prepare-o.

E a sorte talvez mostre aonde eu quis sacrário
Sem medos nem engodo, a mão da temperança
Mudando a direção do dia já me alcança
E traz em alegria o amor tão necessário.

Pudesse ser real a doce fantasia
Que transforme em perdão a dor que tanto urgia
Medonho temporal; meu barco num naufrágio.

Porém o amor cobrando imensidade em ágio
Não deixa que se creia em luzes e perdão,
Matando o que pensara ainda: salvação...

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23854
A voz da morte açoda em plena tempestade
A sorte se perdeu em meio aos vãos tormentos
Aonde inda pudera em tolos pensamentos
Apenas o vazio agora inda me invade...

Sabendo da esperança, amarga e fria grade
Ouvindo mais distante; apelos e lamentos,
Pudera ter a paz, ao menos por momentos,
Talvez eu nunca visse a luz que me degrade.

Espero em ansiedade; a dor, supremo infausto
Entregue ao seu domínio, aguardo este holocausto
No qual me fiz cordeiro, insânia em plena fúria.

Do todo que vivera; encontro a solidão
E nela mergulhando ao ver esta amplidão
Minha alma apodrecida, aguardando a paz. Cure-a!

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23853
Iremos neste instante; adeuses proclamar
Aonde imaginara a paz que nos redime
A mera sensação amarga feita um crime
Entoa-se a mentira, e o vento no solar

Trazendo em dura sanha o quanto quis amar
E nada do que fora ainda o bem que estime
A mão que acaricia a mesma que me oprime
Deixando à própria sorte o quanto quis lutar...

E quando ao perceber no meio da batalha
A fúria de quem busca a sede da navalha
Exposto ao mais sombrio e trágico momento
Na angústia que se assoma, a boca escancarada
Esboço de ternura, agora não diz nada
E a sorte decomposta, apático, eu lamento...

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23852
A noite se aproxima e traz esta derrota
Que tanto eu evitara e agora se percebe.
Aonde percorrera; escura e turva sebe
A turba em fria insânia aos poucos se denota

O medo inda estampado; amargura se nota
E toda a fantasia em vão já se concebe
Enquanto a dor venal, minha alma em transe bebe
O gozo permitido, além de qualquer cota

Transforma-se em terror, mudando a direção
Dos ventos que pensara em pacificação
E agora só terror invés de calmaria

Macabras sensações, a morte se aproxima
Trazendo em voz intensa, o fim do ameno clima
Tremulando este espectro escuso em que eu vivia...

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23851
Não quero apenas crer na imensa desventura
Que tanto me maltrata e morde feito um cão,
Imaginando então as luzes que virão
E em lágrima e sorriso, o amor já não perdura.

Sentindo a mansidão, bebendo esta loucura
Adentro sem saber, imenso e fundo chão
Teimando no vazio, ainda crer no grão
Que a mão de um lavrador embalde faz cultura.

Ascendo num momento os infinitos ares
E tento procurar, embora saiba escuso
Deixando esta armadura aonde tu notares

Perpetuando a dor que tanto está presente
Escudo que em defesa, ainda – um tolo- eu uso
Arcando com o fim que em ti vida pressente...

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23850
O amor que nos tramando a sorte em firme laço
Trazendo num sorriso a paz e a redenção
Ao mesmo tempo em fogo ardendo em sedução
Tramando a fantasia aonde em ti me enlaço

Intenso fogaréu que até em mero abraço
Causando num momento imenso furacão
Da brasa mansa eu vejo as chamas que virão
Tormento tão suave, em cada verso eu traço

Usando o meu buril; invento mil palavras
Enquanto a vida ceva, o amor em que me lavras
Gerando esta loucura imersa em fantasia

Poeta, bem queria então eu te mostrava
Da fúria de um vulcão, incêndio feito em lava
Da vida, solução, que me apascentaria...

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23849
Ouvindo deste amor o som que me entorpece
Deixando à flor da pele anseios mais ferozes,
É como se talvez ainda em paz pudesse
Vencer a tempestade e as mãos destes algozes.

O amor quando demais, se faz além de prece
Enquanto caminheiro, escuto em mansas vozes
O canto que procuro e tanto me enlouquece
Deixando no passado angústias tão atrozes.

Seria muito bom poder ter a certeza
Da imensidão do rio em plena correnteza
Descendo para a foz que encontra nos teus braços,

Vivendo fartamente a imensidão da luz
No sonho mais premente o amor que nos conduz
No rastro que persigo; amenos, finos traços...

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23848
Ainda sinto ao longe o encanto da ternura
Que tanto procurara e não tendo notícias
Embora no passado envolto em tais delícias
Sabendo do terror que ainda em mim perdura,

Alçando a liberdade em forma de candura
Melodias; sonhara em mansa paz. Ouvisse-as
E terias noção do encanto que em primícias
Promete tão somente imensidão, fartura.

E assim ouvindo a voz de um tolo cantador
Que fez a sua vida envolta em tal amor
Terás dentro de ti certeza absoluta

Do quão se faz em vão a vida de quem ama,
Por mais que ainda exista, acesa última chama,
Quem tendo a fantasia, em crer no fim; reluta.

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23847
Viajo na palavra e em versos bebo a vida
Ascendo em poesia ao mundo mais feliz
Ou mesmo demonstrando a antiga cicatriz
Que embora tão distante ainda é dolorida,

E enquanto a realidade aos poucos me convida
Viver da fantasia é tudo o que mais quis
E sei que na verdade a vida se desdiz
E trago uma ilusão; encarno esta ferida.

Escrevo pelo amor de ter em liberdade
Embora com certeza o verso não agrade
Agrido-me sem ter sequer algum motivo,

Mas sei que libertária a vida do poeta
Trazendo a plenitude, e nela se completa
Nas mãos este rastelo; e por ele inda vivo...

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23846
Entrego-me ao vazio aonde ainda via
Possível ter a sorte em leves emoções
Porém a vida traz perversas sensações
Deixando para o fim a morte em agonia.

Procuro finalmente a mansa sintonia
Que possa me trazer diversas direções
Vivendo em solidão entranham-me visões
E tudo, de repente explode em fantasia.

Não posso mais negar o quanto fui feliz
Bebendo da ilusão, fantásticas loucuras
E quando a realidade; em sombras emolduras

Diverso deste todo, o verso que ora fiz
Pudesse renascer em glória e paz tão terna
A luz de um amor imenso, ainda viva, e eterna...

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23845
Envelhecendo o corpo uma alma há muito morta
Expondo em podridão aquilo que foi vida
Na decomposição a sorte adormecida
O quanto que inda resta; eu sei; já não importa.

Apenas o terror, ainda me conforta
Espero pela glória há tanto em vão, perdida,
Quem crê numa esperança e disto inda duvida
Num mar em calmaria aguarda um manso porto.

Etérea fantasia, o canto em doces tons,
A sorte se mostrando envolta nos neons
Mas sei que nada disso expressa a realidade;

Procuro em negro céu, o brilho de uma estrela
Não consigo jamais, embora busque vê-la.
Descobrir soluções, pergunto em vão, quem há de?

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23844
Vontade de morrer em meio aos tantos medos
Percebo que o vazio aos poucos me domina
E aonde imaginara a luz mais cristalina
Apenas encontrando o imenso dos degredos,

Pudesse ainda crer e ter mansa paz. Ledos
Descaminhos tendo e deles me alucina
A sorte em vagos tons enquanto em podre sina
Escondo o que podia imaginar segredos.

E quando num soneto aos vastos eu me entrego
Bebendo da aguardente amarga em rumo cego
Escondo-me em tocaia, aguardo a fúria e a fera

Percebo quão tolo o estúpido que tenta
Enfrentar os leões; a morte violenta
É tudo o que decerto ainda ao torpe espera.

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23843
Eclética emoção se desnudando agora
Trazendo avassalado o sonho que inda busco,
Embora no teu canto a luz em que me ofusco
Permite à solidão, matiz onde decora

O sonho em podridão; que sei não se demora
E tento ainda crer aonde em lusco-fusco
Um mundo que não seja amargo e um tanto brusco
Apaixonadamente o templo se decora,

Porém num desencanto amargura se dá
E vejo o que não quero aqui ou acolá
A sorte se desfaz na turba que, enigmática

Expõe a cada tempo um féretro diverso
No qual eu me sentindo entregue e quase imerso
Na voz dura e sombria o dom de estar estático...

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23842
Entregue à solidão; meu velho camarada
Depois de tanta luta o final do espetáculo
Conforme imaginara, aquém do tabernáculo
Seguindo em vago sonho entranho-me do nada

A partir do vazio eu busco uma alvorada
Dissera em poesia, um tolo e falso oráculo
A vida em desencanto; o amor sendo um obstáculo
Expressando-me em vão; a sorte abandonada.

Decifro em tal marulho as ânsias deste mar
Pudesse finalmente, o tempo decifrar
Enigmático canto, aonde em luz profana

Herético momento, em busca do prazer
Hedônico imbecil; aguarda no não ter
A noite que inda trague a paz que tanto engana...

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23840
O tempo se mostrando mais amigo,
Embora progredisse em desafeto,
Causando no passado o desabrigo,
Agora noutro encanto me completo.
Se o todo novamente assim persigo,
Nas tramas da loucura me arremeto,
E tudo o que em verdade inda consigo
Além do que dissera algo concreto,
Não pude discernir razão e gozo,
O dia se mostrando caprichoso
Demonstra as variáveis da emoção.
Enquanto me disfarço noutra senda
A sanha que procuro se desvenda
Ditames mais diversos da paixão...

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23841
Num beco sem saída me trumbico
E quebro a minha cara todo dia,
Quem faz dos seus remendos poesia
Não atingindo nunca mais o pico.
Não quero mais saber se vou ou fico
Apenas o que a sorte me diria
Mergulho o meu cantar na fantasia
E quanto mais cutuco me complico.
O berço outro esplêndido adormece
E o quadro que a verdade ainda tece
Demonstrando o vazio que virá.
Não sei o que deveras eu pretendo,
Mas quando sem saída; vou bebendo
A sorte que se molda desde já...

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23839
O quanto Amor se faz imprevidente
Mudando a direção dos nossos dias,
Aonde a realidade; poderias
A vida na verdade já te mente.
E nada no futuro se pressente
Mordazes ou sublimes alegrias
Audazes e diversas agonias
O Amor no próprio Amor já se desmente.
Assim navega contra o mar imenso,
E mesmo quando nele, ainda penso
Alçando a majestade da ilusão.
Nefastas tempestades e procelas,
Destino que em destino, Amor, tu selas,
Dizendo destes dias que virão...

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23838
Miséria não se acaba, pois sustenta
A corja mais pilantra que conheço,
O mundo é sempre assim desde o começo
Por mais que a sociedade se diz benta.

O fardo que ninguém jamais agüenta,
Pesado muitas vezes, reconheço,
Mas sei destes canalhas, o endereço
Na ação que ao próprio Cristo violenta.

Melhores dias; sei que não virão,
E tendo apocalíptica visão
Piora se fazendo mais notada

A cada novo tempo; mais imunda
Na súcia tão cruel e vagabunda
Miséria sendo sempre alimentada...

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23837
Sossega que eu te mando algum dinheiro
Depois de deduzidos estes gastos,
Terás como pensar nos teus repastos
Ao menos sentirás um breve cheiro.
E quando da verdade enfim me inteiro
O gado se fartando nos seus pastos,
Os olhos pecadores, ora castos,
Num ato tão gentil e corriqueiro...

A sopa não é sopa, tem substância
Até uns tomatinhos lá boiando,
E assim o dia segue bem mais brando

A velha burguesia em elegância
Devolvem o que roubam na surdina,
E pensam numa ação, quase divina...

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23836
Expondo um miserável pelas ruas
Arranjo alguns trocados, sempre assim,
Um belo cidadão, um querubim
Nas doações diversas, tu flutuas...

E quanto mais otário, continuas
Maiores os desejos do chupim,
Às vezes disfarçado de cupim,
Verdades peçonhentas? Não. São cruas.

Invés do desgoverno ser cobrado
Melhor é se pedir por caridade,
Assim apodrecendo a humanidade,

Livrando todo mundo do pecado,
A paz adormecendo o travesseiro,
O povo empobrecido? Um bom cordeiro...

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23835
A fome que na fome se sacia
Derrama suas marcas pela Terra,
Verdade que a verdade não encerra,
E quanto for pior, mais alegria.
O tempo em contratempo me dizia
Ganância diz trambique nesta terra
Neste alambique bêbedo se ferra
Dinheiro sempre acerta a pontaria.
Velhacos em barracos fazem festa,
E quando a podridão tal mundo gesta
Imunda cercania diz favor,
É tanta e tão profana pedição,
Na perdição fizeste a doação,
Miséria alimentando o protetor...

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23834
A chuva que chovera chuva fina
Agora chove intensa tempestade
Por mais que a chuvarada desagrade
Esta enxurrada sempre me fascina,
Chovendo o tempo todo sem parar,
Achando que esta chuva traz a sorte,
Chuvisco sei quem já nem mais suporte
Depois deste chuveiro, vem luar.
Há quanto te imagino garoando
E sabe que deveras desde quando
Garoas com cuidado tu transformas
Um aguaceiro enorme em mansidão
Já não suportaria inundação
Se até para chover existem normas...

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23833
O preço deste apreço é o desapreço?
Não faço neste caso distinção
Dissesse pelo menos sim ou não
As ordens deste encanto eu obedeço.

Mas sei que a cada passo outro tropeço
Aonde se perdeu a direção?
O tempo se mostrara qual vilão
Da sorte, por favor, qual o endereço?

Engesso-me em palavras, sigo teu
E quando este horizonte escureceu
Das nuvens fiz a chuva que é bendita

Do solo mais agreste, um lavrador
Ainda crê deveras num amor,
Por mais que ele jamais nele acredita...

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23832
Apego-me ao pecado sem perdão
E pego cada rabo de foguete,
Aonde se podia ser cadete
Apenas um soldado; capitão.
O beijo foi apenas armação
Ação de quem buscara algum banquete
E tudo no final desce o cacete
Afunda o barco e toma a direção.
Corpúsculos, crepúsculos e sinas
Opérculos, apáticos poetas
Se nada do que fazes, tu completas
Complexos os desejos mais normais.
Pecado sem perdão é safadeza,
Garanto, meu amor, uma beleza...

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23831
Um pássaro sem asas, ases guarda
Nas ancas das morenas sensuais,
Aonde se mostrou consensuais
Palavras a verdade não resguarda.
E quando o quanto mais jamais aguarda
Em meio a tais calores vós suais
Os dias são assim e sempre iguais
Por mais que vos viseis a tal vanguarda.
Enquanto em vegetais vos vegetais
Delírios das mulatas são as tais
Mortais ou imortais ao fim; podê-las
É tudo o que eu queria e vós negais,
Se não puder, deveras mais contê-las
Que faço meu amor destas estrelas?

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23830
Sem plágio, sem naufrágio, ágil sou
E sendo frágil frasco não me quebro,
O tempo quando em templo já celebro
Metáfora do quase me restou.
Debruço sobre os sóbrios e ébrios brios
E brinco com palavras, lavro a sorte
A boca desemboca tal suporte
Causando quando em vez os calafrios.
Calabares pescara, escara funda
Os velhos escafandros, antros entram.
E quando neste antanho se concentram
Abaixa-se demais, mostrando bunda.
O povo não reprova cada prova
Comprova que soneto não é trova...

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23829
Nos arvoredos; idas entre as vindas
Bem vindas ilusões dizem do pouco
Aonde em fantasia fico rouco
Enquanto tu desfilas e deslindas
As ondas nas marés por mais infindas
Formando a maravilha em que treslouco
Pudesse ser ao menos quase mouco,
Belezas com as quais ainda brindas.
Metódicos sonetos, atos ouço
E teimo num etéreo calabouço
Algemas me transmitem versos frios.
E o tema que em problema não desfaço
Bebendo do meu verso cada espaço
Mexendo assim deveras com meus brios...

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23828
A forma pela forma sendo norma
Metade diz que sim outra diz não
E aonde se centrara a decisão
Apenas pena vária te deforma.
E nada do que teimo já me informa
Se peso mais um pouco a minha mão
O beijo transformado no formão
Perfomance diversa mundo forma.

Dormindo sobre penas, pobres gansos,
Os dias entre chuvas sem remansos
Alcanço o que não cansa, e já me diz.
O palco se ilumina a mina esgota
Abrindo das represas a compota
Inundo do que outrora quis feliz...

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23827
Se aprumo ou se não prumo o rumo busco
Aonde não podia ser disperso,
E quando noutros termos desconverso
O quanto de mim mesmo sei mais brusco,
No peso do passado ainda ofusco
O que não poderia crer imerso,
Serpente se mostrando onde disperso
O pensamento eterno lusco-fusco.

Pereço quando faço o que não quero,
Mereço pelo menos bem mais fero
O férreo desafio ser ao menos.
O quanto desfiara dos teus dias,
Bem sei que tantas vezes desafias
Os tempos mais felizes e serenos...

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23826
Semânticas diversas, sendo assim,
Românticos os versos que fizeste
Aonde se pensara mais agreste
A chuva vem molhando o teu jardim.
Jazigos entre pedras e florais,
Ascendo aos teus encantos, meus tormentos
E deixo-me levar pelos momentos
Aonde desejara ter jamais
O ser e o nunca ser; dúvida traz
Questões muito comuns; não mais adentro
Queria na verdade ser o centro
E o cetro depois disso diz a paz.
Apaziguada fera que carrego,
O amor mesmo sincero segue cego...

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23826
Ouviram vozes tantas, medos fartos
E nada do que outrora se fez paz
Agora se mostrando mais capaz
Invade sem saber, salas e quartos,
Os dias em que foram feitos partos
No tempo a fantasia já desfaz
O que pensara ser inda mordaz,
Já não mais os queria então, reparto-os.
Sigo assim mergulhando no vazio
E o vendaval, quimera que desfio,
Desfiro como um golpe à flor da pele.
No peito esta medalha feita em tiro,
Se tudo o que não quero inda prefiro,
Ao longo descaminho me compele...

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23825
Atento aos mais profundos sentimentos
Adentro os meus engodos e disfarço,
Se tudo o que me prende é um cadarço,
Alcanço desafetos, desalentos.
E enquanto ainda tenho brisas, ventos
Os dias entre os dias; sigo esparso
E tudo o que pudera, fera esgarço
Galgando mais velozes pensamentos.
Atestam-se momentos que não pude,
E mentalizo a sorte feito um grude
Que ancora barcos vários, tempestades.
Não peço-te perdão e nem defino
O que se fosse audaz ou cristalino
Importa-me bem pouco que te agrades...

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23824
Estímulos diversos me afetando
O tanto verso quanto não me vejo
E sendo sempre à custa de um desejo
O quanto se fizera o mesmo quando.

E beijo tuas mãos, amanso o brando
E sendo mais profético prevejo
O quadro que diverge do lampejo
Aonde quis a vida despejando.

Oprime-me o primor do quase ser
Encontro o tanto ainda me gradua
Mineiramente bebo a luz da lua

E sei reconhecer o seu poder.
No palco aonde quis iluminado
O tempo se mostrara ultrapassado.

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23823
Expondo esta ossatura imagem de um demônio
Estende-se no leito, envolto em ar sombrio,
A morte se aproxima, e enquanto a desafio
O riso em ironia; último patrimônio.

A pele se esgarçando, a vida de um campônio
Entregue à sua lavra, em larvas já desfio
O quanto desejara e o tempo tão vazio
Atônito e voraz aonde eu quis idôneo

Mas quando a vida traz ainda algum suspiro,
Minha alma em forma bruta expõe a sua face
Procura a salvação enquanto a vista embace

Um náufrago somente, e enquanto inda respiro
Bebendo do sarcasmo, exponho-me deveras
Que tanto se fez lobo agora entregue às feras...

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23822
Não posso me calar enquanto a fúria volta
E tomando de assalto o coração insone
Por mais que a fantasia ainda reste e abone
A vida se transforma e envolto em tal revolta

Minha alma apodrecida, as mãos dos sonhos solta
Enquanto a solidão impede que abandone
A senda em que talvez uma alegria clone
E muda cada fase, o amor sendo esta escolta.

Mas vejo que afinal o corpo se desfaz
Deixando esta carcaça aos rapineiros lobos,
Em torno deste verme, os sentimentos probos

Ainda que distante, avista-se na paz
O que talvez pudesse enfim me redimir,
Porém cedo se amarga o que fora porvir...

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23821
Enfrento dentro da alma angústia e sofrimento
Vou reduzido ao pó do qual não deveria
Jamais ser transformado em vida; onde se cria
A sorte se perdendo. O quanto já lamento

O dia que se foi redoma o pensamento
E a noite se transforma e torna-se sombria
Recebo em desalento o mundo em que queria
Invés da solidão, liberto sentimento.

Sentindo envilecida a sorte em turvas águas,
Restando deste encanto apenas frias mágoas
Deságuo nesta foz aonde se fez trágico

O caminho em que buscara ao menos claridade
Agora o desafeto e o medo que me invade
Mudando o meu destino, anteriormente mágico...

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23820
Impotência tomando o coração senil
Além desta esperança aonde eu poderia
Viver a plenitude envolta em fantasia,
Diverso do que outrora o sonhador previu

Estúpida memória aguarda o final vil
De quem há tanto tempo enfrenta a noite fria
Esboço a reação; porém tal vilania
Não deixa que prossiga embora vá gentil

O término da vida, angústia sem limites
No desamor completo, aquém do que credites
Auspiciosamente o mundo ainda traz

Num riso semi-roto, aurora em tal neblina
Enquanto uma alma tenta a luz mais cristalina
Buscando em desespero, ao menos certa paz...

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23819
Quando imortalidade enfim puder tocar
De amores, a saudade expressa em tal beleza
Incontestavelmente o encanto e a grandeza
De um sonho que permita aos raios do luar

Perceber a delícia envolta neste amar
Além da própria vida entendo tal leveza
Indubitavelmente o mundo que se preza
Transcende a realidade invade o imaginar.

E assim perceberei que tudo se fez raro,
No gozo mais sublime o verso em que declaro
As magas sensações esmagam cada medo

E sei que tanta luz há de brilhar eterna,
Minha alma se entregando ao canto que se externa
Defronte a tanta luz, não luto e manso cedo...

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23818
Se deste sentimento ardentes ilusões
Moldando o que seria um tempo mais tranqüilo
Vivendo a nossa história em vastas dimensões
O quando se deseja em novo e claro estilo

Trazendo no seu bojo o bem das emoções.
Não posso me calar defronte o amor. Senti-lo
É ter esta certeza envolta em seduções
De um mundo mais feliz no qual me desopilo.

E sigo em verso manso a direção de um rio
Chegando então à foz, o mar eu desafio
Desfio na palavra o tempo em que pretendo

Ter nas mãos a verdade e a paz que me transforme
Um ser outrora frio, um coração disforme
Encontra na alegria, imenso dividendo...

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23817
No imenso frenesi procuro a calmaria
Aonde talvez fosse um pouco mais suave
A vida que tentei sem ter maior entrave
Num terno desejar; que me renovaria.

Porém em vasta senda, amarga fantasia
Na qual realidade a estaca fria crave
Trazendo então a dor; a liberdade, uma ave
Sem grades nem temor em doce sintonia.

Distante do que posso; ausente de esperança
Vislumbro a claridade e nela o sonho lança
Num último lamento um brado que redima

Abrindo este caminho aonde eu possa ter
Além de um sonho tolo, as tramas de um prazer
Moldado em alegria, em vida e farta estima.

23901 a 23950
23950
Aventando uma sorte expressa em luz sombria,
Aonde se fez calma a rota tempestade
E o gosto do vazio ainda chega e invade,
Mostrando a realidade imersa em fantasia,

Na sorte que buscara a dor que não queria,
O mar sempre bravio; ausente liberdade,
Nas mãos do cantador a voz que desagrade
Emoldurando assim, o que fora utopia.

Arcar com cada engano e teimar prosseguir,
Negando desde já qualquer doce porvir,
Assim, não poderei sentir outra emoção,

Já que não mais traria o quadro que me alente,
Caminhos em que eu ande, eu finjo estar contente
Sabendo que depois, borrascas voltarão...

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23949
Fechado dentro em mim oceano sombrio
Nefasta sinfonia expondo a morte em vida
Estátua do vazio, aos poucos consumida,
Esculpo deste mar, em mármol duro e frio

Auto retrato aonde; os engodos desfio.
Por mais que esta desdita, ataque e mesmo agrida,
A solução; não vindo, o apocalipse cria
Do velho tabernáculo um campo nu, vazio.

Ensimesmado e quieto, atrozes dias passo,
Deste universo imenso, apenas leve traço,
Rascunho concebido em simples garatuja.

Fantoche que se expõe um tosco caricato,
O Fado traiçoeiro, insano eu desacato
Minha alma apodrecida, agora, imunda e suja...

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23948
Os dias turvos; tenho, ainda dentro da alma
Eterna viajante em busca do infinito,
Aonde se escondera eu tento e não me omito
Sabendo que o amor; deveras sempre acalma.

Não quero imaginar a dor, terrível trauma
Que agora transformada, apenas neste mito,
Não deixa que eu explane, em brado, sonho ou grito,
Mantendo-se distante, onde encontrara a calma.

Perguntas sem resposta, a vida não permite,
E tudo o que eu conheço, expõe no seu limite
A realidade tosca à qual já não enfrento,

Moldado pela foice, o corte da navalha,
A mão já calejada entrega quem trabalha,
Ferida se aprofunda, agora em vão tormento...

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23947
Inócua resistência aonde eu quis um dia
Mostrar algum poder; disforme sonhador,
Bebendo desta fonte até se recompor
O que talvez transforme o mundo que eu queria.

Atento ao caminhar, a tola poesia
Permite que se veja um dia num sol-pôr
Matizes tão sutis que mostrem num amor
A senda mais brilhante, exposta em fantasia.

Romântico fantoche, atravessando o tempo
A cada nova curva, um novo contratempo
E assim vou procurando ao menos quem me queira,

Esgoto minha força, a busca sendo inútil,
O coração se mostra agora bem mais fútil,
Mas traz esta esperança, amiga e companheira...

posted by MARCOS LOURES at Domingo, Janeiro 31, 2010 0 comments links to this post
23946
Por mares navegando em busca de algum cais
Antigo timoneiro esconde-se do frio,
E o medo do não ter; enfrento e desafio
Por mais que a vida mostre e grite: nunca mais.

Os dias do passado, as noites magistrais
A lua sertaneja, o tempo que desfio
A mansidão da sombra argêntea sobre o rio
Viagens sem limite, em astros siderais.

O gozo da vitória, a história não tem fim,
Quem dera, meu amor, a vida fosse assim,
Mas sabe o navegante aonde o seu tesouro

Perdido em ilha imensa, agora tão distante
E mesmo que oceano ainda belo; encante
O barco não tem força e busca ancoradouro...

posted by MARCOS LOURES at Domingo, Janeiro 31, 2010 1 comments links to this post
23945
Pudesse ter do sol, fogo equatorial
Traria o brilho farto aonde recompenso
Os erros do passado, este terror imenso,
Momento de alegria, em paz fenomenal.

Mas quando vejo a sorte envolta em baixo astral
Percorro sem saber um mundo amargo e tenso,
E mesmo num vazio, ainda temo e penso,
E traiçoeiramente a vida, então, banal.

Já não suporto mais hibernar sem proveito,
As ordens do senhor, amor eu sempre aceito,
E nada me impedindo até de imaginar

Que o tempo se permite ainda em crer possível
Um templo feito em luz, diverso do irascível
Caminho que prevejo: ausente luz solar...

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23944
Cadenciando a vida, encontro a paz que quero,
Não posso me furtar à dura realidade
Por mais que um verso tolo ainda não te agrade,
Encontro neste mundo, o rosto amargo e fero

Mostrando a todo mundo o quanto duro e austero
Porém traduz assim a luz de uma verdade
Que molda sem saber a cruz sem liberdade
Matando a cada dia, o mundo que inda espero

Aonde eu possa então cantar sem ter censura,
A sorte imaginada aonde se procura
Trazendo uma alegria ao coração ferido,

Ainda sendo belo o nobre amanhecer
Que é feito em claridade e traz farto prazer
Expressando este amor, cinzel com o qual lido

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23943
Meu verso diz da trama aonde eu te encontrei
Vagando sem destino uma estrela perdida
Que jamais poderia encontrar a saída
Do imenso labirinto aonde o medo é lei,

Dourado brilho farto, iluminando a grei,
Que tanto imaginara, em plena despedida,
Agora vejo enfim, a glória concebida
Mudando este destino aonde vão, tracei.

Escrevo num soneto o quanto desejara
Amor em noite imensa, intensa, bela e clara,
Apenas por saber da vida que se faz

Enquanto ainda sonho, o mundo se revolta
A sombra do passado, aonde encontro escolta
Permite que se pense ausente e louca paz...

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23942
Pudesse transformar a perda em algum ganho
Não sofreria tanto e enquanto houvesse chance
Visagem se moldando a cada bom nuance
A dor já se esvaindo e o medo agora, estranho.

A queda se prepara, e nela não me banho
Aonde se imagina e amor; portanto alcance
Eu posso imaginar um redentor romance
Nas ondas do poema, embarco e já me assanho.

Assim navegador que sabe a correnteza
Não teme maremoto e encara a natureza
Sabendo respeitar anseios e limites.

Por isso é que eu te peço, e nisto não segredo,
Que à sorte não entregue o mapa deste enredo,
E que afinal querida em mim tu acredites..

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23941
Imagético sonho exposto na paisagem
Qual fora simplesmente um ato insano e vil
O quadro se desfaz aonde repartiu
O lúdico prazer, sem ter quem inda ultrajem

Corvos que de Allan Poe crocitam tal miragem,
Traçando sobre o busto em tétrico e sutil,
Mas desalentador cenário em que se viu
Apenas o vazio, estática estalagem.

Assim faço da vida a flâmula dispersa
Sobre a qual meu canto, ainda teima e versa
Espasmo convulsivo, insano caminhar,

Bebendo deste espectro aonde o nunca mais
Explode-se num rito, ondas fenomenais
Moldando o meu futuro em noites sem luar...

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23940
Sarcasmos entre riso; irônico e estridente
Assoma-se o terror e nele me encaixando
A vida qual uma ave exposta em negro bando
Devora mais voraz, e mostra-se envolvente

Aonde quer que eu vá, por mais que ainda ausente
Estende-se sombria apátrida fadando
A sorte da querência, um mundo bem mais brando
Helênica traição ao fundo se pressente.

Aquiliana glória expondo o calcanhar
Aonde fragilmente houvera sem pensar
Histriônico gozo esgueira-se entre cruzes

Deixando um rito atônito aonde se buscara
Homérica epopéia, adentrando esta escara
Expondo no canteiro, abrolhos entre as urzes...

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23939
Execrável caminho; humanidade trilha
Excêntricos, sutis, exacerbados ritos
Esguia criatura encilha velhos mitos
E nada do que fora, ainda vive e brilha,

A morte se expandindo aonde esta matilha
Expõe em dissabor os asquerosos gritos,
Os dias que tentara alçar bens infinitos
Morrendo neste tédio, a vida; uma armadilha

Lacustre placidez, apenas utopia
Herético e profano, o dito ser humano
Aonde se esperava até sabedoria

O rio desta foz, aos poucos já desvia
Da funesta heresia, estúpido me ufano
Traçando invés de paz, dor, incúria, agonia...

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23938
Dos versos e versões violas e volteios
Aonde perseguira apenas os caminhos
Adentro sem saber os mais audazes ninhos,
E o sonho passarinho, explora novos veios.

Aonde se mostrara apenas meus anseios
Agora se moldando os dias mais sozinhos,
Expresso a solidão, em busca de vizinhos,
Mas nada tendo então, retorno aos meus receios.

Nos recreios de uma alma aonde em cristalina
Luz se imaginara a sorte que fascina
E nada tendo então, descrevo a sorte ausente

E bebo desta vida, uma amarga aguardente
Aguardando calado; a luz que me apascente
Enquanto o nada ter, deveras me ilumina...

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23937
Austera maravilha em áurea luz composta,
Ascendo ao teu caminho, estrela radiosa,
E a noite se devassa e enquanto a deusa goza
Desnuda-se a beleza, e assim se mostra exposta.

Encontro neste encanto a mais plena resposta
E sorvo cada gota, esgoto a fonte airosa
Brilho espetacular, lúbrica e caprichosa
Num ar mais provocante alma orgástica posta.

Exímio timoneiro, o cais eu reconheço
E bebo desta mina até que saciada
Amante em luzes farta encontra na alvorada

Querendo desde já o insano recomeço
E ao lasso cavaleiro, enlaça-se a princesa
Acesa essa ardentia, a fera espreita a presa;

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23936
Suprema maravilha adivinhada em gozo
Moldando esta beleza, em tons argênteos claros
Flavos cabelos; tens. Destes matizes raros
Em sonhos divinais o encanto mavioso,

Aonde se mostrara um ar mais caprichoso
A brônzea e bela tez, dos solares amparos
Esboça-se suprema, aonde outrora amaros
Caminhos mais sutis, num ar voluptuoso.

Esgueiro-me na noite e adentrando teu quarto,
Da sílfide sublime, agora não me aparto
E bebo a claridade emanada de ti

Efervescência plena; esgota-se em si mesma
Minha alma seduzida; encanta-se e ensimesma
Sorvendo essa elegância expressa imensa, aqui...

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23935
Deslumbra-me a Natura exposta nua e bela,
E quando em verso audaz expresso esta emoção
Numa ávida loucura a vida; ebulição,
Num átimo se entrega e a paz já se revela.

Aonde se tecesse a mais sublime tela
A sorte se emoldura e traz a explicação
Assoma-se a beleza incrível sedução
E esse corcel do sonho, amor deveras sela.

Adentro com meu verso o cenário sutil
Aonde se mostrara intensa a luz se viu
O brilho encantador, essencialmente raro

Na trama em dramas feita, o amor nos apascenta
E a chama que devora, em brasas violenta
Expondo num anseio, o amor que ora declaro...

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23934
Delírio de um poeta, exposta em galeria
A vida não passara ainda do vazio
E neste vago tom estóico ainda crio
O quase que talvez trouxesse uma alegria,

As asas que não tenho; o sonho fantasia
E neste sonho eu vejo um mundo que desfio
Em verso e vastidão, num tom de desafio
Atrevo-me a pensar, sutil melancolia.

Exímio sedutor, o amor se maculando
Aflora-se em loucura o que já fora brando
E tudo não passando apenas de promessa.

O peso entesa as mãos e o tempo desampara,
Aclara-se em perdão, a sorte assaz amara
E a sanha desse encanto, em cantos recomeça...

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23933
Voláteis sensações em asas libertárias
Presença anunciada, assaz maravilhosa
Encilho o meu corcel, anseio seda e rosa
Ascendo assim ao céu; em sinas procelárias,

Acesa essa luzerna expondo as adversárias
Excita-se em fulgor a ausência caprichosa
Das estrelas sutis, a sorte ensina e glosa
Cenário sedutor, espessas luminárias.

Escassas ilusões, a senda se desvenda
E sendo o que se sonha, assoma-se essa lenda
Em sombras o vazio expressa a solidão,

Mas servo dessa luz; sensíveis sons; escuto,
Excêntrica sonata; um ás sonoro e arguto
Essencialmente expõe estranha solução...

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23932
Num êxtase profano, açoda-me o desejo
E beijo mansamente a boca que se expõe
O amor que fartamente amor cedo compõe
Permite mavioso orgasmo que antevejo.

Em coralinos tons, lençóis, sedas; prevejo
Uma explosão soberba e nela já se põe
Tecida em raro brilho, a luz que recompõe
Luar catuliano, um sonho sertanejo.

A senda sempre flórea esgota-se em tais dons
Na formidável noite, envolvem-me mil sons.
Hedônica loucura atraindo faróis

Em êxtase percorro a madrugada e insone
Permito que amargura, ao largo já ressone
Bebendo numa aurora a fúria feita em sóis...

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23931
Láctea maravilha exposta em noite clara
Adentrando meu quarto; imensa alegoria
Poética ternura, uma alma fantasia
E o verso em luz intensa, imensidade aclara.

Brilhante sedutora, a lúdica ardentia
Qual fora perolada, uma jóia tão rara
Na sideral beleza o amor pleno declara
Na voz do sonhador, etérea melodia.

Plangência se denota em lúbricas canções,
Emaranhados tece a luz em tais visões
Versando em vários tons atônito cantor

Desnudam-se na noite, esplêndidos novelos,
Que simplesmente até, somente por revê-los
Revela-se o corcel denominado amor...

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23930
Rebrilha em mansidão volátil luz, mas farta
Parábola descreve antes do tombo e queda
E quando no vazio a vida em vão se enreda
A sorte fragilmente a mente já descarta.

O quanto deste sonho a realidade aparta
Na mão que acaricia o olhar jamais se veda
Ruína da emoção, tempo enfim depreda,
Na manga se escondendo a derradeira carta.

Eclode a nebulosa e forma nova estrela,
Aportam-se sutis; as luzes. Ao revê-la
Lembrando-me venal do fogaréu intenso
Incendiando, inglório, arcando com terrores
Jamais eu julgaria antes de recompores;
Mas hoje ao te rever na solidão, eu penso...

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23929
Imerso na loucura expressa em fantasia
Adentro o vago mundo aonde eu talvez fosse
Além de mero ser por vezes agridoce
O quase que em verdade em versos se recria.

Enlanguescidamente o olhar profano guia
E molda o que pensara um fóssil que se trouxe
Dum tempo feito em luz que agora em vão; findou-se
Tramando escuridão noturna alegoria,

Herético caminho algoz de cada passo,
Hermético desejo um rebuscado traço
Esgoto-me na fera, aguardo atocaiado

O quanto do que fora eu mesmo já desfaço,
E embora mais venal, arguto, porém lasso,
Escondo dentro em mim, as sombras do passado...

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23928
Se queres inda ou não, que faço senão ir
Buscando a minha própria amarga desventura
Nas mãos de quem outrora eu percebera a cura
Somente este vazio estampando o porvir.

Mesquinho descaminho aonde prosseguir
Se enfim a tal desdita em lágrimas perdura,
A noite que me traz uma alma em treva, escura
Deveras já me impele; então devo partir...

Não deixo nem a sombra ou rastro que inda possa
Falar de uma alegria, antigamente nossa
E agora se mostrando em pálida expressão.

Do solo que julgara um fértil, doce abrigo
Encontro esta aridez, deveras não consigo
Sequer saber dos cais que os barcos não terão.

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23927
Já não suportaria o grande desafeto
Que tu me demonstraste ao negar a esperança,
E quando em mar sombrio uma alma enfim se lança
O gozo do passado, em mágoas, eu repleto.

Não pude perceber do outrora predileto
Caminho sobre o qual a vida já balança
E o tempo se transforma e sinto na mudança
O quanto que perdi no sórdido concreto

Granítica verdade esconde a fantasia
Enquanto no passado, estúpido trazia
No olhar torpe sorriso; agora lacrimejo

Expondo enfim tão nua a clara realidade
Sem ter sequer nas mãos a luz que ainda aguarde
O tolo caminheiro envolto num desejo...

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23926
Globalizado mundo e eu seguindo disperso
Ainda preso ao tempo insólito tutor
Penando por pensar se ainda existe amor,
Esqueço a realidade e volto ao velho verso.

E quando no passado adentro e sigo imerso
Volvendo a ter no olhar, diversa e opaca cor,
Quem dera se pudesse ainda no sol-pôr
Trazer para um soneto a luz deste universo.

Mas sei que na verdade, ultrapassado e velho,
Cadáver de um poeta, um vago escaravelho
Medonha criatura, em naftalina, eu guardo

A foto em preto e branco aonde me desnudo,
Empoeirado verso; eu sei quanto me iludo
Globalizado mundo: imenso e duro fardo...

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23925
Não posso me calar ao ver tantos desdéns
Aonde eu poderia um dia até compor
Um verso em que talvez dissesse de um amor
Embora na verdade, eu sei que não conténs.

Vendido numa esquina até por uns vinténs
O amor que me deste, incrível sedutor,
No fundo não valia e, mesmo tentador,
Já não traduziria os sonhos, raros bens.

Mesclando a realidade em tons fantasiosos,
Os versos que mandaste, eu sei tão mentirosos
Mergulhos num abismo; aonde se percebe

A podridão escusa em lágrimas e risos,
Apenas no final, enormes prejuízos
E o fim da longa estrada, uma espinhosa sebe...

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23924
Tomado pela dor, em pleno esquecimento
Não pude prosseguir, vasculho meus guardados,
Os sonhos nada são senão dias mofados
Nem mesmo a poesia ainda traz alento

A quem já se perdeu; por isso não sustento
Com canto e fantasia, os tempos já passados,
Aonde eu poderia, entregue às sinas, Fados,
O mar que quis suave agora é turbulento...

No vento e na vertente aonde me envolvera
A Morte se aproxima e quando num desdém
A sorte nega o sumo e apenas vão contém

A vida se desmancha, a vela feita em cera
Ao fogaréu do gozo, expõe-se em louco cio,
Porém a realidade apaga algum pavio...

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23923
O nada se apresenta e mostra o quanto em nada
A vida se transforma após a tempestade
A cada tempo eu vejo o quanto se degrade
Quem busca a solução há tanto abandonada.

Pudera ter no olhar a sublime florada,
Porém se no jardim a seca chega e invade
Não resta do que outrora imaginei verdade
Sequer algum perfume em flor despetalada.

Mesquinharias são comuns e recorrentes,
Atando-me em galés, algemas e correntes
Não posso nem talvez pensar na libertária

Manhã que não virá, pois sei da noite eterna
E enquanto me esvazio, a vida amarga inverna
O que pensara ser imensa luminária...

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23922
Rasgando o coração; expondo a nu meu sonho
Em volta do que fora outrora uma ilusão,
Esgota-se em si mesmo, o gozo da paixão,
E nele cada verso em que me recomponho,

Abarco nesta noite o vago e tão medonho
Momento do vazio, exposto em explosão
Marcado pela dor, incrível sedução
Ao mesmo tempo em gozo um mar turvo e tristonho.

Açoda-me a borrasca e nela vejo ao fundo
Abismo sem medida e quando me aprofundo
Em água turbulenta a escuridão se faz.

Mascaro com soneto o quadro mais cruel,
Minha alma se tornando a torre de Babel,
Vagando sem destino; ausência busca a paz...

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23921
Dizer do que sonhei em noites turbulentas
Ao mesmo tempo eu sei o quanto nada faço
Senão seguir o rumo e traço em cada passo
As horas mais sutis enquanto me apascentas.

Pudesse contornar estradas violentas
A sorte vai moldando usando o seu compasso
Um novo amanhecer, bisonho em cada traço,
Aguardo este final afastando tormentas.

Entoas com carinho as mais belas cantigas
A dor que me tortura enquanto desabrigas
Não deixa que eu perceba ao fim uma saída,

Eterno labirinto, o amor não tem respostas,
E quando nos retalha, as carnes sendo expostas
Traduz o sem sentido e nisto molda a vida...

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23920
Nos versos me desnudo e mostro quem eu sou,
Protejo-me da fera a quem já me entreguei,
E moldo com palavra um templo em cada grei,
Aonde tanta vez, a sorte me encontrou

E quando me pergunto, esqueço se inda vou,
Mas tudo na verdade, é como eu te falei,
A poesia é ópio e traça a própria lei,
Anárquica e sensata, eclode em “body and soul”.

Vagando sobre o tema, aonde poderia
Vestindo a minha pele, apenas fantasia
Ou mesmo andando nu à noite na calada,

Metáfora, lirismo, expressão do não ser
Nas mãos com ironia, a vida ao bel prazer
Do tudo que não pude ao mais provável nada...

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23919
Olhando neste espelho eu vejo o que em verdade
Talvez até pareça a ti um pedregulho,
E quando ensimesmado eu busco num mergulho
O quanto a vida traz e até já não agrade

A quem procura a paz, ausente realidade,
Poeta sem critério; expresso-me no entulho,
Mas sei que disto tudo, ainda sinto orgulho
Por mais que nada veja; a luz assim me invade.

Eu quero ser somente um velho passarinho
Voando mansamente em busca de algum ninho,
Se tudo o que já fiz um nada representa,

Essencialmente sou; deveras, um poeta
E tendo a fantasia uma ardilosa meta,
Por onde há calmaria, uma onda violenta.

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23918
Eu sei que cada verso; uma expressão de dor,
Traduz a mesma história em repetidas cenas,
Assim ao prosseguir expondo minhas penas
Repito na verdade, a luz do desamor.

E quando novamente um novo amo, compor,
Enquanto em calmaria, eu sei que me serenas
As noites voltarão a serem mais amenas,
E assim continuamente espinho dita a flor.

Excêntrico caminho, amor não mais suporta,
Na mansidão abrindo e expondo qualquer porta
Permite ao andarilho a paz de um tenro abrigo.

Tempestuosamente a vida não se acalma,
Num ir e vir contínuo expressando minha alma
A paz tão necessária, insano, eu não consigo...

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23917
Crisântemos, jasmins, verbenas, violetas
Canteiros da esperança; aonde eu cultivara
A flor mais desejada, a orquídea bela e rara,
Apenas aridez; nos dias que prometas

Além deste vazio, as cores dos planetas
No infinito sonho, a sorte não me aclara
E o tempo se escoando, aos sonhos, desampara.
Descrevendo este nada, empunho estas canetas

E sei que na verdade ao fim, a solidão
Tomando cada espaço, as nuvens que virão
Trarão a tempestade e nela o vento frio.

Medonha fantasia, escombros do que fui,
Castelo de esperança, ao vendaval se rui
Daninhas ervas, urze; apenas o que eu crio...

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23916
Durante a minha vida; amenos dias; tive
Mas quando conheci a deusa feita em luz,
Beleza que envolvente, aconchega e produz
Incandescência e brilho; eu já não me contive.

Eu sei que quem deseja o amor que inda não vive
É como um tolo louco, às vésperas da cruz,
Como algum doente aguarda pelo SUS
Vivendo de um passado embora nunca estive.

Arcar com o delírio imposto pelo amor
Sem nada que receba; o que mais vou propor?
Seguir em manso passo em pleno temporal?

Não posso mais conter a lágrima e o anseio,
O dia que virá; a sorte que receio
O medo em cada olhar, insano ritual...

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23915
Enlouquecido sigo os rastros que deixaste
Ainda não consigo a plena liberdade
O amor quando demais, eterna e firme grade
Causando a quem deseja a dor feita em desgaste

E a luz quando na treva encontra-se em contraste
Percebo que perdendo aos poucos qualidade
A vida é como um mar que uma alma cega nade
Mordaz, sem poesia, assim o que legaste.

Insânia se entornando, apenas um tormento
Aonde imaginara a paz procuro e tento
Encontra um vestígio e nada me responde.

No quanto ainda posso, uma alma vaga crê
Procuro cada rastro, em vão busco e cadê?
Estrela vida ou morte; eu teimo, mas aonde?

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23914
Meus versos deste amor apenas são escravos,
E quando renegado, esqueço a própria vida
No imenso caminhar, a rota já perdida
Aonde quis roseira, apenas lírios, cravos.

Invés de um riso manso, ausentes desagravos
Adentra-me o vazio, a paz sempre esquecida,
Mortalha se prepara em lágrimas tecida
Do lago em placidez, mares em fúria, bravos;

Assim não poderia então pensar que tudo
Não fosse; na verdade, aquém do quão me iludo
Podendo-me despir do que fora ternura.

Usando o mesmo luto; eterno companheiro,
E quando do vazio, em trevas eu me inteiro
O rio sem ter foz, na lástima eu perduro...

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23913
Num último suspiro, as dores e alegrias
Se dicotomizando expõem nossa nudez
E dela se percebe, a própria insensatez
Conforme em outro tempo, ainda proferias.

No quanto se demonstra em vagas profecias
O todo que na vida em momentos se fez
Permite-me dizer além do que tu crês
A sideral beleza em luzes, fantasias.

Assíduo navegante em meio aos temporais
Perguntas sem resposta, ausente ou parco cais.
Satânico caminho ou lúdica esperança?

Só restando de tudo, a mesma indagação
Se luz ou treva, cor. Aos dias que virão
O olhar ensimesmado à dúvida se lança...

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23912
Do amor que nesta vida ainda desfrutara
Vivendo em poesia a sorte de te ter
E nela com loucura, um grã, doce prazer
Comendo desta fruta amena e sempre rara.

No beijo que me deste o amor já se escancara
E molda este futuro expresso em manso ser
Vivenciando assim o quanto posso crer
Na fonte que não cessa e traz uma água clara.

Potável caminhar em luas, prata e sol,
No encanto deste olhar, a fúria de um farol
Que embora em noite escura; emite em tons brilhosos

A cândida delícia em versos desnudada
Trazendo em claridade, a bela e terna estrada
Num átimo desfia em tons voluptuosos...

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23911
A luz que assim se emana expressando a raiz
Demonstra em tons suaves o quanto prazeroso
É ter nas mãos o fogo e nele o próprio gozo
Momento auspicioso aonde estou feliz.

A base demonstrando o que deveras quis
Por mais que isto pareça um pouco caprichoso
Esqueço-me da fera e bebo o majestoso
Caminho sem tocaia, o céu em seu matiz.

Por vezes me defendo usando da palavra
Que quem com tal denodo; aguarda e sempre lavra
E tendo em mansidão a fonte quase lúdica.

Do amor que sei divino e mostra-se tranqüilo
Por onde o caminhar na paz que ora desfilo
Deixando para trás o tom feérico e lúbrico...

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23910
Nascemos e depois em ritmo alucinante
A sorte nos conduz à mera persistência
Tomando por exemplo a própria resistência
O tempo prosseguindo, agora, ontem e avante.

Tampouco feito um livro esquecido na estante
O gozo de um prazer, e nele a penitência
Do quanto se transforma e molda-se a ciência
Um rito que denota o quanto é triunfante

O parto que refaz o riso após o pranto
E nele com certeza, ainda um raro encanto
Do qual se tem o brilho após a noite escura,

Essencial caminho aonde se percebe
O variável tom expressa o rumo e a sebe
Aonde imagem turva ainda assim perdura...

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23909
A carne se apodrece e dela se refaz
A vida que dá vida e morte ressurgida
Após o que seria apenas simples vida
E da continuidade eternidade traz.

Não posso mais negar, por ser um incapaz
Esta verdade plena em norma concebida
Uma existência clara embora construída
Por sobre base opaca extrema unção da paz.

Urdindo em dor e pranto a etérea e vã matéria
Em átomos composta eternamente. Espere-a
E verás depois disso o quanto ainda existe

Num infindável ritmo expressa-se a verdade
Que a cada renascer incorporando invade
E sobre a Terra a vida, em vida sempre insiste..

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23908
Deveras proibindo algum grande prazer
É que se, escravizando assim se tem domínio
E desta forma vejo aquém de algum fascínio
A história do pecado e aonde me faz crer

Que após a liberdade existe algum poder
E nele a realidade um fogo traz. Domine-o
E tudo será teu. Pois então; incrimine-o
E terás com certeza o que não podes ter

Usando da razão, espécie em extinção
Vagando sobre tudo, o amor feito em perdão.
E nisto se moldando um mundo mais complexo.

A Igreja soberana impede desta forma
Já que comer, beber; são da existência, norma,
Mais fácil proibir o prazer feito em sexo.

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23907
ETERNIDADE

Para muitos um conceito meramente filosófico
Que transcende o espaço e não se mede pelo tempo
Seu verdadeiro sentido é sublime e *acrosófico
Debatê-lo é envolver-se num terrível contratempo.

Ela é antes do princípio e seu fim é inexistente
Nada há que a supere, nem sequer por um momento:
Ela é da mesma essência que o Deus Onipotente
Pois, Ele é antes de tudo; e é maior que o firmamento.

Do infinito ela é a linha que flui de forma eterna
Sem sucessão de momentos, sem sofrer alterações
Atrelada ao próprio tempo, ela é mui subalterna.

Sobre o assunto eternidade, não cabe comparações
Pois o tema é mui profundo e de beleza superna
Que encanta nossas almas e os nossos corações.

*acrosófico: palavra derivada de acrosofia cujo significado é: a
suprema sabedoria, a sabedoria divina, portanto, no soneto traz o
sentido de ligado à suprema sabedoria; à sabedoria divina.
NATHANPOETA. Abraços


Nossa fragilidade expressa em lusco-fusco
Ausência de resposta e dúvida, deveras
Desde o nosso principio em belas primaveras
O mundo se mostrando aquém do que inda busco.

Por vezes mansidão esconde um ato brusco,
Ainda, na verdade eu sei que somos feras
A morte após a morte em morte degeneras
E neste ato contínuo, eternidade; ofusco.

A vã filosofia emana um ar sombrio,
E nela a fantasia, aonde eu me recrio
Permanecendo nua, a pele quase edênica.

Comemos desta fruta e nada respondemos,
Ciência não nos veste e assim permanecemos
A fé ou esperança, etérea ou ecumênica...

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23906
Por vezes me pergunto aonde encontro a paz
Um velho marinheiro, ausente de seu cais
Espera pela sorte, e teme o nunca mais,
Aonde fora outrora intrépido e voraz

Agora simplesmente, o medo vivo traz
Deixando para trás momentos magistrais
O porto da esperança, ondas fenomenais
E o encanto que a sereia entorna mais audaz...

Eu sei que na verdade existe algum remanso
Após a tempestade, e nele ainda alcanço
Momentos de prazer e glória feita em luz.

No amor que tanto quis, e sei que me domina
A luz que ora me guia, expressa a doce sina
E leva o marinheiro, ao porto que é Jesus...

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23905
Dos erros que cometo a dor penitencia
E trago ainda aberta a escara terminal,
Aonde imaginara um dia triunfal
Apenas encontrei amarga fantasia.

Pudesse renascer um pouco a cada dia
Traria em meu olhar o sonho sem igual
Da vida que, refeita, expressa a magistral
E rara divindade à qual em luz se alia.

Mas sei que nada disso é possível, amigo;
E quando em desespero aquém do que persigo
Encontro tão somente uma resposta vaga

Não posso mais deixar que tudo fique assim,
Expresso o meu desejo e esqueço se há um fim,
E o brilho da esperança, ainda vem e afaga...

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23904
A cada anoitecer o sonho que transporte
Levando ao nada ou tanto o quanto que inda resta.
A sórdida lembrança, às vezes tão funesta
Ou mesmo a maravilha expressa em rara sorte.

Assim num ir e vir, o medo diz da morte,
A vinda do futuro, o quanto que se gesta,
Numa aridez do solo aos vastos da floresta
O início de uma vida, o trágico que aborte.

Morfeu a divindade em suas variantes
Transporta a eternidade em poucos, vãos instantes
E tudo se refaz após o amanhecer,

Excêntrica loucura, insânia poderosa
Em luz ou pesadelo, em pântanos, a rosa
Sendo fuga ou resposta expondo ao sonho o ser.

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23903
Ainda nos restando o gozo genesíaco
De um éter que se faz ao éter que voltamos,
E quando perceber, dos arvoredos, ramos,
As forças deste signo, expressas no zodíaco.

A sorte se mostrando um bom afrodisíaco
Dizendo do que em vida, ainda desfrutamos,
Por mais que alguma vez; dispersos relutamos
Numa ânsia temerosa, espasmos de um cardíaco.

E assim ao vermos logo em fogo, em espetáculo
O que se fora vida, apenas um obstáculo
Que meramente é posto aonde prosseguimos

E nisto se percebe a formação do eclipse
Embora se prepare o fim no Apocalipse
Tosca mesquinharia enquanto nos ferimos...

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23902
Abortar a esperança é como se perder
No oceano sombrio envolto por neblinas,
E quando a sorte; assim, deveras assassinas
É como em plena vida, a morte do teu ser.

Ainda nos restando após o nada ter
Seguras pelas mãos, as fontes cristalinas
Das quais mesmo não vendo etéreo sol dominas
E chegando ao final, decerto renascer.

Dispersa fantasia uma esperança traz
No front desta batalha a doce e mansa paz
Supera a barricada e avança destemida.

Não teme a turva treva e bebe os dissabores,
Por isso esteja atento, e por onde tu fores,
Mantenha-a,pois nela existe a própria vida...

posted by MARCOS LOURES at Domingo, Janeiro 31, 2010 0 comments links to this post
23901
A vida após a morte, um sonho e nada mais?
Dúvida eterna; algoz de nossos pensamentos,
Grandes Olimpos, Céus; ou excrementos?
Ínfimos seres ou figuras magistrais?

Há um Deus, respondo. Entes originais.
E nós? O que dizer? Movido a sentimentos
Procuro que me dê ao menos tais alentos,
Eternidade após ou mero nunca mais?

Traçamos nossa história um pouco a cada dia
E nisto prosseguir até que chegue o fim,
Edênica loucura, imensidão; Jardim?

Ou vazio absoluto; uma alma se esvazia,
E a dúvida persiste, e um vago som se lança
Restando tão somente, a força da esperança...

23951 até 24006
24006
Não sou o teu tutor também vou sem tutela
A boca que me beija e morde em desvario
Enquanto noutro tanto encantos eu sacio
A sorte atropelada em lástimas revela.

O tempo se faz canto e barco trama a vela,
O parto que se deu jamais fora vazio
E quando o temporal, eu bebo e desafio
A morte sobre a mesa, emoldurada tela

Acendo o meu cigarro em fumo vou morrendo
Talento; eu nunca tive. Apenas um adendo
Adentrando a verdade invade o livre gozo.

O cheiro da comida espalha-se na casa
Fogão à lenha é claro acende gosto e brasa
E o verso que fizeste; amor, maravilhoso...

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
24005
Sem sempre nem talvez; quem sabe faz agora
E o gosto da vitória espalha aos quatro ventos,
Por onde andaria houvesse em pensamentos
O quanto se tecia em versos sem demora,

O que não cabe tanto; e a vida ainda implora
Dizendo sem saber dos velhos sentimentos,
Não quero meu amor ainda os teus lamentos
Se não vieres já melhor eu ir embora.

Sou mero repentista e assim vou me virando
Se tudo cair bem, as aves noutro bando
E o contrabando diz do quanto não comprara

Se eu fosse como um rio, aceito o desafio
E neste enovelado eu quero e me desfio
Fazendo desta vida a jóia bela e rara...

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
24004
Fomento sem fermento o tanto quanto atento
E vivo este destino audaz e cristalino
Aonde na verdade o que não sei ensino
E encilho o meu corcel chamado pensamento,

Vivera por viver e só neste momento
Ainda sem ter rumo entranho e me alucino
Do beijo que me deste ao recordar, menino
Fazendo do meu verso apenas desalento

O vento em temporal, atemporal medida
Numa intempérie tola eu compor e faço a vida
Audaz e desmedida, ao léu um andarilho

Bebendo deste pó aonde quis estrada
A lua se deitando e a Terra iluminada
Dizendo deste encanto aonde em canto trilho.

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
24003
Pecado não é ter bem menos do que espero
Apenas se preparo o gozo triunfal
Fazendo do viver eterno carnaval
Aos poucos sem caminho eu já me desespero,

O brado que soltaste, ao menos bem mais fero
Arguta maravilha espera sem igual
O mundo se prepara ao velho ritual
Navego mar imenso e nele me tempero

Salgando a fantasia apenas fui gentil
Dizendo que este senso há muito tempo viu
O pré adentra o pós depois quer gradação

Azeda-se o futuro aonde fiz meu bote,
Não tendo mais quem queira ainda que se adote
No fim sobra a rasteira e as quedas que virão...

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
24002
A dor se faz tanta
E trama decerto
O mundo deserto
Que já desencanta

Uma alma que canta
Seu rumo eu acerto
Estando por perto
O amor me agiganta

E sei dos sabores
Por onde tu fores
Irei te seguir

Na noite vazia
Amor fantasia
Um manso porvir...

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
24001
O meu verso triste
Falando de amor
Que vem se compor
Aonde inda existe

E sempre resiste
Mais forte o temor
Do espinho e da flor
Deveras insiste

Bebendo da sorte
Que tanto conforte
O forte e ao fraco

Buscando este cais
Em sóis magistrais
Aonde eu atraco...

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
24000
Passei ontem a noite junto dela.
Do camarote a divisão se erguia
Apenas entre nós - e eu vivia
No doce alento dessa virgem bela...

Tanto amor, tanto fogo se revela
Naqueles olhos negros! Só a via!
Música mais do céu, mais harmonia
Aspirando nessa alma de donzela!

Como era doce aquele seio arfando!
Nos lábios que sorriso feiticeiro!
Daquelas horas lembro-me chorando!

Mas o que é triste e dói ao mundo inteiro
É sentir todo o seio palpitando...
Cheio de amores! E dormir solteiro!

Álvares de Azevedo

Pudesse ter a sorte ainda mesmo apenas
De ter em minhas mãos aquela a quem amando
Percebo que talvez, trazendo um dia brando
Não deixe se perder, as noites que serenas.

São poucas, na verdade, as alegrias. Condenas
Quem se faz sonhador e tendo assim se desviando
Do velho caminhar que escapa-te ao comando
Mudando desta peça; antigas, velhas cenas.

Assim não poderei sequer falar do sonho
Aonde mergulhara e dele inda componho
Os versos que ora trago a quem desejo tanto.

Falar de estrelas, lua e não se perceber
Este gozo absoluto e imenso de um prazer
É deveras morrer em vida, sem encanto...

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
23999
XVIII

Dormes... Mas que sussurro a umedecida
Terra desperta? Que rumor enleva
As estrelas, que no alto a Noite leva
Presas, luzindo, à túnica estendida?

São meus versos! Palpita a minha vida
Neles, falenas que a saudade eleva
De meu seio, e que vão, rompendo a treva,
Encher teus sonhos, pomba adormecida!

Dormes, com os seios nus, no travesseiro
Solto o cabelo negro... e ei-los, correndo,
Doudejantes, sutis, teu corpo inteiro

Beijam-te a boca tépida e macia,
Sobem, descem, teu hálito sorvendo
Por que surge tão cedo a luz do dia?!

Olavo Bilac

Adormecida está maravilhosamente
O amor que em palidez encontro em lua clara,
A voz doce e serena, uma paixão declara,
Marmórea lividez um gozo audaz pressente.

Alabastrina tez, um ar quase dolente
Jogando-me aos teus pés, a vida enfim se aclara,
E tens em tua face alvura bela e rara,
Queria ter talvez o amor que me apascente.

Escuto a voz da noite em meio aos vários cantos,
Noturna melodia; a profusão de encantos
E a sorte se afastando a angústia de saber

Que estás aqui presente e não posso tocá-la,
A luz deste luar ao invadir a sala,
Trazendo em solidão, vontade de morrer...

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
23998
Pede o desejo, Dama, que vos veja,
não entende o que pede; está enganado.
É este amor tão fino e tão delgado,
que quem o tem não sabe o que deseja.

Não há cousa a qual natural seja
que não queira perpétuo seu estado;
não quer logo o desejo o desejado,
porque não falte nunca onde sobeja.

Mas este puro afeito em mim se dana;
que, como a grave pedra tem por arte
o centro desejar da natureza,

assi o pensamento (pola parte que
vai tomar de mim, terreste [e] humana)
foi, Senhora, pedir esta baixeza.

Luis de Camões


Amor sidérea fonte aonde em luzes fartas
Em vagas a plangência; expressa-se em luzernas,
As horas sendo assim somáticas e eternas
Etéreas ilusões, das quais jamais te apartas

Hedônica beleza, as mesas entre as cartas,
As sortes se lançando, excêntricas e ternas
Mesmo se estás ausente, eclética me externas
Intrépida loucura impede que tu partas.

Constelares ardis; exemplas sutilezas
Velada voz avisa as ânsias das riquezas
Que sei em ti encontro enquanto em cantos tento

Há tanto que me encanto e teimo em ser feliz,
Vontade audaz e férrea incita o que se quis
Prismáticos cristais, diamantino alento...

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
23997
MONJA

Ó Lua, Lua triste, amargurada,
Fantasma de brancuras vaporosas,
A tua nívea luz ciliciada
Faz murchecer e congelar as rosas.

Nas flóridas searas ondulosas,
Cuja folhagem brilha fosforeada,
Passam sombras angélicas, nivosas,
Lua, Monja da cela constelada.

Filtros dormentes dão aos lagos quietos,
Ao mar, ao campo, os sonhos mais secretos,
Que vão pelo ar, noctâmbulos, pairando...

Então, ó Monja branca dos espaços,
Parece que abres para mim os braços,
Fria, de joelhos, trêmula, rezando...

Cruz e Souza

Amor que tanto amor nos traz e neste encanto,
Mudando num momento, o rumo ao qual o Fado
Entrega-se por certo, um tempo mais amado,
Vivendo tão somente em busca deste canto.

Tendo-vos como a dona à qual eu me agiganto
Já não comportaria amargura, dor e enfado
Aonde o Amor se entrega e deixa no passado
O amargo sofrimento, a dor, o medo e o pranto.

Eu ser-vos-ei então Senhora em magistrais
Momentos qual um servo a quem vós desejais
Seguindo vosso passo; os rastros sendo guias

Lavrando em solo bom; certeza de colheita,
Minha alma enamorada, então em vós deleita
Servindo ao servidor, Amor diz poesias...

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
23996
Plenilunio

Desmaia o plenilúnio. A gaze pálida
Que lhe serve de alvíssimo sudário
Respira essências raras, toda a cálida
Mística essência desse alampadário.

E a lua é como um pálido sacrário,
Onde as almas das virgens em crisálida
De seios alvos e de fronte pálida,
Derramam a urna dum perfume vário.

Voga a lua na etérea imensidade!
Ela, eterna noctâmbula do Amor,
Eu, noctâmbulo da Dor e da Saudade.

Ah! como a branca e merencórea lua,
Também envolta num sudário - a Dor,
Minh'alma triste pelos céus flutua!

Augusto dos Anjos

Eu trago dentro da alma a solidão de quem
Durante a vida inteira à espera de um carinho,
Mortalha feita em dor; prossigo tão sozinho,
Olhando com cuidado, eu sei que ninguém vem.

Mergulho no passado e sinto a voz de alguém,
No encanto deste canto entrego-me, mansinho,
E quando em farto brilho, eu deito e já me aninho,
O sol adentra o quarto e não vejo ninguém...

Uma alma entristecida aguardando o final,
A lua se deitando e pálida; invernal
Expõe minha nudez e assim enlouquecido,

Percebo o quanto a dor espalha-se em meu quarto
E quando da esperança, ao fim eu já me aparto,
Eu penso que é melhor não ter sequer nascido...

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
23995
Crisântemos

Sombrios mensageiros das violetas,
De longas e revoltas cabeleiras;
Brancos, sois o casto olhar das virgens
Pálidas que ao luar, sonham nas eiras.

Vermelhos, gargalhadas triunfantes,
Lábios quentes de sonhos e desejos,
Carícias sensuais d´amor e gozo;
Crisântemos de sangue, vós sois beijos!

Os amarelos riem amarguras,
Os roxos dizem prantos e torturas,
Há-os também cor de fogo, sensuais...

Eu amo os crisântemos misteriosos
Por serem lindos, tristes e mimosos,
Por ser a flor de que tu gostas mais!


FLORBELA ESPANCA


Nefasta humanidade expondo-se deveras
Qual fora a flor pisada, amarrotada sorte,
Aonde poderia, apenas vejo a morte,
E o eterno renascer das pútridas panteras.

Carcaça do que fui, aquém do que inda esperas,
Mistérios mais sutis, a podridão do aporte
Por mais que isto te estranhe é gozo que conforte,
Ascendo ao nada ser, e volto às tais quimeras.

Efêmero e funéreo açoda-me o desejo
De ser eterno enquanto a morte que prevejo
Moldada num escárnio esgota-se em jardins.

Crisântemos já murchos; encontro lírios, cravos,
Meus dias do temor, ainda são escravos,
Dos vermes que virão, vidas feitas dos fins...

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
23994
Vencido pelo medo escapo do massacre
A vida se perdendo, um pouco a cada instante,
Vivesse sem temor amor belo e constante
O mundo não teria este sabor tão acre.

Alardeio o vazio; a porta sem o lacre
Permite que se adentre um gélido e alarmante
Terror sem ter medida e embora eu me agigante
Não tendo mais a força e ninguém que ela lacre.

Um velho camponês lavrando a terra
Espera que a semente frutifique,
O barco que navego vai a pique

E a solução decerto, o tempo enterra,
Herdando esta vereda árida e estéril,
Estou amiga morte, ao seu critério.

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
23993
Pudesse apenas ter alguma fantasia
Aonde se pensara a glória de uma vida
Por mais que nada valha, a sorte permitida
Não me deixa pensar no vago que se cria.

À sombra do arvoredo, imagético dia
Batalha se mostrando, há tempos aguerrida,
Não vejo mais aonde eu possa ter saída
Se não consigo agora o amor a quem daria

Além deste momento, a própria eternidade,
Porém o sentimento escapa e quando evade
Sombrios rastros; deixa, em dor e sofrimento.

Pudesse ter o riso e nele esta esperança
De haver um Paraíso ao qual amor se lança,
Sem ter qualquer notícia, insano eu me atormento...

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
23992
Não há gozo eu bem sei nestes mundanos bares
E neles eu entranho o que fosse prazer,
Sabendo desta sorte, enfim, melhor morrer
Ou tentar prosseguir aonde tu andares.

Porém fazendo assim, das ruas meus altares
Somente a noite fria; ainda eu posso ver
Bebendo da aguardente amarga do sofrer,
Em plena treva busco os brilhos e os luares.

Andasse com ereta e firme compleição,
Quem sabe encontraria, no inverno este verão
Que tanto anseio agora e sei que não virá.

Andante e sem destino, um bêbedo sem rumo,
Se às vezes o meu erro, aceito e até assumo,
Espero em meu futuro, a terra, a enxada e a pá....

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
23991
Ouvindo nesta sala ainda este rumor
Que apenas na verdade, em minha mente existe,
Um coração atroz, em lágrimas resiste,
Mas sabe muito bem o quando dói o amor.

Espero a cada instante o brilho multicor,
Porém o que fazer se andando sempre triste,
Apenas no vazio a vida inda consiste
E nada mais teria amor a te propor

Senão um canto amargo aonde se revela
O medo do futuro. Adentro uma capela
E peço então perdão, meus erros foram tantos…

Engodos de quem quis e não podendo ser
Um dia, mais feliz, a Deus peço poder
Fazer desta emoção, suaves, doces cantos...

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
23990
Minha alma sendo triste expressa em poesia
O que mais poderia entoar; coração.
Vivendo do passado, as coisas que virão
Uma alma sem futuro, ainda se esvazia

E bebe a solidão e nela se recria,
Formando do que fora, apenas ilusão
Um mundo onde talvez houvesse solução
Que jamais poderei encontrar na alegria.

Servindo ao que melhor ainda tenho aqui,
O tempo não voltando, o dom eu já perdi
E sei da lua exposta em noite sertaneja

Ponteio esta viola e beijo o vento amigo
Romântico cantor, a luz enfim persigo,
Porém uma alma triste insiste e não deseja...

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
23989
Não vou ficar aqui fazendo picuinha
Se tudo vale à pena, uma alma se apequena.
Mas quando a noite surge e vem bem mais amena
Num colo bem gostoso, o coração se aninha.

Mas quando estou birrento a razão sempre é minha,
A sorte é que o calmante aos poucos me serena
Senão tanta besteira, ao fim só me envenena.
Não vou chamar de galo aquilo que é galinha.

Depois neste poleiro, apenas sou pintinho
Sujeito lá da roça um pobre analfabeto,
Não pode te dizer o que é ou não correto,

E então vou me mandando, amigo, de fininho,
Se a bola que ele joga, eu falo que é quadrada
A trova se eu quiser; SONETO, apelidada...

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
23988
Buscando ter na sorte o olhar mais delicado
De quem se fez poeta e tenta estar liberto,
Se o rumo que me deste aos poucos eu deserto
Não posso reclamar ou culpar o meu Fado,

Apenas vou falar o que melhor achado,
Machado em arvoredo é bom ficar esperto,
Não venha me dizer: portão estando aberto
Convite para a fuga, e o que faço sem gado?

Neruda quando fez sonetos em falsete,
Vontade desgraçada é de dar um cacete
Neste chileno imenso, eu sei lá qual motivo

O fez agir assim, preguiça ou simples birra?
Traje de gala, amor; não se amarra co’embira;
Mas deixa isso pra lá, senão disto eu me privo...

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
23987
Neste ultramodernismo, arcaico e ultrapassado
A figura que eu vejo, a mesma caradura
Que há tanto se disfarça e bebe a noite escura
Qual fora um bom caminho, eterno e iluminado…

Cadáver execrado, estúpido e fadado
Ao fim de certo tempo, enquanto ele perdura,
A ter o seu cantar que é como uma tortura,
Aos poucos, estou certo, enfim desfigurado.

Eu sei que vão dizer que é muito para o pouco
Que represento até falar qual fora um louco,
E criticar o que se fez ser liberdade

Sem métrica, sem ritmo, apenas por ser feito,
Não dá sequer senhor, a ti qualquer direito
Denominar soneto ou o que melhor te agrade.

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
23986
Excêntrico cantor cantando em doce tom,
Falando de um amor ou mesmo deste adeus,
Aonde se pudera em sonhos teus e meus,
Tramar uma ilusão de um mundo sempre bom.

Não posso disfarçar neblina com neon,
Tampouco me fazer um quase semideus
E crer num mundo aonde a luz impeça os breus,
Poeta; um fingidor? Mas não tenho este dom.

Um mero repentista assiste sempre inquieto
A morte do embrião, aborto deste feto
Que agora ao chão tão duro, em lágrimas se lança

Deixando para trás o que pudera vida,
E vendo assim a sorte, em podridão urdida,
Não quero ter ausente o quer resta: esperança!

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
23985
Embora te pareça, eu sei que não só trago
Amargor dentro da alma, e posso até pensar
Que a tal felicidade estende-se ao luar
E nela eu já concebo o doce e bom afago.

Quisera num momento apenas ser um mago
Alquímica loucura, expressa num cantar
Permite que se creia e possa-se entregar
A um mundo bem melhor, sem perda e sem estrago.

Quisera ter ainda o velho e bom lirismo,
E não crer tão somente em queda, fim e abismo,
Porém nada adianta um verso que se cale,

Ou trame a fantasia, aonde a dor se esconde
Perdoe se não posso; ainda não sei onde,
Falar de melodia amena que te embale...

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
23984
Possível se falar de um amor tolo e mundano
Se tudo o que percebo expressa o fim da vida.
A espécie, do Senhor, a mais nobre e querida,
Volvendo o seu olhar imundo e tão profano

Causando ao próprio Pai, a cada dia um dano?
Bem que eu queria em versos, a aguerrida
Paixão que nos domina e traz adormecida
A fera que se pensa, o ser mais soberano

E expõe o mais divino e belo que inda resta
Na imagem derradeira, amarga e assim funesta
Do ser que se fez dono, apesar de não ser

De toda a Natureza e o que dela se emana,
Primata incoerente, uma alma dita humana,
Hedônico animal, só pensa em seu prazer...

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
23983
Tal monstruosidade, um bípede falante
Que se fez o senhor dos outros animais
Enfrenta a brava fera em toscos rituais
Se fazendo mais fera a partir deste instante.

Demônio que encarnado, um podre diamante
Em momentos; capaz de coisas magistrais,
Em pouco tempo expõe os féis que derramais,
Eu vos peço Senhor, que o tempo se adiante.

E o fim que se demora, agora seja feito,
E nele a realidade além deste imperfeito
E vago ser audaz, um canibal voraz

Engodo capital que Vós não percebeis
E que destrói agora, as vossas belas greis,
Após esta atitude, a Terra volta à paz...

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
23982
A criação se fez em tons maravilhosos
E assim se perdurando até que num momento,
Do barro feito lama, eis que surge excremento
Tornando o tempo calmo, em ritos prazerosos

Aquém do que já fora, antes dos caprichosos
Motivos pelo qual, também eu me atormento
Buscando depois disso, a Deus como um alento
Após ter concebido engodos volumosos.

A rota humanidade imiscuindo a morte
Aonde poderia haver somente o aporte
De divinal beleza além do que se espera,

Mas traz nos olhos sempre a marca do demônio,
Guiado pela fúria expressa em cada hormônio
Devastação completa. Agrada ao Pai tal fera?

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
23981
Dos elementos tais que formam cada parte
Deste completo e vago andante ser humano
Por vezes qual fantasma, estúpido me ufano,
E para a fantasia, o fantoche já parte,

A vida se renova e feita pro descarte
Não deixa, meu amigo, haver sequer engano,
Um ínfimo fantasma autor de perda e dano,
Teimando; da Natura, expressar como uma arte

A decomposição da qual autor funesto,
Aos olhos do Senhor, eu sei e disto atesto,
Pudera ter a chance e ter a eternidade.

Mas quando me poluo e assim fazemos todos,
Chafurdando este verme envolto pelos lodos;
Queremos que, depois, de nós o Pai se agrade?

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
23980
Absorvendo assim infernos, céus e ritos,
Não me vejo retratado em nenhuma faceta,
Apenas quero ser talvez como um cometa,
Deixando em paz e nus, os velhos, torpes mitos.

A voz já se perdendo em busca de infinitos
Aonde quero o fim, o resto que arremeta
Pedaços do que fui, sem nada que prometa
Além deste momento, envolto em sóis bonitos.

Asquerosa figura andando sem destino,
Esgoto feito em alma, amarga criatura
Que tanto já se deu, e assim, inda perdura

Olhando este horizonte, o quanto eu me fascino
Permite-me pensar na vida como um fato
Além da eternidade, à qual em sonhos me ato. (mato?)

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
23979
Contrastes que percebo e teimo em relutar
Vencida cada etapa o fim já se aproxima,
Aonde ainda havia as sombras de uma estima
A vida não suporta e deixa-se levar.

Sonhara, pois poeta, em luzes e luar
A perfeição suprema, extrema de uma rima,
Mas quando vejo a vida em outro, vário clima,
Não posso me furtar, tampouco me calar.

Ao exemplificar o que talvez não caiba
Nem nos versos, sequer mesmo eu não saiba,
Mas sinto ainda viva a imagem de um passado

Deixado por acaso, exposto na vitrine,
E quando vejo o amor, que amor já descrimine
Percebo quão se torna agreste e seco, um prado...

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
23978
Aonde imaginara apenas um jardim
Eu vejo destroçado o solo que eu arava
E tudo o que eu queria, aos poucos desabava
Dizendo do vazio aonde e quando eu vim.

Coincidência estranha, a vida é sempre assim,
O vulcão da esperança esconde, cedo, a lava
Minha alma sem saber, de outra alma segue escrava
E nisso acendo então, da bomba um estopim,

Fluindo com ternura um verso poderia
Dizer desta ventura, amena fantasia,
Mas nada do que penso; expressa a realidade.

Augusta melodia, ao longe, quando a ouço
Trazendo na memória, um velho calabouço
E esta melancolia – amiga – não se evade...

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
23977
Sentindo este sarcasmo exposto no teu rosto
Após a tempestade, a calmaria é sonho,
Se quando faço um verso eu mesmo me proponho
A deixar muito claro o que sou quase exposto,

No fundo prosseguindo embora decomposto,
Não posso me furtar ao ver quão é medonho
O mundo que criaste; o mesmo, onde risonho
Teimara no passado, em ver suave gosto.

Agora se não tenho ainda um porto manso
E mesmo se tivesse; a sorte eu não alcanço
E avanço pela noite, estrada mais sombra

Na falsa luz que encanta e finge-se de lua
A sanha sem proveito, apenas continua
Do nada ao nada feito, o nada se recria...

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
23976
Pudesse te falar sem medo e sem pudor
Do quanto nada vale o amor sem ser cuidado,
Jardim há tanto tempo estando abandonado
Permite que um abrolho espalhe invés da flor.

Eu vejo o meu futuro e nele a se compor
Um dia bem diverso; escondendo o passado
Podendo sim ou não, te ter aqui do lado,
Não importando então ser tens algo a propor.

O que fizeste deve analisar-se bem
Talvez já não se importe o que faça ou convém,
Convento da ilusão, amor se mostra a nu.

Mas tudo na verdade expõe um passageiro
Momento que depois, não sei se derradeiro.
Afinal do mirim, também se faz o açu.

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 01, 2010 0 comments links to this post
23975
Deixando para trás as marcas do que fora
Há tempos o bastante e agora já não cabe,
Bem antes que a verdade expresse-se e desabe
Castelo em cartas feito e no vazio ancora

Sabendo que o prazer jamais determina hora
Quem vive sem temor, deveras sempre sabe
O que se faz e teima, aqui e em Abu Dhabi
Vencendo o que virá sem ter qualquer demora

Prepara-se por certo e vê num novo dia
O sol que teima e brilha e se renova e cria
Nos raios da manhã belíssimo fulgor

Não se deixe levar, já que deveras mata,
Por algema qualquer: escravo ama a chibata,
E a liberdade traz a paz de um novo amor...

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23974
Das larvas e do medo, apenas a crisálida.
Esboço do futuro, amarga realidade
Aonde quer que eu vá o atual invade
E a morte do passado, expressa em cor tão pálida

Tornando o que vivera uma figura inválida.
Internético gozo ainda que me agrade
Telegrafo descarto? Ou mato esta saudade,
Apenas tão somente, imagem morta e cálida.

Usando o que bem sei; o alexandrino verso,
Exponho-me decerto e sei que velhas feras
Medonha criatura além do quanto esperas

Serpente em pleno bote, atocaiada aguarda
Um velho usando fraque; um tosco caminheiro,
Desta imagem puída eu fujo e já me esgueiro,
Não uso no soneto, amarrotada farda...

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23973
O tempo nunca pára? Eu sei que isto é normal,
Quem vive do passado expressa o nada ser,
Apenas um museu, não sabe e já morreu,
Mas nem por isso amigo, o futuro é bom ou mal.

Revejo cada engodo e nele a velha nau
A direção eu corrijo ou mesmo passo a ver
Que nada do que fui ainda posso crer.
Mutável criatura eu sou tão desigual

Ao que deveras flui e segue em mansa rota,
A velha roupa rasga e sei que se amarrota.
Porém já não me cabe afirmação correta

Se tudo está conforme agora deveria,
Mitose após mitose expressa a alegoria,
Fotografo do tempo, apenas sou poeta...

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23972
Falava do passado, os tempos de criança
Aonde era feliz, dizia o conterrâneo,
O mundo que se mostra agora é instantâneo
Do todo nada além do que afinal se alcança.

Pra frente é que se anda, e corra senão dança;
Tu pensas deste jeito. Então, amigo; explane-o,
Pois tanto se deforma o ser contemporâneo
Um caranguejo ao léu, assim o mundo avança.

Olhando bem de perto, eu vejo a imperfeição
Por isso; o meu espelho; escondo no porão.
Do jogo de botões ao novo vídeo game

Pretérito futuro? Aonde irei parar?
Se nada mais eu vejo; esqueço do luar
Poeta? Um funeral... Por mais que ainda teime...

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23971
Renasço desta cinza aonde disfarçado
Vivera numa espreita apenas observando
As dores; já não tenho. Afastaram-se em bando
Somente este retrato, há muito amarelado

Mostrando simplesmente, o que fora o passado,
Aonde desejava a paz, e mesmo quando
Ausente de um olhar, sem medo inda teimando
O gosto tanta vez, um tanto amargurado.

Mas tudo se renova. Assim a cada sol,
Apesar do futuro, acerto o meu farol,
Retrovisor faz falta e ensina a direção,

Porém olhar bem fixo apresenta o futuro
E nele a realidade, à qual sempre procuro,
Sabendo desde já os dias que virão...

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23970
Ocultas sem sentir segredos incontáveis
Porém nada te cobro e sei que isto é normal,
A verdade absoluta é com certeza um mal,
Alguns momentos são no amor inconfessáveis.

Nem sempre estamos nus, mistérios insondáveis
Permitem que se creia e tenha um ritual
Que sempre determina um final triunfal
Domando em mansidão, medos incontroláveis.

E nesta auto defesa, apenas com cuidado,
Não interessa a alguém, se houve ou não passado,
Mas somos imbecis e nisto nossa dor.

Garimpando a peçonha à qual nos entregamos
E nela por si só, já nos envenenamos,
Querida, somos peça, é fácil recompor...

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23969
Final dos tempos? Pára. Eterna babaquice,
Estamos num processo, apenas de reforma,
A imagem que se vê, o espelho já deforma
A foto demonstrada a si mesma desdisse

Repare no retrato, e basta de tolice.
Prazer pelo prazer arcaica e tosca norma
Miséria cultural? A velha plataforma
Retorna e repetindo uma eternal mesmice.

Não vendo diferença entre estas realidades,
Por mais que contra uma onda ainda teimes, nades,
O mundo sempre assim, do Éden até o hedônico

Depois contra-reforma, arranhado vinil,
O filho que nasceu igual a quem pariu?
Jamais. Um novo ciclo; um mal antigo e crônico.

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23968
A tônica que rege o império do gozo,
Botecos de cristãos, um lupanar católico,
A sorte no vazio, um tempo parabólico
Estampa esta quimera, o mundo é fabuloso...

Nas coxas da morena, o jeito prazeroso
Palavra se perdeu, destino assim, eólico
Aonde se pensara haver algo bucólico
Erótica figura em ar tão desastroso.

Ultrapassado e velho? Ou eu, ou este mundo
No qual a cada instante, eu bebo e me aprofundo
Realidade arcaica, aos tolos sempre engana,

O que se vive agora, um erro milenar
A Dionísio erguido, em cada esquina, altar
Retrato mais fiel, do fim da era romana...

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23967
Cálices e cristais, nos brindes que ora faço
Percebe-se tolhida a sorte desejada,
Aonde não pudera; expondo-se este nada,
O tempo vorazmente esboça um grasso traço.

Me expressando com fúria, ao ver cada pedaço
Da vida que pensara ainda destinada
A ter um belo dia, a partir da alvorada
Despedaçada sorte um mundo amargo e lasso.

Aprendo a conviver com tal estupidez,
E vagando nesta onda encontro o que não vês,
Lasciva adolescente em bailes, cocaínas,

O cérebro grotesco, agora em glútea forma,
A moça em paparazzo, avisando me informa
Num frenesi boçal, ao que tu me destinas...

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23966
Flexível caminheiro encontro estas vertentes
E da dicotomia eu traço o meu futuro,
A dor sendo comum, o medo até que aturo,
Porém o nada ser, peço; não me apresentes.

O mundo se transforma e traz novas correntes,
Midriático espectro, assim morto eu perduro
E quanto mais não vejo, eu mais teimo e procuro,
Sombria realidade em estúpidas gentes.

Pior que qualquer droga, a ignorância absoluta
Expressa a realidade, uma alma tola luta
E vendo esta batalha inerte e sem proveito,

Tornando-se eremita, esconde-se deveras
Enquanto com o sal que trazes e temperas,
Um hipertenso tolo e voraz; não aceito...

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23965
Sepulcros do passado? O tempo revigora
E a trágica lembrança adentra a nossa sala,
A pasma humanidade, ainda em vão se cala,
E a morte da esperança, eu sei; não se demora;

Quem sabe muito bem já faz e não tem hora
Enquanto num desdém, a noite feita em gala,
Miséria pelo mundo, a podridão não fala.
E quando ela se expõe; carrasco se apavora.

Etéreo sentimento entranha-nos, fugaz
Um oco dentro da alma, a vida molda e traz
Numa nudez se expondo a carne bela e crua

Vendida numa esquina, em bares e motéis
Aos homens do presente, ignaros e cruéis
Medieval figura, ainda continua...

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23964
Aonde se pudesse em luzes bem suaves
Invés da palidez constante e temerária
Vencendo a solidão, eterna procelária,
Moldando uma esperança, sem medos ou entraves,

Por mais que a realidade; em lucidez, agraves
Na luta por justiça, as reformas agrárias
Que há tanto prometida em falsas luminárias
Momentos sem futuro? Esperando outras naves...

Decerto é que se faz aos poucos a mudança
Porém sem ter critério, ao vazio se lança
Amanhã sem remédio exposto ao léu, insano,

Atrevo-me a dizer que o mundo sendo assim,
Exposto ao abandono, e nele se me dano
Retrato do planeta: um mar tupiniquim...

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23963
Colérico fantasma um vulto que espasmático
Esboça reações e nada sendo feito,
Aos poucos se percebe e tenta dar um jeito
Na sorte em frio Fado, um futuro enigmático.

Do espectro delirante, um rumo tão pragmático
Não sei se poderia, e disso faço um pleito
Encontrar mansidão nas horas em que deito,
Atônito me vejo, em ar já sorumbático.

Lacustre sensação incrustando minha alma
Crustáceo ensimesmado, a placidez acalma
E permite que estenda a lua no quintal

Salubre fantasia, adubo da esperança
A vida se entrelaça e quando passa alcança
A foz que tanto quis, num imenso caudal...

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23962
Minha alma intoxicada em fumaças diversas
Monóxido carbono entranhando narinas
E quando mal percebe a fúria não dominas
Um ar bem mais tranqüilo? Apenas são conversas,

E quando se estampando a luta à qual tu versas
As forças mais sutis entranham fundas minas
Assim já sufocada, afinal te alucinas
Aos filhos como herança, as horas mais perversas.

Assim se demonstrando a nossa estupidez
Há um Ser que criou, criatura desfez
Deixando esta aridez tomando a terra e o céu,

O grito segue embalde, e fingindo surdez
A Terra se demonstra em tal insensatez
Planeta sufocante, a vida segue ao léu...

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23961
Amor tanto acalanta enquanto me apascenta,
A vida se mostrara em luzes mais sombrias
E agora esta esperança à qual me entrego e crias
Deixando a minha vida, outrora violenta

Em violetas, feita; ausência de tormenta
As noites neste amor, jamais serão tão frias
E o tempo em raro ardor, conforme me dizias
O ressurgir da vida, o amor ainda tenta

E sigo seu caminho, os rastro que ele deixa,
Nas mãos da deusa nua, a sílfide, uma gueixa
Deitando sobre mim esta ternura imensa

Fazendo deste encanto, um mar belo e sem fim,
Deixando no passado, o amargo de onde vim,
Trazendo no prazer a glória e a recompensa...

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23960
Fazer da própria dor, uma aliada a mais
Ao enfrentar a vida, e tudo que virá,
Sabendo que importante, é ter e desde já
Noção de ancoradouro expressa em algum cais.

As noites de luar, sublimes, magistrais,
O canto na alvorada, o sol que brilhará
Encanto deste sonho, aos poucos tomará
O coração insano; aonde derramais

A vossa magnitude, amigo e companheiro,
Da vida ao vosso lado, assim enfim me inteiro
E tramo num segundo enquanto a luz avança

Futuro bem mais belo, um templo verdadeiro
Alçando em brilho raro, um tempo lisonjeiro
Aonde se governe o amor feito esperança...

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23959
Sentir o teu perfume e dele extasiado
Adentro a fantasia e tramo este espetáculo
Em luz e brilho feito. O amor não teme obstáculo
E segue sem temor divino e manso prado,

Aonde se perder é ter já se encontrado.
A vida nos enlaça e num doce tentáculo
Conforme já previra, outrora algum oráculo,
As dores e o temor são coisas do passado.

Vivendo a plenitude intensa do desejo,
A sorte que procuro, a paz que tanto almejo
Encontro em tua boca, e bebo cada gota

Do imenso fogaréu que em nós à noite espalha,
Entranho delirante, e preso nesta malha
A tristeza esquecida, agora ausente e rota...

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23958
A secular batalha aonde a dor só vence
E o medo que se espalha expondo a nossa face
Ainda quando o tempo, atroz avance e passe
Não vendo solução não há quem se convence

Do quão vazia, vida, enquanto a morte adense
E mesmo após a noite o dia ainda trace
O fim que se aproxima e neste torpe impasse,
O coração cigano de um tolo muriaense

Aguarda alguma nova, uma esperança apenas,
Herética loucura; assim tu concatenas
E ris do meu tormento, exposto em verso e lida.

Pois na célula-tronco, a sorte se refaz
De um belo amanhecer talvez seja capaz,
Porém o que fazer, se a Igreja é contra a vida?

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23957
Dantesca gargalhada a vida me prepara
Ao ver até que ponto, uma alma se apodrece
Embora respirando, a morte aos poucos tece
Uma espiral vazia; e a queda se declara

Fulgores do passado, a sorte bela e cara,
Em densa e turva névoa, a cor já se esvaece
Não resta nem sequer, a solução da prece,
Aonde houvera força, a invalidez da escara.

Mereço este final, eu sei que na verdade
Quasimodo nefasto, um Fausto morto em vida
Uma alma sem valor e há muito já vendida

Olhando para o espelho, imagem desagrade
Reflexo do que atroz, aos poucos degradei,
Qual fora num infausto, um novo Dorian Gray.

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23956
Lutando contra a sorte enfrento-me deveras,
Perpétuas ilusões fenecem num segundo
E quando dentro da alma, imerso, eu me aprofundo,
Percebo na verdade, apenas duras feras

Aonde eu poderia; ausente, degeneras
E esgotado percebo o quão me sinto imundo,
Um velho solitário, audaz e vagabundo
Vomita em ironia, afasta as primaveras.

Uma alma vã e arcana adentrando o infinito
Olhando o meu fantasma, assusto-me e se grito
Talvez em desabafo ou mesmo com terror

Na turbulenta vida, apenas fetidez
E o cadáver do sonho, apático que vês
Espelha o que tu és; no etéreo decompor...

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23955
Mortalha que reveste uma alma apodrecida
Aonde poderia haver uma esperança,
Carcaça se expressando invés da temperança
A pele se desfaz aos poucos carcomida,

Esgotando-se estes vis caminhos de uma vida
A morte se aproxima; a foice então se lança
Apenas o não ter, deveras minha herança
Retratos do vazio, eterna despedida...

Medonho sortilégio, algozes e carrascos,
Venenos em alta dose, embora leves frascos,
Assídua tempestade, imenso vendaval,

A sorte se desfia em névoas e neblinas
E vendo tal cenário, ainda te fascinas
A vida que se vai, um fato tão normal...

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23954
Inútil perceber alguma luz após
A fria madrugada em que, velho e impotente
Buscara alguma força e a verdade inclemente
Mostrara a sua face estúpida e atroz.

Ainda poderia, esboçando estes nós
Viver algum momento, e embora ainda tente
Não tendo mais resposta, e nem voz indulgente
Escombro do que fui, espalha-se feroz.

Percebo no vazio, imensa iniqüidade
E apenas sofrimento, ainda vem e invade
Tornando-se infecunda uma alma que buscara

A luz por tanto tempo e agora se esvaindo,
Nesta inutilidade expõe um vago infindo
Do pélago funesto aonde mergulhara...

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23953
Pudesse ter ainda além do que tortura
Uma saída amena aonde eu poderia
Envolto em ilusões, estúpida alegria
Sentir da mão suave, ao menos a ternura.

Porém a solidão adentra e assim perdura
Tomando num repente o pouco que ainda havia,
Matando em nascedouro, aborta a fantasia
E deixa por herança, a morte em vã moldura.

Se o canto é tão sombrio e o sol, não reconheço,
A culpa se faz minha, e após queda e tropeço
Não pude mais me erguer, esgota-se a esperança.

Enquanto amargo sou, nefastas tempestades
Deveras sonhador, em turvas águas nade
Uma alma que funérea, em podridão avança...

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23952
Uma alma soberana adentrando este esgoto
Por onde mergulhara há tempos sem pudores
Revendo num instante, os mesmos roedores
Amigos do passado; espiam tosco broto

Que ao retornar ao lar uma esperança esgoto
E volto novamente aos dias em que horrores
Tomaram pensamento, e nele ao me propores
A morte em plena vida, o quão vago eu sou, noto.

Oh luzes que jamais eu poderia ver
Arauto incoerente; esqueço algum prazer
E volto ao meu jardim em fétidas daninhas.

Insetos, vermes são meus velhos camaradas,
E quanto mais me afundo, irônica degradas
Devolve-me; portanto, às plagas que são minhas...

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23951
Refulge na manhã um sol de raro brilho
Estende-se por sobre os vales e as montanhas,
Relembro num momento; antigas, torpes sanhas
E as sendas do passado, incauto e tolo eu trilho

Fúlgida beleza espalha-se e o andarilho
Revolve como um louco as profundas entranhas,
E enquanto mais distante; atônita, acompanhas
Espectro do terror, aperto este gatilho.

Espasmo convulsivo, herética ironia,
Andante cavaleiro, aos poucos fantasia
Intrépida loucura, insânia me tomando,

E visceral, medonho; esqueço-me de ti,
Revejo no teu rosto, o amor que já perdi,
Volvendo a lucidez, então manso, me abrando...


24938 ATÉ 25000
25000
Escrevo nas estrelas fantasia
E delas bebo a luz que saciando
Permite este momento desde quando
O amor entre temores propicia

A glória de saber que a cada dia
O vento se percebe amaciando
A dor que no passado se espalhando
Vagara sem destino e se temia.

Amparam-se meus passos nesta escora
Amor que sem limites se demora
E traz felicidade a quem se dá,

E sei que desde sempre, agora e já
O tempo de mudança me transforma
Moldando no porvir sublime forma.

posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010 0 comments links to this post
24999
Alçando a mais completa maravilha
Aonde se pudesse ter nas mãos,
Depois de tantos dias duros, vãos
Seara que emoção deveras trilha,

Andar com proteção de tantos guias,
Percebo quão sobeja a natureza
Enfronho o meu desejo em tal beleza
Enquanto estas palavras tu recrias:

Amor, calor e paz, anseios tantos
E neles as angústias se desfazem,
Olhares delicados já me trazem
Depois dos vendavais, belos encantos

E quando em ti querida, em paz mergulho,
Esqueço de um espinho ou pedregulho.

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24998
O parto que gerou felicidade
Transcende à própria vida e me transfere
A luz que tantas vezes regenere
O que tal descaminho já degrade,

Ao menos noutro tempo que se aguarde
A luz trará a força que interfere
E mesmo quando amor mordas nos fere
Ao fim de tudo vejo a claridade.

Exposto sem defesas, nada temo,
Do quanto me proponho sou extremo
E nele faço assim minha morada,

Vencer os meus degredos, meus anseios
Sabendo decifrar medos alheios,
Singrando destemido a velha estrada.

posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010 0 comments links to this post
24997
Exprime todo amor que eu bem queria
O verso imaginário que não veio
Aonde se transforma em vão receio
Decorre desta antiga alegoria

Mergulho nos quinhões de uma utopia
E deles percorrendo cada veio
Adentro as ilusões e de permeio
O tanto que desejo se desfia.

Anelos nos uniam; vã quimera
A vida noutras plagas se tempera
E deixa o nunca ser como uma herança

Vencido e cabisbaixo sigo aquém
Do quanto desejara e nunca vem,
O olhar para o jamais enfim se lança.

posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010 0 comments links to this post
24996
Um novo amanhecer já se recria
Depois da noite escura que passamos,
A vida não suporta escravos e amos
E neles se traduz farta agonia,

E vejo o que emoção já fantasia
E nela com certeza mergulhamos
No canto que em louvores consagramos
A paz tão desejada ora nos guia

Levando ao mais profundo de nossa alma
A paz que assim se emana nos acalma
E mostra ser possível ter nas mãos

Além dos vãos deveras costumeiros
A glória de momentos lisonjeiros
Trazendo esta fartura feita em grãos.

posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010 0 comments links to this post
24995
Ao estender a paz, tranqüilidade
Estendes tua mão e trazes luzes
Aonde com certeza reproduzes
A mais perfeita e rara claridade

E tendo sob os olhos liberdade
Os medos e os fantasmas, velhas urzes
Distantes dos caminhos que conduzes
Enquanto o coração em paz já brade

Ecoa-se distante a voz suave
E sem ter o temor que ainda agrave
O dia transcorrendo mansamente,

Já não permitiremos o vazio
E quando a tempestade eu desafio,
O amor, vida refaz, noutra semente.

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24994
E vamos nesta mesma direção
Buscando a claridade deste sol
E como poderia um girassol
Olhando a bela estrela na amplidão
E quando as boas novas chegarão
Eu quero que se espalhe no arrebol
A saga maviosa de um farol,
E os dias com certeza brilharão
Tramando a mansidão que tanto almejo
Deixando para trás medo sobejo
Vivendo a eternidade em paz imensa,
Assim ao vislumbrar o amanhecer
Apenas belos frutos recolher,
No amor sublime a luz da recompensa.

posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010 0 comments links to this post
24993
Banquetes que se faz do mesmo pão
E vinho que nos trouxe o Redentor
Sentindo se aflorar o imenso amor
E dias mais felizes mostrarão

O quanto é acertada a decisão
De ter nos olhos preces em louvor
Sabendo cultivar, o lavrador
Uma esperança traz em cada grão.

No joio que se espalha no trigal,
Vencê-lo num constante ritual
Faz parte desta luta pela glória

Não temo tempestades nem inverno,
O amor no qual deveras eu me interno
A sensação eterna de vitória.

posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010 0 comments links to this post
24992
Multiplicando assim, a simples soma.
As ânsias se transformam em verdades
E quando com carinho ora invades
Quebrando o que já fora uma redoma,

A sorte num segundo enfim nos doma
E deixa para trás algemas, grades
Traçando no futuro as claridades
Entorpecendo a dor num quase coma.

Assisto aos seus encantos e mergulho
Sem ter sequer mais medo nem orgulho
Vagando esta insensata maravilha,

Astuciosamente o amor desnuda
Uma alma que embevece e deixa muda,
Delícia que se faz louca armadilha.

posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010 0 comments links to this post
24991
Atados, mas libertos, vida afora
Jamais ninguém consegue decifrar
O quanto nos domina o bem de amar
Que ao mesmo tempo ilude e nos decora,

Sem ter sequer noção do dia e da hora
Agora com certeza é bom lugar
E deste tênue e vasto caminhar,
A cada novo tombo, o amor escora

Feridas cicatriza ou mesmo crua
Enquanto realidade é fantasia
E bebe da ilusão insaciável,

Esgota-se em si mesmo, o tal do amor,
E nele se percebe o redentor
Por vezes ilusório e indecifrável.

posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010 0 comments links to this post
24990
Do mundo em que felizes, prosseguimos,
Estrela que nos guia e nos transporta
Deixando sempre aberta a velha porta
Jamais enfrentaremos medos, limos,

E quando em novo passo decidimos
Futuro glorioso onde aporta
O barco que nos leva amor exorta
À paz que tanto busco e que sentimos

Na placidez de um terno e belo lago,
Trazendo ao sonhador, calor e afago
Vencendo os mais diversos dissabores,

Escuto a tua voz e nela creio,
O amor quando se dá sem ter receio
Permite que se cevem raras flores.

posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010 0 comments links to this post
24989
Reféns do amor imenso que nos toma
Seguimos pela vida sem pensar
Por mais que se perceba o derrotar
O amor quando demais se mostra em soma.

Jamais se permitindo algum ocaso
Brilhando a cada dia e sempre mais,
Momentos do teu lado, divinais
Da dor e do temor, já não me aprazo,

E quero ser teu terno companheiro
Vivendo esta emoção que nunca morre,
Felicidade em êxtase socorre
A vida se mostrando por inteiro

E quando navegar em turbulência
Nos braços de um amor, paz e clemência.

posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010 0 comments links to this post
24988
Macabras sensações noites de frio,
Arfantes e terríveis ilusões
Estraçalhando agora os meus verões
Versos imersos trazem o vazio

E dele refazendo a dor, procrio
O quanto com sarcasmos decompões
Vivendo desde sempre as tentações
Aposto neste insano desafio,

Velhacarias sei até de cor,
O quanto poderia estar melhor
Nem mesmo uma resposta ainda encontro,

Depois de tanta busca sem sentido,
Uma esperança dorme neste olvido
Deixando tão somente o desencontro.

posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010 0 comments links to this post
24987
Perdendo todo o senso, nada tenho
E deste apodrecer em plena vida
Enquanto a solução está perdida
A própria derrocada eu já desdenho

E sigo sem saber se existe glória
Tampouco me importando, mato a luz
E quando ao desespero me conduz
A vida, transformado em vã escória

Naufrago com propósitos venais
Os barcos que talvez inda salvassem
E quanto mais os dias embaracem
As pernas esqueceram-se dos cais

E vago entre sarjetas, botequins
Cuspindo nos arcanjos, querubins.

posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010 0 comments links to this post
24986
Não tendo mais noção sequer de quando
Eu poderia ter um pensamento
Que até minimizasse o sofrimento
Tornando o meu caminho bem mais brando,

Mas quando vejo a história transmudando
O que quisera em paz vira tormento
Por vezes outra senda ainda tento,
Mas nada obedecendo ao vão comando.

Egrégio da ilusão; vasculho o nada
Buscando em livramento a alma lavada
Desdéns e até ofensas são a paga

Entranho outras veredas, labirintos
Momentos de calor agora extintos
Somente a dor irônica me afaga.

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24985
Estrídulos; escuto de onde venho.
Falando deste insano proceder
Que tanto nos trouxera desprazer,
E nele o desespero fecha o cenho,

Angustiadamente a vida passa
E mostra em dissabores treva imensa
E quando noutra estrada uma alma pensa
Despensa da ilusão envolta em traça;

Acréscimos de dores, medos e ira
Refazem e reforçam vandalismos
E aonde quis a base, cataclismos
A morte nos devora e já se atira

Fazendo em barricada o descaminho,
Por isso após a chuva irei sozinho.

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24984
O céu que me guiara desabando
Em chuvas que bem sei torrenciais
A vida que ora em trevas vós me dais
Perdendo novamente o seu comando,

Destroços do que fomos me mostrando
Momentos entre perdas abissais
Aonde imaginara paz, jograis
Em falsas impressões vão desfilando.

Elevo o meu olhar, busco o horizonte
E mesmo que outro sol venha e desponte
O resto do que fomos perambula,

E a vida sem sentido segue em vão,
Os dias que vierem nos trarão
O fim que com sarcasmo nos oscula.

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24983
A vida se esvaindo sem empenho
A sorte se desmembra em medo e dor
Pudesse ter nas mãos outro louvor
Diverso do que agora inda contenho

Um templo aonde amor se fez mais forte
E traz a luz imensa da esperança
Que quanto mais distante quer e alcança
Trazendo ao meu viver quem o conforte.

Saber das renitências deste passo,
Vagando em luz sombria, se percebe
Ausência de ilusão tomando a sebe
Condena-me deveras ao fracasso,

Mas quando te percebo mesmo alheia,
A vida novamente se incendeia.

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24982
As nuvens se aproximam já em bando
Trazendo este ar sombrio que não quero,
O tempo noutro tempo bem mais fero
A chuva em tal torrente desabando,

E quando se pensara em vento brando
A sorte a cada dia destempero
E tudo que queria, eu degenero
O quadro em tempestade se formando.

Alheio às tais angústias, pensamento
Vagando pelas nuvens, inda tento
Um terno amanhecer, mas nada disto

Trará uma certeza de outra vida,
O medo a cada dia tanto agrida,
Porém intemerato não desisto.

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24981
Apenas o vazio inda contenho
Depois de ter tentado a luz e a glória
Restando deste pária, vaga escória
Ainda que decerto algum empenho

Demonstre este vazio de onde venho
E traga falsamente uma vitória
Que ao fim se mostre pálida vanglória
Alheio caminheiro, nada tenho

Somente o meu olhar e nada mais,
Por onde se pensara em magistrais
Momentos desabando a minha tenda,

Deserto sem oásis; percorrendo
O medo me tomando anoitecendo
Nem mesmo um descaminho a alma desvenda.

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24980
A noite que se fora em liberdade,
Não deixa mais sinais do que eu pudera
Apenas navegando em fria espera
Sem ter a fantasia que inda aguarde

Chegada deste barco em tempestade
A sorte muitas vezes sendo fera
No quanto se deseja destempera
E muda do viver, a qualidade.

Esgoto os meus espectros neste charco
E quando imaginara mesmo parco
Algum momento em luz, a noite vem

E diz em repetidos pesadelos,
Que amores se distaram, nunca vê-los
Traduz o meu futuro sem ninguém.

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24979
Entranha nos esgotos, falsidade
E mostra no sorriso do carrasco
O quanto se transforma em medo ou asco
A sorte que deveras se degrade,

Aonde quis talvez uma saudade
Quebrando da ilusão, o pote e o frasco
As frondes da emoção agora eu lasco
E creio na fatal impunidade.

Servir aos dissabores da paixão
Estranhas excrescências mostrarão
O quanto se faz pouco do talvez,

Ansiosamente aguardo o desenlace
E mesmo que outro rumo a vida trace
O sonho há muito tempo se desfez.

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24978
E eu mostro a minha face predileta
Aonde tu quiseste algum sorriso,
Não posso enfim perder noção e siso
Uma esperança em nada se completa

Se tudo o que vivesse em tal abjeta
Figura transformasse um ar preciso,
Meu passo muitas vezes mais conciso
Arguta fantasia o amor ejeta.

Na crença de outro dia mais feliz
O todo muitas vezes contradiz
Um fato claro e explícito: não ser.

Pudesse pelo menos ter em mim
As flores que cevara num jardim
Que vi; a cada dia apodrecer.

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24977
Exposto nas esquinas, nos vitrais
O Amor se faz estúpida quimera
E aonde se prepara ou mesmo espera
Os dias se tornando sempre iguais

Momentos onde outrora magistrais
Agora solidão chega e tempera,
A morte de um amor se regenera
E tudo traz os dias tão banais.

Trazendo ao meu olhar medo e desdém
Enquanto ainda a luz ele contém
Esboço este sorriso de quem sabe

Que tudo vale a pena, mesmo quando
Pressinto o nosso templo desabando
Até que toda história um dia acabe.

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24976
Não deixo nem pegadas nem sinais
Andara pelas trevas e tentara
Ao menos uma chance bela e clara
De ter momentos nobres, magistrais,

E quando os meus anseios; destroçais
O fim anunciado se prepara
E o quanto quis da luz já se apagara
Em vós não tenho paz me transtornais.

Perpetuando o vago que ora sou
Não tendo outro caminho, o que restou
Traduz a insegurança e me aprofundo

No nada que percebo ao fim da tarde
E mesmo quando a morte já retarde
Há tempos me sentindo moribundo.

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24975
E em cada nova curva, perco o rumo
E sei que não podia ter no olhar
Toda amplidão imensa deste mar
E quando distancio; não me aprumo

Queria ter nas mãos, o meu futuro
E crer ser mais plausível aonde possa
Vencer as tempestades minha e nossa
Caminho virtual, sonho e procuro

Andante cavaleiro de la Mancha
A sorte não se fez em boa senda,
A sanha mais audaz não se desvenda
E toda a minha glória se desmancha

Deixando um leve rastro tão somente,
E a doce fantasia não desmente.

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24974
Aos poucos ao vazio eu me acostumo
E faço dele um ato de esperança
Aonde o coração ainda alcança
Expressa esta ilusão e dela o sumo

Ainda mesmo pouco já consumo
Vivendo com astúcia a luz amansa
O coração que às vezes tolo cansa
Até chegar aos olhos novo rumo.

Aprumo-se e prossigo nesta luta
E quando o passo atrasa ou se reluta
A luz ao fim do túnel diz farol

Que ao navegante ilude, porém guia
Durante a noite amarga e tão sombria
Promessa de alvorada em brilho e sol.

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24973
A solidão se mostra mais completa
Depois de tantos anos do teu lado
Caminho por estrelas decorado,
O amor é solução, estrada e meta

A refeição soberba e predileta
O sonho desta forma destroçado
Amarga sensação, do fútil Fado
Felicidade aos poucos se deleta.

O quarto se tornando agora imenso
E quando no passado ainda penso
Extensas ilusões deitam aqui

E nelas eu te vejo audaz e nua,
Porém a tua ausência continua
Dizendo em plena voz que te perdi.

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24972
Nas hordas de fantasmas vejo a meta
Dos sonhos de um estúpido cantor
Sem ter sequer aonde ainda por
O verso que transcende se completa

Na quase sensação de ser poeta
E ter sob meus olhos este andor
Que um dia imaginara redentor
E agora se transforma em luz discreta.

Em sobressaltos passo a minha vida
E quando desta insânia se duvida
Exponho o coração quase em destroços

Da morte que virá, a paz recebo
Dos vermes e bactérias eu me embebo
E ao fim só restarão de mim, os ossos.

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24971
Daquele que se foi e agora assumo
Não posso decifrar as emoções
E tudo o que deveras ora expões
Explica o desmembrar num outro rumo

E quando pouco a pouco já me esfumo
Vagando por espaços, amplidões
Bebendo das estranhas sensações
Até aos dissabores me acostumo.

E quase não percebo alguma luz,
Ferrenhos vendavais em corpos nus
Momentos de prazer, gozo e regalo

Apenas fantasia e nada mais,
Porquanto fossem horas magistrais
Vazio depois delas, eu me calo.

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24970
Da doce morte eu bebo todo o sumo
E traço os desafios que pressinto,
Por vezes iludido, mesmo minto,
Depois os meus engodos eu assumo

E quando navegasse em novo rumo
O pesadelo aumenta, o outrora extinto
Vulcão se faz em lava e quando eu sinto
A vida novamente vai sem prumo.

Extasiado o fim já se aproxima
E deixo para trás amor e estima
Estigmas que carrego e não liberto,

Assim entre as tormentas e os vagares
Por onde incertas nuvens encontrares
Decerto eu estarei sempre por perto.

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24969
E uma alegria insana, a dor já veta
Deixando por herança a morte em vida
E quando se procura uma guarida
Medonhos festivais, terror e seta,

Perpetuando a noite, se completa
Na arrepiante sombra em despedida
Mergulho neste pouco que ora lida
Com toda a insensatez, caminho e meta.

Vestindo estas mortalhas que me deste
A terra que pisara agora agreste
Impede o renascer de uma esperança

E enquanto estios vários se sucedem
As ânsias e os vazios já me impedem
E a voz sem ressonância ao nada eu lanço.

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24968
Nos bares me inebrio a cada dia
Dos sonhos e aguardentes, treva e luz,
E a vestimenta escusa reproduz
Momentos em falsidade ou alegria

E enquanto se desnuda a fantasia
O beijo sem amor já não seduz
E vejo o meu retrato em contraluz
Entorpecido encanto se desfia.

Herético ou hedônico, vulgar,
Aonde cada estrela irá brilhar
Meus olhos acompanham bem ou mal,

E quando me percebo enternecido,
Audácia enaltecendo esta libido
E a angústia se inicia ou tem final.

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24967
Encontro na sarjeta a poesia
Depois de tantas vezes ter a sorte
De uma palavra audaz que ancore a aporte
Meu mundo de tormenta e de alegria,

Descrevo a madrugada, ganho o dia
E vejo o nascimento, vida e morte
Tocando para o Sul, adentro o Norte
E vivo sem temer tal utopia.

Urdida nas entranhas do vazio
O todo neste instante desafio
E brinco sobre as águas; timoneiro

Das letras e palavras; comandante
Eternidade eu mudo num instante
Enquanto enfrento o mar, dele me esgueiro.

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24966
Que traz alguma força para o sonho
Do qual a poesia dessedenta
Sabendo quanto a vida diz tormenta
Um cais abençoado ora componho

Usando da palavra; um bem medonho
Por vezes pacifista ou violenta
Deveras alegria que lamenta
Ourives da ilusão tiro e reponho.

Na mágica e concreta poesia
A vida transparece opalescente
Por mais que esta verdade eu reinvente

O quanto já perdi se fantasia
E molda novo escape ou a prisão,
Aonde há tempestade e calmaria, sim e não.

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24965
Do todo que já tive resta o nada
E dele não percebo alguma chance
Que possa me mostra ledo nuance
Depois de tanto tempo abandonada

Uma alma se pergunta desolada
Se a vida permitindo algum romance
Durante a tempestade ainda avance
Mudando todo o rumo desta estrada.

Quiçá felicidade seja alheia
E quando uma vontade me incendeia
Banquetes da ilusão em pratos nobres

Porém logo assassino tal vertente
Por mais que uma esperança ainda alente
Com manto negrejado tu me encobres.

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24964
Deitando o meu caminho na calçada,
Vagando em noite imensa sem a lua
Que ao léu se entrega às nuvens, e ora atua
Em outras plagas distas, vai nublada.

A sorte em tantas dores desmembrada
A vida sendo exposta nua e crua
E enquanto minha estrada continua
Vencida e há tanto tempo desolada

Erguendo o meu olhar, neblinas fartas
E quando da esperança mais me apartas
Tocando com as mãos em carne viva

Percebo quão inútil prosseguir
Sem ter o que pensar, morto o porvir,
Aguardo alguma luz que sobreviva.

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24963
E nele uma terrível solução;
Nas mãos o fim da tarde nega a noite
O vento se tornando feito açoite
Apenas tempestades me trarão
As ânsias que perdendo a direção
Causando a solidão neste pernoite
Por mais que uma ilusão ainda acoite
O sonho que se deu em migração.
Felicidade é lago em placidez
Que a própria natureza já desfez
Deixando em seu lugar árido solo,
E dele o que fazer? Perdendo os grãos
Noturnos pesadelos, velhos vãos
Abrindo-se na terra então me imolo.

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24962
A seca dominando o meu jardim,
Não deixa qualquer dúvida: jamais
Terei depois de quanto derrotais
A paz que necessito e morro assim

Sem ter momento algum de paz enfim.
Em vós por tanto tempo quis bem mais
Do que deveras sei que demonstrais,
As lágrimas tomando a minha estada

Aonde se pudesse nova escada
Que aos céus levasse em manso ritual,
Mas como poderia, pois roubardes

E as luzes que eu sonhara morrem tardes
E não vejo mais sequer algum degrau.

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24961
Matando toda a minha plantação
Esta aridez terrível toma tudo
E quando em nuvens negras eu me iludo
Os dias novamente me trarão

O vento leva noutra direção
Coração silencia e segue mudo,
Uma esperança é sempre tolo escudo,
Porém se eternizando este verão.

E assim vai prosseguindo a minha vida,
Aonde quis amor, só despedida,
Aonde pus meu barco, perco o cais,

Num luto que se mostra dia a dia,
A seca deste solo nada cria,
E o sol diz inclemente: nunca mais.

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24960
O verso em que teimava nexo e rota
Agora se perdendo sem sentido,
Tocando mansamente dor, libido
Ao mesmo tempo luz e medo nota.

E quando me perdendo se denota
O medo muitas vezes dividido
O templo dos meus sonhos destruído,
A roupa da ilusão já se amarrota

Navego pelo nada e neste pouco
Às vezes prosseguindo manso ou louco
Do verso que perdi sequer notícias,

Mas como irei fazer sem direção
Caminhos turbulentos mostrarão
O fim das esperanças e delícias.

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24959
Perdido sem caminho ou direção,
Exposto às ventanias busco um cais
Aonde com certeza derramais
As luzes mais sublimes, coração.

E quanto vos percebo a solução
Em dias mais felizes nos cristais
Que um dia com prazeres sem iguais
Iridescentes cores mostrarão.

Nas pedras, nos espinhos, urze e flor
As variantes todas; guerra e amor
Lições que aprenderemos com certeza,

E sinto-vos deveras muito além
Das dores e terrores que inda vêm
Mudando desta vida, a correnteza.

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24958
Porém, pressinto ser melhor assim
Aposto nos meus dias que decerto
Mostrando a solidão que hora deserto
Vivendo esta alegria sem ter fim,

Saber que desde quando existe em mim
Um templo de ilusão que estando aberto
Permite um caminhar outrora incerto
Agora com firmeza vejo afim.

E desta afinidade me alimento
Vencendo intempéries e tormento
Ancoradouros tantos; imagino,

Aonde houvera turva imensidão,
Os dias mais pacíficos virão
E neles um momento cristalino.

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24957
Da dor eu não conheço arribação
Extraviada sorte trama o fim
E quanto mais audaz, percebo em mim
Que as alegrias vãs debandarão

Deixando como um rastro pelo chão
Da insânia que completa este jardim.
Abrolho destroçando algum jasmim,
A seca dominando uma estação.

A fúria violenta das tormentas
E enquanto novamente tu assentas
A paz neste supremo e belo trono,

Olhando para os lados nada vejo,
E quando mal percebo; outro lampejo
E o rumo que escolhera; ora abandono.

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24956
Carcomidos os olhos da esperança
Deixada nesta entrada sem saída
E quando mergulhando em despedida
À fúria terminal ora se lança

Deixando no passado a temperança
A sorte desta forma, vã, urdida
Imenso labirinto onde perdida
Uma alma tem o nada como herança.

Assim ao perceber final dantesco,
Após um leve instante em gozo insano,
Do quanto que não fui; já não me ufano

Às vezes tão venal ou quixotesco
Prazeres incontidos? Ilusão
As hordas de demônios mostrarão.

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24955
Extremas sensações que já sentiram
Os que perderam rumo pela vida
Por mais que a realidade nos agrida
Momentos mais felizes impediram

A queda que absoluta não nos deixa
Seguir a caminhada à qual destina
Mesmo que seja turva ou cristalina
Imersa em alegria, medo ou queixa.

Da paz à guerra um salto momentâneo
E nele este tropeço é natural,
Até que num instante, o terminal
Conheçamos enfim o subterrâneo.

Levando desta história dor e mel,
Seguindo pro vazio, Inferno ou Céu.

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24954
Cadáveres; em vida coleciono
E faço destes restos um emblema
Estrelas que pensara em diadema
Aos poucos se entregando ao abandono.
E quando em fantasias sou teu dono,
Por mais que tudo ocorra nada tema
O coração no qual o amor se algema
Trazendo mansamente paz ao sono.
Mas quando estes escombros tanto pesam
E os sonhos e delírios me desprezam
Só resta ao cantador, a solidão.
E vago pelas ruas, vou aos bares
Espero com certeza que ao voltares
Cadáveres que trago; morrerão.

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24953
Na cíclica agonia que nos ronda,
Felicidade é mera fantasia
Medonha tempestade que se cria
Fazendo que esperança ao fim se esconda.

Pudesse crer na paz que nunca veio
E ter nos olhos raro amanhecer,
Não deixe mais o sonho esmorecer
Embora natural tanto receio,

Adentro os vales turvos da ilusão
E cevo com carinho e como vês
Após uma alegria esta aridez
Momentos que decerto mostrarão

O quão inútil crer noutra saída
Se já perdemos toda a nossa vida.

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Terça-feira, Fevereiro 16, 2010
24952
Monástica ilusão por vezes sonda,
O coração audaz de um cavaleiro
Que tanto se entregou e segue inteiro
Enquanto a fantasia ao longe ronda

Mergulho esta emoção aonde estronda
Uma explosão num tempo corriqueiro
E quando o verso mostra o derradeiro
Caminho se procura em mares a onda

Que possa permitir outra viagem
Enfrento estas serpentes e dragões
E quando a realidade enfim expões

Por mais que as fantasias nos ultrajem
Permanecendo em paz, nada a fazer
Senão beber o sol no amanhecer.

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24951
Quantas vezes sofremos sem saber
Que a solução existe em cada caso
Aonde se trouxesse algum ocaso
Percebo no final o amanhecer,

E a cada novo anseio perceber
Que tudo nesta vida tem seu prazo
E mesmo quando iludo-me ou atraso
Encontro uma razão para viver.

Espero que talvez já não me deixes
E mesmo que sozinha ainda queixes
Conceba com sorrisos outra senda,

E quando a poesia te tocar
Entranhe-se nas tramas do luar
Permita que a emoção, sonhos atenda.

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24950
Trazendo no seu bojo um abandono
Caminhando entre trevas e procelas
Enquanto novo mundo me revelas
Ainda me perdendo em medo e sono,

Por quanto muitas vezes eu me abono
Nas ondas e delírios, rumos, selas
E deixo para trás carrascos, celas
E deles outro tempo crio ou clono.

Vagando pelas noites; indefeso
Ainda quero crer no que não vejo,
E quando me sentira por ti preso

Talvez a liberdade mais distante
Permita que se tenha algum lampejo
Tornando o nosso dia radiante.

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24949
A noite traz anseios e delírios
Envolta em brumas fartas e neblinas
Aonde se pensaram cristalinas
Imagens traduzindo-se em martírios.

Esqueço os meus anseios e mergulho
Nos braços desta lua enamorada
Depois ao perceber da madrugada
Apenas a ansiedade diz entulho

Invés de girassóis; coruja encampo
E cada rastro leva aos vãos mistérios
E quando me entranhando em seus critérios
Vislumbro constelar o pirilampo

E dele à noite inteira se irradia
Trazendo ensandecida esta magia.

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24948
Bebera tanto pranto por quem dera
Soubesse desvendar cada querer
E desta cena engloba-se o poder
Que agora se traduz por medo e fera

E tudo se transforma após tal era
Aonde a poesia pode ver
Além do que deveras posso crer
Gerando e renascendo em primavera.

Astúcias entre botes, serpes, fúrias
E quando se mostrara em tais incúrias
As ânsias não cabiam mais em mim,

Versando sobre temas tão diversos
Encontro a solução em vãos imersos
Adentro este vazio de onde vim.

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24947
“Das glórias decaído”um anjo atroz
Derrama sobre a Terra o seu fascínio
E dele com certeza grã domínio
E a cada vez mais alto sua voz

As trevas inundando todos nós
Promessa de um terrível extermínio
Extinta uma esperança, vaticínio
No qual não escapamos deste algoz,

E assim na fúria imensa a Natureza
Embalde encara a turva correnteza
Torrentes que ao final destruição

Explodem pelas mãos da humanidade
E quanto mais audaz, o monstro brade,
No humano ser maior satisfação.

CITAÇÃO DE ÁLVARES DE AZEVEDO.

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24946
Numa ácida tormenta vida afora
As trevas e os temores guiam passos
E quando me percebo sem espaços
A fúria inevitável já se aflora
E toda a fantasia vai embora
Deixando os meus momentos bem mais lassos
E quando ao prosseguir não deixa traços
Vazio pouco a pouco já se ancora
E torna a nossa vida mais doída
E sendo sem porteira esta saída
As asas que libertam nãos as tenho;
E deixo-me levar por falsos mitos,
E quando se imaginam infinitos
Não deixam nem a sombra como empenho.

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24945
Horripilantes noites solitárias
Acendo as lamparinas vejo o nada
E dele cada parte decifrada
Esconde as ilusões velhas corsárias,
E os andarilhos sonhos, forças várias
E nelas a promessa da alvorada
Ao dar neste sentido uma guinada
Descrevo sem sentir a velha senda
E quando a poesia isto desvenda
Estorvos do passado são comigo
E bebo da emoção quando me entrego,
Vagando pelas ruas quase cego,
Não vejo a cada curva outro perigo.

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24944
Por tantas ilusões, cólera trago
E dela me sacio com pavor,
Andejo coração se fez amor
E dele nem sequer algum afago,
O tempo sendo atroz, verdugo e mago
Na alquímica loucura o meu louvor
Embalde tantas vezes bebo a dor,
E cada vez maior o velho trago,
Inebriante luz já não conforta
Quem tanto se escondeu atrás da porta
E sabe das porteiras mais atrozes,
Por mais que se pudesse crer no fato
Do qual e pelo qual já me maltrato
O dia se faria em novas vozes.

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24943
Aonde se pudesse em Majestade
Vencer os meus anseios e vergonhas
Ao mesmo tempo em que decerto sonhas
O frio desta noite ainda invade
Tomando o coração esquece a grade
E beija esperanças mais bisonhas,
E quando noutras sendas tu te enfronhas
Inútil por mais forte que inda brade,
Vestígios do que fomos se espalhando
E tudo se demonstra desde quando
Audaz eu percebi o fim da linha.
Não posso mais seguir em dura estrada
Que sei vai terminar no mesmo nada
Enquanto a morte chega e se avizinha.

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24942
Um hediondo espectro vaga à toa
E tresloucado ator se mostra assim
Num mote costumeiro e até chinfrim
A vida que pensara outrora boa

Ainda mais distante não ressoa
E molda cada abrolho em meu jardim,
Chegando mansamente vejo o fim
E dele me aproximo enquanto voa

Uma alma que jamais soube descanso
E quando no não ser ainda lanço
A minha expectativa mais completa,

A sorte se entorpece e me maltrata
Vencer a solidão da imensa mata,
Na fúria que devasta, a predileta.

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24941
Sarcástica gargalha a fera insana
Que tanto poderia\estar em paz,
Mascaro com meu passo mais audaz
O quanto a poesia ainda engana

O velho caminheiro ora se ufana
Do tempo que vivera mais capaz
E quando quase nada satisfaz
A morte se aproxima e nos profana.

Arestas apontada, vida segue
E quando a realidade tudo negue
Herege aventureiro busca o cais,

E tudo que não tenho ainda busco
E quando me percebo em lusco fusco
Os dias que vagara são iguais.

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24940
Se lúcido pudesse estar emerso
Ascendo ao nada ser e tudo bem,
Enquanto as tempestades inda vêm
Não deixo meu caminho mais disperso
E vivo etereamente este universo
Na busca insuperável por ninguém
E quando este estopim ainda tem
Poder de destruir, fogo diverso
Eu queimo-me nas ânsias mais ferozes
Ouvindo do passado estranhas vozes
Angustiosamente a vida traz
Ferrenhas ilusões nas quais me embrenho
E tendo em solidão maior empenho
Aonde poderia crer na paz?

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24939
Um Sátiro encontra uma resposta
Nas ancas e nas ânsias da morena
Enquanto com sorrisos ela acena
A boca sobre os seios, sendo posta
Encontro novamente em cada aposta
O jogo que deveras trama a pena
E aonde a sorte engana e mesmo plena
Esconde desde sempre o que se gosta.
E quando me percebo sem saída
Adentro as ilusões da torpe vida
À qual ao me entregar já me perdi,
Vivendo este dilema, ser/não ser
Um desencontro feito em desprazer
Trazendo imenso inferno para aqui.

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24938
Desertos que cultivo dentro em mim
Vagando sem destino, um beduíno
Ao mesmo tempo tento e não domino
Viver a fantasia até o fim,
E quando me disfarço sigo assim
Vencido pelos ermos, desatino
E tudo o que pudera determino,
Meu canto sem Oásis e Aladim,
Das tramas entre tendas e camelos
Ainda sobre a areia posso vê-los
E dessedento a sorte em cada sonho,
Haréns entre sultões e ventos fortes,
Só quero o teu amor, e me confortes
Nesta miragem rara que componho.


25001 ATÉ 25050
25050
Bebendo os dissabores eis aqui
O que talvez pudesse ser um homem,
Mas quando as esperanças, todas, somem
Apenas em vazios me verti

E tudo o que sonhara já perdi,
Enquanto as ilusões terríveis domem
E todo o pensamento; vêm e tomem
Da mansidão e paz eu me esqueci.

Estraçalhado verme que respira
Ainda fomentando a insânia, a pira
Única fonte expressa de calor

Adentrto a frialdade deste inverno
E aonde imaginara calmo e terno,
O dia a dia, em fúria, assustador.

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25049
Esquife feito em lágrimas e pinho
Aonde descansar após a luta
Insana de quem nunca a paz desfruta
E segue a sua senda em dor, sozinho,

E quando do final eu me avizinho
A força tão atroz, terrível, bruta
O passo titubeia e a alma reluta
E o mórbido e funesto vão carinho

Roçando a minha pele, me tocando,
Incrível que pareça; às vezes brando
Suave e terno beijo terminal,

E a morte me recolhe no seu colo,
Num abandono manso, deito ao solo,
Terminando este amargo ritual.

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25048
És a essência de tudo quanto sonho
E disto não me afasto um só segundo,
E quando nestes vales me aprofundo
Um tempo mais feliz, inda componho,

Viver a fantasia e ter no olhar
O brilho de quem ama e sabe bem
Que amor por si somente já contém
Descomunal potência a se mostrar

Mas quando envolto em brumas e neblinas
As horas que pensara cristalinas
Transformam-se em tempestas mais vorazes,

E quando eu me percebo em desalento
À fúria incontrolável destes ventos,
O pacificador alento trazes.

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25047
Maravilhas tão raras que trouxeste
Estrelas, constelares emoções
E quando o coração; em paz expões
Minha alma flutuando assim, celeste

E quando em tempestades tu vieste
Trazendo calmarias, mansidões,
Mudando num instante as estações
O solo nunca mais se fez agreste.

Permita então que em versos eu exponha
A sorte que se fez rara e risonha
Deixando no passado a dor inglória,

E assim ao ter comigo o teu carinho,
Jamais prosseguirei vago e sozinho,
Mudando todo o rumo desta história.

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25046
Tu és de minha vida toda a essência
E assim se perpetua nosso caso
Bem antes que se veja o frio ocaso
Amor ora guiando a consciência

De tudo o que acontece tem ciência
E dela se permite o quão me aprazo
E sei que jamais fora por acaso
O amor só se constrói com paciência

E tudo que desfruto neste instante
Provém de um tempo raro e fascinante
Aonde se cevara este canteiro

Com tal dedicação e estando atento,
Cuidar; amenizando o sofrimento,
E ser mesmo em discórdias, verdadeiro.

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25045
O que tanto tramamos nessa história
Momentos de prazer entre tempestas
Aonde imaginara simples festas
Ao mesmo tempo luz, terror e glória,

Por mais que a vida doe; rememore-a
Verás que às incertezas tu te emprestas
Lembranças tão felizes ou funestas
A sorte que sorri é merencória.

E nesta tão sutil diversidade
Embora muitas vezes desagrade
Assim é que se faz o crescimento.

Lições, aprendizagem, gozo e dor,
Eterno desfiar e recompor,
Tempestade é prenúncio de um alento.

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25044
O vento que nos queima ainda vem
Falar destas estúpidas quimeras
Dos gozos que deveras inda esperas
E o quanto se procura por um bem

A morte tão somente em si contém
As mansas soluções que enfim tu geras
E vendo a expectativa destas feras
A dor e a solidão; não tens ninguém,

Sabendo discernir anseio e medo,
Algum carinho às vezes te concedo,
E por não ter respostas, nada falo,

A vida se perdendo neste nada,
Por vezes vejo a estrada abandonada
E o amor, como consigo decifrá-lo?

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25043
Erguidos dos entulhos, prosseguimos
Vagando entre estes becos, solidão
Os dias que deveras mostrarão
Histórias traduzidas nestes limos,

E quando, de nós mesmos, inda rimos,
Tentando descobrir a solução
Entranha dentre em nós a decepção
E para o mesmo nada enfim partimos.

Dois seres que não foram nem seriam,
Enquanto as nossas sanhas nos trariam
Somente esta friagem e este vazio,

Escombros e retalhos de outras vidas,
Esperanças há tanto apodrecidas
À racionalidade eu desafio.

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25042
Fazíamos da noite, uma refém
Enquanto desfilávamos o sonho
Momento do passado tão risonho
O tempo isso destrói e nada vem

Somente as velhas sombras que contém
O traço mais atroz, frio e medonho,
E quando em novo tempo recomponho,
Olhando para os lados, mas ninguém.

Assim as minhas noites são iguais,
Aonde se quiseram magistrais
Banais e repetidas num marasmo

Que chega a maltratar pelo não ser,
Ausente da esperança e do prazer,
Revejo o mesmo nada, quieto e pasmo.

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25041
Por isso, por favor, cegue a memória
E apague no teu cérebro as lembranças
Enquanto ao teu passado ainda lanças
O olhar, a vida resta merencória,

Não deixe que esta morta e tosca glória
Impeça o caminhar, e quando avanças
Entre o porvir e o ido, tu balanças
E assim repetirás a velha história,

Por isso é que te peço, veja a luz
E deixe a que passou no seu lugar,
São fases tão diversas do luar

Prazer e dor a vida reproduz,
Mas traz em todo belo amanhecer
Uma esperança viva a renascer.

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25040
Capaz de demonstrar felicidade
Quem tenta disfarçar seus dissabores
Lembranças de terríveis desamores
Sorriso de alegria é falsidade.

E quando chega a noite e uma saudade
Falando de outros tempos sedutores,
Por mais que noutras sendas inda fores
Cadáver do passado ainda invade

E te vejo calada pelos cantos,
Nos olhos tão vazios desencantos
Olhar neste horizonte segue ausente

À espera de quem foi pra não voltar,
Depois como pudesse disfarçar,
O olhar lacrimejado te desmente.

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Quarta-feira, Fevereiro 17, 2010
25039
Eu quero teu prazer junto comigo
E dele usufruir a me perder
Ecléticos caminhos; posso ver
E neles luz intensa que persigo,
Viver e ter nas mãos calor e abrigo,
Anseio de quem tanto quis saber
Da glória insuperável de um prazer
Que possa traduzir em braço amigo,
Perceba quanto luz amor emana,
A força que possui é soberana
Aproximando do Éden o caminhante
E tudo se transforma ao mesmo instante
Em que sorvendo o bem de um grande amor,
A vida se promete em rara cor.

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25038
Eu te amo, esteja certa, e sempre digo
A quem quiser ouvir e até repito
O quanto te desejo estava escrito
Há tempos neste templo onde me abrigo
Amor igual ao nosso, imenso e amigo,
Decerto traz um dia mais bonito
E mostra ao navegante outrora aflito
Um cais onde não há sequer perigo.
Viver felicidade a cada instante
E ter no meu olhar o radiante
Sorriso da mulher que eu amo tanto,
Por isso não me canso de sonhar
E quanto mais desejo, mais amar,
E em nome deste tudo agora eu canto.

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25037
Espalho os seus sinais no mundo afora
E tento recolher o raro fruto
O amor por vezes sendo tão astuto
A cada poro invade e sem demora

Explode em sensação que revigora
Trazendo esta alegria que desfruto,
Outrora um marinheiro atroz e bruto
Na maciez do amor, é outro agora

E sabe discernir porto seguro,
Nas ânsias do desejo em que me curo
Feridas cicatrizam mais depressa,

E quando a noite chega em temporais,
O amor com suas forças magistrais
Um novo amanhecer já recomeça;

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25036
O quanto a nossa sorte revigora
Deixando para trás qualquer fraqueza
Eu falo e repetindo com franqueza
A sorte com certeza não demora,

Saber de quando a rosa ali se aflora
E ter nas mãos deveras tal destreza
Que possa preparar tanta beleza
Na qual a bela casa se decora,

É como perceber a divindade
Aonde se produz felicidade
Moldando amanheceres mais perfeitos,

Sabendo desde sempre o que se quer,
Não temo desventura e nem qualquer
Angústia que inda invada nossos leitos.

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25035
Da paz que renasceu, tranqüilidade
Um bem que herdando deixo como herança
E sei que quando o amor assim se lança
Não teme mais horror nem tempestade

E sendo mais feliz quem tanto agrade
E deixe para trás qualquer vingança
Voltando a ter nos olhos a criança
Diversa do que a vida em vão degrade

Anseio por momentos mais felizes,
E quando sem sentir tu contradizes
Perceba quão divino é ter um sonho,

Por isso novamente aqui proponho
Caminho mais suave em direção
Aos dias redentores que virão.

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25034
Não quero mais saber de ter saudade,
Nem mesmo a vasta inglória do não ter
Sentindo sob as ânsias do poder
A força que permite a variedade

Por mais que talvez isso não agrade
Escondo-me nas grotas do querer
E bebo a bela fonte a entorpecer
Até que possa ver felicidade.

Num lírico cantar eu desafio
O tempo em temporal, calor e estio
Vacâncias do passado não mais quero

E sendo audaz jamais me fiz austero
Vivendo esta emoção a cada dia
Saudade no porão já se escondia.

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25033
Deixando uma tristeza já de fora
Depois de se tentar um novo trilho
Nas luzes desta lua me polvilho
E toda a fantasia me decora

Aonde toda a luz nos revigora
Não vejo ao caminhar outro empecilho
E quando esta ilusão; agora encilho
Galopo por estrelas, sem demora

Corcéis das emoções versos e rimas,
Aonde se buscassem paradigmas
Encontro tão somente a liberdade

E dela faço tudo o que quiser,
Nas mãos tão delicadas da mulher
O bem que se deseja e tanto agrade.

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25032
Percebo que serei feliz agora
Depois de ter nas mãos o meu caminho
Vencendo cada pedra, dor e espinho
Apenas a emoção benigna aflora,

E quero sem perguntas ou demora
Viver o que me resta em manso ninho,
Jamais suportaria estar sozinho
A morte pouco a pouco me decora,

Mas tendo esta certeza de quem queira
Por mais que me perceba junto à beira
Do imenso precipício feito em nada,

A sorte com certeza está lançada
E sinto que minha alma já se inteira
Na luz do grande amor, a derradeira.

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25031
Colhendo finalmente a liberdade
Após ter me perdido em noite vã
O quanto é necessária esta manhã
No brilho que semeia e tanto agrade,

Assim ao perceber tranqüilidade
Encontro na alegria o meu afã
E bebo da esperança um amanhã
Soberbo com ternura e liberdade.

Ansiosamente espero a tua volta,
E quando solitária alma revolta
E tenta a cada noite outro motim,

Viver sem ter amor é como fosse
Seguir o descaminho que agridoce
Destrói cada passagem de onde vim.

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25030
Sou teu e cada vez mais me convenço
Do quanto nosso amor se fez capaz
De me trazer momento feito em paz
Carinho que procuro e nele penso

Aonde se mostrara medo imenso,
Agora com certeza só se traz
O gosto do viver que satisfaz
Quem tanto se perdeu em mar intenso,

Chegando de manhã depois da lua,
Minha alma na tua alma continua
Iluminada aos raios de teu sol,

Floresce em nós a glória de saber
O quão é necessário pra viver
O amor que se transborda no arrebol.

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25029
Do quanto descobri tesouro imenso
Após os arquipélagos do sonho
Aonde cada passo eu recomponho
Num mundo mais audaz, e mesmo tenso,

Se a cada novo dia me convenço
Do tempo que virá belo e risonho,
Ao mesmo tempo em fogo decomponho
O que pensara em glória e não mais penso.

Descrevo em poesia, versos fúteis
Os passos que bem sei serem inúteis
E deles o final já se aproxima,

Aonde poderia ter a paz,
Apenas a saudade ora me traz
O fim do que julgara em alta estima.

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25028
Nos braços da mulher que eu encontrei.
Depois desta procura insaciável
O dia amanhecendo suportável
A claridade toma toda a grei

E mesmo que vazio ainda creio
Num tempo em plenitude recomposto,
O amor quando demais assim exposto
Não vê sequer a sombra de um receio.

E audaz permite ao velho sonhador
Um novo amanhecer em mansidão,
E mesmo novos dias mostrarão
Momentos de diversa e rara cor,

Andantes ilusões? Não mais desejo,
O amor é muito além de algum lampejo.

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25027
Singrando os oceanos da paixão
Enfrento tais borrascas e procelas
E quando abrindo ao vento as minhas velas
Permito a mais feroz navegação,

E sei que novos dias me trarão
O quanto deste amor que não revelas
E nele se emolduram raras telas
Numa diversa forma, exposição

Dos meus anseios tantos, minha audácia
E quando ausente o medo, sem falácia
Enfrento os dissabores com ternura,

O amor que tantas vezes sana e cura,
Desfiladeiro imenso que ora enfrento
Supera uma avalanche, encara o vento.

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25026
Um timoneiro encontra a direção
Em mar tempestuoso quando sonha
Por mais que em novo mundo se proponha
Viver além do cais e da emoção

Singrando em noite clara/escuridão
Não teme qualquer fúria, até medonha,
E sabe da alegria que se enfronha
Nos portos que seus olhos não verão,

Assisto ao meu naufrágio em loucos braços
E sigo sem remédio rastros, passos
Deixando os lastros tantos e a abordagem

Que faz aos meus navios tal corsário,
O amor que nos liberta e é temerário,
Por vezes fantasias ou visagem.

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25025
Eu tenho a recompensa deste amor,
E dela faço o mote preferido,
Ao mesmo tempo sinto em cada ouvido
A voz de um novo dia encantador,
Assíduas maravilhas dizem flor
E delas o dever mais que cumprido
Permite o florescer enquanto lido
Com todas as belezas luz e cor.

De camarote eu vejo este desfile
Por mais que uma tristeza ainda grile
As terras do eldorado que criei
Jamais conseguirá velha posseira
Tomar o que o amor ainda queira
Suprema fantasia dita a lei.

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25024
Trazido por um sonho encantador,
Transponho os vários muros do caminho
E sei que não me vejo mais sozinho,
Agora embrenho as sendas deste amor

E nelas como um velho sonhador
Deveras sem defesas já me alinho
E quando da esperança sou vizinho,
O tempo azulejado em bela cor.

Assisto à derrocada da tristeza
E venço com louvor a correnteza
Espalho minha luz por toda parte,

Não tendo qualquer medo que descarte
As tramas delicadas da alegria
O sonho a cada noite se recria.

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25023
Se tantas esperanças cultivei
Eu merecia enfim a melhor sorte,
Porém a vida segue sem suporte
E no vazio imenso mergulhei

Aonde tantas vezes quis o brilho
Inconfundível luz de uma esperança
A voz que no vazio já se lança
Alcança a noite em trevas que palmilho

E sei que no final não tendo nada,
O verbo conjugado no passado
Dizendo quanto andei, na vida errado,
Na estrada sem saída, abandonada.

Erguendo olhar percebo no horizonte
O sol que mesmo em nuvens já desponte.

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25022
Sementes/fantasias espalhei
Por todos os caminhos prado e campo
E quando este prazer enorme; encampo
Regalos encontrados nesta grei

Aonde o meu passado mergulhei
E nela a cada vez que sonho e acampo
Constelação de luzes, pirilampo
Que há tanto no meu sonho imaginei.

Ascendo ao paraíso neste instante
E vendo imagem clara e deslumbrante
Quiçá felicidade ainda existe,

Deixando para trás a dor errante
O amor que imaginara ora persiste
Num coração que sempre fora triste.

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25021
Das flores recolhi, agricultor
Perfumes que invadiram sentimento
E neles com certeza sem tormento
A vida se renova em tal louvor,

O quanto do desejo é multicor
E tudo se transforma no momento
Em que bebendo a luz eu já me alento
E vivo sem saber medo ou terror.

Assisto à derrocada das tristezas
E sigo com fervor as correntezas
Que levem para fozes divinais

E tendo em minhas mãos este timão,
O tempo mesmo quando em viração
Os temporais não voltam nunca mais.

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25020
O riso mais sincero a te propor
Espelha o desespero de quem tanto
Vivera esta emoção e em desencanto
Agora só conhece o desamor,

Sabendo do cenário a se compor
Nas ânsias deste sonho que ora canto
Fizesse além da dor, qualquer quebranto
Seguindo cada passo aonde for

Quem fez de uma esperança o seu enredo
E todo o grande amor que ora concedo
Transcende à própria vida e eternidade.

Saber usufruir do gozo imenso
Do qual a cada dia me convenço
Deixando para trás dor e saudade.

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25019
Castelos que criaste; ser teu rei.
E ter da realeza o gosto e a glória
Eternizado sonho na memória
Que há tanto desde sempre imaginei,
Volvendo o meu olhar encontrarei
O refazer soberbo desta história
E enquanto a realidade é merencória
Nas teias deste encanto eu mergulhei
E fiz de meus anseios realidade
Por mais que inutilmente ainda brade
Viajo em tal miragem e me entrego
Sem ter sequer desculpas nem lamento,
Na luz desta quimera me apascento
Nos mares da ilusão, feliz, navego.

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25018
Arfante este caminho que nos doura,
E trama um novo tempo bem melhor
A história se repete e sei de cor
Aonde a vida em paz é duradoura,

E quando em luz imensa se traduz
A antiga caminhada ora percebo
O que deveras quero e já me embebo
Da magnitude feita em rara luz,

Assisto à triunfal em louros feita
Estrada aonde a paz se refletindo
Permite que se veja amor infindo
E uma alma se mostrando satisfeita

Induz este andarilho à perfeição
Que os dias em ternura mostrarão.

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25017
Rainha que se faz distante e agora
Adentra os meus palácios da ilusão
Trazendo com total sofreguidão
Delírio que deveras já se ancora
E quando a fantasia se demora
Mostrando os novos dias que virão
A sorte congelando esta estação
Verão que nunca mais irá embora,
Esqueço deste inverno aonde havia
Somente o vento frio da agonia
E espalho pelos ares a esperança
De um tempo em que se mostre mais audaz
O quanto deste encanto amor nos traz
E nele toda a glória já se lança;

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25016
Aguarda um cavaleiro dos andantes
A moça na janela, Dulcinéia
E quando o coração muda de idéia
Transforma tudo aquilo por instantes
O que pensara outrora radiantes
Agora não se mostra em alcatéia
O amor não se comporta em alma atéia
Tampouco nos trará seus diamantes
Se tudo não passasse de um engano
Nas ondas deste encanto se me ufano
Percebo a plenitude à qual me dou,
Das eras priscas velhas pedrarias
Diversas das que tanto tu querias,
Após o cataclismo, o que sobrou.

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25015
Na ponte levadiça dos anseios
Castelos que imagino e não freqüento
Aonde se liberte o pensamento
A vida procurando novos meios

E deles sem temores ou receios,
Na busca de qualquer paz ou alento
Deveras no vazio me atormento
E os dias sem amor jamais são cheios,

Atrelo-me aos augustos caminhares
E sei que quanto mais assim sonhares
O tempo não fará mais distinção

E tudo se renova a cada instante
Nas mãos de quem se dá, tal diamante
Prismáticos delírios se darão.

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25014
Vencendo os dias vagos e tristonhos,
Não deixarei sequer alguma chance
À solidão que vejo num relance
E trama dias toscos e medonhos,
Aonde mergulhara velhos sonhos
Por mais que a realidade não alcance
Encontro num segundo onde se lance
A sorte de delírios mais risonhos,
Augúrios entre oráculos e búzios,
Momentos do passado macambúzios
Atrozes armadilhas desta vida
Que tanto poderia ser melhor,
Mas todas as defesas sei de cor,
Não quero mais ouvir a despedida.

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25013
Formando um carrossel de raros brilhos,
Manhãs ensolaradas onde eu vejo
Além de simplesmente este lampejo
Momentos pelos quais adentro em trilhos

Que levem ao mais claro e raro sol
Soberba testemunha deste amor,
E quanto tenho ainda a te propor
Um sentimento nobre, assim de escol

Permite que se creia num eterno
E tendo esta certeza vejo aqui
O Paraíso imenso que antes cri
E agora com prazeres eu interno.

E sendo ao mesmo tempo escravo e amo,
Só posso te dizer do quanto eu te amo.

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25012
Seguindo os teus caminhos, sei dos trilhos
E vejo que talvez descarrilado
O amor mudando as sendas do passado
Permita aos corações mais andarilhos

Vencer os descaminhos do vazio
Aonde na verdade saciava
A sorte me queimando feito lava
E dela qual a fênix me recrio.

Assiduamente estampo a minha sorte
Nas sanhas que talvez fossem tão minhas,
E nelas muitas vezes tu te alinhas
Buscando qualquer luz que te conforte

Mas saiba que te quero mesmo assim,
O amor que te dedico, não tem fim.

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25011
Que fazem dos meus sonhos teus amantes
Momentos prazerosos e felizes,
Embora ainda trague cicatrizes
Os dias que virão; mais radiantes
Mergulho nestes mares fascinantes
Deixando no passado os meus deslizes,
Além do que deveras contradizes
Percebo ao fim da estrada os diamantes
Que tanto procurara; um bandeirante
Por mais que a vida às vezes agigante
A dor de não saber e tentar crer
No dia que vire e poderia
Trazer ainda um pouco de alegria
No belo e mavioso amanhecer.

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25010
Mudando o velho rumo, por instantes
Caminho entre os espinhos que espalhaste
E a vida se transforma num contraste
Em medos e terrores perturbantes

Descrevo com palavras mais audazes
Momentos de ternura em noite escura
E tudo o que se quer e se procura
Encontra nos teus braços quando trazes

Anseios delicados e profusos
Mesquinhas desventuras; já não vejo
E tudo se resume no desejo
Matando os dissabores que obtusos

Durante tanto tempo maltrataram
E agora noutros portos ancoraram.

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25009
Ao ver o teu olhar me maravilho
E sei que quanta beleza se traduz
Na bela fantasia feita em luz
E bebo da esperança cada brilho,
O quanto da verdade se estampando
No olhar deveras manso e quase infindo
Os medos e terrores consumindo,
Angústias se debandam, triste bando
E apenas resumindo esta alegria
Fartura de prazeres na colheita
Uma alma transparente se deleita
E enquanto novo tempo fantasia
Imerso neste intenso clarear
Reflete cada raio do luar.

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25008
Quem antes fora um simples andarilho
Agora se perdendo sem paragem
O amor quando se mostra em vã roupagem
Esquece com certeza qualquer brilho
E quando noutras sendas eu palmilho
Perdendo desde sempre esta paisagem
Por mais que dores várias nos ultrajem
Luzernas nos conduzem noutro trilho

E deixam que se veja o sol imenso
E mesmo quando só na luz eu penso
Imerso nas belezas que me dás

E delas encaminho glória e tento
Vencer os dissabores, sofrimentos
Bebendo com ternura a rara paz.

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25007
Estende novos dias, triunfantes
O olhar de um velho e louco marinheiro
Aonde se mostrara por inteiro
Momentos entre nuvens radiantes

E vejo que decoras com brilhantes
O sonho da esperança mensageiro
Seguindo pela estrada o caminheiro
Conhece e tem nas mãos, raros instantes

Aonde poderia com firmeza
Sentir desta ilusão farta beleza
E ver da bela aurora estes clarões

Que agora sem temores nem vaidade
Trazendo ao meu olhar felicidade
Imensa à qual deveras já me expões.

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25006
Tomada pela súbita paixão
Uma alma traz sobeja incandescência
E quando procurara coerência
Somente ansiedades mostrarão

A intensa e desconexa direção
Por vezes em complexa penitência
Ou mesmo com o estorvo da inclemência
Ausência de ternura ou gratidão.

Extensos vales, rudes cordilheiras,
As ondas entre nuvens, mensageiras
Desta borrasca imensa que virá,

E mesmo após a chuva eu inda creio
Que amor sem ter sequer algum receio
Nos céus qual fora um deus, pois brilhará.

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25005
Que extrema cada gesto e perde a rota
Depois de ter achado-se infalível
O amor não tem desculpa e sendo crível
A sorte pouco a pouco se desbota
E quando uma ilusão de novo brota
O solo que pensara ser passível
De toda mansidão indescritível
Agora esta aridez mordaz denota.

Queria tão somente ser feliz,
Mas quando a realidade contradiz
Não resta quase nada ao caminheiro
Durante a tempestade, timoneiro
Nas mãos do pesadelo, intemerato,
Mas quando estou sozinho em vão debato.

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25004
Aos poucos, depois disso, eu já me aprumo
E sei que navegar sempre é preciso
Ainda que se encontre o prejuízo
A vida necessita de algum rumo
Mergulho nos meus erros e os assumo
E mesmo se tivesse em paz o siso
O beijo é necessário e mais conciso
Transmite da alegria todo o sumo,
Estradas que percorro em pensamento
Tramando no final o que sustento
Em glórias e delírios sendo feito
Caminho que enveredo em paz imensa,
E quando num amor alma compensa
Nas mãos de um manso sonho eu me deleito.

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25003
E faço deste encanto a direção
Durante o temporal, já que não vejo
O cais que tantas vezes foi desejo
De quem se fez em má embarcação
Vasculho os meus guardados no porão
E tenho esta impressão de que sobejo
Momento se transforma num lampejo
E dele poucas coisas sobrarão
Sequer algum momento em paz e brilho
Diverso desta senda que ora trilho
Na busca que incansável inda ostento,
Meus olhos sem saber deste horizonte,
Por mais que a lua ao longe em vão desponte
Não tenho lenitivo nem alento.

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25002
Que possa me trazer felicidade
Eu sei e desconheço outro caminho,
Andara muitas vezes mais sozinho
E tudo desabando sem que aguarde
Instante abençoado ou liberdade
Na qual mais destemido ora me aninho
E quando da esperança me avizinho,
A sorte temerosa a paz degrade.
Ostento esta medalha feita em charco
Das ânsias e fulgores se me encharco
Agasalhando a morte sem saber
Escondo-me nas tramas do passado,
E quando vejo a morte lado a lado,
Entrego-me sem chances ao prazer.

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25001 com estrambote
Vestimos a esperança a cada dia
E dela nós criamos tal demônio
Que enquanto o coração simples campônio
Mergulha nesta insânia em vã sangria

O ser feliz aos poucos já se adia,
O amor que fora outrora um patrimônio
Ao se inundar de farto e louco hormônio
Fantasmas e delírios vãos recria

E deles as angústias de um desejo
Aonde a derrocada enfim prevejo
E penitências feitas no prazer

Insano e sem limites, sem por que
Hedônico caminho que se vê
E nele se impedindo o amanhecer

Gerando o mais feroz e vago instinto
E o amor abandonado em vão e extinto.

25051 ATÉ 25100
25100
Nós dois, entranhados de magias
Procurando esta alquímica poção
Aonde as alegrias mostrarão
Delírios mais diversos que querias,
E além destas divinas fantasias
O amor que nos ensina esta lição
De solidariedade, vinho e pão
Que em mágicos momentos tu recrias.

Erguendo ao grande amor imenso altar
E a cada anoitecer poder louvar
Em forma de prazer e de atitude
Quem tanto nos renova e nos permite
Sonhar sem ter fronteiras nem limite
Mantendo viva em nós, a juventude.

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25099
Na treva, a solidão, seguira os passos
De quem me abandonara há tantos anos,
Somente no caminho, desenganos,
Sequer eu percebera leves traços

E agora depois disso, os olhos lassos
Esqueço do passado; velhos planos
E os dias que virão, tolos e insanos
Na ausência do calor de teus abraços.

Excêntricas paisagens, pesadelos,
E quando me percebo a revolvê-los
Encontro o desvario por resposta,

A sorte se ausentando dos meus dias,
Restando tão somente as poesias
Minha alma entre os espectros segue exposta

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25098
“De tanta inspiração e tanta vida”
A poesia traz em suas sanhas
As luzes e os terrores onde entranhas
A sorte tantas vezes esquecida,

Traçando desde o encontro à despedida
Enquanto em suas águas tu te banhas
Ou mesmo em seus espinhos tu te arranhas
E quando te serena abre feridas

Verdugo que apazigua e mesmo cura,
Nas ânsias mais diversas diz loucura,
Da forma que te alerta já te engana,

Esculpe com palavras, canta em versos
Tecendo em suas frases, universos,
Das artes, com certeza, a soberana

CITAÇÃO DE ÁLVARES DE AZEVEDO.

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25097
Na noite que se vai; em nada penso
Somente nas angústias que trouxeste,
Aonde imaginara luz celeste
Eu vejo este vazio, agora imenso,

E quando noutras sendas eu compenso
A dor de me saber alheio e agreste
Colhendo o dissabor que tu me deste,
O amor transcorre vago e sempre tenso,

Audaciosamente quis a luz,
Porém quando ao vazio me conduz
O sonho que deveras fora belo,

As ondas deste mar destroçam tudo,
E mesmo quando insano eu já me iludo
Ruínas o que resta do castelo.

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25096
Deixando bem distantes, agonias
Não posso mais voltar a ter nos olhos
Somente estes temores, tais abrolhos
Que a cada nova ceva sempre crias,

Estraçalhando assim a poesia,
Vencendo com terror farta beleza,
Aonde se pudera ter leveza
Apenas tempestade ainda urdia

Quem tanto eu desejei; fonte de sonhos
E agora percebendo esta cilada.
Não acredito, pois quase em mais nada
Os dias que virão serão medonhos

Marcados pelo medo e pela dor,
Matando em nascedouro, cada flor.

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25095
As marcas desenhadas numa areia
Demonstram que passaste nestas plagas
E enquanto a fantasia; assim afagas
A lua se derrama bela e cheia,

O amor incomparável nos rodeia
E dele estes prazeres quais adagas
Penetram mais profundo em noites magas
Trazendo tudo aquilo que se anseia,

Descreves com carinho cada fato
E quando neste instante eu me arrebato
Tomado por insânia e insensatez,

As ondas deste mar ficam mais fortes,
Sabendo que deveras me confortes
Após a tempestade que se fez.

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25094
Por certo as ondas levam e as marés
Transportam os desejos mais atrozes
E quando ouvindo ao longe belas vozes
Olhando calmamente de viés

Mergulho neste mar e te procuro,
Qual fosse a mais perfeita das sereias,
E mesmo em oceano, ora incendeias
Imenso fogaréu tomando o escuro,

E sinto um raro encanto quando cantas
E as ânsias se transformam; maravilhas,
E sinto quanto mais querida, brilhas
As forças que me impelem sendo tantas

Num átimo percebo ser feliz,
E em ti encontro tudo o que mais quis.

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25093
Depois nada encontrando, quem rastreia
Espera pelo menos um momento
Aonde se permita um pensamento
Tramando em noite clara a lua cheia

Vencendo a tempestade que rodeia
Sagacidade implícita no vento
Enquanto nos teus braços me acalento,
A vida em plenitude uma alma anseia

Vestindo as ilusões que tanto quis
Podendo finalmente ser feliz
Não tenho mais desculpas, quero além

De todo o sentimento que concebo
No amor em magnitude que recebo
A paz que imaginara ele contém.

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25092
Nas marcas das pegadas sigo o rastro
Por onde caminhaste noite afora,
E quando esta saudade já se aflora
A vida vai perdendo rumo e lastro,

E quando pelas sendas eu me alastro
Buscando quem mais quero sem demora,
Imensa ansiedade me devora
Guiado pela lua ou qualquer astro

Que possa refletir tanto fulgor
Produto soberano deste amor
Aonde se percebe a claridade

Imensa que transcende à própria vida
E o que já fora outrora vaga ermida
Agora em luz intensa já me invade.

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25091
Testemunhas do amor que sei demais
Enquanto tal beleza maravilha
Uma alma que deveras bebe a trilha
Aonde vós deveras já passais,
Sabeis destes soberbos, magistrais
Momentos onde o sol mais forte brilha
Por mais que amor traduza uma armadilha
Reflete em si pureza dos cristais.

E quando me entregando sem defesas
Às fortes e soberbas correntezas
Jamais me impediria de seguir
Sabendo quão difíceis as cascatas
Porém suas passadas mais exatas
Levando-nos a um manso e bom porvir.

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25090
Roubando de meus lábios, tentação
Angustiadamente a vida trama
Delírios entre trevas, luz e chama
Trazendo a fantasia ou mesmo o não,

E quando se transforma em solidão
Ou claro amanhecer ela já trama
E para um belo sol ela nos chama
Mostrando os brilhos tantos que virão

Esboçando a um só tempo; guerra e paz
E enquanto nos maltrata satisfaz
Esta ânsia dolorosa de um prazer,

Esqueço os dissabores, dessedento
Angústias preconizam tal tormento
E nela muitas vezes ser/não ser.

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25087
Aflora no meu corpo tal desejo
Vontade de fazer da poesia
Além de simplesmente quente ou fria
Momento de prazer real, sobejo.

E quando me percebo logo vejo
Que tudo não passou de alegoria,
Quem sabe não duvida e até recria
Da própria morte a sorte de um lampejo.

Mas sei que o verso em rimas é tão chato
E quando a realidade desacato
Pareço um Don Quixote ou arremedo,

E tento disfarçar minha ignorância
Rimando com total deselegância,
Porém sigo teimoso e nunca cedo.

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25088 - com estrambote
Que invade minha vida, com vontades
E tramas com delírios novas sanhas,
Assim querida amiga, tu me assanhas
E depois que consegues; logo evades;

(Assim é minha dura realidade,)

Ao mesmo tempo sonhos ou verdade
Loucuras e mentiras são tamanhas
Planícies contrastando com montanhas
Escuridão traduz a claridade.

Dos falsos brilhos sei me que cansei
E quando procurando noutra grei
A porta com certeza está fechada

Assim no perde e ganha a vida passa,
Mas sei que um dia então será da caça
E a caçadora foge, em debandada...

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25086
Querendo sempre mais enfim prevejo
Que o fim se determina a cada dia,
O quadro aonde a luz diversa urdia
Aquém da realidade do desejo,

Expressa a fantasia que ora almejo,
Mas sei o quanto a vida me esvazia
Sonego passo a passo a fantasia
E tudo no final trazendo o pejo,

Faltando ao macarrão um molho e o queijo
Que faço se esta boca não mais beijo
Tampouco algum carinho tu me dás,

Assim o barco esquece cais e porto,
E o amor que tanto quis agora morto
Descansa eternamente em chata paz.

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25085
Em nossa cama fogo e sedução
Mentiras que tratamos de esconder
Nas ânsias delicadas do prazer
As noites brancas ora mostrarão

Que tudo na verdade foi em vão,
E tendo novo rumo a escolher
Seria bem melhor o refazer
Num outro caminhar noutra paixão.

Mas tudo se perdendo no marasmo,
Ausente há tanto tempo ansiado orgasmo
O que nos alimenta é o dia a dia,

E dele se repete a ladainha
Diversa da que o sonho já continha,
E o nada vezes nada ora sacia?

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25084
Ouvindo a voz sombria do passado
Sombras do que já fora outrora glória
O quadro se esvanece e nova história
Navega pelo mar entregue ao Fado

Escuto esta canção tão merencória
Tentando o renascer do abandonado
Ourives da palavra, destroçado
Jogado pelos cantos, vulga escória

Águas que nunca movem mais moinho
Medonhas tempestades e sozinho
Ousando ter nos olhos o fututo

Restando tão somente este vazio
Resisto e quanto mais eu desafio
Encontro o mesmo nada e não me curo.

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25083
Deitando do teu lado, amor; lateja
Vontade de sentir teu pleno gozo,
O mundo do teu lado mavioso
A sorte se demonstra mais sobeja

Desvendo os teus mistérios que alma veja
Caminho delicado e prazeroso,
Um pária no passado, um andrajoso
O paraíso encontro e em mim poreja

Delírio feito em glória e divindade,
Bacanta fantasia rompe a grade
E tudo se transforma loucamente,

O todo se transborda num segundo
E quando nos teus mares me aprofundo
Uma explosão em luzes se pressente.

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25082
E vens tão delicada, bela e nua
Tomando este cenário, louca atriz
No altar não sei se santa ou meretriz
Desvarios causando enquanto atua

E a noite se deleita em rara lua
O amor feito em prazeres não desdiz
A fúria emoldurada e sou feliz,
Vontade repartida, minha e tua,

E dessedento assim minhas vontades,
E quando paraísos tu invades
Derramas sobre mim, orvalho intenso,

Umedecendo em gozo este lençol,
A lua se entregando ao louco sol,
Do etéreo enlaguescer, já me convenço.

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25081
Vibrando em mil vontades, a emoção
Transcende ao próprio ser ao traduzir
O quanto do total posso despir
E o quanto necessita proteção.

Nudez que com palavras mostrarão
Diversas muitas vezes do sentir
E quando me pecebo a impedir
Do meu eu a total devastação

Fingindo ou mesmo até mais verdadeiro,
Enquanto me entregando já me esgueiro
E nunca saberás quem sou de fato,

Por vezes no vazio ou no infinito,
Etereamente explícito conflito,
No ser ou poderia, eu me retrato.

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25080
Deslinda-se em loucuras, sempre mais
Quem tanto desejou e não sabia
Que a vida é feita em lágrima e alegria
E assim momentos vários nos bornais,

Enquanto ao mesmo tempo, doces, sais
Não posso sonegar a fantasia,
E a realidade após retornaria
Metades se encaixando, desiguais,

Traduzo o que serei no que já fui,
E tudo desta forma ainda flui
Levando à foz diversa em mar incerto,

Mas quando me pergunto se eu desejo,
Início sem ter fim ou meio; almejo,
Porém qualquer desvio e já deserto.

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25078
E a noite sem juízo, continua
Deixando nos motéis, os automóveis,
Indóceis passageiros, novos móveis
E a casa prosseguindo quase nua.

O quadro trasnfigura-se deveras
As cores são diversas das que eu vira,
E quando reunindo cada tira
A colcha de retalhos crias; geras.

Metade do que aprendo já deleto
Outra metade; esqueço dia a dia,
E quando o coração não fantasia
Cenário do viver fica incompleto,

Brincando com palavras, lavro a vida,
Adentro esta porteira. E a saída?

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25079
Aporto tuas pernas, acho o cais
E sinto este arrepio benfazejo
O fim desta viagem, pois prevejo
Em ânsias e delírios magistrais,

Mas quando perceberes nunca mais
Virás satisfazer nosso desejo
O amor não poderia ser lampejo,
Que faço se tão pouco diz demais.

Eu sei que na verdade é movediço
O sentimento ao qual já não cobiço,
E trago em minhas mãos a velha adaga

De quem se defendendo contra-ataca
Os gumes tão diversos desta faca
Arranham no momento em que se afaga.

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25077
Desfruto e quero sempre, cada flor
Ainda quando espinhos ela traz,
Assim vivendo em guerra busco a paz,
E nela com certeza o bem do amor.

A vida tem mistérios a propor
Alguma vez percebo pertinaz
Caminho que trilhando mais audaz
Permita no final, prazer ou dor.

Esqueço-me deveras do passado,
E bebo do futuro, extasiado,
Galgando um novo passo a cada dia,

Mas deixo para trás o que não serve,
Somente o que faz bem a alma conserve
E a cada amanhecer já se esvazia.

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25076
E estouro sem limites, sem pudor
Porteiras que se fecham ao passado,
Um canto; há tanto tempo abandonado
Não posso desta forma, te propor,

Viver a plenitude e como for,
Deixando o apodrecido assim de lado,
Com pince nez e unando o amarrotado
Terno onde vejo a traça a decompor

Velhusco eu não traduzo por velhaco,
Axila; agora eu chamo de sovaco
E tudo o que se faz valendo a pena,

Perdoe este mofado cavalheiro
Das velharias toscas, companheiro,
Enquanto este futuro ao largo acena...

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25075
Em secretos caminhos tão audazes
A juventude faz ao velho a troça
E quando desconhece uma carroça
Diversas novidades; tu me trazes,

Meus olhos; me perdoe se incapazes
De verem quanto a vida se remoça
E bebem da cachaça lá da roça
Enquanto; outra mstura; agora fazes.

Quem vive do passado é um museu
E tudo o que eu sabia se perdeu
Na nova maravilha feita em brilho,

Assim velho gagá, sem ter apoio
Distante e me isolando do comboio,
Estrada em pó, poeira, ainda trilho.

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25074
Além do que pensaram incapazes
A morte desta estúpida quimera
Também levou consigo a primavera
Nas mãos das vagas turbas, vãs tenazes,

E tanto quanto eu posso já desfazes
E matas o que a vida não tempera,
Esqueço e combatendo a tosca fera
Os versos são apenas mais mordazes.

Arcaica poesia tão velhusca
Enquanto a novidade sempre busca
Formatos variados para o tema,

Mas sei que a liberdade diz nos versos
De outros caminhos vários e diversos,
Somente o desfazer o feito, algema.

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25073
Audácias e loucuras, quero mais;
Mas sei que o canto é frágil e diz passado,
O sonho de um poeta ultrapassado
Revelam sonhos toscos e ancestrais,

Aonde se quiseram tais cristais
O verso que ora trago está mofado,
Camoniano sonho destroçado,
Os dias se repetem sempte iguais,

Neons toamando a cena, pobre lua,
A realidade, o vate desvirtua,
Combate tão inútil já não faço,

E sei que meu cantar envelhecido
Há tanto pelos cantos esquecido
Não deixará sequer um resto, um traço.

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25072
Nas horas prazerosas entornais
Delírios que vós vedes nada valem
Bem antes que estas vozes já se calem
Ainda quero crer possível cais,

E tudo se transforma em vãos jograis,
E neles as certezas que me abalem
Do tanto que não vale, e me avassalem
Os versos que em verdade são banais.

Ausente da esperança; eu sinto em vós
Aquém do que pensara em mansa voz
O fim de um tempo aonde imaginara

Possível ter na lira alguma luz,
Ao nada onde deveras reproduz
Vazio em noite intensa, mas amara.

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25071
As pistas para os sítios mais vorazes
Deixaste como um rastro em noite clara,
E o amor que tanto entranho quanto ampara
Traduz o quanto queres e me trazes

E quando balançando as minhas bases
Uma hora divinal e outrora rara
A porta dos delírios escancara
Fomentando os anseios mais audazes.

Escuto a voz de um tempo em que este encanto
Que agora ao vento lanço quando canto
Tramava maravilhas, mas inúteis,

Os sonhos esquecidos nalgum canto,
E tudo se tomando em vão quebranto
Os dias se repetem; ocos, fúteis.

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25070
Nas guerras e nas lutas, tréguas pazes
Momentos de completo desvario
Ao mesmo tempo a seca traz ao rio
O quanto já não queres ou desfazes,

E quando me maltratas, satisfazes
A cada novo tempo me recrio,
E neste velho e tolo desafio
Parceiros de tormentos tão mordazes,

Na luta e na batalha eu te desnudo
E sinto que tu vens, mas sei, contudo
Jamais te mostrarás assim inteira,

E desta forma a vida nos engana,
Ao mesmo tempo escrava e soberana
Quem sabe mentirosa ou verdadeira?

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25069
Nas grutas e montanhas das Gerais
Eu tive os dissabores e as delícias,
Os ventos entre as flores, as carícias
Dos tempoe que não voltam nunca mais

Mineiro sem ter mar, procura um cais
E dele sequer tendo mais notícias
Exponto o coração às vãs sevícias
Enfrenta tempestades magistrais

Sabendo diamantes, turmalinas
E quando apaixonado, me fascinas
E mostrando outra face, serenata

A fonte dos desejos habitando
Aonde fora manso e quase brando,
A fúria de um delírio se desata.

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25068
E assim, espaços rotos, descobertos
Delitos cometidos, erros básicos
Os dias se repetem sendo fásicos
Às vezes pelas nuvens, encobertos,

Assisto à derrocada da esperança
E quando se desnuda esta tragédia.
Não minto e nem sequer faria média
Medonha tempestade à qual se lança

Despudoradamente o ser humano,
Astuciosamente a serpe ri,
E quando mal percebo estou aqui
E a cada novo dia mais me engano,

Matando o que talvez inda salvasse
E a vida num terrível; vão impasse.

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25067
Nos nichos mais profundos, vãos abertos,
Delírios sem delitos ou pecados,
Momentos mais audazes e safados,
Alagam com prazer os teus desertos,

E sinto num espasmo, descobertos
Desejos entre fúrias desvendados
Os dias em delícias decorados
Os rumos antes vagos, ora certos.

Hedônicos desfiles, gozo e mágica
Aonde a vida fora outrora trágica
Se expressando diversa maravilha

O coração agora em liberdade
Algema-se ao calor que adentra e invade
E em plena noite escura, imenso, brilha.

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25066
Adentro sem juízo e sem paragem
Searas onde o amor se faz inteiro,
E sendo dos meus sonhos, mensageiro
Encontra no teu corpo esta estalagem,
Perfaço repetindo tal viagem
Caminho tão gostoso e costumeiro
Delírio se torndando corriqueiro,
Aonde outrora fora uma miragem.
Fronteiras; desconheço e quando entranho
Defesas, barricadas, onde antanho
Jamais imagiara poder ter
As fartas maravilhs que me dás
E nelas reconheço sou audaz
Na ansiedade explícita, o prazer.

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25065
Vibrando em cada beijo, docemente,
A pele se arrepia e necessita
Da troca de carias que, bendita
Explode num delírio e se pressente

No olhar um Paraíso mais presente
Vivendo esta emoção que tanto agita
E o coração insano, já palpita
E o gozo incomparável não desmente

O quanto se faz claro e belo o amor,
Sem medos, sem terrores, sem pudor,
Apenas e somente até por ser

Amor se traduzindo em fúria e riso
Tomando num instante todo o siso
Eclode furioso, no prazer.

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25064
Desnudo tua pele totalmente
Antevendo delírios sensuais
E quanto deste tanto quero mais
O corpo se excitando não desmente,

Mergulho neste encanto e de repente
A vida se tranforma e os rituais
Do amor que são deveras triunfais
Tomando sem pudores corpo e mente.

E assim ao passearmos no infinito,
Deixando no passado o dia aflito,
Numa ânsia sem limites, fogo intenso,

E quando no teu gozo, também tenho
A imensa recompensa deste empenho,
Do amor que nos domina, eu me convenço.

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25063
Enceto, sem limites, tal viagem
Que possa permitir o amanhecer
Depois de tanto tempo em desprazer
Mudando com certeza esta paisagem

Procuro pela paz em nova aragem
E nela passo mesmo até a crer
Que um dia bem melhor irá nascer,
Do sofrimento tolo, sigo à margem.

E sei que também queres novo rumo,
Por isso este final; querida, assumo
Resumo nestes versos nosso fim.

Aonde se pudesse crer na glória
A vida transcorrendo merencória,
A seca devastndo este jardim.

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25062
Cada vez que fugia proutros braços
Tentando algum prazer que nunca vinha
A história que pensara fosse minha
Termina em dias frios, sonhos lassos,

E neles percebendo os embaraços
O quanto ser feliz já não continha,
E toda a fantasia ora definha
Vazios entre nós ledos espaços.

E assim ao fim de tudo, ainda creio
E atalho outra saída, busco um meio,
Mas sei que na verdade esta fadiga

Do amor que jamais foi primaveril
E quando novos braços, permitiu
Inútil tentativa; não prossiga.

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25089
Comparsas que se encontram num adeus
Joguetes desta mesma ingratidão
Que os dias no futuro mostrarão,
Venenos destilados, teus e meus,

Acende-se entre nós tal disparate
A morte deste encanto reproduz
O que deveras fora rara luz
E agora sem calor não arrebate

Dos versos entre sonhos e delícias,
Medonhas caricatas, desventuras,
E tudo o que talvez inda procuras
Servindo como forma de sevícias

Expõe o nada ter que ora nos guia,
Matando o que restara da alegria.

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25061
Eu sempre me encontrava em teus abraços
Durante muito tempo foi assim,
Acendes do desejo este estopim,
Mas como irei fazer se noutros passos

Tu andas e demonstras teus cansaços
O nosso amor aos poucos chega ao fim,
E sem saber sequer se existe em mim
Do quanto fui feliz, resquícios, traços.

A tarde prenuncia a noite vã
Jamais conheceremos a manhã
É bom que se termine tudo agora.

Por mais que procurara um belo lume,
A bruma vai descendo e de costume
A tempestade enfim já não demora.

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25060
Em todos os pecados, teus e meus
Apenas a desculpa não sacia
Quisera ter nas mãos tal utopia
E vejo após os sonhos, ledo adeus,

Quem sabe noutra senda eu possa ver
O dia que tentara mais brilhante,
E nele com certeza este diamante
Ladrilha este caminho a percorrer

Aquela que se fez deusa e princesa
E ao mesmo tempo herege; bem e mal,
O amor se fez estúpido e venal,
Negando o que pensara em tal beleza,

E agora o que me resta é prosseguir,
Bebendo as variáveis do porvir.

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25059
Vivíamos correndo os olhos baços
Buscando uma resposta que não veio,
E quanto mais feroz o nosso anseio,
Os dias não deixaram sequer traços,

E fumo desbragado, tantos maços
E deles demoníaco incendeio
O rumo que pregaste; um tosco meio
De ter co’eternidade firmes laços.

E morto sem saber se existe vida,
Por mais que lucidez disto duvida
A fé não se calando ainda explana

A luz após o túnel noutra senda,
Que a própria natureza não desvenda,
Mas quero crer que seja soberana.

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25058
Cruzando esses limites sem cansaço
Descrevo a minha história pela Terra,
E enquanto a realidade se descerra
Ausente de alegrias; ergo o braço

E quando o caminhar sem nexo eu traço,
Ao mesmo tempo vale, fossa ou serra
A boca escancarada ainda berra
Por mais que o corpo esteja velho e lasso.

Assisto à derrocada dos primatas
E neles os desejos que arrebatas
Batalhas pós batalhas, guerra insana

Cadáveres se espalham, barricadas,
E as cenas repetidas espalhadas
Enquanto este bufão se ilude e ufana.

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25057
Vagando em trevas, pedras, ermos, breus,
Não pude conquistar a confiança
De quem com tanto amor assim se lança
Aos mundos que pensara, outrora, meus;

Apenas nos teus olhos este adeus
Deixando para trás toda esperança
Enquanto para a morte, a vida avança
Meus olhos já não são fiéis e ateus,

Visceralmente contra tais desmandos,
Humanidade torpe em loucos bandos
Aguarda uma clemência que destrói

E assim ao perceber tal desvario,
Resposta se tornando este vazio
Que a crença ordenatória já corrói.

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25056
Não posso confessar mais a ninguém
Os meus pecados tantos que jamais
Enquanto noutros tempos perdoais
Agora a solidão, deveras vem

Descarrilando a sorte, velho trem,
Em quedas que prometem abissais
Em vós a fantasia que entornais
Transcende ao nosso antigo e caro bem.

Esboço reações, mas nada tendo,
Sequer o descaminho ora desvendo
Detendo sob os olhos o vazio,

E sendo-vos decerto assim leal,
O quanto me transporto ao velho mal
Atrás da nossa porta, em vão, espio.

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25055
Os erros que deveras cometi
Repetem mesmos erros do passado,
O quadro com certeza mal pintado
Revela todo o nada que há em ti,

E sendo que encontrara lá e aqui
O mesmo desvario retratado
Bebendo deste lago tão salgado,
Amargo desta vida eu conheci,

E sendo assim perdoe se não volto,
O quanto me protejo ou já me escolto
Usando como escudo esta surdez,

Não deixa qualquer dúvida, querida,
Aonde houvesse chance de uma vida,
Realidade torpe já desfez.

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25054
E tudo me remete sempre a ti
Por mais estranho até que isso pareça
A história não tem jeito nem tem pressa
Depois de tudo aquilo que perdi,

Se agora noutra face renasci,
O quanto que ficou atrás esqueça
E vejo que deveras a condessa
Agora na plebéia eu conheci,

Paredes vão guardando este segredo,
E se deveras sei e ainda cedo
Alguma solução que não virá,

Talvez seja arremedo de um passado,
Que outrora imaginara iluminado,
E agora sei que nunca brilhará.

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25053
Que sabe e reconhece muito bem
Não tenho qualquer dúvida, querida
Assim no transcorrer de minha vida
A vida do delírio fica além

Do quanto imaginara e me convém.
Por vezes até Deus, eu sei, duvida
E quando vejo a luz, penso em saída,
Mas logo o teu carinho me retém.

Assim no dia a dia, pouco a pouco,
Bem antes que termine quase louco
Eu bebo e me inebrio deste incêndio,

Amor com seus rancores e prazeres
Além das variantes dos quereres
Daria muito mais do que um compêndio.

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25052
O quanto deste amor que nos convém
Persiste mesmo após as variações
Do tempo que em invernos e verões
Enquanto nos traz fogo o gelo tem

Às vezes, na verdade muito aquém
Do quanto se pensara em soluções,
Mas quando em novos dias recompões
O que perdera outrora; tudo bem.

As cenas repetidas ou novéis
Assim ao invertermos os papéis
Por vezes sou vilão, noutras mocinho,

Só sei que deste amor que é manso e fero
As glórias e os infernos; tanto espero,
Só não suporto mais ficar sozinho.

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25051
E há tanto sem querer quase perdi
As minhas esperanças sem remédio
E quando se espalhara o antigo tédio
O todo num instante eu esqueci,

Assíduo companheiro da esperança
Poeta muitas vezes só se engana
E quando a noite chega quase insana
O olhar sobre o vazio, ainda lança.

E tendo em suas mãos dons tão diversos
Usando da palavra, arma sutil
Que muitas vezes mesmo destruiu,
Mostrando este poder que têm os versos,

E sendo sempre assim, sonho e verdade,
Por mais que muitas vezes desagrade.

25101 ATÉ 25150
25150
Ensimesmando hermético e monástico
Não tendo uma resposta que inda possa
Além de se mostrar nefasta fossa
Resolvo me calar num ato drástico.

Espasmódico rito me inebria
Em solilóquio, às vezes eu me indago
Galgando em desespero um vão afago
Insólita e canalha fantasia,

Esboço reações que não virão,
E teimo em provocar os deuses falsos,
Os santos que conheço são descalços
De toda forma amarga de ambição.

Inconfundível traço de união
Levando ao descaminho ou salvação.

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25149
Em simultâneos jogos, treva e luz
Ascendências diversas sobre mim,
Demônio disfarçado em querubim,
Reflexo que se inverte em contraluz,

No gozo pelo gozo se disfarça
Imagem distorcida de algum deus,
Depois se preparando um vil adeus
Somente aí percebo a torpe farsa,

Envolto pelas ébrias fantasias
Querência superando o bem querer,
Na angústia insaciável do poder
Satânicas figuras já desfias,

E delas bebo até que esteja farto,
Enquanto de algum Éden já me aparto.

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25148
Conflitos entre um ente e sua essência
Diversas magnitudes, mesmo ser,
Na luta quase insana posso ver
A morte do que fora uma clemência,

E não posso chamar coincidência
Aquilo que talvez sem entender
Desfruta sempre fútil tal prazer
E dele, só por ele, a penitência.

Limite feito amor, paz e perdão,
Vitoriosas hordas não verão
Já que o prazer embota enquanto tento

Conciliar as luzes divergentes
Enquanto o paraíso tu desmentes
Afasta-te de tal discernimento.

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25147
Vultos quase informes do passado,
Apóiam-se no umbral e vejo bem
Que quanto mais a noite desce vêm
Tecendo um quadro amargo e assombrado

Vencido pela insânia, nada levo
Senão uma incerteza fria e atroz,
Ao abafar assim a minha voz
Destroçando a esperança que inda cevo

Deixando esta carcaça sobre o solo,
E peremptoriamente nada resta
Imagem destruída e tão funesta
Enquanto inutilmente eu já me imolo

Nas ímpias profundezas de minha alma,
Um distorcido luar traz a calma.

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25146
Beligerantes forças me entranhando
Vivendo sem saber qual melhor sorte
Se aquela que deveras me conforte
E torne o pensamento bem mais brando

Ou mesmo a que me expõe em carne viva
E traz a fome insana e transparente
Voracidade imensa, fúria ardente
Aonde quem tem não foge sobreviva

Às várias intempéries do caminho,
Audácia a cada passo, salto e luta
Um louco caminhante não reluta
Da morte inconseqüente me avizinho

E crio paradoxos e os sustento,
Indiferente ao medo e ao sofrimento.

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25145
Ladeira aonde expresso queda e dor
Ao mesmo tempo leva ao mais sublime,
Por tanto que estimule ou mesmo estime
Na frágil consistência deste andor,

Arruinando enquanto fortifica
Matando devagar, traduz a cura,
Além ou bem aquém do que procura
Uma alma que deveras não se explica

Tomada pelo medo ou pelo anseio,
Escrava dos pudores ou prazeres
Enquanto não decifras teus quereres
Em gozos desprezíveis banqueteio

O que virá depois, nesta fornada;
A paz eterna, a fúria ou mesmo o nada?

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25144
Simétricos caminhos, paralelos
Levando aos mais diversos descaminhos,
Aonde se fizessem toscos ninhos
Apenas disfarçando em tais alelos

Metades discordantes, mas iguais
Levando ao Paraíso ou ao Inferno,
E quando nas estradas eu me interno
Externo os meus desejos sensuais

Limites sempre tênues, liberdade
Fazendo o desfazer ou recriando
E sendo quase sempre manso e brando,
Ao mesmo tempo enquanto se degrade

A vida na total dicotomia
Prazer que glorifica se recria.

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25143
Esta engrenagem tosca se destrói
E nada poderá restituir
Após a sede imensa e sem porvir
Invés de cultivar, o homem corrói

E bebe a podridão que agora espalha
Tornando nossos rios simples valas,
E quando se percebe em tiros, balas
Saudoso das adagas, da navalha,

Explodem o seu tosco semelhante
E pensa ser um deus, vil criatura,
Retrato distorcido da amargura
Um bípede canalha e mal pensante

Esgota-se em si mesmo enquanto traça;
Da criação divina, mera traça.

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25142
Seguindo os rastros vários que deixaste
Na curta caminhada pela Terra
Minha alma maravilhas já descerra
E tem nesta visão raro contraste

Quem dera se soubéssemos trazer
Da bela teoria às nossas vidas
Em bases tão mordazes sendo urdidas
Mormente se entranhando no prazer

Talvez aqui pudesse ser edênico
Lugar onde existisse a liberdade
Na faceta real que não degrade
Um mundo em luzes fartas e ecumênico;

Porém prostituído o verme vaga,
Endêmico demônio, podre praga.

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25141
Fatídico momento se aproxima
Deixando mil cadáveres no chão,
E quanto às tempestades, sobrarão
As sombras do que fora outrora estima,

A marca da pantera em cada face
Descubro minha pele e vejo o quanto
Tomado pelo horror e desencanto
Ainda prosseguindo em vão impasse

Adentro os meus demônios e os decoro
Com todos os meus erros e pecados,
Urdidos pensamentos, desmembrados
Canibalesco verme, eu me devoro

Não deixo nem sinal de uma existência
Há tanto desfraldando incoerência.

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25141
Fatídico momento se aproxima
Deixando mil cadáveres no chão,
E quanto às tempestades, sobrarão
As sombras do que fora outrora estima,

A marca da pantera em cada face
Descubro minha pele e vejo o quanto
Tomado pelo horror e desencanto
Ainda prosseguindo em vão impasse

Adentro os meus demônios e os decoro
Com todos os meus erros e pecados,
Urdidos pensamentos, desmembrados
Canibalesco verme, eu me devoro

Não deixo nem sinal de uma existência
Há tanto desfraldando incoerência.

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25140
Espíritos venais soltando as feras
Esgarçam a esperança mais sutil,
Aonde este demônio refletiu
Aborto sonegando as primaveras

Efervescentes noites de neon
Mendigos e vadias pelas ruas
Nas ruínas do passado continuas
Mantendo o descalabro em mesmo tom,

E quando vês a foto: alto relevo,
Esboças reações horrorizadas
Depois esqueces tudo nas baladas
E segue Satanás em doce enlevo,

Assim para a total putrefação
Humanidade segue, sem perdão.

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25139
Espionando ao longe, um astro vê
A sórdida e terrível criatura
Que enquanto se destrói vaga e procura
Insana uma verdade; mas não crê

Aonde se pudesse ter a sorte
Nefastas imundícies se espalhando,
O vendaval inglório outrora brando
Traduz o irresistível dom da morte

Um títere somente desce o rio
Os capitães do mato ressurgidos
Das feras incrustadas os rugidos
A liberdade é um torpe desafio,

Impávido o cadáver de um senhor
Transforma a servidão em vil louvor.

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25138
Usando uma lanterna em noite escura
Qual fosse algum filósofo de outrora,
Aonde em que barril a alma se ancora
Deixando resolvida esta procura,

Há tanto se repete e sem bravatas
Histórias conhecidas e constantes,
Aonde imaginara diamantes
Os sonhos se derramam em cascatas

Não sobra nem sequer as mãos de quem
Há tempos se fez símbolo e disfarça
Inevitavelmente exposta a farsa
O tempo jamais poupa, enfim, ninguém,

Onde beijara agora só escarro,
Um ídolo banal com pés de barro

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25137
Aonde se pensara em luz sidérica
Apenas sombras foscas e neblinas
Enquanto te denigres me dominas
Em voz estridulosa quase histérica,

A força necessária mesmo homérica
Já não comporta formas cristalinas
E quando desgrenhada te alucinas
Vontade insuperável fria e feérica

Jamais resistiria aos dissabores
Que explanas e derramas onde fores
Tornando assim inóspito o viver,

Herméticas saídas, labirinto,
Há tanto o amor imenso segue extinto
Deixando como rastro um desprazer.

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25136
De uma alma que se perde, sentinela
Tentando o refazer em nova história
O quanto se perdera na memória
Aos poucos insolente se revela,

Apáticos caminhos desvendados
Medonhas as quimeras, pesadelos
Meus dedos quase sempre ao percebê-los
Adentram paraísos destroçados

E vejo nesta herética figura
Retrato insofismável do que fora
Outrora alma nobre e promissora
E agora noutra face se afigura

Provando do veneno que destila
No inferno virtual, se esvai, se exila.

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25135
Sidérica ilusão em fogo e chama
Adentro alabastrinos espetáculos
Aonde imaginara vãos tentáculos
Efervescência adentra e em fúria clama,

Harmônicas essências bom perfume,
Sulfídricos fantoches se esvanecem
Enquanto insofismáveis luzes tecem
Nos olhos mais satânicos, o ardume

E o vento promissor de um novo dia
Arranca das entranhas; vil Mefisto
E impávido ou mordaz, ainda insisto
Nesta insana batalha em fantasia.

Imagem que se inverte especular,
Sorriso demoníaco a brilhar.

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25134
Na rara rutilância da esperança
Que após as desventuras inda brilha
Escolta quem caminha e da armadilha
Refugiando ao longe ora se lança

Preparam-se solares compaixões,
Mas quando se percebe em vãos esgares
O quanto desejavas transformares,
Ausência de alegria, pois repões

E nisto perpetua-se esta espera
Refeita num florir sempre abortado,
Aonde se queria já granado
Inútil florescer da primavera

Que embora seja bela trama o luto
Desfeito quando expõe um novo fruto.

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25133
Se eu trago aqui estigmas vários
Da torpe confraria dos humanos,
A cada vez que vejo em desenganos
Percebo quão nefastos os corsários

Eternos sacripantas, vãos insetos
Inermes criaturas, quais helmintos
Nos olhos cabisbaixos seus instintos
Levando aos dissabores mais abjetos

Chupins que se revezam noutras cenas
Seres fantasmagóricos, venais
Entranham-se quais fossem vis chacais
Ou mesmo as histriônicas hienas

Assim em descaminhos decorara,
A humanidade, aos poucos destroçada.

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25132
O próprio sofrimento nos ensina
Que a vida se cumprindo como um fardo
Impede a consciência de algum cardo
Negando dos prazeres fonte e mina,

Emana-se deveras cristalina
A voz deste cantor, sobejo bardo,
Mas quando em caminhada, eu me retardo
Paisagem decomposta me domina.

Num êxodo constante não percebes
Quaisquer transformações nas velhas sebes
E bebes poluída insensatez.

Num abrasivo solo incandescente
A cena modifica num instante
E tudo o que era sacro se desfez.

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25131
Carrego no meu dorso o fardo imenso
De quem tentou tramar escapatórias
Em noites tão soturnas quão inglórias
Sem ter em minhas mãos, o branco lenço.

Se às vezes no passado ainda penso
As bocas esfaimadas das memórias
Rasgando os pavilhões, matam vitórias
E assim sem ter mais nada, sigo tenso.

E em tais vicissitudes desprazeres.
Aquém do que talvez ao recolheres
Ainda imaginaras ser possível

Beber alguma gota da querência
Que morrendo ao relento em indulgência
Demonstra quanta a vida é perecível.

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25130
Ao colher as flores do canteiro
De uma existência espúria e mesmo vã
Sabendo que talvez noutra manhã
O encanto se demonstre derradeiro,

A vida se perdendo no cinzeiro,
Na poesia, ancoro o meu afã
Distando da verdade que malsã
Esboça este fantoche corriqueiro

Exploro os descaminhos que não sei
Tampouco penetrasse em minha vida,
Há tanto sem remédio e já perdida,
Somente a fantasia gera a grei

Aonde possa ter felicidade,
Ao largo do final que me degrade.

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25129
Heterogêneos rumos pela vida
Por vezes contradizem o que somos,
E deles percebendo vários gomos
Ao mesmo tempo enquanto não decida

Escolhas são difíceis, eu entendo,
Mas nada que te impeça de pensar
Na morte ou na passagem a tornar
Uma existência como um mero adendo

E dele ser possível ganho ou dano,
Escusas desventuras, belos ritos,
Momentos de loucuras nos aflitos
Terrores pelos quais eu já me dano

Princípio ou mesmo fim, já não importa,
Certeza há muito tempo eu vejo morta.

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25128
Diversidade espúria em tom amargo,
Difícil carregar pesada carga,
E quando a voz se cala ou mesmo embarga
Letárgico momento em desencargo,

Num aterrorizante descalabro
Fenecem esperanças, turva turba
Visão do meu passado me conturba
E as escotilhas todas, teimando abro.

Naufrágios e corsários, ritos, farsas
Esgotam-se emoções em luzes pálidas
Aonde se pensasse nas crisálidas
Metamorfoses toscas,vis e esparsas

Assíduas as procelas, derrocadas
Embarcações há tanto abandonadas.

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25127
Na multiplicidade do sensório
Prazeres entre lutas e batalhas,
Nas mãos deste verdugo, tais navalhas
No olhar ensandecido, altar, velório.

Esgares entre fúteis gargalhadas,
Esmagam cada parte, pernas, braços,
E quanto mais apertam estes laços
Palavras vão surgindo embaralhadas,

Fraturas cervicais, a morte vem,
Minuto interminável, vã tortura,
E incrível que pareça, bebo a cura
Distingo entre os carrascos este alguém

Que ao escarrar no rosto condenado,
Expõe-se como fosse abençoado.

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25126
Amargas e insensatas sensações
Sevícias entre gozos e promessas
E quando em tuas pernas tu tropeças
Cadáveres diversos já me expões

Jazigos da esperança em luz sombria
Arcanjos disfarçados em demônios
Afloram sem controle, meus hormônios
E orgástica loucura se desfia

Bacantes gargalhares dionísicos
Vorazes garatujas caricatas
E quando os nós mais firmes tu desatas
Hemoptises traduzem gozos tísicos

Apodrecendo em vida, assim me exponho,
Na derme decomposta, odor medonho.

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25125
Monótono caminho para a morte
Percorro diariamente e não percebo,
Um ser idiota; eu não concebo
Além do que deveras me conforte

Esqueço entre as vielas cada parte
Do todo que se fez estupidez,
Imagem desvalida que se fez
Servindo tão somente de descarte

Argutas armadilhas, arapucas,
Os dias são venais e não perdoam
As horas sempre fúteis já se escoam,
Prazeres que de antanho tu caducas

Resíduos minerais, espectros ósmicos
Sonhando siderais castelos cósmicos.

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25124
Fluindo entre meus dedos, o futuro
Que tantas vezes quis e não sabia
Morria no descrédito; agonia
Eflúvios do passado em ar escuro

Não quero mais sentir a mão pesada
Do escárnio que desfraldas ao me veres
Tampouco apodrecer nestes quereres
Aonde se traduz o eterno nada,

Intensas sensações de dor e medo
Aventa-se possível liberdade,
Mas quanto a vida nos degrade
À fúria do não ser calo e concedo

Um último momento de esperança
Que ao fogo dos incréus minha alma lança.

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25123
Ferozes sacripantas vis beatos
Nefastas demoníacas figuras
Imiscuindo insanas quase obscuras
Profanam natureza em torpes atos,

E desta horda maldita já se emana
O fétido terror que agora embrenha
Uma alma sem pudor, tudo desdenha
E bebe desta lástima mundana

Uivando, uma alcatéia; escuto ao longe
Confrades da caterva que se expõe
E a morte insaciável decompõe
Sorriso de um falsário, quase um monge

No alforje carregando escalpes tantos,
Espalham no arrebol, vis desencantos.

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25122
Amargas sensações se repetindo
Avesso à claridade em trevas sigo,
E faço do sepulcro meu abrigo
A névoa se transforma em bem infindo

Opacas maravilhas, lusco fusco
E os mochos entre tantos pirilampos
Abrindo em noite densa, novos campos
Espectros; fátuos fogos, ora busco

Chacais se aproximando, e da matilha
O bote se prepara e descarnado
Cadáver do meu sonho abandonado,
Fosforescente ao largo ainda brilha

Os ventos entre as árvores ululam
E as sombras dos meus erros; vãs, pululam.

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25121
Assisto ao meu horrendo e terminal
Momento sobre a Terra; um vão planeta
Enquanto ao subterrâneo me arremeta
Nefasta maravilha ritual,

Velando o corpo inerte exposto às larvas
Que enfim irão fartar-se em tal festança
Deixando no passado uma esperança
Em meio às vagas trevas, toscas, parvas,

E neste funeral a despedida
Há tanto deseja por parentes,
E a fera gargalhando, expondo os dentes
Carcaça pouco a pouco apodrecida

Resume uma passagem leda e inglória
E esboço num esgar, fatal vitória.

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25120
Da consciência humana; nada herdado
Que possa traduzir felicidade,
Enquanto a redenção ainda aguarde
Bebendo a podridão do antepassado,

Extraviando a sorte em jogatinas
Audazes, mas estúpidos caminhos,
Vinagre destruindo raros vinhos
As dores são eternas concubinas.

Insaciável ser, tosco glutão
Não vê que destroçando o seu porvir
Na fúria inconseqüente, destruir
Tramando apocalipses que virão

Vendendo a salvação por uns trocados
Dantescos caricatos destroçados.

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25119
Antíteses se mostram: gozo e dor
A vida se alimenta de outra vida,
E quando se percebe apodrecida
Uma alma leva à treva, ou mesmo à flor,

Reabastecendo assim, o eterno ciclo
Satânica figura; uma deidade
Escorre sobre a Terra a humanidade
E nela novamente eu me reciclo

Sabendo que depois virá decerto
Um ser evoluído ou mesmo não,
E quando se fizer tal mutação
Quem sabe outro caminho sendo aberto

Deste primata bípede um adeus,
Imagem semelhança de outro Deus.

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25118
Fluidificando o outrora quase sólido
Caminho mais audaz, porém perverso,
Eu sigo ensimesmado e assim imerso
Transformo o pensamento em louco bólido.

Insólitos desejos em neblinas,
Cadáveres dos sonhos insepultos
Vislumbro de soslaio toscos vultos
Enquanto mais distante te alucinas

E bebes desta ingrata tentação
Gerada em uterinas podridões
E delas os demônios que assim expões
Belas alegorias mostrarão,

Imagem sedutora e tão formosa,
Entranha-se deveras prazerosa.

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25117
Um dínamo que move terras, mares
Esta esperança atroz nos devorando
E sabe destroçar, pois desde quando
Erguera nos desertos seus altares

Alimentando a fome insaciável
Da tosca criatura que se vende
Enquanto falsamente se arrepende
Tentando um céu distante, imaginável.

Atravessando assim em descaminhos
Os passos de um bendito Criador,
Aonde poderia crer no amor
Apenas espalhando seus espinhos,

Jardins que outrora foram metas belas
Utópicas veredas; vãs, revelas.

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25116
Galgasse cordilheiras e veria
A Terra em plena paz, bela e singela,
Mas quando mais de perto se revela
A fera intolerável não sacia

Da própria espécie expondo uma sangria
Apodrecendo o verde desta tela,
Gerando em coisas fúteis, torpe cela
Num consumismo espúrio, fantasia.

E chutando o mendigo, a prostituta
A canalha se julga mais astuta,
E serve a Satanás, o deus hedônico,

E serva dos prazeres e delírios
Prepara a cada dia, seus martírios
Num mundo sem justiça e desarmônico.

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25115
Do que será capaz a humanidade?
A torpe turba segue ao cadafalso
Gerado pelo próprio gozo falso
No escárnio e insensatez que tudo invade

Por mais que a cada dia se degrade
Não vê, corja imbecil, novo percalço
E segue este demônio e neste encalço
O nauseabundo odor mostra a verdade.

Acossando corsários siderais
Na fúria inesgotável, animais
Em total desvario negam luz.

E enquanto este cordeiro, eterno luto,
Bendito dentre todos, uno fruto
Lacrimejando exposto em fria cruz.

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25114
Audazes os espectros dos alquímicos
Modernos caricatos, santos vãos,
Espalham pela Terra podres grãos
E seguem descaminhos, toscos, cínicos.

Seria na verdade até grotesca
Não fosse tão terrível pantomima
Que enquanto nos saqueia também prima
Pela voracidade gigantesca,

Já bastaria a Vós, querido, a Cruz,
Caterva imunda bebe todo o sangue
Até que este cadáver ora exangue
Com ossos já puídos, rotos, nus

Levante-se e feroz mostre outra face
E toda a humanidade, em paz, desgrace.

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25113
A força de uma crença incontestável
Mantém superstições medonhas vivas,
Por mais que existam luzes cognitivas
Reproduz-se a figura detestável

Criada por astutos bandoleiros
Há tempos nos concílios e tratados,
Medonhos caricatos desgraçados
Vendendo falsos santos, corriqueiros,

Seria muitas vezes enfadonho
Não fosse tão cruel farsa canalha,
Enquanto o pobre Cristo em vão trabalha
Na viva consciência que ora exponho,

Os homens sem defesas andam nus
Expostos aos vorazes urubus.

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25112
Fenômenos que outrora pareciam
Sinais de Deus ou mesmo dos demônios
Nas ânsias e delírios dos hormônios
Delitos e pecados propiciam,

Por vezes não sabemos explicar
E logo vem à tona outra crendice
A história tantas vezes contradisse
Loucuras, convulsões, treva ou altar

E assim entre fantasmas, santidades
Vivemos até hoje em ignorância
Terrível desvario ou discrepância
Contradições espúrias, novidades.

E a corja insaciável continua
Em cada templo, igreja até na rua.

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25111
Contraídos, os músculos da face
Expõem estas verdades que inda oculto,
Satânico caminho, espúrio culto,
A cada novidade que desgrace

Momento quis pacífico, outro estorvo
Esgotos freqüentados com regalo,
E quando vejo a cena, nada falo,
Na fria expectativa, qual um corvo

Espero rapineiro, o fim de tudo,
E nos escombros fétidos mergulho,
Revolvo estas escórias, pedregulho,
Nos túneis entre corpos, não me iludo,

Por mais que a realidade se degrade
Encontro uma real felicidade.

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25110
Percebo neste século nefasto
As nuvens que negrejam nossos dias,
Das brumas e neblinas percebias
As sombras do futuro e se me afasto

Encontro a cada infausto outro motivo
Fomentando o terrível pessimismo
Espero o derradeiro cataclismo,
E enquanto isto não vem, eu sobrevivo.

Ascendo aos meus infernos, paz e guerra,
Soturnas paisagens, podres lagos,
Aonde imaginara alguns afagos
O que se fez carícia ora se encerra

Restando tão somente este abismal
Caminho para o rito terminal.

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25109
Gargalha em ironia uma alma insana
Bebendo destes charcos, me alimento
E quanto mais audaz; ledo tormento,
Verdade incontestável nos engana,

Esgarçando os meus pés em espinheiros,
Pereço a cada dia em que me ausento
Deste vigor terrível, violento,
Momentos que bem sei são derradeiros,

Dilacerada há tanto uma esperança
Numa espectral imagem, decomposta,
A carne se desfaz em pasta exposta
E ao tétrico vazio já me lança

Amputo cada sonho, demoníaco
No olhar envilecido de um maníaco.

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25108
Na milenária dor hereditária
Carrego em convulsões os meus demônios,
Quais fossem realmente patrimônios
Entranhados em mim qual alimária

Vestindo esta macabra fantasia
Edênicos caminhos desconheço,
E quando me perguntam o endereço
Satânica resposta já se urdia

Surgindo dos meus ermos, fartas brumas
Rendendo as homenagens a Satã
A vida se resume neste afã
Deveras, companheira, ora te esfumas

E seguimos nos pântanos o caminho
Enquanto nos escombros eu me aninho.

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25107
No subsolo encontrando as minhas luzes
Servindo de repasto a tais necrófagos
Durante a minha vida em vãos sarcófagos
Imagem que deveras reproduzes

Em celerados rumos, desconexo
Vagando entre as penumbras, solidão,
Somente os desvarios mostrarão
Além deste prazer de sangue e sexo.

Esgoto-me nas trevas e neblinas
Medonhas caricatas criaturas,
E quando embasbaca tu procuras
Motivos pelos quais já te alucinas

Encontras no meu rosto o especular
Delírio que ora entranhas sem pensar.

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25106
Com avidez rasgando a minha pele
As garras entranhando, vão profundas
Sorvendo do veneno que me inundas,
Satânico caminho me compele,

E sei que talvez possa ser feliz
Bebendo deste sangue ensandecido,
E quando meus fantasmas eu agrido
A realidade invade e contradiz

Espúrias fantasias vãs quimeras,
As ondas deste mar tão poluído
E a fúria insaciável da libido,
Afloram-se famintas, loucas feras

E sei que assim encontro algum motivo
Que possa me manter; ainda, vivo.

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25105
Bravias tempestades, vendavais
Explodem-se em pedaços, restos vários,
Aonde houvera gritos temerários
As garras; em silêncios, entranhais

E expondo com terror esta ossatura
Entregue aos vossos torpes desatinos
Olhares piedosos e assassinos,
Um ar mais respirável se procura

Não tendo mais saída; sigo entregue
E tudo em tal volúpia; ensandecida
Vós devorais o que restou de vida
Demônio in saciável não sossegue

Enquanto ainda houver respiração,
O resto; as rapineiras findarão.

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25104
Ardendo em febre e quase entorpecido,
Heréticos demônios me acompanham
Espaços, pouco a pouco, vêm e ganham
Do corpo há muito tempo esvanecido,

Empedernidas rotas, voz sombria
Arquétipos de sátiros fantasmas
As horas em silêncio, vagas, pasmas,
No olhar enlouquecido, uma agonia.

Olhando para trás percebo a causa
Das pútridas veredas que ora entranho,
Um ser se decompondo, vão e estranho,
Inútil meu lamento, peço pausa

Mas tudo se acelera e dos destroços
Só restarão cabelos, sombras e ossos.

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25103
Erguendo o meu olhar em ânsias várias
Esquivo-me de espectros do passado,
Encontro o meu cadáver; transtornado
Visões tão funestas, temerárias

Demônios me rondando, sombras, trevas
E esta figura insólita sorri,
Percebo que este eflúvio vem de ti
Enquanto uma alma espúria; ao largo levas

Eviscerado; aguardo o meu final,
Agônico e jogado às rapineiras
Nas sombras; com sarcasmo tu te esgueiras
E o corpo decomposto, cheira mal,

Escombros do que fui; agora ao vê-los
Adentro; sepulcral, meus pesadelos.

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Quinta-feira, Fevereiro 18, 2010
25102
A lua sobre a areia, plena, imensa,
Na eterna mocidade se desnuda
Transcende à própria vida e nos ajuda
A crer na eternidade em recompensa,

Permita que minha alma se convença
Que mesmo tão pequena e até miúda
Jamais se omitirá, ficando muda
Derrame-se em força rara, pois intensa.

O tempo vai criando as armadilhas
E nelas mal percebes quando trilhas
Vagando muitas vezes sem destino.

Mas saiba que da luz somos reflexos,
Por mais que se procurem rumos, nexos,
Sob as garras venais me desatino.

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25101
Permite que voemos fantasias
O cálice do amor feito em cristal
Trazendo ao mesmo tempo mel e sal
Aporte de emoção, duras sangrias,

Destrói e reconstrói em poesias
Naufraga enquanto ancora a velha nau,
Relevos entre o bem, o medo e o mal,
O amor é muito além do que sabias,

Vivê-lo em plenitude, dor e glória,
É lua que extasia, merencória
Bastante, mas deveras incompleto,

É sim que prenuncia a negação
É neve temporã, toma o verão,
Maldito sentimento, o predileto.

25151 ATÉ 25200

25200
Pergunto quase sempre e não sei quando
Alguém trará consigo esta resposta
A mesa há muito tempo deixei posta,
A casa ora vazia, te esperando.

Não posso suportar tamanha ausência
E vejo a minha vida se puindo,
O que pensara outrora fosse infindo
Agora se percebe em decadência,

Vencer os meus terrores; é possível?
No amor que tantas vezes fiz meu mote,
Sem ter a fantasia que se adote
Transforma-se afinal em perecível

Momento de completa insensatez,
Que a realidade amarga já desfez.

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25199
A vida pode sim me maltratar
E destroçar o que inda resta em mim
Depois de ter cevado este jardim,
A tempestade chega devagar

Não deixa restar nada do que outrora
Granara sobre um solo mesmo agreste,
E quando em noite clara tu vieste
Promessa de alegria que se aflora,

Porém o tempo tem nas armadilhas
Diversas e complexas ilusões,
E quando noutra face tu te expões
Aonde posso ver as maravilhas

Que um dia se tornaram mais constantes
E agora vejo: falsos diamantes.

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25198
Distante de quem quero, perguntando
Aonde se escondeu a estrela guia,
Inútil sem te ter, a poesia
Aos poucos noutra senda se formando,

Vagar inutilmente em noite escura,
A lua que entre brumas ora espreita
Enquanto a dor deveras se deleita
A vida se resume na procura

Insana e inconsistente, mas audaz
Por quem desejo tanto e não me quer,
Nas mãos abençoadas da mulher
Destino que inconstante já se faz

A minha redenção? Ainda aguardo,
A dúvida se torna imenso fardo.

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25197
Aonde, meu amor, posso buscar
A fonte de uma eterna juventude
Tomando noutro rumo ou atitude
A imensa maravilha céu e mar,

Esculpo com cinzéis que tu me deste
Imagem redentora de um amor
Que quanto mais audaz quero compor
Maior a divindade que ele ateste.

Seguir por flóreos rumos entre espinhos
Vagando nos canteiros mais bonitos
Tramando em paz superna velhos ritos,
Não vejo mais meus dias vãos, sozinhos,

E sei que também queres tal momento
E nele mesmo em guerra, eu me apascento.

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25196
Meus olhos vão famintos, são sedentos,
Buscando o teu olhar, doce miragem
E dele se permite servo ou pajem
Em meio aos dias frios, violentos,

E quando me percebo nos teus braços
Entendo ser feliz como se fosse
Um dia bem tranqüilo, e até mais doce
Do que pensara em tempos idos, lassos,

Agora me permito neste verso
Cantar esta beleza incomparável
Do sonho que se mostre mais amável
Do quanto já sofri, muito diverso,

Vivendo a cada dia esta emoção
Meus olhos outros rumos saberão.

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25195
Não deixa de querer cada carinho
Quem sabe e reconhece que amor vem
E nele toda a sorte diz do bem
No qual com muita fé ora me alinho.

Espero poder ter alguma chance
De demonstrar o quanto te desejo,
E sei que na verdade sem ter pejo
A vida se mostrando a meu alcance

Permite que se diga em poesia
O quanto não teria nem coragem,
Se amor ao perpetrar esta viagem
Qual fora rara estrela já me guia

Levando ao glorioso amanhecer
Envolto pelas luzes do prazer.

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25194
Tocado pelos sonhos, doces ventos
Clamando por quem tanto desejei
O amor que pela vida eu espalhei
Trazendo esta ventura, sem tormentos,.

E sinto quão profusa maravilha
Expressa neste olhar embevecido,
O medo há tanto tempo adormecido
Enquanto uma esperança ora palmilha

As sendas mais sublimes da esperança
Na plácida beleza deste lago,
Delírios entre encantos, se eu te afago
A vida sem terrores segue e avança

Até chegar ao fim da caminhada,
Seara por brilhantes, polvilhada.

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25193
Não posso mais ficar aqui sozinho
E deixo-me levar pela emoção
Pensando nos momentos que virão
Tornando mais tranqüilo o velho ninho,

Aonde um ansioso passarinho
Depois de tantas noites de verão
Agora na completa solidão
Ausente das delícias de um carinho.

Escute a voz do vento a nos chamar,
E veja sob os raios do luar
Beleza desta noite soberana,

O amor quando se entranha nada vê
E a vida passa a ter algum por que
E a sorte transparente não engana.

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25193
Não posso mais ficar aqui sozinho
E deixo-me levar pela emoção
Pensando nos momentos que virão
Tornando mais tranqüilo o velho ninho,

Aonde um ansioso passarinho
Depois de tantas noites de verão
Agora na completa solidão
Ausente das delícias de um carinho.

Escute a voz do vento a nos chamar,
E veja sob os raios do luar
Beleza desta noite soberana,

O amor quando se entranha nada vê
E a vida passa a ter algum por que
E a sorte transparente não engana.

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25192
Preciso de teu corpo, meus ungüentos
Que sanam as feridas do passado
Encontro neste solo abençoado
E dele com certeza mansos ventos

Trazendo esta alegria que deveras
Não posso mais conter, e em voz altiva
Mantendo esta esperança sempre viva
Num doce paraíso que ora geras

Viver sem ter razões, sabendo quando
O tempo nos transforma em eternais
Bebendo deste néctar quero mais,
Caminho pouco a pouco demonstrando

Fantásticos momentos de alegria
Que uma alma apaixonada fantasia.

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25191
Salvando um coração tão pobrezinho
Destas vicissitudes, dor e pranto,
Enquanto houver o sonho ainda canto,
Das sendas de um amor eu me avizinho,

Longe de tantos erros cometidos,
Andando sem olhar sequer pra trás
O amor a cada dia já me traz
Momentos entre luzes consumidos.

Viajo em suas mãos e a liberdade
Alçando com delírios e prazeres
Unidos neste intento, pois, dois seres
Encontram a real felicidade,

E um verso simples nasce deste todo,
Numa expressão suave e sem engodo.

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25190
Se fez mais forte em versos a esperança
De um dia bem melhor e mais tranqüilo,
E em cada fantasia que desfilo
Diversa do sentido de vingança

O olhar se perde ao longe, no horizonte
E vê dentre montanhas, o nascer
Da lua a pratear e embevecer
Traçando outro caminho que me aponte

A sorte de saber felicidade
Ausente dos meus dias, infelizes,
E em meio aos temporais, diversas crises
Que a voz de uma esperança ao menos brade

E mude a direção dos ventos, pois
Dela depende a glória de nós dois.

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25189
Sou anti imperialista, pois cristão
E odeio qualquer forma de injustiça,
Jamais permitiria ser omissa
A voz quando se vê uma opressão

E sei que novos dias mostrarão
Em renovada cor velha cobiça
A areia sempre foi tão movediça
Assim como inseguro, o próprio chão,

E quando no futuro agora lês
O império que virá será chinês
Autoritário e mesmo tão pragmático

Sem nada que respeite ou o desbanque
Futuro que prevejo assim, dramático,
Trará saudades deste velho, o ianque.

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25188
Ausência de esperança ora me leva
A crer neste vazio como herança
E quando o meu olhar enfrenta a treva
Ao horizonte atroz inda se lança

A mão que poderia crer na ceva
Apenas aridez ainda alcança
Amores arribando em tosca leva
Não deixam nem resquícios na lembrança;

Audaz e pertinaz caminho eu tento,
E nele um lenitivo, algum alento
Que possa permitir o renascer

Da vida prometida em profecia,
Porém a realidade dura e fria
Transfere para nunca o amanhecer.

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25187
Nefasto deus não quero e nem desejo
Que alguém possa viver tal heresia
E quando a falsa imagem se recria
Diversa deste amor que tanto almejo

O amanhecer em paz já não prevejo,
Tampouco se percebe a fantasia
Moldando com prazer a alegoria
Num mundo mais tranqüilo, amor sobejo.

E tudo se transforma no vazio
Que tanto nos maltrata e nos corrói,
Uma esperança aos poucos se destrói

Felicidade, um sonho que ora adio
Olhando para trás vejo o depois
E a morte tão presente entre eles dois.

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25186
Aonde se tentara paz e amor,
E nisto a liberdade como um hino,
Um sonho mavioso e até divino
Que vejo todo dia decompor.

Cantávamos a Terra em esperança
E toda a maravilha feita em flores
Canhões já se calando; e os dissabores
Morrendo sem qualquer ódio ou vingança.

O tempo se mostrou torpe corsário
Mudando este refrão que nos guiava,
Seara libertária agora escrava
Futuro novamente temerário

Do canto em que se quis libertação
O sexo com a droga diz prisão.

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25185
Atrozes almas alçam infinitos
E visam o possível renascer
Noutra alma tão diversa ou noutro ser
E assim ciclos se fazem sem conflitos.

Assíduas ilusões vencem verdades
E volvem envolvendo vastos vãos
Atípicas paisagens, novos grãos
Refazem noutra senda a eternidade.

Implícitos desejos se fomentam
E deles outras vozes ou imagens
Escravos, vendilhões, patrões e pajens
As vidas desde então retroalimentam

Arquétipos diversos vida e morte,
Num único conjunto que os comporte.

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25184
Imensa majestade em faustos feita
Sidéras paisagens desvendadas
Veredas pelas luzes decifradas
Uma alma ao percebê-la se deleita

E do éter que esvaece entorpecente
Lascívias entre lânguidas promessas
Luxuriosamente; recomeças
Mesmo que nova saga se apresente.

Num hermetismo insólito e insensato
Astúcias entre farpas e delitos,
Carbônicos viveres, infinitos
Renovam-se mudando de formato

E assim do fogo fátuo; outra quimera
Real diversidade regenera.

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25183
Debaixo dos colchões do Vaticano
Esconde-se a verdade sobre Cristo,
Repito novamente e até insisto
Não posso conviver com tal engano,

O Pai sendo absoluto e soberano
Num paradoxo é vil? Pois se hoje existo
Do amor insofismável não me disto,
E faço parte mesmo de algum plano.

Mas quando vejo a imagem demoníaca
Usada como fosse uma batina
Enquanto ao próprio Deus já sabatina

Numa ânsia tresloucada e até maníaca
Pergunto quem te fez venal Igreja?
Maldita para o eterno sempre seja.

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25182
Angustiosamente sigo a vida
Entregue aos dissabores tão normais
Momentos que pensara magistrais
Tramando da alegria a despedida,

A sórdida figura que esculpida
Em mármores diversos, transformais
Em farsas costumeiras e venais,
Enquanto a realidade dilapida.

Não vedes quão passível de loucura
Quem tanto sem progresso já procura
Algum remanso à beira da torrente,

E mesmo que inda encontre algum resquício,
A sorte se transforma em precipício
Por mais que uma ilusão ainda invente.

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25181
Absconsas profecias se refazem
Nos modernos oráculos, falsários
Procuram tão somente os honorários
E vários imbecis já se comprazem;

Espúria corja expondo em cartas, dados,
As toscas quiromantes do presente
No milenar engodo se pressente
Os dias muitas vezes malfadados,

Vendendo as ilusões, serão poetas?
Assépticos ignaros vitimizam,
Enquanto maravilhas otimizam
Palavras benfazejas e diletas

Visionárias vendetas no balcão,
Meu Pai, como é difícil ser cristão!

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25180
Dejeto entre os dejetos, simples pária
Aonde mergulhasse em frio ocaso,
Se às vezes falsa luz da qual me aprazo
Expressa uma versão vã, visionária

Nas sombras dos errantes vagabundos,
Andarilho pagão, noites a fio,
Exílios mais constantes e me alio
Aos vermes mais espúrios ou imundos.

Jogado pelas ruas, ébria cruz
Visões entre paredes e senzalas
Olhando tal figura já te calas
E em mim, a tua imagem reproduz

Embora em contra-senso tão venal,
Delírio compartilhas; sensual.

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25179
Angustioso rumo se procura
Durante os festivais em raras luzes,
E enquanto as maravilhas reproduzes
A noite fica sempre mais escura.

Beligerante imagem, roubo e morte,
Prazeres que desfrutas com regalo,
Silenciosamente nada falo,
Apenas peço a paz, frágil suporte.

Seviciando a fétida figura
Em asquerosa imagem construída,
Uma alma que se dá prostituída
E nela a realidade se afigura.

Que sendo sempre assim, pois que assim seja
Depois louvamos Deus na nossa Igreja.

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25178
Mas quem te disse que o Diabo é feio?
Figura tão formosa e atraente
Prazeres espalhando e de repente
Nas suas chamas bebo e me incendeio.

Num gozo insaciável, belo Febo,
Ansiosamente exposto nas vitrines
E quando novos rumos determines,
Um ser tão sedutor ora concebo.

Promessas de momentos em fulgor,
Delícias entre jogos, droga e sexo,
Até que se perdendo todo o nexo
Esplêndida beleza a decompor,

Enxofre? Não. Perfuma em maestria
Enquanto te encantando, à morte guia.

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25177
Amenas madrugadas e eu observo
Do alto deste prédio as variantes
De uma cidade em sonhos delirantes
A cada capitão servido um servo.

E vendo esta caterva que borbulha
E segue seus caminhos tão diversos,
Percebo em variados universos
A mesma incoerência em cada bulha.

Acasos entre ocasos, farsas tantas
Iludidos e tolos caminheiros
Do Demo, são pacatos tais cordeiros
Usando como em série mesmas mantas

Esbaldam-se nas teias que os amarram,
Enquanto em podres Cristos sempre escarram.

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25176
Nas ânsias deste pária que vasculha
Escombros pelas ruas e sarjetas,
Aquém do Paraíso que prometas
A ponta envenenada desta agulha

Adentra a pele em rugas tão precoces,
Os pelos abundantes, o mau cheiro,
Um ato tão vulgar e corriqueiro
Por mais que em fantasias tu adoces

Espalha pelas ruas da cidade
A imagem mais perfeita do que seja
Humanidade herética; em bandeja
De prata nos servindo a realidade.

E assim vestindo a rota fantasia
Demônio eternamente se recria.

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25175
Microscópicos seres devorando
O que se fez gigante e autoritário
Um homem desprezível, temerário,
Agora num silêncio eterno e brando.

As vísceras expostas carcomidas,
As órbitas vazias, nada vêm
Aonde fora tanto hoje ninguém
Na cíclica verdade traz ás vidas

Banquetes decompostos, fino prato,
Carcaça pouco a pouco destroçada
A alma há tanto tempo sepultada
Satânica figura em seu formato,

Enquanto se gargalha Satanás
Herético poder torpe e voraz.

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25174
As velhas carcomidas heresias
Vendidas como fossem salvação
Deveras nos trazendo a adoração
Diversa da verdade que querias.

Amor feito em perdão, lição superna
Infelizmente tanto desprezada,
A quem se deve tudo, resta o nada
Depois se quer pensar em vida eterna?

Hereges companheiros de viagem,
A alma sempre pesa se cristã
A vida se permite noutro afã
Delírios e delícias, vã miragem.

Mais fácil se levar pelo prazer
Ilimitado gozo a nos perder.

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25173
Vindictas tu preparas, armadilhas
E delas não consigo decifrar
Sinais que possam mesmo protelar
A morte que deveras ora trilhas,

E sinto nas noctívagas matilhas
Nas noites mais escuras, sem luar,
Espreita num instante a desnudar
Mesmo que disto diste algumas milhas.

Assim a cada dia me preparo,
Pois sei quanto o demônio não é claro
Usando de artimanhas mais sutis,

Enveredando sendas prazerosas,
Emerge qual a rosa dentre as rosas,
Beleza que em si própria contradiz.

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25172
Antíteses que formam vidas várias
Na mesma e tão complexa residência
Gerando a mais venal coexistência
Formada por visões que, temporárias

Tramando uma passagem movediça
Que ao mesmo tempo fere e às vezes cura,
Porém dicotomia se em loucura
Nefastas luzes traz sobeja liça.

E vendo tais figuras desconexas
Não posso me furtar às evidências
Tampouco ao ignorar t’as inocências
Preconizando vias mais complexas

Que levam às diversas direções
E nelas fragilmente tu te expões.

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25171
Luxúrias entre orgias e bacantes
Espúrias ilusões que o tempo leva,
E quando após o rito, encontro a treva,
Percebo que o prazer traz por instantes

Excêntricos momentos que finitos
Resíduos muitas vezes entorpecem
E quando tais delírios se oferecem
São meros na verdade até restritos

Enfáticos, porém vagos caminhos
Levando aos mais diversos arremates,
E quando só por eles tu combates
Os dias que virão; ledos, sozinhos

Retratam o vazio que se cria
Na falsa sensação de uma alegria.

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25170
Unindo nossos corpos num desejo
Explodem-se emoções, raros matizes
E sendo, como sempre mais felizes
Etéreas sensações agora almejo,

Vivendo esta fantástica viagem
Sem ter sequer fronteiras nem descanso
O auge que neste instante quero e alcanço
Traduz aos olhos vagos, a miragem

Esplêndidos caminhos desvendados,
Delitos cometidos, sacros ritos,
E quando penetramos infinitos
Sabendo desvendar tais Eldorados

Jamais nos permitindo a solidão,
Prazer a traduzir constelação.

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25169
Efervescência intensa à flor da pele,
Desejo que incontido nos inflama
Mantendo sempre acesa a imensa chama
Ao farto desvario nos compele,

Ardentes emoções, jogos sutis,
Eternidade feita nos segundos
Aonde se envolvendo mais profundos
Anseio que em momentos tudo diz.

Suores e sussurros; saciados
Dois corpos irmanados num só gozo
Instante formidável, fabuloso
Enlanguescidos seres endeusados.

E lassos entre laços, firmes nós,
Delírio insaciável, fogo atroz.

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25168
A paz que eu procurava e não sabia
Vestindo de funéreas emoções
Agora quando em luto tu me expões
Gerando algum sorriso de agonia,

Há tanto que deveras percebia
Brotando sobre a terra aos borbotões
Em gêiseres, em lavas e os vulcões
Permitem que se crie a alegoria.

Afãs diversos, lutas feras, claras
Por mais que outra saída; imaginaste,
Esta aparente dor traça o contraste,

Pois dela a paz que tanto desejaras
Num descanso sobejo e sem igual,
No encerrar deste ciclo, natural.

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25167
Abstinência de luz trazendo agora
Esta hiperestesia que, constante
Se expressando das sombras, neste instante
Vaga fluorescência que se aflora.

E desta opacidade gero então
Hipersensível ser que não se omite
Tampouco reconhece algum limite
E as mais frágeis luzernas mostrarão

Caminhos que deveras desconheces,
E nunca imaginara, pois sombrios,
Herméticos lugares que, vazios
Sequer em fantasias ora teces,

E assim ao prosseguir em vãos escusos,
Decifro os meus prazeres mais profusos.

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25166
Da longanimidade sigo ausente
Aonde se pensasse em brilho e incêndio
Apenas desfilando o vilipêndio
E a paz feita em ternura que se ausente.

Não posso me furtar aos desenganos
E como fosse um réptil ora rastejo
Deixando no passado o vão desejo
Adentrando os esgotos, podres canos

Encontro ali enfim o que buscara
Após as cicatrizes coletadas
Vagando pelas ruas e calçadas
A cada novo passo, nova escara

Mergulho nestas turvas galerias
E ali, conheço enfim, as alegrias.

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25165
Em contraposição ao supernal
Entranho pelas furnas do viver
E sinto neste vão tanto prazer,
É como se pudesse triunfal

Galgar meu habitat mais natural
E nele de tal forma me envolver
Mimetizando ali, um torpe ser
Que um dia imaginara desigual.

Do subsolo entranhando as galerias
Diverso deste sonho que ora urdias,
Um subterrâneo verme me alimento

Das trevas e da sombra, escuridão,
Da vida a mais perfeita tradução
Mesmo calado e imerso sigo atento.

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25164
Doía qual um membro que amputasse
E mesmo em dor terrível persistisse
Por vezes cria ser uma tolice,
Algia que gerasse algum impasse

Do tempo que virá e do que fora
Na persistência vã do que era morto,
É como não soubesse de outro porto
Tampouco de outra senda promissora

Quedara-se em espúria letargia,
E dela nem sequer um movimento,
Mortalha não servindo mais de alento,
No congelar da vida, o mesmo dia.

Aonde conseguir a liberdade?
Um torpe prisioneiro da saudade...

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Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010
25163
Tornando o meu sonhar mais satisfeito
Após as discordâncias do passado,
Andando por caminho torto, errado,
Entregue às ilusões, sonho desfeito.

Agora que te encontro e abro o peito
Confessando deveras o pecado
O dia nascerá iluminado
A paz a nortear cada preceito.

Não me deixo levar por desenganos
A vida se transforma e novos planos
De fato mudarão o seu sentido,

O mundo preconiza nova chance
E nela uma certeza que se alcance
O raro paraíso prometido.

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25162
Deixando para sempre más lembranças
E velhos dissabores que coleto
Enquanto nesta vida o predileto
Caminho se perdendo enquanto lanças

Os olhos para as nuvens, esperanças
Audazes percorrendo este dileto
Delírio pelo qual eu me completo
E ao mesmo tempo aguardo estas vinganças.

Alçara um eldorado em pensamento,
Mas quando da verdade estou atento
O mundo desabando sobre nós,

E o quanto fui feliz inutilmente,
A vida a cada dia me desmente,
Num rastro que se mostra duro e atroz.

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25161
Agora que encontrei amor perfeito
Depois de tão sofrida caminhada
Aonde se imagina mansa estrada
Desfiladeiro imenso; onde me deito

E o amor insanamente faz seu pleito
Tomando já de assalto a destroçada
Alma pelo sonho abandonada
Felicidade enfim é meu direito,

Escusos becos, ruas sem saída,
Assim se demonstrara a torpe vida
De um tolo e descabido sonhador,

Mas quando se pensara já perdido,
Jogado nos porões de um vago olvido,
Ela adentrando a porta traz o amor.

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25160
Comigo em tanto amor pra sempre avanças
Deixando para trás vicissitudes
E mesmo que deveras inda mudes
De ti só guardarei boas lembranças,

O amor traz alegrias, medos, lanças
E nele se percebem atitudes
E mesmo que deveras não ajudes
As noites ao te ter sempre são mansas.

Quem tanto se mostrara um infeliz
Agora que a verdade contradiz
Encontra-se em sobeja maravilha,

Por sendas tão tranqüilas que eu caminho,
Aonde há tanto tempo era sozinho,
Uma alegria imensa a alma palmilha.

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25159
Amor em primavera neste outono
Conflitos entre o ser e o querer ser
Mudanças tão difíceis de prever
Ludibriando o tempo já me adono

E quando na quietude até ressono
As súcias demoníacas a ver
Percebo quão inválido o poder
E sinto-me deveras como um mono.

Espúrias as imagens refletidas
Mostrando quão inúteis estas vidas
Assaz maravilhosas por momentos,

Velhaca criatura fantasia
Além de um simples gozo em alegria,
Bebendo depois disso os sofrimentos.

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25158
Fazendo as flores raras, folhas belas
Outono transformado em primavera
E quando a solidão se degenera
Destino bem diverso tu já selas

A fantasia velha castelã
Usufruindo os gozos de um reinado
Há tanto tempo inválido e fadado
À realidade amarga, torpe e vã

Deixando prosseguir tal heresia
Minha alma se transporta ao nada ter
E molda noutras formas de prazer
O que talvez em paz nem pensaria,

Fazendo da emoção sua trincheira,
Atocaiando a presa, guerrilheira.

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25157
De quem sempre vivera em abandono
Pegadas pela vida se apagando,
Não posso mais sonhar nem quando
Entregue totalmente em manso sono,

Nas ânsias de um prazer me desabono
E perco a direção, já desabando
O todo que eu pensara se mostrando
Desnudo coração, amor detono,

E sinto que talvez tenha somente
Sementes de uma inválida colheita
Às vezes de tocaia esta alma espreita

E mesmo quando vê; logo desmente
Montando um mundo escuso e virtual
Jogando no porvir a pá de cal.

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25156
As noites pululando em zil estrelas
O vento uivando adentra na janela
E toda a fantasia se revela
Nas ânsias e desejos de contê-las

Há tanto desejara enfim revê-las
Imagem deslumbrante que tão bela
Futuro extasiante agora sela
Na mágica ilusão de recebê-las

Deitando em minha cama, carinhosas,
Constelação soberba feita em rosas
Perfumes que saciam tais vontades,

Um sonho sem igual tão prazeroso
E nele esta promessa rara em gozo,
Realizada quando o quarto; invades.

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25155
Sonhando com teus beijos noite afora
A vida se transforma em poesia,
Minha alma embevecida fantasia
E num sublime sol já se decora,

Enquanto a maravilha assim demora,
O amor em explosão conduz e guia
Quem tanto em solidão se maldizia
Vivendo uma emoção que se assenhora

Tomando já de assalto uma alma triste,
E vendo que o futuro ainda existe
Resisto e luto agora pela vida

Há tanto desprezada e sem sentido,
O amor abrindo então olhar e ouvido
Percebe esta esperança ressurgida.

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25154
Os céus já se tornando raras telas
Romântico caminho se desnuda
A lua entre as estrelas já se escuda
Imagens deslumbrantes, raras, belas.

E quando neste quadro tu revelas
A sorte extasiante, uma alma muda
Expressa no silêncio e se transmuda
Rompendo as mais terríveis, duras celas

E liberta caminha em desvario,
Audaciosamente eu desafio
Catervas que talvez ainda tema,

E rompo neste instante tais grilhões
Enquanto em luz sublime tu expões
As marcas indeléveis desta algema.

posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010 0 comments links to this post
25153
Morena; amar eu quero em cada cena
Mal importando o texto e a\qualidade
Enquanto este cenário amor invade
Entrega se mostrando intensa e plena,

Assídua maravilha desfrutada
Delitos cometidos, despudores,
Dos sonhos e delírios multicores
Um brinde que se faz à nossa estada

Vetustas ilusões? Reais momentos
E neles com total satisfação
Estrelas no infinito mostrarão
Caminhos que impedindo sofrimentos

Demonstrem diademas e colares
No iluminado céu, nossos altares.

posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010 0 comments links to this post
25152
Da sorte que bem perto já me acena
Enveredando cada amanhecer
E sorvo da alegria e do prazer
Vontade satisfeita, agora plena,

Acasos entre lances discordantes
Volúpias nos encantam e dominam,
E quando nossos corpos determinam
Roubamos das estrelas, diamantes

Redemoinhos tantos, carrosséis
Rondando, a bela lua avermelhada
Trilhamos com certeza a mesma estrada
Bebendo em rara fonte, puros méis,

Numa explosão de fogos multicores
Celebração ao deus que traz amores.

posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Fevereiro 19, 2010 0 comments links to this post
25151
Dançamos nossos corpos nesta busca
Insaciavelmente não descanso
Aonde se pudesse algum remanso
Vontade é bem maior e logo ofusca

Numa ânsia incontrolável e insensata
Voracidade assim à flor da pele,
Ao gozo incomparável me compele
Enquanto este delírio me arrebata,

Desvendo os teus segredos, vago estrelas
Adentro estes fantásticos recantos
E envolto pelas teias dos encantos,
Delícias que procuro ora contê-las

Seguindo cada passo que tu deixas,
Alheio às mais diversas, toscas queixas.

25201 ATÉ 25250

25250
Não necessita mesmo que se brade
Gerando do não ser confusa cena,
Não quero noite calma nem serena
Apenas desvendar qualquer verdade,

E quando percebendo a claridade
Insólito mergulho qual falena
E desta luz intensa, mesmo plena
A morte traduzindo a liberdade.

Contradições comuns, insofismáveis
Em solos desiguais, mas sempre aráveis
Cultivos mostrarão diversos frutos,

Mutáveis os caminhos se percebe
Dicotomia traz a mesma sebe
Olhares necessários; bem argutos.

posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010 0 comments links to this post
25249
Tampouco desconhece algum lugar
Aonde se tivesse mais concisa
Resposta necessária e tão precisa,
Por isso noutras sanhas trafegar,

Aonde se mostrasse sem pensar
O que deveras nego e se matiza
Em cores mais suaves, mera brisa,
Não basta e jamais vai me saciar.

Por ser até convicto, um eremita
Somente em palatável acredita
E desconfia até mesmo da fé,

Aonde se pudesse transigente,
Mas quer o muito além do que pressente
O não saber algema cada pé.

posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010 0 comments links to this post
25248
Vivendo por viver sem ter razões
Explícitas que possam traduzir
As fontes do passado no porvir,
Entrelaçados passos: tropeções

E tendo enfim terríveis aversões
A tudo que se crê antes de vir
Procuro das verdades; abstrair
Novéis explicações, mas sei senões.

Descrevo no que posso; verso e rima,
Aquém do que o real procura e estima
Estigmas que deturpem a clareza,

Mas não seguindo a tropa vou ao léu,
Diverso do novelo ou carretel
Negando desde o início a correnteza;

posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010 0 comments links to this post
25247
Nesta beleza rara em que compões
Decifro as ansiedades minhas, nossas,
Antes até da saga onde tu possas
Falar da maravilha das visões

Nas quais encontrarias soluções
Diversas das que trago, mas em fossas
Profundas sonegando o que ora endossas
Encontro em solilóquio outras versões.

Socráticas verdades eu repito
E quando nada sei, sendo finito
Percebo quão a dúvida faz bem,

E tento desvendar algum mistério
E mesmo aleatório ou sem critério
Resposta na pergunta se contém.

posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010 0 comments links to this post
25246
A vida bem melhor de ser vivida
Na paz que tanto quero e já não vejo.
Às turras com as tramas do desejo
Persisto nesta sanha que duvida

E nela muitas vezes dividida
Entre o que penso e temo e não prevejo
Fazendo do pensar algum lampejo
E dele me protejo sem guarida.

Escusas emoções, rastros que sigo
E tanto quanto eu quero; sem abrigo
Vasculho nas entranhas da verdade

E teimo em perceber novo matiz
Enquanto o que é mais claro contradiz,
Mesmo até quando o explícito já brade.

posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010 0 comments links to this post
25245
Sem termos nem perguntas, de que vale
A vida se não fossem os anseios
E neles embutidos meus receios
Por mais que muitas vezes nada fale,

Nas mãos o que deveras não embale
E embace o pensamento em novos veios
Meus olhos não permitem ser alheios
Enquanto outra verdade não escale,

Ausente de respostas; sigo em vão
E embora muitas vezes, negarão
Persisto na procura e não me canso

Fartando-me da angústia do querer
E tanto quanto eu possa percorrer
A tempestade longe do remanso.

posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010 0 comments links to this post
25244
As horas entre luzes vão dispostas,
Mas não consigo mesmo ter a luz
E quando minha imagem reproduz
As dúvidas deveras são repostas,

Enquanto outras perguntas várias postas
Realidade afasta em contraluz
E o vário se transcende e nele opus
Caminho divergente ou viro as costas.

Na obviedade se perde o investigar
E muitas vezes nunca basta o olhar
Que num primeiro instante ludibria,

E assim por tantas vezes enganado
O final vejo enfim tão deturpado
Se vê realidade e é fantasia.

posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010 0 comments links to this post
25243
E sabem decifrar sem despedida
Aqueles que percebem num olhar
O muito além do simples declarar
Imagem por si só bem concebida,

Quem tanto se procura e não decida
Diverso que possa caminhar
Permite-se por vezes o calar
E segue como sombra em toda a vida.

Mas vejo que talvez neste não ser
Resume-se a verdade e o poder
Que tantos numa busca interminável

Em compêndios de vã filosofia
O fio muitas vezes se perdia,
Resposta se tornando indecifrável.

posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010 0 comments links to this post
Sábado, Fevereiro 20, 2010
25242
Os sonhos mais gostosos de sonhar
Permitem que se veja a liberdade
Tramando desde sempre a claridade
E nela com certeza mergulhar

Aos raios mais sublimes do luar
Percebo que a real felicidade
Não necessita mesmo que se brade
Tampouco desconhece algum lugar

Vivendo por viver sem ter razões
Nesta beleza rara em que compões
A vida bem melhor de ser vivida,

Sem termos nem perguntas, só respostas,
As horas entre luzes vão dispostas
E sabem decifrar sem despedida.

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25241
Aos poucos me envolvendo, me enlevando
Vontade de poder estar contigo,
Vivendo mansamente em tal abrigo,
Um mundo mais tranqüilo, até mais brando

E quando em tempestades eu me abrando
Não vendo após o cais qualquer perigo,
Assim enamorado enfim prossigo
Até que eu te perceba retornando,

Vivendo sem perguntas nem por que
No amor que tanto quer quem nele crê
Passível de pensar eternidade,

E mesmo que se torne agora infindo,
Um sonho que invadindo já deslindo
E dele toda a glória que me invade.

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25240
Querendo simplesmente te encontrar
Depois dos temporais e ventanias
Aonde nosso encanto tu desfias
Tecendo novos raios do luar,

Escuto neste instante a preamar
E quando as noites seguem bem mais frias
Em ti farto calor que em luzes crias
Tocando a minha pele, devagar,

Arrasto-me deveras aos teus pés,
E preso nas entranhas do desejo,
O quanto mavioso o amor prevejo

Sem medos, nem correntes ou galés,
Vivendo a liberdade do querer
A recompensa é feita no prazer.

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25239
Não deixe que estas ânsias determinem
O fim de um caso raro em pleno amor,
E sendo necessário recompor
Momentos que deveras nos dominem

Enquanto novos dias exterminem
O que se fez outrora em plena dor
Sentindo deste encanto o raro ardor,
Aonde os meus temores se suprimem,

Verás nos olhos meus a poesia
E dela a realidade se recria
Moldando um novo tempo de viver,

Aonde se enverede em voz suave
Sem medos nem terror que ainda agrave
Tornando mais difícil meu prazer.

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25238
Sobeja majestade em vossos olhos
Divina criatura feita em luz,
O amor quando em amor nos reconduz
Deixando no passado os vis abrolhos

Recolhe na florada, ensandecido
Momentos deslumbrantes, bom perfume,
Bem antes que minha alma se acostume,
Acende-se a vontade na libido

E tendo-vos por ama e por senhora,
O quão maravilhoso e perolado
Delírio quando estou ao vosso lado,
E nesta voz suprema ora se aflora

Encanto sem igual que derramais,
Delírios em delícias sensuais.

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25237
Aonde imaginavas um acerto
Decerto nada tendo, desviaste
O olhar em tanta fúria e num contraste
Criaste em nossa vida um vão deserto,

E quando deste fato ora me alerto,
Embora te pareça ser um traste,
Vagando em noite imensa desabaste
Medonhas excrescências: rumo certo.

Visões de outros momentos já passados
E os olhos muitas vezes embotados
Confusas as imagens, percebera.

Exposto aos mais terríveis pesadelos,
Agora mais tranqüilo posso vê-los
E nele se repete a mesma fera.

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25236
Gentis, desconcertantes vastidões
Entoam luzes fartas e serenas,
Além do que pensara em duras penas
Encontro as maravilhas que ora expões,

E tendo nos meus braços soluções
As dores se transformam e pequenas
Jamais perturbariam, pois apenas
São faces que deveras recompões.

Esboço novos passos noite adentro,
E quando neste intento me concentro
Vislumbro o que queria e procurava,

Aonde quis momento em sintonia,
A música se espalha e se irradia,
Vai libertando esta alma, outrora escrava.

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25235
Uma alma enfraquecida não percebe
O quão dificultoso o caminhar
Em meio às tantas pedras e buscar
Além do que do amor já se recebe,

O quanto deste sonho se concebe
E bebe-se deveras devagar
E quando novamente eu vasculhar
Veremos noutro encanto a rara sebe,

Em glebas tão distantes e sombrias
Durante muitas horas, tantos dias
Seguimos rastros outros que encontramos,

E após diversos ermos, descaminhos,
Agora que sabemos tão sozinhos,
Prazer incomparável; desfrutamos.

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25234
Em ásperos caminhos, vossos passos
Levando à mais completa solidão
E quanto aos novos dias, mostrarão
Além de meros erros, velhos traços,

Enquanto os olhos restem quietos, baços,
Ordenhas de ilusões não nos trarão
Tampouco uma esperança ou solução,
Engodos cometidos; toscos, crassos,

E sendo-vos melhor não ter agora
A fonte luminosa em que se aflora
A benção de saber em voz constante

O quão soberbo andar se preconiza
Transformando tempesta em mera brisa
Nas guerras ou na paz, já triunfante.

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25233
Faço-vos Senhora em cada verso
Declarações que ousando vos falar
Derramam sobre nós raro luar
Tomando em claridade este universo,

Nas ânsias do desejo sigo imerso
Servindo-vos qual fora a um altar
E em vós aprendo logo a decifrar
Delírio dos meus cantos mais diverso.

E quando vedes noite enluarada
Derramais vossos sonhos nesta estrada
E nela ao encontrardes meus caminhos

Percebei quão sobeja fantasia
Aonde a luz superna se irradia
Tomando-nos na força dos carinhos.

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25232
Desprezos que trazeis em vosso olhar
Estranhas desventuras me causando,
Aonde houvera um tempo desde quando
O Amor se poderia imaginar

Servindo-vos deveras e encontrar
Momento tão suave, ameno ou brando,
E mesmo quando em luz alvoroçando
Falena num instante a se encantar

Adona-se dos sonhos, poesia,
E dela em ventos mansos se porfia
Tecendo nobre e raro amanhecer,

Servir-vos ó senhora dos meus ais
Enquanto o vosso encanto; derramais
Navego ao vosso claro e bel prazer.

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25231
Agonizando em vida, um louco amante
Percebe o quão inútil caminhar
E tendo muitas vezes que enfrentar
Perigo audacioso e mais constante

Ainda prosseguindo sempre avante
Não deixa de tentar e de sonhar,
Embora muitas vezes sem lugar
Procura pelo amor, seu diamante.

Andara tantas noites sem saber
Aonde em que estalagem me esconder
Lutando com gigantes ou moinhos,

E agora que te tenho em minhas mãos
Percebo o quanto os sonhos foram vãos
E os dias continuam tão sozinhos.

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25230
Das águas cristalinas sei a fonte
E dela me fartando a cada dia,
Enquanto aos mais diversos sonhos guia
A mão que se estendendo no horizonte

Transforma nosso amor em rara ponte,
E nela novos campos eu veria
Sabendo desde sempre esta alegria,
Que a cada amanhecer logo desponte

Deixando como um rastro o brilho farto,
Do qual jamais deveras eu me aparto,
E sei que escravizado em tal algema

Por mais que enamorado nada tema
Eu sigo em luzes várias, movediças
Exposto aos dissabores e cobiças.

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25229
Como se fosse amor sábia ventura
À qual já se atrelasse uma esperança
Vivendo dos agouros da lembrança
Eterna busca ainda em vão perdura,

E quanto mais se quer e se procura
Distante deste olhar, amor se lança
A mão já com certeza não alcança
Sobrando a quem deseja esta loucura.

Essencialmente eu vivo só por que
Nas sanhas deste encanto que se vê
Ao longe, minhas tramas me conduzem,

Mas quando me aproximo, logo escapas
Da essência do viver percebo as capas,
Aonde os meus anseios vãos reluzem.

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25228
Falo de ti a todos os que vejo
E sinto que a resposta é o mesmo não
Enquanto as horas todas mostrarão
O quanto da emoção fora lampejo,

O beijo mais audaz não antevejo
Tampouco alguma luz ou solução
Esqueço qualquer rota ou direção
Perdendo desde sempre o bom ensejo,

E sendo assim navego em mar sombrio
Diverso do que tanto fantasio
Sem porto que me abrigue, ancoradouro,

Que faço sem poder ter florescido
Jardim há tantos anos esquecido,
Porém só para mim, raro tesouro.

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25227
Nos louros da vitória se expressara
A glória que jamais se fez inteira,
História tão comum e corriqueira
Agora se apresenta como rara,

Vencido e vencedor, a mesma cara
Reflexo desta luta costumeira
Vivendo em precipício sempre à beira
A morte a todo dia se declara

Nas formas mais sutis ou agressivas
Enquanto de prazeres tu te privas
Virando um prisioneiro do presente,

Audaciosamente esta caterva
Aos poucos dominando já te enerva,
Mas logo silencias tão descrente.

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25226
Das fadas e princesas do passado
Ainda guardas cenas na memória
E mesmo quando muda toda a história
O sonho vez por outra relembrado,

O tempo diz do templo abandonado
E nele tão somente rala escória
Do quanto se fartou como em vitória
Desenho na parede mal pintado,

E as horas vão passando e nada vindo,
O amor que outrora fora quase infindo
Esvaecido em cenas de novelas,

E quando lacrimejas, voz embarga
A doce fantasia agora amarga
Menina que inda existe tu revelas.

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25225
Gritar teu nome estúpida quimera
Durante a noite fria em que talvez
O sonho aonde a vida se desfez
Quem sabe noutro sonho regenera

E a vida seduzida em primavera
Mostrando de algum jeito a lucidez
Diversa do que agora ainda vês
Não seja tão somente vaga espera,

Ansiosamente escuto a voz do vento
E nela com certeza, me apascento
Lembrando que virás, mas não sei quando,

E enquanto a noite avança e o sol renasce
A vida repetindo o mesmo impasse,
E eu aqui sozinho te esperando.

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25224
Lembrando a despedida em dores fartas
Aonde não queria perceber
Que após a fantasia esvaecer
Enquanto dos meus braços já te apartas

E os sonhos mais felizes tu descartas
Deixando neste instante se antever
Que apenas me emoldura o desprazer
Jogadas sobre a mesa velhas cartas

Ainda não decifro seus sinais,
Mas onde houvera luzes magistrais
Agora tão somente a escuridão,

Sorvendo cada gota do passado,
Retrato na gaveta amarelado,
Traduz toscos momentos que virão.

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25223
Ser-vos-ia deveras mais fiel
Não fossem vossas luzes tão dispersas
Enquanto ao perceber nossas conversas
Em laços discordantes, sigo incréu

E temo perceber que assim ao léu
Em novas maravilhas vão imersas
As ânsias pelas quais sendo perversas
As noites onde o amor procura o véu

E se amortalha em turvas nuvens foscas,
Tornando nossas vidas quase toscas
Invariavelmente dispersando

As raras maravilhas desfraldadas,
Agora com certeza malfadadas
Alegrias fugindo em turvo bando.

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25222
Outrora em vossas noites se adonando
Das minhas emoções, senhora e diva,
E quando a própria vida já nos priva
De um tempo mais suave, ou mesmo brando

As flores novamente ver brotando
Cevadas pelas mãos de uma alma altiva
Enquanto desta forma outra cativa
E o amor no pleno amor se eternizando.

Vestindo-vos de glória mais sobeja
O quanto meu desejo vos deseja
Permite-me sonhar com novos dias,

Aonde poderia ter nas mãos
Além do roseiral, diversos grãos
E deles vos servir em fantasias.

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25221
Assenta-se em canteiros magistrais
A rosa que cevara com carinho
Deixando no passado o ser sozinho
Mostrando o que desejo e quero mais,

E quando em entrelinhas demonstrais
O vosso encanto e nele eis o caminho
Que tanto eu procurara e me avizinho
Bebendo em belas taças de cristais,

Diamantinas noites em vós tendo
Aos mais sublimes ápices, ascendo
E nada me impedindo posso ver

O dia em luzes fartas que ora vedes
E nele saciando antigas sedes
Dourando em vossas mãos, o amanhecer.

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25220
Com o desabrochar da flor que tanto
Desejei ver enfeitando o meu canteiro
Depois de ter cevado o tempo inteiro,
Alvissareira rosa à qual eu canto

E neste puro encanto sei o quanto
O amor se fez real e verdadeiro
Dos sonhos o mais nobre mensageiro
Deixando no passado a dor e o pranto,

Eu sinto ser possível novamente
Um dia mais feliz. Por isso bem
Conheço quando a sorte me contém

E nada mais sequer teima ou desmente
A glória insofismável de ser teu
Vivendo o que o amor nos concedeu.

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25219
Quem dera se pudesse ter ainda
O gosto desta boca junto à minha,
Suprema maravilha feita em vinha
Que a vida num segundo já deslinda

E traz esta emoção sobeja e linda
Numa insânia constante onde se alinha
O corpo seduzido que ora vinha
Beber da poesia rara e infinda.

Vencido pelas ânsias desde quando
Eu pude perceber já me tocando
Os lábios sensuais desta mulher,

E agora que sou dela e só por isto
Do sonho mais audaz nunca desisto,
E nele todo o bem que uma alma quer.

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25218
Aonde houvera pássaros e aurora
Eu poderia crer ser mais possível
Que a vida se mostrasse noutro nível
Aonde a luz que agora nos decora

A cada novo dia mais se aflora,
Mutável fantasia sendo crível
Felicidade então viva e plausível
Decerto voltará e não demora.

Mas vendo esta aridez feita em asfalto,
Em plena solidão fria me assalto
E vejo que a penumbra é uma constante,

E sendo sonhador por natureza
Talvez ainda saiba a correnteza
Na límpida beleza noutro instante.

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25217
Enquanto dos fantasmas inda corres
Fugindo destas sombras mais estranhas
Vagando sem destino por montanhas
Ausente da ilusão onde socorres

Percebendo então São Martin de Porres
Que possa te ajudar nas várias sanhas
Ainda mesmo amiga se não ganhas
Ou mesmo quando em lágrimas escorres

Não creia na derrota, pois é fato
Na força insuperável me arrebato
E faço desta crença a minha luz,

Não deixe a dor tornar-se soberana
Nossa Senhora de Copacabana
A um bom caminho logo te conduz.

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25216
À rosa se recende a maravilha
Que tanto procurei e não sabia
Aonde talvez fosse fantasia
A poesia ainda vaga trilha

Enquanto um novo rumo se engatilha
Audácia mesmo às vezes sendo fria
Mergulha noutras sendas e porfia
Momentos de prazer; e a estrela brilha.

Alçar cometas tantos, vários céus
E neles me perder, sonhos ilhéus
Vencendo os mais complexos desalentos

Aonde não pudesse ver a luz
Imagem neste espelho reproduz
Além de meras cruzes e tormentos.

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25215
Quis o Fado que arruda benfazeja
Trouxesse a boa sorte a quem possua
E a leve junto a si, e enquanto atua
Decerto não há mal que não proteja.

Então bendita planta sempre seja,
A preferida de quem já continua
Fazendo a cada dia falcatrua
E até quem no futuro isso deseja.

Mas veja quão diversa a sina e a sorte,
Pois tendo uma arruda que conforte
Arruda sem ajuda foi flagrado,

E agora Deus me acuda em corre-corre
Sem ter Arruda aquele que o socorre
Arruda contradiz a sorte e o Fado.

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25214
Palpitas entre beijos, fogaréus
E tramas as venturas mais audazes
Enquanto novamente tu refazes
Dos erros cometidos, velhos léus

Antanho percebera falsos céus
E neles recriaras torpes fases
Aonde mal percebes incapazes
Delírios encobertos, mausoléus

Ocultas nas entranhas sortilégios
Vendendo as ilusões de privilégios
Ou régios caminhares entre luas,

Mas quando me aproximo e te desvendo,
O todo resta apenas como adendo,
E mesmo em falsos palcos inda atuas.

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25213
Um alquebrado sonho diz amor
E tudo se deriva deste vão
Aonde muitas dores mostrarão
Apenas esta angústia se compor,

Vencido pelos medos, meu andor
É feito de total ingratidão
Negando em gelidez todo o verão
Destroços do que outrora fosse flor,

Desembainho atroz e fria lança,
Mas quando a tempestade enfim avança
Recolhe-me ao vazio de onde vim,

Seguramente nada me sustenta,
Somente esta ilusão ainda alenta
Regando vez por outra o meu jardim.

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25212
Nascendo a primavera aonde outono
Vivera com terror e frialdade
Pensara tão somente na saudade
Que a cada amanhecer mais desabono,

Do tempo inacessível não me adono
Tampouco vejo em ti a liberdade
Que tanto procurara e não me invade,
Deixando para trás o sonho e o sono.

Explícitos momentos de alegria
Uma alma solitária fantasia
Aonde solidária quis a festa,

Mas quando nada vindo, desespero,
Nas ânsias deste encanto me tempero
E a sorte se esvaindo em cada fresta.

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25211
Uma alma que gorjeia em solilóquio
Vencendo os desamores que enfrentara
Enquanto todo amor já não declara
Num sonho em que jamais quero, retoque-o,

E quantas ardentias; necessito
Para poder vencer trevas soturnas,
As ânsias tão comuns sendo diuturnas
Transformam pensamento em brado e grito

Argutas emoções, ânsias diversas
Audaz e carcomida noite inglória
Aonde se pensara na vanglória
Agora noutras sendas sonhas, versas,

E teimas em fluir entre meus dedos,
Levando junto a ti, tantos segredos.

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25210
A primavera feita em gozo e festa
Lasciva sobre alfombras traz desnuda
A carne que buscara em fúria aguda
E toda esta loucura rege e empresta

Volúpia que em delírios sempre atesta
A sorte onde deveras traz a muda
Mergulho nesta insânia sem a ajuda
De quem já desconhece o amor que resta

Ejeto os meus fantasmas, fanatismos,
E sei dos mais terríveis cataclismos
Gerando dentro em mim o fogaréu

Que possa transcender à própria vida
E enquanto deste intento a alma duvida
Eu alço neste instante inferno e céu.

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25209
Uma alma que se mostra em fogo e lava
Hospitaleiros sonhos, inda tenta
E segue mesmo em fúria violenta
Vagando sem destino, feito escrava

Que em águas sempre turvas já se lava
Perece esta emoção e segue atenta
Por vezes destemida se apascenta
Enquanto noutro tanto se moldava

Escusas excursões pelo meu ser
Demonstram esta sede de viver,
Que tanto me maltrata e me inebria,

E dela sendo servo, não liberto,
Seguindo sempre em rumo vão e incerto,
À margem do que dita a fantasia.

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25208
Fragrante Rosa em Jericó plantada,
Como a lua formosa, e esclarecida,
Como o sol entre todas escolhida,
E como puro espelho imaculada.

Virgem antes dos séculos criada
Para Mãe do supremo Autor da vida,
Para fonte de graça dirigida,
E de toda a desgraça reservada.

Pois a vosso rosário se dedica
Esta academia, em que tanto acerta,
Consagrando-se a vós, divina Rosa:

Claro, patente, e manifesto fica,
E conclusão é sem falência certa,
Que do mundo há de ser mais gloriosa.


GREGÓRIO DE MATOS

A Rosa que entre Rosas se fez Santa
Formosa em raro brilho ostenta a luz,
E dela este Cordeiro atado à Cruz
Cujo holocausto ainda nos encanta.

A força que Ela emana, sendo tanta
Às multidões diversas já conduz
Divina Criação se reproduz
Na Imagem mais fiel e Sacrossanta.

Da Glória em Graça feita, olhai por mim,
Em Vós percebo além deste jardim,
Superna Maravilha em divindade,

Dos nomes o mais simples vos daria
O Amor, pois em Amor se fez Maria
E Dela a Soberana Majestade.

posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010 0 comments links to this post
25207
Canoras expressões de sonho e alento,
Das ânsias entre lágrimas sobejas
Além do que talvez inda desejas
Encanta-nos o amor doce tormento

No qual por vezes quero ou mesmo tento
Viver além do quanto sei que almejas
Nos céus que em esperanças azulejas
Legando ao nada ser, o sofrimento,

Adentrando diversas fantasias,
Ao mesmo tempo negas e confessas
Das várias ilusões, cenários, peças

Por onde nossa história tu desfias
Fazendo de bom grado esta ironia
Que à própria sensatez já desafia.

posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010 0 comments links to this post
25206
Ó Musas o meu canto vos implora
A paz de um manso lago em placidez,
Dourado caminhar onde se fez
A noite sem estrelas desde outrora,

Em eras tão diversas, mágoa aflora
E do estro transformado em sensatez
Mudando em poesia a sua tez
A fonte ora salobra se descora,

Dos bardos ouço a voz e não respondo,
Ecoam dentro em mim brados distintos
Vulcões há tantos anos sei extintos,

E a força incontestável já se impondo
Não deixando fluir a água serena
Sulfúrica verdade me envenena.

posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010 0 comments links to this post
25205
No imarcescível sonho eterna fonte
Por onde porejara uma esperança
Que aos vários caminhares já se lança
E dentre tantas dores se desponte,

A vida muitas vezes nega a ponte
Ao flóreo vicejar enquanto avança
E traz nos antros frios da lembrança
Visão em triste agouro do horizonte.

Às Musas destes vates liras cantam
Idolatrando assim belas deidades
Tramando sobre a Terra claridades

Que enquanto nos tocando sempre encantam,
Descendo o imenso rio em belas margens
Sobejas e divinas paisagens.

posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010 0 comments links to this post
25204
Que a terra seja mansa ao caminheiro
Depois de percorrer sendas diversas
E nelas as belezas mais dispersas
Trazendo um novo rumo ao mensageiro

Dos deuses e das musas, companheiro
Enquanto sobre os vales, rios; versas
Palavras que pensara mais perversas
Num verdejante prado enlevo e cheiro.

Dourados os lauréis que ora desfilas
Celeste maravilha em nobres filas
Levando em teu olhar, altares vários

Bebendo desta fonte cristalina
O quanto em luzes calmas nos fascina
O sobejo esplendor destes cenários.

posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010 0 comments links to this post
25203
Nos mares onde outrora navegara
Buscando a calmaria que inconstante
Trazia a embarcação sempre adiante
Do tempo em noite imensa e lua clara.

Um perecível sonho, fragilmente
Exposto aos vendavais não resistira
E quando só restara simples tira
A vida sem pudores volta e mente

Dizendo ao velho andejo marinheiro
Que tudo continua como outrora
Naufrágio com certeza não demora,
E o canto se tornando o derradeiro

Desmancha qualquer forma de esperança
Enquanto à morte a sorte já se lança.

posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010 0 comments links to this post
25202
Socorrem-me diversas fantasias
Durante a minha estada neste inferno
Aonde imaginar um tempo terno
Nefastas explosões; por certo, urdias

E delas não percebo mais sinais
Apenas os destroços que me tocam,
E quando estas escórias desentocam
Fantasmas que pensara terminais

Assombram-me terrores conhecidos
E deles recomposto, não permito
Sequer ouvir ainda um brado ou grito,
Há tanto desprezados nos olvidos

E sendo que ressurges por instantes
Figuras do passado, degradantes.

posted by MARCOS LOURES at Sábado, Fevereiro 20, 2010 0 comments links to this post
25201
Teu nome se traduz em fogo e lança
E quando me perguntam se talvez
Ainda possa crer na sensatez
Depressa se perdendo esta esperança.

Verdade não se cala e nem percebes
O quanto inútil ser já se adivinha
Nas hordas que vieste, erva daninha
Agora se espalhando em outras sebes,

Sedenta de vingança fera espúria
Por onde caminhavas nem um rastro,
E quando se perdera vela e lastro,
Apenas sobrevive a imensa fúria

Na qual eu me alimento e te devoro,
E a morte de tal fera, eu comemoro.

25251 ATÉ 25300
25300
Amei-te muito além do que devia
E sei que nada disso foi real,
O quanto se pensara em triunfal
Deveras tão somente fantasia,

Enquanto a porta às vezes se entreabria
Julgara, e este meu erro foi fatal,
Que tudo se faria em bom final,
Restando agora a noite ausente e fria.

Escravizado em mágoas, sem remédio,
Restando ao andarilho o imenso tédio
E nele as velhas chagas reabertas,

E quando te percebo; nada tenho,
De nada valeria tanto empenho
Se o amor, já desconheces e desertas.

posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010 0 comments links to this post
25299
Sentisse teu alento após tempestas
Vivendo de um momento de ilusão,
Encontro neste instante a solução
Abrindo o coração exposto em frestas,

E quanto mais audaz; ao sonho emprestas
Momentos verdadeiros de emoção
E sei que novos dias nos trarão
Suprema maravilha que hoje gestas,

Mas quando meu reflexo; sinto e vejo,
Apenas percebendo algum lampejo
Do todo que pensara ser completo,

Eu sei que nada disso é realidade
E quando a solidão se adentra e invade
Aborto esta esperança, mero feto.

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25298
Quem dera se um momento de ventura
Viesse em lenitivo me mostrar
Que além deste sofrer resta o sonhar
E nele toda a paz que se procura,

A mão que me acarinha e me tortura
Esconde os raios fartos do luar,
Deixando a noite escura derramar
As brumas, traduzindo esta amargura

Aonde não consigo mais sentir
O gosto do prazer e sem porvir
A vida perde todas as razões,

Terríveis madrugadas; morta a aurora,
Somente esta neblina atroz se aflora
Enquanto o vão imenso tu me expões.

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25297
Na pálida esperança que me toca,
Ainda resta um pouco do que fora
Paisagem tão feliz e redentora
E agora em outras sebes se desloca,

Qual presa que se esconde em simples toca
À espera de uma sorte salvadora,
Minha alma tantas vezes sofredora
Aos poucos sem defesas se sufoca.

E tudo o que pensara ser melhor,
Estrada percorrida e já de cor
Medonhos espinheiros; coleciona

E o quanto se transforma neste nada
A sorte à qual pensara destinada
Esconde-se e o vazio vem à tona.

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25296
Sonhando com teus lábios, ternamente
Vivendo do que fora luz e agora
Distante dos meus olhos não decora
A vida que deveras já desmente.

E sinto neste amor, cruel e ausente
A força que me toma e revigora
Na luta desmedida e sem ter hora,
Teimando num futuro mais contente.

Audaciosamente eu sei que nada
Resume nossa história e abandonada
A senda que sonhara minha e tua,

Do todo que passamos; nada resta
Somente sobre as folhas e a floresta
Ainda soberana e plena lua.

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25295
Não rias deste pobre peregrino
Que segue em descaminhos mais atrozes,
Ouvindo do passado mansas vozes,
Agora sem ter rumo, desatino,

Nas ânsias ancestrais deste menino,
Os dias sem amor, cruéis algozes,
Os rios se perdendo, buscam fozes,
Enquanto sem ter paz, já me alucino.

Houvesse qualquer luz no fim da estrada,
Quem sabe poderia na alvorada
Rever os meus conceitos, ser feliz,

Porém no simples fato de ser só,
Retorno num momento ao mesmo pó
Levando desta vida, cicatriz.

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25294
Pudesse me esquecer das noites vãs
E embalde não consigo ter a paz,
Que tanto me sacie e satisfaz
Tornando mais palpáveis as manhãs,

Alucinado busco algum momento
Aonde possa crer numa alegria
Que há tanto dos meus dedos se esvaia,
Deveras se reluto, ainda tento,

Vencido pelas turvas esperanças
Nos bares e tavernas, meu consolo,
Vivendo como um fosse um simples tolo,
Buscando tão somente noites mansas,

E bêbado, percorro tais vielas
Qual barco que perdeu lemes e velas.

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25293
Pudesse descansar os tristes olhos
Depois de tantas lutas vida afora,
O quanto nesta Terra se demora
Uma alma feita em dor, urzes e abrolhos,

Um leito mais suave que permita
O fim com dignidade de um poeta,
Que tendo a fantasia como meta,
Não lapidou jamais rara pepita,

Aonde se fizesse um mundo audaz
Ferrenhas ilusões, final descarte,
A sorte muitas vezes se reparte
Somente o desvario agora traz

A quem se deu inteiro e ao nada ver
Cansado de lutar, melhor morrer.

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25292
Permitem que se veja a liberdade
Os olhos pós a noite tão escura
E tendo em minhas mãos, tanta procura
Sem ter sequer quem queira ou mesmo agrade

Espúrios descaminhos desconexos,
Revelam o final que não preciso,
Quimera que em delírio diz o aviso
Testando com certeza os meus reflexos,

Adentro o temporal desguarnecido
As armas que ora empunho são palavras
E delas renovando minhas lavras,
O medo há muito tempo esvaecido,

Reluto, mas prossigo em tal batalha,
E a vida impiedosa me retalha.

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25291
Tramando desde sempre a claridade
O olhar de um sonhador se perde ao léu
E bebe cada estrela, alçando o céu
E dele com certeza em paz se invade,

Aonde se pensara num laurel
Ascendo à mais sublime liberdade,
E dela ao perceber a ansiedade
Encontro com certeza o meu papel,

E faço do cenário encantador
Um último recanto aonde o amor
Aflora-se deveras sem enganos,

Mudasse novamente velhos planos
Teria novamente a me guiar
A força incontestável do luar.

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25290
E nela com certeza mergulhar
Nesta onda que desmancha-se na areia
E bebe a claridade em lua cheia,
Entregue à tal delícia sem pensar,

Se um dia fui capaz de me entregar
À sorte desairosa que rodeia,
Agora que encontrei a paz se anseia
E nela toda fonte a desvendar

Os rumos de um andante cavaleiro,
Momento de esperança derradeiro
Expressa um coração tão desolado,

Vivendo dos resquícios do passado
Agora se permite iluminado
Aos raios desta lua, meu luzeiro.

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25289
Aos raios mais sublimes do luar
Derramo minhas ânsias e protejo
O amor que na verdade se é lampejo
Deveras não devia se acabar,

E nele quanto mais eu mergulhar
Um sonho triunfal ora prevejo
Promessa de uma aurora em azulejo
Trazendo imensidão, clara e solar.

Não deixe que este encanto se esvaeça
Do amor que ora nos rege não se esqueça,
Pois nele um derradeiro passo além

Da eterna desventura que inda trago,
Vislumbro a placidez de um manso lago
Que amor em plena paz sempre contém.

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25288
Percebo que a real felicidade
Esconde-se em pequenas soluções
E delas quando o sonho tu repões
Permito-me sentir a claridade,

Aonde desfraldara ansiedade
Os medos em terríveis turbilhões
Mostraram ao sentimento tais versões
Diversas do final que ainda agrade.

Ocultas as jogadas que farás
E nelas por saber ser tão audaz
O fim já se aproxima; é xeque-mate,

E sem defesas sigo à revelia,
Aonde houvesse chance eu tentaria,
Por mais que a realidade me maltrate.

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25287
Não necessita mesmo que se tente
Alguma nova história ou mesmo a antiga,
Por mais que tenha a paz que ainda abriga
O coração deveras descontente,

Eu sei o quanto amar se fez urgente
E a vida sem contê-lo já periga,
E mesmo que vivê-lo em paz consiga,
Eterno desandar de um penitente

Carrego há tanto tempo a minha cruz,
E quando ao desencanto ora me opus
As horas não passaram de mentiras,

E tudo o que restaram, meus retalhos,
Envolvendo sutis penduricalhos,
Resume-se em pequenas, rotas, tiras.

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25286
Gerando do não ser confusa cena
Arrasto-me deveras sob o solo
E trago neste nada em que me assolo
Suave fortaleza que serena,

Figura desprezível, tão pequena,
Aonde houvesse pânico quis dolo
E nada além do caos aonde atolo
Os pés nesta seara atroz que me envenena.

Eu sei que jamais pude crer na sorte
E mesmo que este tempo me comporte,
Conforto eu não terei sequer na morte,

Por falta de vontade ou de suporte,
Ainda cicatrizo o velho corte,.
Teimando em procurar o mesmo Norte.

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25285
Não quero noite calma nem serena
Tampouco um turbilhão que ora me dane,
Se o coração se mostra em fria pane
Verdade muitas vezes envenena,

Enquanto a realidade me apequena
Não quero que o pomar dos sonhos grane
Sabendo do final que desengane
Esqueço desde sempre a torpe cena.

E creio ser plausível ter na fé
Uma saída a mais, e a preferida
Tocando devagar, barco da vida,

Ancoradouros; sei e até de cor,
Na mesa da esperança, pão, café
Só quero do mais caro e do melhor.

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25284
Apenas desvendar qualquer verdade,
Até a que me fira e me maltrate
Fazendo nesta história um arremate
Diverso do que outrora em liberdade

Quisera com total tranqüilidade
Ao mesmo tempo sinto que arrebate
Das mãos e me deixando em xeque-mate
Por mais que a ladainha ora me enfade.

Rascunhos do que fomos; garatujas
E as mãos que em outras mãos agora sujas
São meras testemunhas deste fato,

E quando me isolando eu me defendo,
O tempo noutro tempo se escorrendo
Cenário ao qual sem medo, eu desacato.

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25283
E quando percebendo a claridade
Depois de tantas noites em vazio
Resisto ao mesmo não que desafio
Vagando sem saber tranqüilidade

E quando se percebe iniqüidade
Anseio por momento em que o estio
Matando com vigor o imenso frio
Traduza outra esperança que se brade

Diversa deste vão aonde eu guarde
O amor que se mostrando sempre tarde
Retarde a glória intensa que procuro,

E vândalo do tempo, eu me disfarço
Usando este poema quase esparso,
E nele vou fugindo deste escuro.

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25282
Insólito mergulho em águas frias
Permite se tentar ver na tortura
O bem que certamente se procura
Nas trevas que deveras já nos guias.

Por estradas atrozes andarias
Matando em piedade e com brandura
Promessa para os loucos de uma cura
Satânicos momentos tais orgias,

Depois de tantos séculos eu vejo
A velha ladainha noutra face,
Enquanto a humanidade se desgrace

Nos risos dos pastores o sobejo
Êxtase que tramando outro castigo
Partilha deste açoite como abrigo.

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25281
E desta luz intensa, mesmo plena
Esboço alguma leve reação
Sabendo que outros dias mostrarão
Com toda a claridade a velha cena,

E quanto mais entranho mais se apena
O fogo desta santa inquisição
Guardado na memória, no porão
Aonde a velha imagem se apequena,

Vorazes desde antanho tais comparsas
Confrades das insanas, rudes farsas
Gerando vez em quando torpes mitos,

E quando se prepara para o bote
Permite que deveras já desbote
Vestimenta que embota os infinitos.

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25280
A morte traduzindo a liberdade
Depois de tanto e imenso sofrimento
Por mais que me perceba mais atento,
A dor não respeitando nada, invade

E toma sem respeito a qualquer grade
Num ato tresloucado e violento
Expondo a realidade ao sentimento
Que tanto nos ajude ou desagrade.

Fazendo indagações jamais confirmo
Os termos tão venais e quando afirmo
Não tendo neste fato uma firmeza,

Espero o contra-ataque inevitável
Cenário que hoje sei desagradável,
Gerando no final só incerteza.

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25279
Sabíamos vencer vicissitudes
Enquanto muitas vezes noutro rumo
Diverso deste agora em que me esfumo
Mudando vez em quando de atitudes,

Por tanto que deveras me saúdes
Os erros que cometo, sempre assumo,
E quando após tempestas eu me aprumo
Em outras direções bem sei que iludes.

Estando nesta vida de passagem
Apenas companheiros de viagem
Que um dia se encontrando por acaso

Deixaram suas marcas nas calçadas
E agora sob estrelas vãs, forjadas
Somente nos restando o fim e o ocaso.

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25278
Funambulescas noites, dor e gozo
A sorte se equilibra em bamba corda,
Ao mesmo tempo a vida me recorda
Momento que pensara glorioso

E agora ao percebê-lo vão; jocoso
Realidade chega e quando acorda
No parapeito vejo, estou na borda
A queda num segundo, pavoroso.

Escuto a voz sombria do quem fora
Imagem que julgara redentora
Desnuda esta faceta em turvos tons,

Aonde imaginara a salvação
Doridas garatujas me trarão
Malévolos retratos, antes bons.

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25277
Alvissareiras noites, argentinas
Corrientes tres, cuatro ocho bons momentos
Olhares sensuais, corpos atentos
Enquanto nesta dança me fascinas

Exalas em delícias diamantinas
Às dores de Gardel, doces alentos
E deixo para trás os sofrimentos,
Mineiro coração descerra minas

Aonde se percebe um passo audaz,
E nele este delírio que compraz
Parceiros desta noite em mesmo tom,

Um sonho se deslinda em bela tela
E o amor intensamente se revela
Ecoa ainda em mim, o bandaleon.

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25276
Exposto aos chascos vários dos iguais
Jamais eu poderia crer possível
Que a vida transcorrendo noutro nível
Diverso do que agora demonstrais

Expondo nas igrejas os vitrais
Pensando num milagre mais plausível
Servindo-vos qual fora um combustível
Que pelas ruas, tosca derramais,

Acrescentando ao nada que ora trago
Na forma de carícia ou mesmo afago
Um pouco do total feito ironia

Desfaço as velhas sendas e prossigo
Sabendo a curva outro perigo,
E dele uma vacina já se cria.

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25275
Das cóleras diversas que coleto
Procuro destilar o que talvez
Ainda me permita sensatez,
Mas sei o quão diverso o predileto

Caminho feito em farsa ou incompleto
Afigurado em tisne ou rubra tez,
E enquanto todo o sonho se desfez
Sonego qualquer parto, ou mesmo o feto.

Esterco-me do sangue feito fera
Que quando se sacia degenera
E muda no seu bote algum destino,

Incréu, por vezes vejo em rastros falsos
Prenúncios de terríveis cadafalsos
E deles, com certeza eu me previno.

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25274
Bebendo em tua boca tal salsugem
Inóspitos caminhos desvendados,
Ausculto do passado velhos brados
Das asas destroçadas nem penugem,

E quando se percebe tal ferrugem
Minha alma nos destroços malfadados
Expressa a realidade em falsos dados
Enquanto feras toscas berram, rugem.

Alpendres não protegem da tempesta
E tudo o que em verdade ainda resta
Imagem caricata e distorcida,

Assino uma alforria que não quero,
O encanto se omitindo, nunca é vero
E nele não baseio a minha vida.

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25273
Hediondas caricatas desventuras
Vencidas ou atadas aos grilhões
Que agora quando lúcida me expões
Aquém da realidade que procuras,

Buscando em noites vagas ou escuras
Momentos mais audazes, turbilhões
Adentro fantasias, batalhões
Bebendo com prazer fartas agruras,

Endeuso falsos ritos, mas os sei
E quando me percebo noutra lei
Diversa da que creio, com sarcasmo

Afasto dos meus olhos claridade,
Na cena que deveras me degrade
Percebo o meu retrato opaco e pasmo.

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25272
O amor quando se quer perfeito e manso
Perfaz caminhos sóbrios em tempestas,
E neles com certeza tu te emprestas
Gerando esta ilusão que agora alcanço,

Vencendo do passado qualquer ranço
Não se traduz somente em ritos, festas,
Mas não permite frestas nem arestas,
Trazendo ao caminheiro um bom descanso.

Viver o amor sem medo, tédio ou risco,
Fugindo do terror feito em confisco
Dos dias salutares em prazer,

A possibilidade disto é clara
E quando em fonte límpida declara
Expressa a maravilha do viver.

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25271
Cuidar da coisa amada como fora
A parte essencial da própria vida
Impede que se veja em despedida
Imagem muitas vezes redentora,

E quando a mão sobeja e protetora
Tocar com mansidão, sempre decida
Pelo caminho feito em paz e lida,
Trazendo a luz deveras promissora.

Assim se perpetrando em doce esfera
O fato de viver decerto gera
A sorte tão benquista e desejada,

Deixando para trás vagar agruras
No encanto que teceste e ora emolduras
Criando do vazio; a imensa estrada.

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25270
Ao ver formosa e rara claridade
Que Amor a cada olhar nos acrescenta
Aonde se pensara em violenta
Discórdia a mansidão agora invade

E tomando de assalto em liberdade
Ao mesmo tempo atrai e me apascenta
Vivendo esta emoção deixo a tormenta
E bebo da maior tranqüilidade.

Assisto à derrocada dos receios
E deles recriando sem rodeios
Momentos mais felizes; vou em frente,

Ferrenhas as batalhas que enfrentara
Até ter a visão sobeja e clara
Do amor que a cada dia me alimente.

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25269
Vosso olhar comprazendo dos meus medos
Trazendo a paz que tanto necessito,
Amando-vos senhora, eu acredito
Distante dos meus dias, os degredos,

Nos versos resguardados os segredos
Percebo algum momento em manso rito,
E tanto me entregando, mesmo aflito
A sorte tenho agora entre meus dedos.

Vencer as trevas tantas e bem mais
Beber das maravilhas que entornais
Enquanto em vossos rastros eu prossigo,

No amor que nos encanta ou nos maltrata
Aprazo-me deveras mesmo ingrata
A rota que se mostra em desabrigo.

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25268
Vencer os meus amargos dissabores
E ter nas TUAS mãos a Glória imensa,
Saber quão maviosa a recompensa
Colhida em Teu jardim, sobejas flores,

Seguindo MEU SENHOR, por onde fores
Uma alma transparente agora pensa
Na vida pós a vida que pertença
Aos TEUS caminhos sábios, redentores.

Amar- TE é ter certeza de uma LUZ
Quando à felicidade nos conduz
Gerando noutro ser igual verdade,

Assim re comprazendo de um pequeno
GIGANTE FORTALEZA se faz PLENO
No AMOR que distribui e nos invade.

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25267
Da treva original à treva eterna
Hiato feito em luz já se desfaz,
E aonde se quisera mansa paz
Ou mesmo a imensidão da vida terna

Agora sobre tudo já se inferna
A fúria desta espécie, tosco antraz
Que se mostrando assim, louca e mordaz,
Pensando-se deveras ser superna.

Meteóricos destinos se entrelaçam
E quando os dias turvos ora passam
Deixando cicatrizes mais profundas.

Mal respirando a luz ora agoniza
Mostrando ser deveras imprecisa
Passagem entre cenas nauseabundas.

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25266
A Natureza expõe fatos concretos
E deles me alimento vez em quando,
Vetusta fantasia dominando
Momentos que pensara mais discretos,

Anárquico poeta, sei dos vetos
E deles me sacio fomentando
A fúria de quem passa desdenhando
Delitos com certeza, prediletos,

Não posso crer na venda do milagre,
Assim do VINHO vejo que avinagre
A sorte de um Cordeiro exposto em cruz,

O PÃO que ora sustenta o bolso alheio,
Renega a salvação pela qual veio
Sacrificado REI, CRISTO JESUS.

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25265
A rebeldia expressa em cada passo
Na busca por pegadas, vários rastros
Que traguem aos meus dias novos lastros,
Diversos do que agora ainda traço,

Sei quão é vário e vago cada espaço,
Se o barco perde velas, lemes, mastros
Já não me curariam teus emplastros
Tampouco de outra sanha me desfaço

Percebo as inconstâncias deste tempo
E venço qualquer medo ou contratempo,
Inútil parecer além do fato

De ter nas mãos adagas e gatilhos,
Já não conheço mais sequer os trilhos
E o que fora plausível nó; desato.

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25264
Diversos burburinhos noite afora
Trazendo ao solitário a vida intensa
Enquanto no não ser ainda pensa
A fonte luminosa comemora

O próprio esvaecer que se demora
E nele uma agridoce recompensa
Formando nuvem frágil, mas imensa
Insaciável luz que se devora.

Esbarro nas entranhas do viver
Tentando meu caminho esclarecer
E sendo variante de outros tantos

Num tétrico arremedo em mil retalhos,
Os dias repetindo os atos falhos
E neles coletando os desencantos.

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25263
Reboa-se distante a voz sombria
De uma alma agonizante em frios vãos,
Aonde se pensara em tons cristãos
Atéia multidão já se porfia

Percebo então na falsa confraria
Diversos e confusos solos, chãos,
Repetem sem saber os mesmos nãos
Que há tanto a humanidade refletia.

Ao esboçarem crenças contradizem
Nos atos quando em deuses se deslizem
Gerando sintonias dissonantes,

Espúrias atitudes, sonhos lúcidos,
Não sei o quanto lúbricos ou lúdicos
Só sei que no final vejo-os farsantes.

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25262
Num lúgubre caminho se traçara
As variáveis toscas que ora enceto,
E ser além de simples mero inseto
Tornando a vida agora bem mais clara

Enquanto a fantasia se escancara
E bebo o meu futuro se concreto
No prato que se mostra o predileto
A face do glutão já se escancara.

Calcário corrigindo esta acidez
Aonde a plantação de outrora fez
Colheita muita além do que se espera.

Assíduas regas trazem a esperança,
Mas quando em aridez, solo se lança
Aborta em nascedouro a primavera.

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25261
Em márcios brados; vejo este passado
Aonde com soturnas mãos pesadas
As forças poderosas mal amadas
Tornaram o país, sanguíneo prado,

E quando em podridão condecorado
Reinando sobre as massas desarmadas
Em faces muitas vezes torturadas,
O libertário sonho condenado,

O fogo autoritário contradiz
O sonho de igualdade e de respeito,
Na fúria e pela fúria, faz seu pleito

Deixando tatuada a cicatriz
Que gera outros fantasmas no futuro,
O mocho só se expõe em pleno escuro.

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25261
Palavra quando acida traz em si
Potenciais diversos e complexos
E quando se procuram novos nexos
Respostas encontradas lá e aqui

Desnudam o que outrora já perdi,
E sei que mesmo quando estão anexos
Resíduos na verdade são reflexos
Do todo que deveras concebi.

Versões que o mesmo tema contrapõe
Enquanto várias vezes, traz e opõe
Diversidade é sempre necessária,

Assim ao perceber uma entrelinha
Desvenda o inaparente que continha
Numa faceta esparsa ou mesmo vária.

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25260
Desvendam-se desejos em delírios
Aonde se pudesse crer no quanto
Entregues ao mais raro e belo encanto
Deixando no passado vãos martírios,

E quando se mostrasse em tal nudez
Uma ânsia delicada e poderosa,
Bebendo desta glória caprichosa
O amor no próprio amor já se refez,

Avanço sem percalço e me demoro
A cada novo toque ou descoberta,
Enquanto o medo foge e me deserta
Grileiro sem escrúpulo, eu decoro

As sendas com sublimes diamantes,
E encontro veios fartos, deslumbrantes.

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25259
Arrebentando assim como se houvesse
Erupções tão complexas e profusas,
As horas se permitem mais confusas
Enquanto uma ordem vaga se obedece,

O tempo quando em tempos novos tece
Permitem que se tente em velhas Musas
As novas transparências, belas blusas
Ou mesmo algum rigor em rito ou prece,

Esvaecendo assim verdades rotas,
Em títeres que somos; sei que notas
Diversidade imensa e salutar,

Mas quanto a voz uníssona desnuda
Realidade estúpida e miúda
Impede a liberdade do criar.

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25258
Adentrando qual fora uma radícula
O pensamento imagem delirante
Verdades variáveis num instante
Transmite uma visão mesmo ridícula,

Aonde se pensara mera espícula
Percebo quão deveras penetrante
A farpa que me corta e se agigante
Outrora fora pálida partícula

E assim ao ver de perto o que pensara
Minúscula expressão, agora clara
Expõe realidade bem diversa,

E quando sob o prisma verdadeiro,
Bem mais do que pensara corriqueiro
Na imensidão do nada, uma alma imersa.

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25257
Há coisas que pergunto e não consigo
Sequer quem me responda então eu tento
Usando para tal o pensamento
Aonde com certeza encontro abrigo,

Deveras percebendo este perigo
Ao qual exposto vejo o sofrimento,
E quando na verdade busco o alento,
Caminho mais sensato, ora persigo,

Ao animal é tudo permitido,
Canibalismo, estupro, roubo e morte
Ao homem repetindo a mesma sorte

Porém ao crer pecado é coibido,
Assim minha alma tosca afirma cética
O demônio gerou, enfim, a ética.

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25256
A Terra outrora grávida parindo
Espécies tão diversas não sabia
Que quanto maior fosse a fantasia
A queda noutra cena se fluindo.

Refém do próprio filho que quis lindo,
E nele com encanto e com magia
A mãe agora em trágica agonia
Percebe o seu futuro, mero e findo.

Qual Nero eviscerando a genitora
Humanidade esboça um ato igual
Achando ser deveras tão normal

Quão tosco o original deveras fora
O homem também busca esta uterina
Visão da Terra mãe, outra Agripina.

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25255
Oceanos bravios e as procelas
Repetem velhas cenas do passado,
Aonde se mostrasse abandonado
O mundo reproduz diversas telas

E nelas entranhadas torpes celas
Aonde se pensara em luta e brado,
O quadro noutro quadro disfarçado
Impede outras visões deveras belas.

Um carrossel reflete a humanidade
Que segue em contraluz o próprio rabo
E quando do futuro der o cabo

Voltando ao que já fora ora se invade
E mata o seu porvir com o pretérito
E crê que nisto existe qualquer mérito.

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25254
Nas landes onde gero os pensamentos
Nefastas sombras tomam o cenário,
O passo em meio à lama é temerário
E os dias repetindo os mesmos ventos,

Charnecas invadindo os sentimentos
Viscoso caminhar em piso vário
Seguindo neste rumo que ao contrário
Do costumeiro; nega meus intentos

Extraio de minha alma a sordidez
E nela tantas vezes já se fez
A fétida impressão de liberdade

Que tanto se fazendo em voz medonha
Por mais que a fantasia ela componha,
Permite ao sonho etéreo o seu degrade.

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25253
Absconsos caminhares noite escura
E vejo sem respostas meus anseios,
Por mais que me envolvesse em teus enleios
Não cessariam nunca tal procura,

E quando a dúvida deveras já perdura
Não faço e nem pretendo tais rodeios,
Os olhos seguem vagos; vão alheios
Transcendem qualquer forma de ternura.

Escapas pouco a pouco e mesmo quando
Percebo, não reajo transformando
O quanto poderia no não ser

Espúria criatura ora me isolo,
Se eu planto mais abrolhos no meu solo,
Daninhas com certeza irei colher.

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25252
Convulsionado espaço que freqüento
Enquanto em solilóquio nada vem
Senão o mesmo etéreo e vão ninguém
Ao qual eu permaneço sempre atento,

Vivendo o que me resta em sofrimento
Angustiosamente a mente tem
Mistérios que deveras só contém
Quem usa vez em quando o pensamento,

E em tal discernimento sei vazios
E neles retornando aos desafios
Antigos da existência que se busca,

Esbarro nas mentiras e trapaças,
Até quando distante e alheia; passas
A luz que emanas forte, vejo fusca.

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25251
Um mero vibrião ainda existo
Somente pelas ânsias naturais
Aonde veramente fosse mais
O persistir recende a um vago quisto

Insólito retrato de Mefisto
Enquanto com nobreza derramais
Em vós percebo luzes ancestrais
E fragilmente exposto inda resisto.

Anseio os libertários manifestos
E neles mesmo quando estão infestos
Por virulência torpe ou insensata

Percebo um ar que possa transcender
Levando ao gozo pleno de um prazer,
Até por ser tão vil, já me arrebata.

25301 até 25350
REMINISCÊNCIAS DE UM POETA
Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25350
É forma de cantar em harmonia
Trazendo ao coração belos acordes
Por mais que na verdade não concordes
A vida novamente se recria

E enquanto com passados, fantasia
Sonhando com princesas reis e lordes,
Deveras o futuro onde recordes
À contraluz do espelho o velho dia.

Seqüelas do passado no amanhã
Tornando a mesma história antiga vã
Permite na passada algum tropeço,

Olhando para frente e para os lados,
Reflexos de outros tempos espelhados
Impedem no presente o recomeço.

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25349
Meus ídolos depois de tanta grana
Agora aposentados coçam saco,
Cultura brasileira no buraco,
Quem sabe esconde o jogo ou mais engana,

Morena do passado, tropícana
No bonde das novinhas, mas empaco
E bebo de outros tempos, do Sovaco,
Chorinho com certeza era bacana,

Não posso reclamar da juventude
A culpa desta falta de atitude
É desta velharia aposentada,

Contando o vil metal, enchendo a pança
Enquanto a Melancia canta e dança
Do sonho que vivemos, resta nada.

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25348
E viva a nova velha cachorrada
Vendendo as esperanças numa esquina,
Passado no futuro determina,
Depois de tanto tempo, sobra nada,

Assim a coisa andando bagunçada
O quanto na verdade nos fascina
Por outro lado morde em voz canina
E a pobre da gentalha anda ferrada,

A genitália exposta na revista,
Não sei se é da piranha ou de uma artista
É nisso que se deu liberação,

Não adianta crer numa igualdade,
Vaquinha de presépio na verdade
Jogada nesta tosca exposição.

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25347
O pão e o circo fazem tal sucesso
Que novamente vejo a mesma cena,
Gastando sem poder mais outra pena
Estou ficando duro, eu te confesso,

Não vejo no meu bolso algum progresso,
A fama mais distante não acena,
Enquanto este país todo se antena
No circo ao esgotar qualquer ingresso,

Eu sou desafinado e inda por cima
Ainda me restando uma auto estima
Não entro nesta tal politicalha,

Sem ter nem vocação para ladrão,
Cultura no Brasil, desmancha-pão,
Porque não nasci burro nem canalha?

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25346
Dizia um companheiro de pagode
Que a vida deve ser maravilhosa,
Por mais que a realidade mude a prosa
No fim se não der cabra vai dar bode,

Quem tenta e não consegue se sacode,
O cravo já não quer saber da rosa
Nos braços do jasmim a rebordosa
Curada como sabe e como pode.

A poesia é coisa de veado,
Vinicius de Moraes que assim o diga
Colher não vou meter na tua briga,

Senão sobra pra mim, e estou ferrado,
A terra só é virgem, nela bole
A pobre da minhoca, toda mole

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25345
Pergunto se inda tens algum trocado
Além do que o pastor vai te levar,
Depositando oferta neste altar
Com juros vai pagando o teu pecado,

Milagre em prestações, bem parcelado,
Sem ter nenhum imposto pra pagar,
Só falta mesmo alguém ressuscitar,
Mas se isso acontecer tome cuidado,

A volta do Cordeiro carpinteiro
No meio deste povo milagreiro
Vai fazer com certeza estardalhaço,

Mistério que chicote desbarata
Apóstolo, pastor, padre pirata
Passando este sufoco num cagaço.

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25344
A oposição parece brincadeira
Não tendo quem perturbe a caravana
Reinando sem problemas, soberana
O rei pode falar qualquer besteira,

Rainha vem depois, a companheira
Enquanto o de São Paulo não me engana
Um arrogante calvo já se ufana,
Mas vai perder o trona pra mineira,

Mineiro não quer nem saber de vice,
O que fora verdade ora desdisse
Pesando pros doía lados a balança

Assim nosso reinado agora avança
São tantos os corruptos, corruptores,
E o de Minas servindo aos dois senhores.

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Segunda-feira, Fevereiro 22, 2010
25343
Se eu faço ou se desfaço que me dane,
Não tô mais pra ficar bancando o besta,
Mulher botando chifre em minha testa
Amor há muito tempo entrou em pane,

E quando esta desgraça se faz pouca,
O pobre está fodido e nada vê
Aonde se procura algum por que
A vida vai ficando bem mais louca,

Na toca do leão enfio a cara
Embora não me chame Daniel,
Não quero nem saber se existe Céu,
A porca torce o rabo e me escancara

Eu sei que a vara é curta, mas cutuco,
Pior do que o Raul; estou maluco.

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25342
Tomando uns graus nos bares desta vida
Enchendo a minha cara de cachaça
Aonde teve fogo tem fumaça
Eu faço coisa até que Deus duvida,

Pegando este capeta pelo rabo,
Na sogra dou pancada e pescoção,
No sogro um pontapé no seu culhão
Depois neste forró, eu já me acabo,

Cansado de lutar contra a maré,
A vida já me deu cada rasteira
Não vou ficar aqui mais de bobeira,
Com essa minha cara de mané,

Depois de ser romântico e gentil,
Mandei a lua à puta que a pariu.

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25341
Maria; eu preparei uma surpresa
Parece que você vai adorar,
Depois de tanto tempo trabalhar,
A vida com certeza uma dureza

Cansado deste mundo de pobreza
Eu acertei deveras no milhar,
Agora vou poder só passear
Fartura vai sobrar em nossa mesa.

Você vai fazer pose lá pro Orkut
Não vou mais fazer parte nem da CUT
Agora vou virar novo burguês,

Contrata lavadeira, passadeira,
Babá, um jardineiro, cozinheira
Amantes? Só lourinhas quero três!

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25340
Melhor ser sanguessuga que operário,
Viver nas mordomias deste Estado
Bondoso guardião não vê pecado,
E ganha a cada dia um honorário

Maior do que o deveras necessário
Durante tanto tempo andando inchado
Enquanto o pobretão vive enrabado
Comprando um celular no aniversário.

Não quero ser escora nem escória,
Mas sei que é bem melhor cantar vitória
Do que ver empenhado os meus proventos,

Não posso correr contra a ventania,
Locupletando um pouco a cada dia
Espero todo mês novos aumentos.

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25339
Jazigo da esperança, a realidade
Há tanto se disfarça em riso audaz,
O beijo traidor me satisfaz
Enquanto qualquer sonho ainda agrade.

Mas tomo esta cachaça vagabunda
Fingindo ser uísque paraguaio,
E quando noutro instante ainda caio,
Ralando o meu nariz, a perna e a bunda

Telhados são de vidro, sim senhor,
Mas dane-se quem pensa que me engana,
A moça se fazendo de bacana
Coloca a perereca no penhor,

E vende como fosse verdadeira
Mercadoria falsa, de terceira.

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25338
Reveses que esta vida sempre traz
A quem batalha tanto e não consegue,
Um burro leva a carga, pobre jegue
Enquanto a burguesada se compraz,

Aonde a vaca for, o touro atrás
Jamais se permitindo que inda pegue,
A fonte já secou, e o mundo segue
Sem ter um só momento feito em paz.

Prefiro ser machado, pobre sândalo
Expondo-se à facada de algum vândalo
Ainda qual babaca dá perfume,

Capim sendo abundante mata a fome,
Depois quem ruminou vazando some
E o pobre se transforma em rico estrume.

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25337
Vamos fazer então vasectomia,
Depois é só ligar as tuas trompas,
Aonde houvera outrora raras pompas
Miséria se transforma em dia a dia,

Por mais que a gente tenta e fantasia
E nestas ilusões ainda irrompas,
Com essa ordem vigente nunca rompas
Senão só restará u’a nostalgia

Dos tempos de menino onde corríamos
Libertos pelas ruas e calçadas
Decerto minha amiga não sabíamos

A que ponto chegasse humanidade
Multidões cabisbaixas vão caladas
Enquanto prolifera a iniqüidade.

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25336
Espora na cacunda do sujeito
Faz sempre o desgraçado trabalhar,
Se não fizer assim nunca tem jeito
Escravo gosta mesmo é de apanhar,

Enquanto com chicote eu me deleito,
Nas costas do babaca a maltratar
O que parece ser algum defeito
É o que faz a banda desfilar.

Na força desta tal caricatura
Verdade com certeza se afigura,
E assim pensa deveras quem domina,

Depois na missa finge ser cristão,
Renova a cada tempo a escravidão,
Inesgotável fonte, imensa mina.

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25335
É melhor ser cavaleiro que cavalo
Assim sempre pensou a humanidade
Vivendo com certeza esta verdade,
O pobre do infeliz ora avassalo,

E quanto mais desejo enfim montá-lo
Por mais que o escravizado ainda brade,
Adorando o chicote, algema e grade,
Também quer qualquer dia virar galo,

O pinto quando pia bem fraquinho,
A primo canto eu vejo este galinho
Já preparado enfim para a panela,

Mas dê alguma chance pro coitado,
Depois vai vê-lo enfim empoleirado
“Poder nunca corrompe, só revela”.

Como dizia o Frei Betto.

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25334
Como dissera um tal Guerra Junqueiro
O Padre Eterno há tanto envelheceu
Enquanto toda a corja envileceu
A culpa com certeza é do dinheiro,

Do amor o mais sublime mensageiro,
Aquele bom sujeito, este judeu
Que o mundo há tanto tempo conheceu,
Da casa de Davi, real herdeiro

Somente por ter sido muito além
Da podre sociedade, não convém
Falar em alto tom, pois na verdade

Ainda se vendendo num balcão
O que se fez em GRAÇA E SALVAÇÃO,
Que a Santa Inquisição já nos resguarde.

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25333
Picardias em pleno picadeiro,
Vestindo de bufão, povo idiota,
O bloco do moderno ou do janota
Movido por cangalha e por dinheiro,

E quando da verdade assim me inteiro
E falo o que desejo além da cota,
A roupa de palhaço se amarrota
E acaba toda a tinta do tinteiro,

Balança, mas não cai, o trapezista,
A puta vê na grana do turista
A cara do Brasil, imensa bunda.

Imposto se traduz em ladroagem
Dos tempos de Jesus a sacanagem
A cada geração mais se aprofunda.

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25332
Ouvira do Ipiranga a ladainha
Dos marginais que antanho são modernos,
Disfarçam-se nos belos, caros ternos,
E a praga se espalhando assim daninha,

A cada novo dia mais continha
A fome insustentável dos infernos,
Repetem os exemplos dos externos
Ou exportam deveras podre linha.

Corruptos, corruptores são parceiros
E os pobres assaltando galinheiros
Pagando pelo pato magricela,

Aonde uma verdade se disfarça
Quem tem uma elegância feito garça
Comendo o milharal, não se revela.

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25331
Barriga de ricaço, insaciável
Terríveis com certeza tais glutões,
E quando esta verdade agora expões,
De novo a história mostra o inevitável

Aonde existe otário o descartável
Alimentando o fogo das visões
Espalham por imensas plantações
Enganações de um jeito palatável,

A culpa de tamanho desvario,
É sempre de quem berra e o desafio
É se calar defronte a tal desmando,

Aonde se pensara solução
Tem gente que abusando do perdão
Articulando a fúria em contrabando.

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25330
Usurários e avaros agiotas
Fazendo da trapaça o ganha pão
Futuros dias logo mostrarão
Verdades tão modernas e remotas.

Seja nas capitais, nas vilas, grotas,
A história repetindo este refrão,
Aonde existe gente tem ladrão,
Dividem cada saque em fartas cotas.

Antigamente assalto era à tacape
Desta verdade sei que não escape
Aquele que trabalha honestamente,

Pior quando nas mãos das governadas
As armas pelas leis são resguardadas,
Lutar contra esta súcia, nunca tente.

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25329
O mundo desfilando os mesmos traços
Refaz a cada dia velharias
E nelas quão soberbas horas vias
Enquanto nos pintávamos, palhaços,

Aonde se fizeram torpes laços
Os casos se refletem nas orgias
Desfilam em hereges sintonias
Homens honestos sempre tão escassos,

Assenta-se a verdade em qualquer era
E quanto mais o povo ainda espera
O bem que não virá, a corja engorda,

Comendo da carcaça do plebeu,
Assim desde que o mundo em vão se deu
Só varia o tamanho desta corda.

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25328
Cedendo mansamente aos teus encantos,
Jamais resistiria a tanto amor,
E quanto mais audaz a gente for
Os dias mostrarão mais belos cantos

E neles com certeza me envolvendo
Retendo em minhas mãos a claridade,
Que agora como sempre quando invade
Inteiro o pensamento percorrendo,

Atrozes descaminhos? Não mais vejo
Tampouco as intempéries que vivemos,
E quando novos rumos conhecemos,
Sabemos desfrutar cada desejo,

E assim na eternidade deste sonho,
O mundo mais feliz, quero e componho.

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25327
Que bom saber da glória deste Fado,
Depois de tantas lutas, desavenças
Ainda manter vivas nossas crenças
Deixando o sofrimento no passado,

No dia com fulgor iluminado,
As horas de prazer serão imensas,
E nelas com certeza ainda pensas
Soltando o coração intenso brado,

Vivenciar a glória a cada dia,
E nele toda a sorte se desfia
Gerando um carrossel de luzes fartas,

Só peço que das dores, dos anseios
Esgote com fervor, doridos veios,
E destes dissabores tu te apartas.

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25326
De ser assim, teu par e namorado
Depois das desavenças, tantas brigas,
Espero que deveras já consigas
Trazer os nossos rumos lado a lado,

Por mais que eu reconheça estar errado,
As nossas malquerenças tão antigas
Envoltas em fantasias ou intrigas
Traduzem um caminho abandonado

Há tanto traduzindo o disparate
Por mais que ainda volte e nos maltrate
Não cabe mais na vida que hoje ostentas,

Sentir os dissabores de outras eras,
Alimentando assim tolas quimeras
É como alimentar vis feras, violentas.

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25325
Cortando, penetrando devagar,
Gerando as dores tantas que ora trago,
Vivesse pelo menos algum trago
Do quanto quis e nunca soube dar,

Percebo em vagas luzes o luar
Que outrora fora imenso, doce e mago,
Se os olhos no passado ainda trago,
Talvez seja preciso repensar

E ver que sempre existe algum futuro
Mesmo que nos pareça mais escuro
Ou tanto dolorido que não possa

Servir como parâmetro preciso,
Mas quando a dor invade sem aviso
Irônica ilusão transborda em troça.

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25324
Dilacera, sangrando esta navalha
Que há tanto se fizera companheira,
Quem traz uma esperança passageira
Por velhos descaminhos não atalha

A vida se perdera sem ao menos
Teimar em perceber alguma chance
E tendo a fantasia que se alcance
Momentos podem ser bem mais amenos,

Fragilizado então, perdendo o prumo,
Vasculho nas gavetas e não vejo
Sequer a sombra amarga de um desejo
Que agora, pós tempestas, logo assumo,

Não deixe que esta luz se apague agora,
No instante em que esperança em vão se ancora.

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25323
Triscando a melodia do vagar
Encontro; refletida a velha imagem
De quem ao se perder nesta paisagem
Permite uma miragem desvendar,

Escolho descaminhos variados
E neles perpetuo os meus engodos,
Momentos de prazer? Queria todos,
Angústias penetrando pelos lados

Espalham dissabores, mas persigo
Ainda algum alento; mesmo pálido,
E o quanto se quisera bem mais cálido
Traduz ora somente o desabrigo,

Versejo sobre velhas melodias
Em partituras toscas que recrias.

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25322
Meu tempo, contratempo, Deus me valha
espúrias madrugadas, dias frios,
Não posso mais pensar nestes vadios
Momentos sempre ao fio da navalha,

E quando a realidade me atrapalha
Acendo da esperança os seus pavios,
E teimo em perceber nos desafios
A fúria que deveras já se espalha

Tomando este deserto que ora habito,
Rondando o meu caminho, e estando aflito
Esgoto minhas forças nesta luta

Inútil, disto eu sei, mas não desisto,
E quando em tal batalha ainda insisto,
O sonho uma alma audaz busca e recruta.

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25321
Se quando estou vagando bar em bar
Na busca de talvez algum alento
Sentindo no meu rosto, o manso vento
Bebendo da esperança de um luar

Eu creio na alegria a me tocar
Roçando minha pele, e o pensamento
Mantendo o meu olhar bem mais atento,
No intento de deveras me encantar

Com toda a sutileza de um amor
Que há tanto procurara sem sucesso,
Mas quando solitário estou regresso

Ao nada que deveras muda a cor
Do sonho iridescente de um poeta,
Que apenas noutro sonho se completa.

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25320
Comércio feito em nome do Cordeiro
Que tanto nos amando em holocausto
Se deu e neste instante, duro infausto
Traduziu farto amor, mais verdadeiro,

Agora a cada esquina um vendilhão
E nele se reflete a gula imensa,
O crime em nome Dele, já compensa
Transforma qualquer farsa em oração.

Vergonha assola a tosca humanidade
Na busca de saúde ou de fortuna
Corrupta canalhice coaduna
E faz do Amor sublime falsidade,

Antigamente à porta de algum templo,
A corja dentro dele, hoje contemplo.

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25319
O Amor que desmedido diz do quanto
Amortalhando às vezes trama a cura
Além do que deveras me amargura
Promete ser além do simples canto

Por vezes solitário desencanto
Mergulho nesta noite vaga e escura
E sinto tanta dor que me amargura
Gerando angústia e mesmo dor e pranto;

Mas sei que na verdade quero e gosto
De quem mesmo que cause algum desgosto
Expõe no olhar volúpia em fúria insana

O verso se mostrando em contra senso
Traduz por muitas vezes o que penso
E nisto satisfaz e desengana.

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25308 a 25318
Vivera o grande amor e não pensara
Que tudo tendo fim, também as acaba
O sonho que deveras já desaba
Turvando uma água outrora mansa e clara,

Assim a realidade se apresenta
E o tempo consumindo a fantasia
Devasta e nada após se mostraria
Mudança radical, por vezes lenta

E o passo que se dá rumo ao futuro
Encontra os pedregulhos naturais,
Depois vem o sabor do nunca mais,
E quando em voz sombria eu me amarguro

Pensando ter deserta esta esperança,
Um novo amanhecer, o amor nos lança.


2


Viver desta emoção as variáveis
Que possam nos trazer dor e alegria
E quando nela mesma se recria
Momentos de prazer ora alcançáveis

Vislumbro novos tempos adoráveis
E sei que o quanto a vida impediria
Um passo mais audaz; melancolia
Traçando descaminhos intragáveis.

Herege companheiro do não ser,
Astuciosamente; o desprazer
Engana enquanto beija e nos encanta.

Audácias se perdendo no vazio,
Sem nada em minhas mãos, aguardo o estio,
E um pássaro agoniza enquanto canta.


3


Os sonhos mais gostosos de sonhar
Perdidos numa noite de verão
Somente vãs tristezas mostrarão
A quem não aprendera a navegar

Distantes oceanos, perco o mar
E vivo na completa solidão
Angustiadamente sinto então
O mundo neste instante desabar.

Houvera uma esperança que, ilusória
Trouxera um falso gosto de vitória,
E agora sem ter nada em minhas mãos

Percebo quão difícil ter certezas
E ao enfrentar diversas correntezas,
Os sonhos que eu tivera, todos vãos.


4


Buscando, no luar, ser o que sou,
Apenas um fantasma perambula,
E traz no seu olhar a imensa gula
De quem por tanto tempo imaginou

O mundo bem diverso do que agora
Desnuda-se defronte ao seu olhar,
Cansado de tentar e de lutar,
A morte salvadora não demora,

Bebendo da ilusão em farta dose
Um tétrico fantoche, um vil bufão
Percebe quanto a vida foi em vão,
Por mais que a fantasia ainda goze

Espalha pelas ruas seus retalhos,
Já sabe do sofrer vários atalhos.



5



Reflito tanto amor, mas vou sozinho
Nas ânsias tão comuns de um sonhador,
O peso tão diverso deste andor
Às vezes em tempestas ou carinho

E quando deste rumo, descaminho,
Não tendo nem sequer por onde for,
Do quanto imaginara bela flor,
Apenas vislumbrando cada espinho,

Acrescentando o nada à minha vida,
A sorte há tanto tempo vã, perdida,
O que resta de mim, puro abandono.

E quando da esperança algum reflexo
Encontro; sem certezas, perco o nexo
Somente do vazio enfim me adono.


6


O quanto eu desejara se resume
No quase acontecer que me persegue,
Enquanto a fantasia sempre negue
Não tenho da esperança o seu perfume,

Aonde imaginara raro lume,
A luz em tom sombrio já renegue
Caminho que talvez inda sossegue
O coração de um tolo, que se esfume

Em vária caricata face escusa,
Ousando ser além que a paz conduza
E possa ter nos olhos florescência

Diversa desta opaca estupidez
Que agora se mostrando de uma vez,
Levando pouco a pouco à vil demência.



7


Amante sem ter cama, sem ter ninho
Voluptuosamente em sonhos, vago,
Mas quando me percebo sem afago
Seguindo para a morte; assim sozinho

Encontro alguns resquícios do que fora
E vejo que vivi, mesmo que pouco,
Andara em descaminhos feito um louco
Uma alma muitas vezes sonhadora,

A juventude ao longe, o fim por perto,
Não quero o sofrimento, sigo só,
Da imensidão da estrada, ledo pó,
De tanta turbulência, ora o deserto,

Mas fui feliz e basta; no último ato
Da peça feita em vida o que retrato.


8



Servindo de repasto para a dor
Um velho coração se desatina
E sabe que afinal em triste sina
Imagem retratando o sonhador

Seguindo sem destino aonde for,
Passado dia a dia determina
A seca que deveras mata a mina,
Negando o nascimento desta flor

Que outrora fora apenas esperança
E quanto mais a vida segue e avança
Percebe-se a aridez do chão inglório,

Não tendo mais por que ainda explore-o
O solo que deveras quis fecundo
Somente em vãos abrolhos, ora inundo.


9


Vivendo sem ter cálice nem vinho
Não posso mais brindar à sorte insana
Que tanto me acarinha quanto dana
Deixando-me deveras tão sozinho,

E quanto mais audaz o passo eu tento
Maior a queda, eu sei que não valera
Sequer saber da rara primavera
Moldada nesta teia, sofrimento.

Astuciosamente a vida trama
Momentos que decerto não saciam,
E os olhos num instante se desviam,
Deixando para trás a intensa chama

Que um dia norteara uma existência,
Agora só restando esta inclemência.



10


São tantos que naufrago nesse mar
Perigos entre as ondas e tempestas
O quanto de carinho ainda emprestas
Permitem este sonho navegar,

Procelas e borrascas a enfrentar
Não deixam claridades, meras frestas
E nelas ilusões que enquanto gestas
Tramitam entre céus; louco vagar.

Às vezes acredito que algum porto
Exista, mas sabendo o quão absorto
Meu passo em meio aos vários temporais

Escusas madrugadas, noites frias,
E enquanto mais distante; fantasias,
Restando inacessível qualquer cais.



11


Amores mal vividos, qual mortalha
Vestida pelo tolo caminheiro,
Aonde se pensara verdadeiro
Apenas ilusão fria navalha,

E quando em cada espaço a dor retalha,
Não deixa nem sequer ainda inteiro
O sonho muitas vezes mensageiro
No qual a realidade ainda atalha

Mudando a direção dos ventos, vejo
A sombra inusitada de um desejo
Inconseqüente rumo que ora tento,

E numa ansiedade sem limite
No tanto quanto quero que acredite
Esqueço por momentos, sofrimento.

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Fevereiro 22, 2010 0 comments links to this post
Domingo, Fevereiro 21, 2010
25307
Ventura de beijar a tua pele
Seguindo mansamente e sem defesas
Encontro no teu corpo estas belezas
Às quais o imenso amor já me compele,

Sentir a maciez aonde atrele
Descendo com ternura as correntezas,
Bebendo da alegria em tais levezas
Destino que em destino ora se sele.

Vagar pelos recônditos caminhos,
Os olhos no passado tão sozinhos
Agora ao perceber tal maravilha

Esbaldam-se na festa prometida,
E assim, mudando toda a minha vida,
A sorte finalmente, em paz já brilha.

posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010 0 comments links to this post
25306
Visão que transtornava um sonhador
Beleza incomparável de uma diva
Uma alma se mostrando imperativa
Trazendo em seu sorriso, amor e dor,

Pensara neste encanto redentor,
Ainda que pudesse manter viva
A chama se desfez e ora me priva
Do imenso e desejado farto amor,

Quimeras do passado ressurgindo
Aonde imaginara ser infindo
Percebo que deveras resta apenas

A sombra de um momento mais feliz,
E quando a realidade contradiz
Esperanças, se restam, são pequenas...

posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010 0 comments links to this post
25305
Amor recende aos sonhos mais felizes
E deixa em minha pele; tatuadas
Eternas e diversas cicatrizes,
Lembranças de outras eras, bem fadadas.

E quando esta alegria tu desdizes,
Matando desde já uma alvorada,
Refaço o caminhar em vãos deslizes
E sinto que afinal não resta nada

Somente esta lembrança que maltrata,
A sorte se desnuda amarga e ingrata
Deixando para trás qualquer beleza,

E sigo sem ter forças pra lutar,
Entregue neste imenso mergulhar,
Levado pela forte correnteza.

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25304
Na aragem que invadia nosso quarto
Trazendo o teu perfume mesmo quando
Ausente dos meus braços se notando
O olhar que desejara tanto, farto.

Dos sonhos mais audazes não me aparto
E o mundo neste instante demonstrando
Cenário que buscara, desabando
Prazer em desencanto, ora descarto,

E sinto tão distante o doce aroma
Somente uma ilusão deveras toma
A casa e me transtorna inteiramente,

Porquanto fui feliz e ora não sou,
O vento que deveras adentrou
Decerto, sem pudores foge e mente.

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25303
Não deixe que a tormenta já desfaça
O quanto nosso amor quis, pois se fez
Na mansa e delicada sensatez
E tudo se perdendo em vã fumaça

A vida num momento foge, passa
Deixando para trás o que ora crês
E quando sem destino e sem porquês
A sorte se puindo em dor e traça,

Mas tudo se renova e se transforma,
O amor não segue regras, nega a norma
E vive por viver sem ter motivo,

E desta forma sinto e ainda creio
Que tudo sem temor e sem receio
Mantém o nosso amor, decerto vivo.

posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010 0 comments links to this post
25302
Jamais da sorte atroz e traiçoeira
Eu beberia em fonte poluída
O que restou de mim em frágil vida
Ainda traz o sonho por bandeira,

E quando venha a noite derradeira
A sorte pode ser que distraída
Permita uma alegria que decida
E deixe para traz a história inteira,

E assim gerando luz onde sombria
Podendo ver nascer de novo o dia,
Aonde se eterniza noite escura,

Quem sabe no final eu possa ter,
Depois de tantas dores, o prazer
No qual toda a tristeza já se cura.

posted by MARCOS LOURES at Domingo, Fevereiro 21, 2010 0 comments links to this post
25301
O berço da esperança abandonado
Deixado nalgum canto desta casa,
E quando a solidão invade e abrasa
Revivo os dissabores do passado,

E tendo esta certeza sempre ao lado,
A vida pouco a pouco se defasa
E o quanto imaginara em paz atrasa
O vento noutro rumo, desfraldado,

Assaz maravilhosa noite quando
O mundo em minhas mãos se renovando
Depois simples falácia, eu te perdi,

E tudo o que se fez belo e sublime,
Sem ter quem me deseje ou mesmo estime,
Do quanto imaginara nada aqui.

25351 até 25400
25400
Ao tremular as folhas, vento atroz
Trazendo novidades mais espúrias
Exposto aos vendavais, terríveis fúrias
Não quero nem ouvir da sorte a voz,

A fera se escondendo em todos nós
Não ouve nem sequer dores, lamúrias
Professa com certeza vis incúrias
E traz no olhar soberbo um ar feroz.

Astuciosamente atocaiada
Depois de ver a presa destroçada
Gargalha-se esta hiena dita amor,

Ferrenhos companheiros de desgraça
Os sonhos desfilando em plena praça
Fazendo da mortalha seu andor.

posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010 0 comments links to this post
25399
Lábios desejosos deste pus
Abscessos que deveras não rasgaste,
E quando se percebe este contraste
Ao qual decerto tanto já me opus

Percebo que afinal, faltando a luz,
A sorte se perdendo como um traste
Diversa do que tanto propalaste
Vivendo tão somente inferno e cruz.

Perenes abandonos, noites vãs
Aonde se pensara nas manhãs
Eterna madrugada em tom sombrio,

E quando se percorre outra alameda
Por mais que uma esperança se conceda,
Condenas ao terrível, ledo frio.

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25398
De todos os rochedos e penhascos
Aonde se arrebenta o velho mar,
Apenas poderia decifrar
Momentos entre turvos, débeis ascos,

E sabes que deveras nestes frascos
O veneno entre o sangue a se banhar
A face desdenhosa a provocar
Sabendo desde já velhos fiascos,

Amargas com teus risos os meus dias,
E sinto em tuas mãos as rebeldias
Que outrora me trouxeram seduções

Nefastas armadilhas que ora expões
E nelas com tenazes homicidas
Demonstras tuas faces distorcidas.

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25397
Trovoas em terríveis temporais
Deixando a placidez sempre de lado,
E quando se percebe derrotado
Caminho que deveras trouxe um cais,

Bebendo dos esgotos queres mais
Que um simples corpo nu e ensangüentado,
Cadáver insepulto vislumbrando
Exposto à torpe fúria dos chacais,

Apenas te servindo de regalo,
Olhando tal cenário nada falo
E sigo meu caminho simplesmente

A fera te domina e te transtorna,
Destroço de esperança que te adorna,
Um fétido destino se pressente.

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25396
Outrora entre insensatas maravilhas
Vencemos insolentes desafios,
Agora quanto mais extensos fios
Diversa senda estúpida já trilhas

E mesmo que inda fossemos quais ilhas
Os deuses em soberbos desvarios
Levando para além mares e rios
Gerando a cada passo as armadilhas

Das quais não poderíamos fugir
Sem ter sequer no olhar qualquer porvir
Nosso horizonte em névoas se perdendo,

Felicidade um sonho tão distante,
E quando se pensara deslumbrante
O dia se nublando, anoitecendo.

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25395
Amando o temporal que nos destroça
E tendo sob os olhos no horizonte
A morte que insensata já desponte
Fazendo da ilusão medonha troça,

As farpas entre os dardos atirados
Venenos desta vil zarabatana
Enquanto a realidade desengana,
Os dias entre nuvens traçam fados

Medonhos e talvez neles perceba
Um rastro de ilusão ainda viva,
E quanto mais a história sobreviva
Na multiplicação da espúria ameba

A sorte se desenha em luz sombria
Enquanto sortilégios vãos, desfia.

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25394
Brindando à morte em taças de cristal,
Esboço a reação que tu querias,
E as noites embalando as agonias
Num torpe desmedido ritual,

Olhar deveras tolo e sensual,
Que tanto vez em quando enaltecias,
Deveras com certeza não sabias
Do quanto parecia tão boçal

E agora com sarcasmos imbecis,
O todo que se foi se contradiz
Rasgando a velha roupa já puída,

Assim ao perceber este naufrágio
A dor volve cobrando com seu ágio
Esfacelando assim a rota vida.

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25393
Retratos do que fomos, as carrancas
Vagando pelo rio em noite escura
Na ausência de beleza, a dor perdura,
E apenas sofrimentos vis arrancas,

E quando se percebe frágeis laços
Que uniram sentimentos tão diversos,
Somente restarão então meus versos,
E neles os meus olhos, tristes, lassos,

Num enfadonho canto, a ladainha
Que tanto repetiste vida afora,
E sabes muito bem o quanto agora,
Uma esperança viva é tão daninha,

Não deixe qualquer rastro nesta sala,
Minha alma empedernida já se cala.

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25392
Cantando o nada ter seguindo em frente
Destroços que recolho dos meus passos
E neles novos dias, velhos traços
O quanto se queria diferente

No fundo não se sabe nem se sente
Sequer nestes momentos bem mais lassos,
Os gozos entre dores e cansaços
Medonhas ilusões, pobre demente,

Arrisco-me e sabendo desta queda,
Pagando com a mesma vã moeda
A dor que me trouxeste como brinde,

Sem ter qualquer beleza que deslinde
A vida se perdendo em turbilhões
Aos quais os meus caminhos logo expões.

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25391
Como outrora nos cantos a euforia
De quem se fez eterno sonhador,
Agora ao perceber já murcha a flor,
O quanto desejava se perdia

Nas ânsias mais vorazes, percebia
Que embora fosse um tolo trovador,
Envolto em armadilhas de um amor
Além do que deveras concebia

Cedendo às tentações inda reluta,
Mas sabe quanto a vida se faz bruta
E traz depois da luz a escuridão,

Perpetuando o sonho em seus poemas,
Atando o seu futuro às tais algemas,
Seus olhos alegrias não verão.

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25390
Bebendo as amarguras que trouxeste
Em noites tão vazias, solidão,
Os dias que virão nos mostrarão
Aquém do que sonhara e que se ateste,

Ao menos ser feliz eu poderia
Se tudo não passasse deste nada,
Uma alma ao sofrimento destinada,
Já sabe que sonhar, dura utopia

A cada tempo trama outra falácia
E nela me conduz á luz espúria,
E aonde se fizesse tal incúria
Não posso ter sequer qualquer audácia,

Vencido pela tosca insensatez
O mundo que eu sonhara se desfez…

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25389
Num abraço divino vejo a terra
Exposta à bela lua que se dá
E nela a fantasia mostrará
Beleza sem igual que ora se encerra

Na placidez sobeja que desterra
Qualquer tristeza ou dor e desde já
O dia novamente brilhará
Mudando esta paisagem: dor e guerra,

Assim nesta mutável realidade
O amor quando demais já nos invade
E não deixa sequer alguma chance

Aos tantos insucessos, solidão,
E noites de luar nos mostrarão
Eternidade em luz ao nosso alcance.

posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010 0 comments links to this post
25388
Findando a tormenta aonde havia
Perdido as esperanças, recupero
O dia após um dia duro e fero,
Renasce pouco a pouco a fantasia,

Uma alma delicada se extasia
E sabe muito além do que inda espero
O tempo aonde o sonho regenero
E nele se bebendo esta alegria

Percebo quão divina a vida trama
O sonho mais voraz que a própria chama
Eternizando o gozo de um instante

Defronte aos meus antigos desafetos,
Sensatos caminhares mais corretos
Levando a um novo tempo deslumbrante.

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25387
Qual fora forte cedro, algum carvalho
Cipreste que deveras se mostrasse
Deixando no passado um vão impasse,
Nas horas em que amor, quero e batalho,

Enfrento o pedregulho e neste atalho
Por mais que outro caminho a vida trace,
Adentro sem temor, mostrando a face
Jamais cedendo ao corte, à faca e ao talho.

Mesquinharias lego ao triste olvido,
E sigo com vigor e decidido
Vencendo os desafetos e vinganças,

Enquanto neste olhar tranqüilo e firme,
A sorte a cada dia se confirme,
Comigo em meio às trevas vais, avanças.

posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010 0 comments links to this post
25386
Como se fora algum nobre concerto
Em vozes afinadas, instrumentos
Trazendo aos meus ouvidos sentimentos,
Diverso do terror que ora deserto,

Caminho pelo encanto descoberto
Encontro nos teus olhos meus alentos
E bebo a fantasia destes ventos,
O peito sem defesas segue aberto

E quanto mais te escuto mais me embrenho
Na cândida emoção em raro empenho
Vislumbrando o futuro mais tranqüilo,

E tudo o que se fora angustia e medo,
Agora em plenitude já concedo
Enquanto a paz imensa ora destilo.

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25385
No palpitar dos sonhos, entranhado
Vivenciando o gozo quase incrível
Aonde se pensara um invencível
Caminho a ser devera desbravado

Agora que percebo-me ao teu lado,
Não tendo mais temor sinto plausível
O quanto desejara imperecível
Momento com denodo desfrutado,

Escuto a voz que outrora fora um canto
E nela me refaço em puro encanto
Perenizando em vida um sonho audaz,

Que tanto desejara e ora desnudo
Com fé, viva esperança eu não me iludo,
Mas sei o quanto em brilho satisfaz.

posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010 0 comments links to this post
25384
Uma alma de poeta bebe o sonho
Aonde se imagina mansidão
Deveras novas luzes me trarão
Além do que em poesia ora componho,

Servindo como tela este risonho
Caminho aonde glórias mostrarão
A sorte de viver tal emoção
Aonde cada dia eu recomponho,

Vivendo a plenitude de poder
Saber da maravilha do nascer
De um sol que se irradia pela Terra

E nesta imensidão já traduzir
O sonho de um melhor, belo porvir
Que a cada novo dia se descerra.

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25383
No sonho cantarei glórias a quem
Nos deu tanta fartura e se fez Pai
E enquanto a noite chega e a tarde cai
Beleza multicor o céu contém

Vislumbro nesta lua que ora vem
Um raio tão fantástico que atrai
O olhar deste poeta onde se esvai
A dor de se saber já sem ninguém.

E quando me envolvendo em tantas luzes,
Deixando no passado, abrolhos e urzes
Permito acreditar no amanhecer

Raiando com soberbo e belo sol
Tomando totalmente este arrebol
E nele ao Grande Deus, agradecer.

posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010 0 comments links to this post
25382
O mar tocando a areia com ternura
Esfuma-se em beleza sem igual,
Assim ao refazer tal ritual
A vida se refaz e já perdura

Tocada pelas mãos desta candura
Que é feita em água, sol, mares e sal
Sobeja maravilha que ancestral
Na enfática deidade se emoldura.

Assisto a tal paisagem e me proponho
Além de simplesmente um mero sonho
Viver a eternidade deste instante

Que tanto procurara a vida inteira,
Da glória feita em luzes mensageira
Deveras divinal e deslumbrante.

posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010 0 comments links to this post
25381
Quando finda a tormenta que me assola
E transformada em paz tal rebeldia,
Nascendo finalmente um claro dia
A glória perfilando nova escola

Aonde se pudesse ter nas mãos
A sorte benfazeja e desejada,
Depois de ter vivido esta alvorada
Momentos do passado sendo vãos,

Encontro a paz que tanto perseguira
E nela a claridade feita em festa,
Adentrando do amor sobeja fresta
Mantendo sempre acesa a intensa pira

Que tanto representa este laurel
Trazendo para a Terra o imenso céu.

posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010 0 comments links to this post
25380
Nos sonhos cantarás as melodias
Que tantas vezes ouço em noite branda
A lua se espraiando na varanda
Aonde com prazeres sonhares crias,

Derramas sutilmente as alegrias
E danço como fosse uma ciranda
Realidade tola em vã demanda
Diversa da ilusão que ora porfias

Escravizando uma alma onde se vê
A luz que não pergunta se há por que
Apenas se algemando na paixão

Esgota qualquer força libertária,
E sabe muito bem quão grã e vária
A glória que outros dias nos trarão.

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25379
Andais em tal soberba, disfarçada
Vencendo os vossos medos, mas também
Enquanto as noites frias inda vêm
Uma alma se demonstra tão gelada

Que leva do não ser ao pleno nada
E se isto com certeza vos convêm
Eu não posso apostar mais um vintém
Na senda pouco a pouco desgraçada,

Salgando este riacho aonde um dia
A vida se mostrara menos fria
Entendo-vos, porém jamais aceito

Os ermos que me dais; cruel herança
E quanto mais além o passo avança
O amor perde bem mais que simples pleito.

posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010 0 comments links to this post
25378
Na grã vontade exposta em vossos olhos
Arpôo meus sentimentos mais vorazes,
E quando se demonstra em toscas fases
Apenas colherei urzes e abrolhos,

Orgásticas e insanas sensações
Diversas das que outrora não sentira,
Ainda posso crer acesa a pira
E sei que novos dias e verões

Virão para tornar bem aquecida
A história renegada desde quando
O amor em novas luzes se mostrando
Matara o ressurgir de alguma vida

Expresso o que sincera renegais
E sei que não vos tenho nunca mais.

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25377
Mui alheio ao desmembrar de tal história
Aonde se mostrara ultimamente
Aquém do que se quer e se pressente
Apenas os resquícios da vanglória

E nela esta verdade peremptória
Tomando já de assalto minha mente
E quando em vós a luz se torna ausente
O amor se trancafia na memória.

Adentrais tais masmorras do sentir
E crer após o nada no porvir
Tarefa à qual não posso me entregar,

Servindo-vos deveras poderia
Criar ou navegar na fantasia,
Mas como se roubardes céu e mar?

posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010 0 comments links to this post
25376
Alheio aos vossos dias em quimeras
Terríveis pesadelos, noite adentro,
No quanto ser feliz já me concentro
Teimando em ressurgidas primaveras,

Ser-vos-ei fiel enquanto houver
A luz que ora nos guia e que permite
Olhar novo horizonte no limite
Além do que este sonho propuser

E por amar-vos tanto é que me entranho
Em sendas tão confusas e diversas,
Por mais que escutais; vãs, tolas conversas
Refaço este caminho desde antanho

E vivo como fosse etérea luz
Que espelho distorcido reproduz.

posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010 0 comments links to this post
25375
Em vós percebo agora ser presente
A condição terrível em que se expõe
O mundo que deveras não se opõe
Por mais que nova face se aparente

Argutos passos sendo-vos constantes
Não deixam que se espreite o bote enfim,
E quando se percebe está no fim,
Diverso do que vira, até bem antes.

Ser-vos-ia melhor ter outra face
E dela ao comprazer-se uma esperança
Que ao vago do infinito ora se lança
Por mais que o dia a dia nos embace,

Destino que se faz escorpiônico
Num suicídio lento e quase hedônico.

posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010 0 comments links to this post
25374
Percebo em vós diversa senhoria
E dela ao alcançardes vossos rumos
Encontro-vos exposta ao vários fumos
Lapido em vós soberba pedraria,

Minha alma em vos servir se comprazia
Mantendo do passado seus aprumos,
Bebendo da ilusão, sobejos sumos
Enquanto no vagar, futuro espia

E vê que nada além do que deveras
Exposto sob o olhar das frias feras
Servindo-vos agora como um cais,

Que aos poucos, com soberba destroçardes
E a vida sem sequer medos e alardes,
Aos poucos com tal fúria devorais.

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25373
Nas margens deste arroio em que te entregas
Aos sonhos de um passado tão remoto,
Aonde se pudesse ver eu noto
Mesmo que tantas vezes siga às cegas

Momentos maviosos que sonegas
E tramas ilusões no amor que adoto
E quando noutro rumo a dor emboto
Encontro doce vinho em tais adegas,

Os deuses protegendo cada passo,
De augustas emoções rumos eu traço
Desfaço velhos nós tão esgarçados,

E assim ao caminharmos para o mar
Percebo neste manso caminhar
A flórea divindade destes prados.

posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010 0 comments links to this post
25372
Na limpidez das águas cristalinas
Riachos desaguando em grandes rios
Imensas correntezas, desafios,
Aonde certamente te alucinas,

E quando te embebendo em mansas minas
Deixando no passado os desvarios
Os faunos entre ninfas, rodopios
Futuro mais audaz, tu determinas

E sabes fontes raras de beleza,
Aonde com ternura e tal grandeza
Sobejas maravilhas reconheces

E tendo em tuas mãos o teu porvir,
Os dias mais felizes hão de vir
No enredo que ora em paz desejas, teces.

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25371
Os Deuses tão nefastos, rudes seres
Espúrias garatujas do passado
Ainda resistindo vejo ao lado
Dos tantos delicados vãos poderes,

E quanto mais detalhes perceberes
Verás no olhar escuso deturpado
O sonho que pensara emoldurado
Entre as diversas luzes do quereres.

Argutas caricatas e medonhas
Enquanto com planície e vale; sonhas
Imensas cordilheiras, altas serras

Defronte ao teu espelho esta figura
Amarga e inconseqüente se afigura
E o sonho – ser feliz, agora enterras.

posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Fevereiro 23, 2010 0 comments links to this post
25370
Vibrando com as cordas deste pinho
Num mesmo e tão igual diapasão
Encontro em desafio a solução
E sigo noutra senda mais sozinho,

Compondo ou recompondo o velho ninho
Eu sei das desventuras que virão
Embora ao perceber novo verão
Inverno retornando de mansinho,

Astuciosamente o gelo invade
E tendo no final opacidade,
Hiberno a fantasia e me transtorno,

Do quando não devia já retorno
E trago em minhas mãos outra fornada
Da sorte há muito tempo embolorada.

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25369
Ainda aguardo o fim e sei do esquife
Que a vida me prepara e sem saúde,
O sonho feito em lira ou alaúde
Enquanto neste solo eu me espatife

Ainda se quisera ser de grife
A roupa já puída que transmude
Transporta noutro tempo ou atitude
O que se fez mordaz, ledo e patife.

Assédios entre tédios e tensões
Não posso mais conter velhos grilhões
Grileiro do futuro nada além

Do que complete o sonho em desvario
Porquanto tanto quanto eu desafio
As dores se repetem, sempre vêm.

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25368
Estrugindo os momentos onde ainda
Pudesse ter alguma lucidez,
A farpa que derramas já desfez
O que uma fantasia não deslinda,

E sendo muito cedo para tal
A morte ainda vejo mais distante,
Embora se perceba o seu brilhante
E gigantesco atroz, torpe caudal,

Espero noutras sendas a conquista
Do todo que pertence ao sonhador,
E seja tão somente como for,
Por mais que tanto doa não desista

Uma alma em aura turva e tão confusa
Dos erros mais comuns ainda abusa.

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25367
Aonde se pensara em vã estrugem
Uma alma se rebela e ainda busca
Por mais que a noite seja amarga e fusca
Momento além do cais, que ora ressurgem

Vagando sem destino, quando rugem
Em torpes gargalhares; senda brusca,
Astuciosas feras; sonho ofusca
Qualquer delírio aonde os medos surgem

E traçam desatinos mais ferrenhos,
Aonde se tivera em vãos empenhos
Mecânicas diversas das comuns,

Os dias refletindo, pois, alguns
Reflexos de um passado tão medonho
Na ausência do que almejo e te proponho.

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25366
Um Sátiro que expõe em multicores
Delírios as vontades mais atrozes
Enquanto disfarçando velhas vozes
Eclode nos projetos, são autores

Das endemias toscas sem pudores
Que mostram tais tenazes mais ferozes,
Pruriginosos sonhos quais micoses
Afloram nesta tez gerando horrores,

Em assertivas falsas, contraluzes,
Aquém do vão caminho onde conduzes
Expressas divindades picarescas

Deveras histriônicos truões
Nudez que neste instante tu me expões
Tornando as fantasias mais grotescas.

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25365
Hediondos caricatos, velhos toscos,
Escrachos kamikazes da ilusão
Meus olhos sem futuro negarão
Os dias mesmo quando forem foscos,

E sei que nos meus ermos acalento
Vontades que deveras não desvendo
O amor não poderia ser adendo
Tampouco o passo assim, muito mais lento

Alcanço os meus primórdios e revejo
Momentos onde a sorte se desfez
Gerando a cada dia esta acidez
Aonde algum sorriso, vão lampejo

Ainda escancarado em rosto amargo,
Enquanto o meu caminho eu mesmo embargo.

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25364
Truões entre diversas fantasias
Expressam o que sou exposto às feras
E quando noutra sanha degeneras
Matando estas venais alegorias

Meus sonhos, ledos títeres que vias
Nas noites em silêncio, nas esperas,
Apresentando em dores as quimeras
Mergulho nesta insânia onde havias.

Medonhos os penhascos que enfrentara
Quem dera se visão tivesse clara
Destes cenários toscos que ora enfrento

Os dissabores vários de uma vida
Aos poucos sendo assim já destruída
Num raio tão voraz quão violento.

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25363
Aonde se fizesse em luz nefanda
As ansiosas horas solidão,
Vergastas entre fráguas mostrarão
O quanto a realidade já desanda,

E o tempo se pesando, assim de banda
Percebo terminando este verão
No outono tantas folhas cairão
E o coração sem nexo se debanda

Vasculho seus resquícios e não vejo
Sabujo sem o faro necessário
Apenas este frio temerário

Tomando desde já qualquer desejo,
Espúrias madrugadas, noites vãs,
As nuvens encobrindo estas manhãs.

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25362
Tua presença; eterno e raro estio
Deliciosamente exposto em luz
Enquanto pouco a pouco me seduz
Promessa de desejo ao qual me alio,

E quando meu caminho em ti desvio
E sinto na imprudência, corpos nus,
Vencidos os pudores, contrapus
Vontades tão diversas, desafio.

E sinto o teu perfume junto a mim,
Deliro e quando vejo estás aqui
No quanto te desejo e pressenti

O amor batendo forte, até que enfim
Depois de tantos anos solitário
Num mundo sem razão, sem estuário.

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25361
E vendo-te comigo, amanhecer
O dia que sonhamos e não vinha,
A sorte sendo nossa, sei que é minha
A rendição às tramas do prazer,

E quando vejo a luz nos envolver
O coração ao teu resta e se aninha
Além do que deveras me convinha,
Entregue sem defesas, passo a ser

Apenas um cativo deste encanto,
E quando noutro tom, ainda canto,
Percebo dissonantes ilusões

Diversas das que agora tu me expões
E salutares sonhos adentrando
Tornando nosso mundo bem mais brando.

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25360
Nos madrigais da vida, renascer
Mudando as minhas velhas fantasias
E quando noutro rumo tu me guias
Encontro o que queria, meu prazer,

E sei que não devia me esquecer
Das mais terríveis horas, duros dias
E neles desfraldadas agonias
Enfáticos momentos a perder,

Engulo cada sapo no caminho,
Mas não quero seguir sempre sozinho
Sem ter qualquer momento de emoção,

Viver cada segundo como fosse
Um único e sabendo este agridoce
Destino sei das dores que virão.

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25359
Sem medo de saber-me apaixonado
Quebrei a minha cara ao mesmo instante
Em que pensara ter um radiante
Caminho que deveras disfarçado

Agora se apresenta amortalhado
E deixa destroçado um diamante,
Por mais que a sorte ainda me acalante
O mundo terminou no meu passado,

E sei que não devia mais lutar,
Aonde se mostrasse devagar
Passada não levando ao que mais quero,

E sendo mais atroz, pois tão sincero,
Não vejo outro caminho e, de repente,
O fim do nosso caso se pressente.

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25358
Fortalecendo sempre cada laço
Do quanto necessário para que
Se possa perceber e mesmo vê
O amor que se demora enquanto laço

A sorte que se foi sem um abraço
E mesmo quem conhece já não crê
Tampouco quando busca, mas cadê
O que deveras fora estardalhaço

Espero qualquer dia novo tempo
Vencido qualquer medo ou contratempo
Num ilusório rumo mais feliz,

E tudo não passando de promessa
A vida pouco a pouco recomeça,
Mas realidade chega e nos desdiz.

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25357
Querendo estar contigo e não sabendo
O quanto é necessário perceber
Além de simplesmente algum prazer
Às ordens de um amor obedecendo,

Alhures entre estrelas, céus e fogos,
Os tempos não são mais conforme outrora
E quando esta paisagem se decora
Esqueço os velhos brados, tolos rogos,

E sinto a liberdade de fruir
Por entre cachoeiras, quedas d’água
E quando noutro mar amor deságua
Nas ondas vou tentando imiscuir

Vontades tão diversas e insensatas,
Mas logo qualquer elo tu desatas.

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25356
Decifro no teu corpo, passo a passo,
Enigmas costumeiros e decerto
Ao penetrar no outrora vão deserto
Ocupo cada vez maior espaço

Vestindo esta emoção que mesmo rota
Permite uma alegria além do que
Se pensa quando nada mais se vê
Bebendo até fartar última gota.

Acordo em desacordo com teus atos,
Mas faço meus acordos mesmo quando
Sabendo que perdendo ou me encontrando
Os dias não serão de todo ingratos.

Pecar é se deixar sem ter lutado
Por isso é que inda estou sempre ao teu lado.

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25355
O rumo que será nosso aliado
Depois da tempestade sem bonança
Aonde houver a luz de uma esperança
O dia não será tão destroçado,

Perenes emoções que ainda trago
Depois dos desvarios da paixão
Deveras novos dias nos trarão
Compensando com fé qualquer estrago,

Esgares não resolvem nosso caso,
Tampouco outras mentiras nem falácias,
E quando se percebem tais audácias
Eu vejo no final, simples ocaso,

Vestir esta ilusão que não nos cabe,
Bem antes que esta casa enfim desabe.

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25354
Derramo nosso amor, venho e te abraço,
Mas nada disso mais te impressiona,
O quanto da verdade já se adona
Não deixa para a sorte algum espaço,

Do verso que te fiz não lembro um traço,
O gosto do abandono pressiona
E quando vejo a vida vindo à tona
Eu bebo deste copo e me embaraço,

Farturas no passado, uma aridez
Presente neste tanto que desfez
O que já fora gozo e riso imenso,

No vértice da vida vejo o fim
Se aproximando e quando junto a mim
Na fuga que não há, teimoso eu penso.

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25353
Querendo ser por ti, somente amado,
Promessas vento leva; e nada fica
E quando a realidade não se explica,
O resto vou deixando assim de lado,

O gesto mais audaz se desfraldado
Permite esta ilusão que nos complica,
E quando fotografa e assim se clica
O tempo representa o teu passado,

Em vícios me perdendo, precipito
O encanto que já fora mais bonito
E agora se desfaz em leda história

Balofa fantasia fica esquálida
Figura tão formosa agora pálida
Bagunça com os lastros da memória.

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25352
Paixão que nos tomou em poesia
Transporta o pensamento aos Eldorados
Há tanto noutro tanto imaginados
E quem deseja amar já fantasia

Vivendo desta estúpida alegria,
Os dias no futuro malfadados,
Bebendo da emoção em engradados
Caminhos que sonegam luz e dia,

Corteses, mas depois toscos, grotescos,
Carinhos se misturam quando frescos,
Mas amadurecidos viram tapas

Verdades absolutas e exceções
Na regra que deveras hoje expões
Da qual nem eu nem nós, jamais escapas.

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25351
Formando imensidão de sonhos tantos
Diversos faroleiros, rota insana,
O que pensara rumo desengana
E gera noutras linhas desencantos,

Lutando contra medos, dores, prantos,
A porta escancarada ainda emana
O fétido bolor por mais que espana
A casa pelos quartos, salas, cantos.

Assentando a poeira vejo a luz
Que noutra mesma intensa reproduz
Eterna sensação de espelhos vários,

Até chegar ao nada que absoluto,
Que com a fantasia se eu permuto
Esconde-se no fundo dos armários.

25401 até 25450
25450
A seca em que se fez nossa lavoura
Não deixa-se notar uma esperança
E quando esta intempérie mais avança
Um corvo crocitando nos agoura,

Espero outra impressão que possa dar
À vida uma beleza mais suave,
Na audácia do vazio já se agrave
Tomando o meu canteiro e meu pomar,

Não posso mais viver esta ilusão
Tampouco quero amenas fantasias,
E quando o meu caminho em vão desvias
Momentos mais soturnos mostrarão

O quanto se perdeu nesta colheita,
Do amor que em luzes frágeis não se deita.

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25449
Talvez na irrigação encontre enfim
A solução final para a aridez
Na qual uma esperança se desfez
Tomando com furor nosso jardim

E quando vejo o mundo dentro em mim
Moldado por cruel insensatez
Escondo-me da dor e sei, talvez
Aonde quis princípio veja o fim.

Assento o meu olhar neste horizonte
Bem antes que a tempesta já desponte
Toando com terror vozes profanas,

E sinto nos teus olhos a inclemência
Do amor que se mostrando em tal ausência
Traduz o quanto ainda tu me enganas.

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25448
A chama que nos queima e que me doura
Transforma toda forma de poder,
Aonde se pudesse ter prazer
Mensagem mais feliz e duradoura,

Perpetuando a glória imorredoura
Do quanto se pensara sempre em ser
Além do que deveras possa ver
A vida nova luz em paz agoura

Estendo-me ao etéreo mundo aonde
A sorte se define e não se esconde,
Jogadas minhas cartas sobre a mesa,

Encontro no final desta viagem
Beleza sem igual rara paisagem
No amor que me prepara tal surpresa.

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25447
Vencer as tempestades e quimeras
Depois das costumeiras derrocadas
Aonde se pensaram as estradas
A cada novo dia degeneras

E quando no sofrer decerto esmeras
E bebo deste etéreo e tenso nada,
A faca nos temores afiada
Refazem nos meus olhos outras eras.

Andara entre cometas, falsos astros,
A vida ao retirar de mim meus lastros
Deixando-me à mercê da própria sorte,

Naufrágios se tornando corriqueiros
Nesta aridez matando os meus canteiros,
Prenunciando enfim a minha morte.

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25446
Deixando renascer as primaveras
Depois destes invernos tão ferozes,
E quando se percebem torpes vozes
De velhas conhecidas, tais quimeras

Além do que talvez ainda esperas
Momentos se tornando mais atrozes,
Sequer perceberia quais algozes
Mostrando suas garras, dentes, feras.

Horripilantes fardos, dores tantas
E nelas quanto mais queres e encantas
Infundes tal pavor negando a luz

À qual a fantasia nos conduz
Qual fosse uma falena suicida
Deixando no prazer, a própria vida.

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25445
Trazendo novamente os madrigais
Aonde um menestrel se permitira
A crer no amor imenso, fúria e pira
Que agora num delírio transformais,

Vencendo a dor intensa e nunca mais
Em nós ressurgiria então esta ira
Que em turva insensatez consumiria
O gozo deste encanto em manso cais,

Servindo-vos de guia, este farol
Aonde se reflete cada sol
Dourando nosso belo amanhecer,

E ter-vos sempre ao lado, sem demora,
O amor quando na paz em luz se ancora
Resume-se deveras no prazer.

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25444
Um sonho mavioso em dança e festa
Após os dissabores costumeiros,
Aonde se mostrassem mais inteiros
Delírios entre cores; mas não resta

Sequer uma alegria onde se atesta
Os sonhos tão reais e verdadeiros
Dos deuses os divinos mensageiros,
Deixando para trás noite funesta,

Assim eu poderia ver enfim
O renascer de flores no jardim,
Canteiro que cuidara com ternura,

Mas quando vejo a treva em que se faz
O passo mais dorido e tão mordaz,
Percebo que a agonia vã perdura.

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25443
Eu vos amo e desejo muito mais
Que um simples e fatal momento atroz,
E quando escuto ao longe a vossa voz
Decerto noutras sendas derramais

O quanto se prepara em sensuais
Delírios, percebendo enfim em nós
O quão se fez do anseio tosco algoz
Além do que concebo e demonstrais,

Ansiava-vos em fontes radiantes
E quando vos bebesse em tais instantes
Medonho pesadelo saberia

Quem tanto se entregando ao mais profundo
Vivesse esta ilusão aonde inundo
Com gozo mais sobejo, a fantasia.

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25442
Nesta alucinação que a sorte empresta
Diversos os matizes percebidos,
E os dias entre fúrias e libidos
Adentram pesadelos, várias frestas,

E quando se permitem novas festas
As ânsias entre os sonhos mal vividos
Delírios disfarçados permitidos
Assentam suas luzes e tempestas,

Assisto à derrocada deste insano
Amor que se mostrara em novo plano
Diverso do que outrora se fez canto,

E morto sem qualquer explicação
Desejo novas sendas que trarão
Ao menos um resquício de um encanto.

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25441
Às coisas corriqueiras e normais
Porquanto vos entrego em voz suave
Por mais que a realidade ainda entrave
Momentos que deveras transformais

Em luzes que permitam novo cais,
Enquanto a fantasia desagrave
Astuciosamente expondo a nave
Aonde muitas vezes decolais.

Vagando por espaços mais sombrios,
Os dias em terríveis desafios
Seriam para vós mais verdadeiros

E deles entre nuvens e tempestas,
O amor promete além de meras festas,
Mas vejo os dissabores costumeiros.

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25440
Tua presença amada é o que me resta
Exposto às mais diversas intempéries
As dores em terríveis, longas séries
Tornando minha vida mais funesta

E toda a solidão que ainda vejo
Nos sonhos, pesadelos corriqueiros
Amores entre nuvens, mensageiros
Da insânia que domina este desejo

Arcando com tamanhas ilusões
As tantas tempestades que ora trago,
O mundo sem carinho e sem afago
Que em falsas faces sinto quando expões

Mecânicas vorazes dilaceram
As esperanças tolas que me esperam.

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25439
No som desta delícia em melodia,
O amor não saberia outro momento
E quando me tomando o pensamento
Deveras tanta coisa fantasia

O velho coração sem agonia
Vivendo finalmente o manso alento
E quando outro desejo agora invento
Percebo de teus olhos a magia,

Alquímico poder que ora se emana
E toda a sorte audaz e soberana
Invade o sentimento do poeta,

Aonde novos dias mostrarão
A paz sendo decerto a solução
Além de simplesmente rumo e meta.

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25438
No canto que te faço é que me guio
E sei que poderei ter a esperança
Da eterna sensação de ser criança
Etéreo mais contente desafio

Descendo esta ilusão sobejo rio
Aonde toda a glória ora se lança
Nas mãos carrego o fogo da lembrança
E toda a fantasia; em paz, desfio.

Escuto neste vento a voz do amor,
Deveras muitas vezes sedutor
Caminho pelo qual felicidade

Mostrando-se deveras já desnuda,
Enquanto a minha estrada assim transmuda,
E toda esta alegria em luz me invade.

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25437
No delicado beijo da alegria
Rondando uma esperança que não vem,
O quanto a minha vida segue aquém
Do todo que deveras quero e guia

O amor não sendo apenas utopia
Em si toda a verdade já contém
E dela novamente sou refém
Nas ânsias desta imensa fantasia

Aonde poderia ter a sorte
Do encanto que deveras me conforte
Mudando a direção de cada passo,

E sendo sem limites, a emoção
Caminhos mais pacíficos trarão
As ilusões que em luzes várias traço.

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25436
No mundo bem mais justo em que me fio,
Encontraria a sorte benfazeja
Além de uma justiça se deseja
A caridade em glória; um desafio

Mudando o caminhar em que desfio
Os dias mais atrozes, que assim seja
Felicidade plena que se almeja
Deixando para traz o imenso frio

No qual se desenhara cada instante
Vivido sem a luz que deslumbrante
Permite ao caminheiro uma esperança

Utópica e insensata fantasia
Produto de um poeta e a poesia
Que aos mais diversos rumos já se lança.

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25435
Vaidosas emoções amor desfila
E traz a cada passo outra esperança
Promessa de delírios na lembrança
Que tanto me seduz e ora perfila

Momentos onde a vida demonstrara
Felicidade extrema em farta paz,
E quanto mais feliz o amor nos traz
Caminho feito em glória imensa e clara,

Andejas ilusões, mares profundos,
Sincrônicos andares, noites belas,
E quando novos rumos me revelas
Encontro nos teus braços raros mundos

E neles eu desfio esta emoção
Qual fora um belo sol, pleno verão.

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25434
O néctar dos desejos, dos amores
Bebido em tua boca neste instante
Tornando este momento deslumbrante
Um colibri sedento encontra as flores

Em luzes divinais e multicores
Matizes deste sonho que agigante
Um mundo já deveras fascinante
Sem medo e sem algias, sem rancores.

Audaciosamente invado a noite
E tendo esta emoção que agora acoite
Os sentimentos vários que carrego,

Ouvindo a voz do mar que se repete
Enquanto a maravilha já reflete
Um mundo feito em luz ao qual me entrego.

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25433
Sentindo o teu perfume que se exala
Tomando neste instante a casa inteira,
Revendo cena bela e costumeira
Revejo-te deitada em minha sala,

Enquanto esta emoção deveras cala
O coração dos sonhos já se inteira
E sente esta ternura mensageira
Do dia mais feliz em rara gala,

Refaço a caminhada aonde um dia
Vestindo esta ilusão que se recria
No aroma que recende ao farto amor

Eu tenho nos meus olhos esta imagem
Fantástica beleza qual miragem
De toda uma alegria, refletor.

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25432
Vivendo deste sol, diversas flores
Que tornam meu canteiro mais bonito,
E quando se transporta ao infinito
Seguindo descaminhos onde fores

Bebendo a fantasia dos albores,
Fazendo da esperança quase um mito,
O outrora sentimento mais aflito
Agora se permite em novas cores,

Receba com carinho tal mensagem
E dela percebendo esta paisagem
Na qual insiro amor, fato incisivo,

Saber das dissonâncias da ilusão
O encanto mesmo sendo temporão
É dele e tão somente que inda vivo.

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25431
Qual fora em minhas mãos a borboleta
Esvaecendo em luzes tão profusas,
Enquanto minhas noites são confusas
E ao devaneio o sonho me arremeta,

A vida se mostrando qual cometa,
Em ondas tão diversas quando me usas
E sei que sendo teu, o quanto abusas
Um erro costumeiro que acometa

Quem tanto se tornando assim amada,
Já sabe desfiar cada segundo
E quando nos teus braços me aprofundo,

Aos poucos emergindo noutra estrada
Revoas e levando assim contigo
O amor que me condena ao desabrigo.

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25430
Vivem nestas sombras mais atrozes
Diversas criaturas e percebo
Que quanto mais audaz mundo concebo
Escuto do passado torpes vozes,

Momentos de prazer? Meros algozes
Diversa fantasia em que me embebo
O amor jamais passou de algum placebo
Em meio aos desvarios mais ferozes,

Saber das desventuras que virão
Nas sendas tão obscuras da paixão
Invado descaminhos e me perco

Nas ânsias onde outrora imaginara
A luz mais deslumbrante, imensa e rara
Diversa deste escuro em tosco cerco.

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25429
Bebendo deste mel farto que dás
Transcendo ao próprio sonho, vivo além
E quando os temporais ferozes vêm
Encontro em teu recanto tanta paz,

Outrora a vida fora tão mordaz,
E sei que muitas vezes sem ninguém
Sabendo o sofrimento que contém
A ausência de um querer, mesmo fugaz,

Mereceria ao menos um momento
Poeira devagar tomando assento
Vontade saciada em doce mel,

Contigo desvendando tais segredos,
Deixando no passado velhos medos,
Alcanço mesmo em solo, o imenso céu.

posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010 0 comments links to this post
25428
Sequioso de teus lábios não me canso
De crer ser mais possível ter nas mãos
Momentos decisivos sem os nãos
Tornando o meu caminho bem mais manso,

E quando outros delírios eu alcanço
Percebo ter deixando imensos vãos
E neles sepultado belos grãos
Agora se aflorando em tal remanso,

Um sonhador se mostra mais capaz
E quando o sonho invade e satisfaz
Realidade muda o nosso fado,

É como se pudesse não dormir
Vivendo sem temor e prosseguir,
Continuo a sonhar, mas acordado.

posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010 0 comments links to this post
25427
Junto ao seio de quem desejo agora
E sei que também quer mesmo desejo,
Um dia mais feliz inda prevejo
No quanto deste amor que nos devora,

E quando a fantasia se assenhora
E toma este cenário em azulejo,
O amor deveras belo e mais sobejo
Já sabe que não tem segredo ou hora,

E ancora-se deveras nos meus braços,
Depois de tantos dias tristes lassos
Os passos permitiram a chegada

À glória onde este gozo propicia
Além de simplesmente uma alegria,
Belíssima fulgor tomando a estrada.

posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010 0 comments links to this post
25426
Uma bela visão que me domina
Enfeitiçando o olhar e o pensamento,
O encanto que no encanto eu incremento
Transforma esta emoção em rica mina,

E vendo esta beleza cristalina
E nela me lançando, sinto o alento
Que tantas vezes quero, sempre tento,
E sei que a cada dia mais fascina,

Expondo em cada verso esta emoção
Eu sei que novos dias me trarão
A redentora paz que necessito,

Outrora muitas vezes mais aflito
Buscando qualquer porto, ancoradouro,
Agora em raios fartos eu me douro.

posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010 0 comments links to this post
25425
Se abrindo sobre nós a lua plena
Tocando nossos corpos com seu brilho,
E quando em tal delírio maravilho
Caminho que decerto me serena

Cigana fantasia diz da amena
Beleza sobre a qual ainda trilho
Vagando pelo espaço, um andarilho,
Que à própria solidão já se condena,

Vestindo a claridade prateada
Da rara deusa nua, tão amada,
Vencendo os meus momentos de terror,

Eu sei que finalmente encontraria
Nos braços da mulher a estrela guia
Levando aos descaminhos deste amor.

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25424
Pudesse adormecer ao lado teu
E ter as mesmas luzes que ora emanas,
Manhãs deveras raras, soberanas
Deixando para trás a treva e o breu,

O amor que neste amor tanto se deu
Por mais que se pensassem tão profanas
Loucuras onde a dor em paz enganas
Vivendo sem temor o que escolheu

Caminho redentor em plena glória
Aonde se traduz sem ter vanglória
A imensidão soberba do amanhã

Envolto em claridade e perfeição
Tramando estas belezas que virão
Negar melancolia tão malsã.

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25423
As ondas derramando sobre a areia
Diversos caracóis, conchas e estrelas,
Vontade de poder enfim contê-las
Nas ânsias deste encanto, uma sereia

Que tanto me conquista e me incendeia,
Nas doces ilusões, poder vivê-las
E quando tais delícias percebê-las
O amor vai penetrando em cada veia,

E assim inebriado sonhador,
Num canto que se faz transformador
Adentra as emoções claras, sutis,

E pode finalmente em mansa voz,
Deixando para trás o medo atroz
Dizer-se neste instante mais feliz.

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25422
Sonhara com enlevos e ternuras
Mudando a direção dos turvos dias
Além do que sobejas fantasias
As sendas mais felizes que procuras,

E quando na verdade mais querias
Momentos de prazer, mortas torturas
Deixando no passado as amarguras
E as noites sem ninguém, deveras frias,

Assisto ao caminhar de quem desejo
E nele a cada passo outro lampejo
Da luz que se irradia deste olhar,

Sonhando com teus beijos e carinhos,
Os passos que darei jamais sozinhos,
E um novo mundo agora, desvendar.

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25421
Amor ao recender aos sonhos tantos
E neles traduzir o que se quer
Aonde uma esperança traz encantos
Desejos delicados da mulher

À qual se permitindo claros mantos
Transcende ao próprio amor e se puder
Traduz com elegância velhos cantos
Beleza que jamais se fez qualquer,

Argúcia em voz macia, conquistando
Deveras um caminho bem mais brando
E tudo se transforma e me serena

Na força incontestável deste fogo
Aonde muito além do simples rogo,
Quem vence traz palavra mais amena.

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25420
Aragens tão diversas vida e morte,
Ausência do querer e ter comigo
O amor que se mostrasse mais amigo
E a paz num raro enlevo que conforte,

Por mais que tantas vezes seja forte
Vencer os dissabores não consigo
E mesmo quando envolto em vão perigo
Não tenho nem pressinto melhor sorte.

Amar e ter apenas o vazio
Resposta costumeira, desafio
Ao qual já não consigo responder,

Apenas o silêncio me transporta
Além deste momento em que a comporta
Fechada não permite se escorrer.

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25419
Meus pés enfrentam tantos pedregulhos
E sei que na verdade não teria
A paz que muitas vezes a alegria
Demonstra com paixão, raros orgulhos

Nas ânsias dos desejos, os mergulhos
Nesta água mesmo turva, atroz e fria,
A sorte se lançando mostraria
O encanto de sereias e marulhos,

Extraviando barcos, perco o cais,
E quanto se procura por venais
Caminhos que deveras desconheço,

Não posso sonegar esta querência,
E quando se aproxima da demência
A vida se lançando sem tropeço.

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25418
Pisando nas entranhas deste sonho
Audaciosamente nada temo,
E quando novamente aqui me algemo
Pensando num instante mais medonho,

A força que perdera recomponho
E vivo a liberdade, encontro o remo
Navego contra as ondas, medos cremo
Aos demos de minha alma, já me oponho

E contrapondo assim cada momento
Por mais que o prosseguir se mostre lento
Atento nada perco, nem desfaço

Os passos rumo à luz que ora nos guia,
Vibrando nesta mesma sintonia
Jamais demonstrarei qualquer cansaço.

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25417
Vontade remodela esta quimera
Que outrora infernizara a minha vida,
Aonde se perpetra a despedida
O amor sonegaria a primavera,

E quanto mais se quer, deseja e espera
A história noutra cena ressurgida
A poesia invade a fria ermida
E com calor e paz já nos tempera,

Vestindo de emoção tal frialdade
Bem antes que esta sanha se degrade
Vencer os vários medos, prosseguir

Sabendo deste sol a clarear,
E o dia que deveras vai mostrar
O redentor refúgio no porvir.

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25416
A mente clareada pelo sonho
Que tantas vezes traz felicidade
E mesmo em outro rumo rompe a grade
E traz este Eldorado que componho

Usando deste barco aonde ponho
A luz que me permita a liberdade
Alçando a imensidão que tanto agrade
Tornando o meu caminho mais risonho,

Perpetuando a voz de uma esperança
Que contra vendavais, peleja e avança
Tornados e tempestas desconhece,

Nas mãos este timão que nos transporta
Abrindo com certeza qualquer porta,
Nas teias deste amor que a vida tece.

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25415
Se não houvesse mais a claridade
Que tanto nos impele e propicia
Caminho pelo qual a fantasia
Deveras nos encontra e quando invade

Por mais que tolha cedo a liberdade
Expressa esta emoção em raro dia,
Ouvindo estes acordes, melodia
Entranha dentro da alma; ansiedade.

Vestindo a transparência de quem ama,
Mantendo bem distante medo e drama
Seguindo em direção ao raro sol

Que a noite em lua imensa anunciara
Numa manhã brilhosa, mansa e clara
O amor vai dominando este arrebol.

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25414
À fantasia tanta glória e luz
Bastante que deveras a permita
Enquanto tão fugaz; louca e bonita
Ao mesmo tempo dói e nos seduz,

Ansiosamente exposto em raros nus
O sonho aonde a sorte em vão palpita
Trazendo em suas sanhas a pepita
Que quando lapidada reproduz

Diamantino gozo da esperança
À qual a nossa vida já se lança
Após tantos tormentos, desvario.

E quando percebendo ao meu alcance,
Enquanto no vazio já se lance
O amor em luzes fartas eu recrio.

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25413
Minha vontade expressa em poesia
Traduz novos anseios que bem sei
Deveras modificam cada lei
Aonde uma ilusão atroz se guia

Mergulho no silêncio e na ardentia
O fogo dominando toda a grei,
Além do pensara, imaginei
A vida que em belezas ressurgia,

Retrato de um amor que se desnuda
Uma alma outrora amarga e quase muda
Ao se envolver em luz, deveras tanta,

Renasce e neste instante se percebe
A claridade intensa desta sebe
E esta alma, antes calada, agora canta.

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25412
Amor movendo os astros nos traria
Além de simples cores, belos raios,
A lua se espraiando e em seus desmaios
Deitando sobre o mar: alegoria,

E quando se percebe tal beleza
A vida refletindo imensidão,
Momentos mais felizes mostrarão
Ao fim do caminhar, farta grandeza

E quando me percebo em fina areia,
Tocado pelas ondas sob a lua
Uma alma em transparência continua
E enquanto em maravilhas se incendeia.

Volvendo o grande amor que um dia eu quis
Eu posso finalmente ser feliz.

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25411
Em toda esta leveza que eu queria
Apenas encontrei mais dissabores
Aonde se pudesse sem rancores
Viver com emoção tal alegria,

Minha Alma noutro rumo seguiria
Tocada pelos raios dos albores
Seguindo cada passo aonde fores
No amor que tantas vezes me inebria.

Sentir o teu perfume e ser teu par
Sabendo desde sempre onde encontrar
Os rastros que deixaste pelo chão,

Na espreita de um momento mais feliz,
Provando deste entanto quero o bis
Que enfim raros prazeres nos trarão.

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Terça-feira, Fevereiro 23, 2010
25410
O mundo que entranhamos feito em luz
Ao grande amor recende e nos permite
Viver além do quanto se limite
A intensidade audaz que reproduz

Intensamente a força deste sonho
No qual me abandonando sou feliz,
E mesmo quando a vida contradiz,
Um novo amanhecer quero e componho,

Vencendo os meus terríveis dissabores
Alçando Paraíso imaginável,
O amor quando demais, inevitável
Colheita de sobejas, raras flores,

Inusitado sol que ora nos banha,
Erguendo-se por sobre esta montanha.

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25409
Quisera podre crer no amor humano,
Seria então decerto um novo dia,
Mas quando a realidade propicia
Um ar bem mais cruel quase profano,

Percebo bem mais forte cada engano
Aonde se pensara em alforria,
Escravidão refeita na alquimia
Deste poder soberbo e desumano

Prostituindo enfim este Cordeiro,
Que agora simboliza algum dinheiro
Vendido como fosse um milagreiro,

Amigo, dos meus sonhos Companheiro,
Que em vida fora simples carpinteiro
Do AMOR MAIOR EXEMPLO, O VERDADEIRO.

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25408
Perceba o quanto Deus se fez amor
E nisto simplesmente a realidade
Falando com total sinceridade
Aí reside todo o meu louvor,

Não quero nem preciso de pastor
Que leve para a falsa eternidade
Ganhando com poder, notoriedade
Achando-se deveras o Senhor,

Eu necessito, amigo e nisto insisto
Somente deste AMOR QUE TROUXE CRISTO
Acima de qualquer espúria IGREJA,

Pois dele é que se tem pleno perdão,
E DELE A COMPLETA REDENÇÃO
Que para o Eterno Amor, deveras seja.

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25407
Não faça do teu voto algum penico,
Depois quem come a merda; amigo és tu,
Cocô assim assado, frito ou cru
Cobrando bem mais caro qualquer mico.

Político é safado? Mas retrata
A cara deste otário, do eleitor,
E seja da maneira como for
Da própria sociedade fina nata,

Mamata atrai mamata e a burguesia
Mantendo no poder essa cambada
O nome já diz tudo de putada
É prole que outra prole já recria,

E assim de pai pra filho, filho e neto,
Procriando esta praga, qual inseto.

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25406
Terrível fedentina toma a rua
E ganhando os altares vem de chofre
Recendendo deveras ao enxofre
Que assim em pleno culto continua,

Perfumando deveras já se exala
Da face de um pastor tão exaltado,
No rabo do capeta em vão pisado
Tomando já de assalto a velha sala,

O quadro se repete todo dia
Depois é só correr a sacolinha
Socorre quem não tem e nunca tinha
Ao encher uma pança outra esvazia,

E Cristo numa cruz mui bem pregado
Olhando para a cena desolado.

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25405
Antigas cortesãs e lupanares
Agora aposentadas, na mesmice
Se vê a realidade em que se disse
Usando para tal novos altares,

E quando perceberes e notares
Aonde chegará tanta crendice
A humanidade bebe esta tolice
Vendida em gritarias ou esgares.

Profetas transformando o pobre Cristo
Nesta mercadoria bem falsificada
Inextirpável mesmo o podre cisto

E drenar este abscesso é necessário,
Mas quando se percebe esta cambada
Gulosa qualquer passo é temerário.

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25404
O amor que se traduz em Jeová
Depois de ter criado a humanidade
Jamais se percebeu saciedade,
E assim ainda agora, ontem e já.

Decerto novamente tomará
Por mais que uma verdade desagrade
À força o tal poder da sociedade
No inferno a cada dia mostrará

A garra desta fera insaciável
Movida pela fome de poder,
Tornando o ar assim irrespirável

E mesmo que inda tenha que morrer,
Num suicídio estúpido e venal,
E à plebe futebol e carnaval.

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25403
Na arquitetura vária do universo
Perfeita sincronia se percebe,
E quanto à realidade, a velha plebe
Concebo num buraco sempre imerso

O sonho de igualdade; não converso,
Pois sei que o rico o sangue quando bebe
Não se sacia nunca e ainda recebe
As graças de um terror jamais disperso,

Pagando os seus pecados numa Igreja,
Maldito para sempre que assim seja
O abutre insaciável, este burguês,

Que enquanto esfacela uma esperança
Aos rumos mais insólitos se lança
Mantendo esta soberba em altivez.

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25402
Como uma roda gera eternamente
O mesmo movimento, a rotação
Da Terra numa tal demonstração
Que outrora se pensara diferente

Assim noutro momento outra visão
Diversa da real tomando a mente
De quem tendo nas mãos o onipotente
Poder feito qual Santa Inquisição

Ardentes as fogueiras do passado
Ainda no presente demonstrado
Esta falácia tosca dita Igreja

Que em trevas mergulhou a humanidade
E nunca se percebe saciedade,
Ainda sem respaldo, vã, troveja.

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25401
Aonde houvera luz se fez sombria
Terrível madrugada em solidão,
Aonde houvera outrora algum verão
Apenas noite imensa, amarga e fria

E muito aquém do quanto se pedia
Vazio aonde houvera multidão,
Os dias no futuro mostrarão
O quanto a cada tempo se esvaia

Do todo feito em brumas, tão somente
O nunca mais deveras se apresente
Tornando este cenário tão escuro,

E quando imaginara, de repente,
Um mundo mais feliz a sorte ausente
Da luz que insanamente em vão procuro.

25451 até 25475
25475
Vivendo sem ternura sigo ausente
Do que se traduzira uma esperança
Apenas a mortalha que me alcança
Enquanto a vida ao largo se apresente.

Por mais que outro caminho ainda tente
Ao vago do não ser o amor me lança,
E tendo em suas mãos sede e vingança
Retrata o que se mostra enfim demente,

A vida não desmente e da navalha
Conheço cada fio e sei a dor
Morrendo a cada ausência, cada falha

Enquanto uma ilusão tosca batalha
Teimando num momento encantador,
Terror a morte aumenta e ora amealha.
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25474
Em águas cristalinas concebera
Imensa placidez, porém a vida
Que tanto me maltrata decidida
Expondo tão somente a frágil cera

Aonde com terror sempre acendera
Imenso fogaréu. Não se duvida
Do quanto é necessário que decida
O passo antes que o fim acontecera.

Gerando do vazio outro vazio,
Assim a minha vida ora desfio
E mostro estas feridas quais troféus

Medalhas que eu herdei de longos anos
Momentos de terror em desenganos
Cerrando da esperança os claros véus.
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25473
Jamais repetiria os mesmos erros,
E neles refazendo a minha vida
Por tanto quanto audaz, já destruída
Apenas me restando vãos desterros,

Aonde preferira mais aterros
A sorte sem sentido, corroída,
Expressa uma alma atroz, mas decaída
Alheia às cordilheiras, montes, cerros.

E sendo sempre assim, vago e vulgar,
O mundo que desejo desbravar
Expressa no final um vão imenso,

E quando neste nada ainda penso
Retenho nos meus olhos esta imagem
Que agora se percebe qual miragem.
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25472
Mandando para a puta que pariu
Quem tanto se mostrara inconseqüente
Por mais que a vida às vezes violente
Eu não quero ser vil nem ser servil

E assim o quanto quis se repartiu
E neste repartir tão divergente
Do quanto desejara que aparente
O mundo preparando um novo ardil,

Nas ansiedades tolas ser ou não
Ainda se mostrara uma questão
Que tanto me incomoda vez em quando,

Mas logo que este enigma decifrara
Não vou expor ao tapa a minha cara
Tampouco noutra face me ofertando.
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25471
Espúrios pensamentos dizem tanto
E deles desfiando este novelo
Medonho com certeza o pesadelo
E nele se percebe o desencanto,

Aonde se pensara em outro canto,
Diverso do que agora posso vê-lo
Não tendo mais sequer por que nem pelo
O quadro se destrói em vão quebranto,

Assisto à derrocada desta frota
E nela a minha vida já se esgota
Mostrando ser o fim a solução,

E morto para os sonhos, não pretendo
Seguir como se fora um mero adendo
Na espreita das tempestas que virão.
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25470
Sistemas tão diversos se mostrando
Aonde não se vê qualquer disfarce
E nele a vida quanto mais esgarce
Puindo este momento outrora brando,

E vejo se mostrando desde quando
A corja que inundara destroçar-se
Vivendo por viver sem esforçar-se
O templo que sonhara desabando,

E meras ilusões vencendo o prazo,
Somente me restando o fim e o ocaso
Aonde se pensara em horizonte,

Acordo entre as estranhas armadilhas
E quanto mais ao longe ainda brilhas,
Maior o meu terror, maior desmonte.
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25469
Quão enfadonha vida se apresenta
A quem tentara a luz e não percebe
A imensa escuridão da dura sebe
Aonde se mostrara a violenta

Face desta insânia que aparenta
Momento de ternura, mas concebe
A fúria que deveras já me embebe
E dela a sorte inerte ora se ausenta.

Viver sem ter sequer noção do quanto
A vida poderia, mas enquanto
Houver alguma luz, não me sacio,

Esbarro nestas hordas do passado,
E o vento há tanto tempo desolado
Trazendo ao fim da vida imenso frio.
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25468
Estúpida quimera, esta ilusão
Aonde desmembrando cada sonho
Percebo quanto mais me decomponho
A imensa e insofismável podridão

E nela as rapineiras fartarão
Prazeres que deveras um medonho
Fantoche que ora sou já não me oponho
E morto em vida espero a solução

Que possa me acalmar e trazer luzes
Aonde se mostrando velhas urzes
A cruz que no caminho agora sela

Destino deste inútil ser insano
Às turras com seu mundo vão, profano,
Abrindo para o ocaso, última vela.
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25467
Pisando nos espinhos que espalhaste
Nas sendas onde outrora fui feliz,
A vida se transforma e já desdiz
Moldando tão somente este desgaste,

Perambulando à toa, velho traste
A sorte derrotando este infeliz
Mergulho nesta imensa cicatriz
Aberta no meu peito em vil contraste

Esbarro nos cadáveres dos sonhos
E bebo sanguinário estes medonhos
Resíduos do que um dia fora vida,

A carne decomposta, o olhar ausente,
A morte em tal delícia se pressente
Há tempos desejada e agora urdida.
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25466
Podando as esperanças vale imundo
Aonde em tempestades encontrei
O mundo que deveras já tentei
E nele com certeza me aprofundo

Na ausência de alegria, um vão profundo
Tomando neste instante toda a grei
E a morte que deveras procurei
De um tolo coração tão vagabundo

Esgoto minhas forças e me perco,
As dores vão fechando assim o cerco
Não restando sequer algum sorriso

Mortalha que desenho a cada dia
E nela este terror que me sacia,
Do sangue que ora bebo e mais preciso.
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25465
Estremecidos passos rumo ao nada
Esgares entre risos histriônicos
Os dias se mostraram catatônicos
E a boca que desejo; envenenada

Aonde se pensara nova estada
Os dias são deveras mais irônicos
E quando se fizeram desarmônicos
Traçaram o final, plena calada.

Atocaiados botes desta quem
Enquanto a sorte amarga me provém
Arrasta-se qual serpe em luz sombria,

Assíduos espetáculos de horrores,
O céu já não possui mais brandas cores,
No fogo que satânico envolvia.
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25464
Nos ávidos caminhos das rapinas
A podre chama traz\ a morte em glória
E quando se pensara merencória
A faca entre teus dedos, me alucinas

E bebo destas sortes cristalinas,
E delas percebendo uma vitória
Deixando para trás torpe memória
As noites tão vulgares e ladinas.

Anseio o fim da festa em velas, pranto,
E quando perceber fatal encanto
Deveras encontrando o meu final,

A fúria desdenhosa deste tempo,
Audaz a se entregar ao contratempo
Nos olhos desta fera tão venal.
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25463
Não poderia ao menos ter notado
As ânsias de um vulgar verme que tenta
Após esta ilusão feroz, sedenta
Tornando insuportável o velho Fado

Adentro os descaminhos, tanto enfado
E morto sob o fogo violento
Aonde se pudesse estar atento,
O mundo a cada dia destroçado,

E quando nas escórias eu percebo
O amor como se fosse algum placebo
Inútil nem sequer mais remedia

E deixando os cadáveres dos sonhos,
Os dias que inda restam tão medonhos
Matando qualquer forma de utopia.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010 0 comments links to this post
25462
A podridão em faces mais vulgares
Estraçalhando o resto de uma vida,
Ao mesmo tempo enceta outra ferida
Deixando para trás tantos lugares

Aonde se erigiram meus altares
Na senda tantas vezes destruída,
Aporto novamente e sem saída
O barco se perdendo em vastos mares,

Assíduas ilusões já não contenho
E quanto fosse audaz o vago empenho
Medonhas artimanhas da cobiça

Vergando minhas costas sob o peso
E vendo este mesquinho ser surpreso,
A sorte preparando a vã carniça.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010 0 comments links to this post
25461
O ocaso deste sonho feito em vida
Agarrando meus pés cruel quimera,
E além do que deveras não se espera
A sorte muitas vezes corroída

Mostrando a face amarga construída
Nos ermos da emoção, terrível fera
E quando esta paisagem degenera
A face num esgar já destruída.

Amedrontados olhos nada vêm
Procuro uma esperança, mas ninguém
Somente esta vontade de morrer.

E nela bebo enfim farto veneno,
E quando com delírios eu aceno,
A podridão invade todo o ser.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010 0 comments links to this post
25460
Não quero a luz do dia refletindo
Nos olhos o que fora sonhador
E quando vejo a imagem decompor,
E o tempo em minhas mãos já se esvaindo,

O quanto se mostrara outrora infindo
Agora transgredindo o falso amor,
Ainda se percebe sem valor
O chão que sob os pés eu sinto abrindo.

Estúpidos fantasmas me rondando,
As águias se aproximam, turvo bando
Falcões entre os abutres e as daninhas,

A morte se tornando a redenção
E nela minhas dores cessarão
Traduzem o vazio que continhas.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010 0 comments links to this post
25459
Aborta-se a esperança a cada dia
E trago este vazio, após o quando
Deveras noutro mundo transformando
O que esta realidade fantasia

Felicidade é frágil utopia
E dela sem defesas me afastando,
Inerte poesia desmontando
Jogral que a realidade enfim desfia,

As presas em mortalha transformadas,
As ânsias muitas vezes debandadas
Angustiosamente nada resta

Senão tal gosto amargo do não ser,
E a morte se aproxima e passa a ter
Papel fundamental na insana festa.
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25458
Estar sempre contigo o tempo inteiro
Morrendo a cada dia mais um tanto,
A vida se transcorre em desencanto
Cenário se mostrando o derradeiro,

A morte se aproxima e nela vejo
Além da claridade terminal,
O gozo quase insano e sensual,
Fomentando em delírio tal desejo,

Anseio este momento como fosse
Infecta maravilha à qual me empenho,
E quando percebendo o que contenho,
A sorte no passado em agridoce

Caminho se traduz em nunca ter,
Somente esta vontade de morrer.
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25457
Do quanto que este sonho já venero
Em meio aos dissabores tão freqüentes
Por mais que outros caminhos inda inventes
Contigo tudo aquilo que mais quero,

O amor sendo deveras tão sincero
Permite esta alegria em que presentes
Delícias entre gozos envolventes
Traduzem o prazer onde me esmero

E vendo as luzes várias deste encanto,
Aonde se pensara noutro tanto
Refaço a cada dia outra ilusão

Temendo os descaminhos não me ausento,
O mundo solitário e tão violento,
Nos braços deste amor a redenção.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010 0 comments links to this post
25456
O meu amor foi sempre verdadeiro
E embora muitas vezes nada fale,
Por mais que novos sonhos eu escale
O nosso com certeza é o derradeiro,

Ainda que pensasse no canteiro
Aonde outra emoção inda se instale,
Nas mãos de tanta luz, o amor embale
Dos deuses o sobejo mensageiro,

Seria muito bom se prosseguíssemos
E novos caminhares conseguíssemos
Legando o sofrimento ao vão passado,

Assim nas mãos de um deus feito menino,
Enquanto nos teus braços me fascino
Escuto deste amor mais alto brado.
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25455
Por vezes eu me calo e nada mais
Traduz esta esperança tão ausente
O amor que em desamor planta a semente
Conforme muitas vezes demonstrais

Não tendo na verdade em vossas mãos,
Significado algum para quem trai,
E assim a fantasia já se esvai
Matando em nascedouro belos grãos

E frutificando o ódio ao vão se lança
Deixando para trás ética e gozo,
O quanto se demonstra pavoroso
Levando para nunca a confiança

Transforma a nossa vida neste inferno,
Aonde se quisera amor eterno.
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25454
É meu jeito, querida tão somente;
Por isso não se assuste se ao voltares
Mudanças nesta casa tu notares,
O amor nos torna pleno de repente

E quando outro caminho já se invente
Moldando no prazer nossos altares
Bebendo a imensidão de vários mares
E neles toda a glória é mais premente.

Viver estas fantásticas torrentes
E nela uma ventura que pressentes
Transformações diárias e constantes,

Aonde se fizera luz sombria,
O amor com toda força se irradia
Momentos com certeza deslumbrantes.
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25453
Sem ter tua presença eu perco o cais
E abandonado ao vento, não mais creio,
Exposto aos vagalhões e vendavais,
Apenas nos meus olhos o receio

De um dia em que este amor diga jamais
E nele se desmancha o belo veio
Que tanto desejara e nunca mais
Eu saberei em paz, gozo e recreio.

Vasculho nas gavetas da memória
E vejo a mesma luz tão merencória
Que um dia fora a tônica de um sonho,

E quando relembrando a imagem estúpida,
Quimera que se fora mansa e cúpida
Agora traduzindo um ar medonho.
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25452
Se o rumo não encontro novamente
Depois de ter perdido a lucidez
O quanto deste sonho se desfez
Deveras traduzindo esta semente

Que antanho se fez glória e agora ausente
Não deixa que se entenda este talvez
E nele tu não queres ou não vês
O fim do nosso amor, a dor pressente.

E quando não houver mais claridade
Apenas tão somente a tempestade
Estrondos mais funestos, noite fria

Recordarás de tudo o que eu te disse,
Ainda parecendo vã tolice,
Mas que aos meus tristes se desfia.
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25451
Não deixe que este sonho chegue ao fim,
Jamais aceitaria este momento
Se nele encontro paz e assim me alento
Perceba tão somente por que vim

Dizer desta esperança, um estopim
Aonde mesmo em glória me atormento,
Não abandona nunca o pensamento
Que amor seja deveras de festim.

Esqueço os meus anseios em teus braços
E deles faço sempre fortes laços
Que possam permitir a caminhada,

Sabendo que me espera um claro sol,
Guiado por teus olhos, meu farol,
Tornando a minha vida iluminada.


23492

Perfume que encontrando; estonteante,
Nas sendas em que passas, deusa e diva.
Minha alma se mostrando ainda viva
Buscando este caminho deslumbrante
Permita-me querida que eu me encante
E molde em versos frágeis esta altiva
Imagem que de luzes fartas criva
O coração tão tolo de um amante.
No diamante exposto em teu olhar,
Viver tal fantasia sem pensar
Sequer se existirá um amanhã.
Assim permanecendo extasiado,
A poesia encontro do teu lado,
E faço da esperança o meu afã.


23491


Uma alma nívea e pura se desnuda
E mostra o quanto a vida se faz bela,
Desenha com ternura a rara tela,
Porém a sorte amarga cedo muda,
E quando vejo a dor, procuro a ajuda
Que em tuas mãos macias se revela,
A vida que seria toda dela
Aos poucos noutro rumo se transmuda.
Esfuma-se dos olhos a presença
De quem o coração ainda pensa,
Mas sabe ser distante, um mero sonho.
E quando me aproximo; amor, de ti,
Percebo que deveras conheci
A perfeição à qual eu me proponho...


23487

Minha alma transparente e apaixonada
Seguindo sem destino, bebe o pó
Ainda que tu tenhas pena e dó
Do todo que pensara, resta o nada.
Vencido pelas dores, madrugada
Retrata esta amargura de quem só
Buscara em sua vida, a pedra e a mó,
Mas sente esta ilusão dilacerada.
Voltando os meus olhares para a sala
Ausência deste alguém ora me cala
Não pude ser deveras mais feliz.
Enquanto a fantasia trouxe o riso,
Vivendo tão somente um Paraíso,
A dura realidade isso desdiz...


23490

Por ti palpita etéreo coração
Corsário da ilusão, vago entre os mares,
Aonde tu prossegues; meus altares,
Encontram toda a minha devoção.
O Amor sendo cruel embarcação
Enquanto com carinho provocares
E contra as ondas todas tu remares
Jamais em paz terei a atracação.
Quem dera Capitão, mas timoneiro
Enfrenta com vigor tal nevoeiro
E sabe aonde aporte o seu navio.
Assim também no encanto que me trazes
Vivendo a poesia em firmes bases
As ondas e os fantasmas desafio...

23488


Pudesse de uma flor saber perfumes
E crer no amor que um dia me falaste
A vida sem ninguém leva ao desgaste
É noite eternamente sem seus lumes,

Não quero que deveras me acostumes
A crer numa existência do contraste
Do amor em plena dor, preferindo a haste
À fria insensatez que logo esfumes.

Se há tanto cultivara num canteiro
Verbenas entre rosas e jasmins,
O amor como um divino mensageiro

Mudara o meu destino se pudesse
Saber que os meios negam sempre os fins
No Amor a santidade feita em prece...


23489


Qual fora do jardim alma e desejo,
Ao florescer os sonhos; vivo Amor
Trouxesse tão somente um beija flor
Imagem deste encanto em que me vejo.
Porém o coração, cruel andejo
Deveras um eterno sonhador,
Buscando a maravilha em cada cor
Traduz a imensa luta em que pelejo.
Vestindo uma esperança tão fugaz,
Aonde poderia crer na paz
A solidão se expõe inteira e nua.
Minha alma cadencia cada passo,
E quando outro caminho em vão eu traço,
A história se repete ou continua.

26998

E quando mais distante ou por um triz
Vagasse pela noite sem sentido,
Sabendo o quanto dói estar perdido
Revendo tudo aquilo que desfiz.

Arcar com meus enganos ser fiel
A todos os propósitos que trago,
Ao ter a placidez ser com um lago
Invés de destilar somente fel.

Seria muito bom se isso eu pudesse,
Mas com esta amargura insofismável,
Este ideal seria inalcançável
Decerto não teria a sorte e a messe.

Percorro os meus abismos e consigo
Aplacar e absorver cada castigo.

26999
Um tempo aonde possa ser feliz
Depois de ter penado a vida inteira,
E quando se levanta esta bandeira
Realidade chega e contradiz.

Vestindo a fantasia de palhaço
Não pude compreender felicidade,
E quando me envolvendo na saudade
Caminho que traçara já desfaço.

Cansado de lutar e não saber
Se havia ou não um tempo mais tranqüilo,
Veneno tão profuso inda destilo
E nisso alguma forma de prazer.

Servir como chacota? Não, não mais.
Enfrento destemido os temporais...

26997

No olhar ensimesmado, tal loucura
Gerando este vazio que me açoda
Não posso suportar mais qualquer poda
Tampouco a dor imensa ainda cura.

Somar os nossos nadas e sentir
Que tudo não passara de ilusão
Enquanto as chuvas fortes de verão
Jamais me impediriam de seguir.

Remando contra a força da maré,
Lutando contra tudo e contra todos,
Acumulando assim tantos engodos
Sabendo desta vida como ela é.

Mergulho neste abismo feito em mim,
E sinto paz imensa, até que enfim...


27000


Angústias tão comuns de quem procura
Algum momento ao menos feito em paz,
E quando a realidade mostra e faz
Do quanto que quisera, vil tortura.

Assenta-se a poeira e sigo só,
Não tendo nova chance, nem a quero,
Se às vezes sou mais franco e até sincero
Já não suportaria ser o pó

E abrindo o coração, eis a verdade,
Retorno ao meu momento original
E enquanto se mostrasse em festival
O mundo se entranhando mais na grade

A liberdade tem um caro preço,
Porém nela, decerto, todo apreço.


27002
E levas aos demônios que recrias
Em holocaustos ritos sanguinários,
Aonde se pensaram temerários
Caminhos que nos tracem agonias

Vivenciando apenas a ilusão
E nela se transforma totalmente
Enquanto da verdade mais se ausente
As dores em terrível procissão.

Acasos são comuns e neles vejo
Reflexos do outras eras disfarçados,
Aonde revivendo os meus passados
Futuro se tornando malfazejo.

Esgoto dentro em mim uma esperança
Sabendo que o vazio toma e avança.


27001

Tomando este arrebol medo e lamento
Às vezes percebera alguma luz,
E quando esta ilusão se reproduz
Aos poucos, com certeza me acalento.

Descrevo o meu passado como quem
Vagando pela busca inalcançável
De um tempo aonde fora mais amável
Sabendo que ao final, nada contém.

Estradas onde ainda tenho em mim
Entranhada a poeira e nos sapatos
De todos descaminhos os retratos
Dizendo tão somente de onde vim.

Não deixo de tentar lutar, mas sei
O quão distante estou de minha grei.


31841/45
31841

Estou cá te esperando após o quanto
Em tantas noites pude perceber
O quão vazio mundo sem te ter
E assim embalde tente ainda canto.
O peso de viver, duro quebranto
Colheita tão difícil de fazer,
Mortalha que aprendi cedo a tecer,
Esboça na verdade o desencanto,
Assino com ternura cada verso
E embora ninguém leia sigo imerso
No quanto poderia acreditar
Possível caminhada rumo ao todo,
Mas quando me percebo em vago lodo,
Difícil, disso eu sei, pois navegar.

31842

Que o tempo nunca pára disso eu sei
E assisto aos mais diversos caminhares
Adentro cada noite como altares
E tento disfarçar, mas tanto errei,
O verso sendo inútil, falsa lei
E dele não conheço nem pomares
E tudo se possível navegares
No cais mais doloroso me entreguei.
Atento aos meus propósitos, não paro
Embora com certeza o desamparo
Não deixa que se veja algum alento.
Mortalha se tecendo a cada verso
E tanto poderia ser diverso
Não fosse tão fugaz o sentimento.


31843


Sem tréguas caminho rumo ao nada
E tento mesmo assim não ver além
Do quanto na verdade não contém
Sequer o que pudesse alguma estrada,
Resisto e não consigo vislumbrada
Manhã da qual persisto muito aquém,
Traçando com meu passo este desdém
E nele a realidade diz do laço
Acordo com vergonha do que faço,
E sei que é sem valor, mas não desisto,
O verso com cadência ao menos isto
Legado que não vale nem centavo,
Mas com carinho teimo e ora alinhavo.

31844

Vislumbro outro matiz onde pudesse
Tentar mudar o rumo ou colorido
Do encanto em desencanto repartido,
E sei que não terei progresso ou messe,
Do quanto que em verdade não se tece
E o medo de viver sempre esquecido,
O quadro se avizinha e destruído
Nem mesmo ao mais vulgar rito obedece.
Arcar com os meus erros, devo e faço,
Não deixo do que eu fora nenhum passo
Os rastros encontrados não são meus,
Os dias preparando para o fim,
E assim ao não se ver sequer jardim,
Preparo sem remorsos meu adeus.


31845


Bebendo em cada beijo esta saliva
Deliciosamente derramada,
Amor já não seria desta alçada
Tampouco quero uma alma ainda viva,
Não posso discernir se é tanto ativa
A voz que ainda teima em madrugada,
Cantiga de ninar abandonada,
A vida dos meus sonhos já me priva.
Apego-me ao vazio que inda resta
E sei desta figura mais funesta
Urdida nos porões do imaginário.
Atendo ao telefone, foi engano,
O amor que no final só trouxe dano,
Guardado sem as chaves num armário.


25451 até 25475
25475
Vivendo sem ternura sigo ausente
Do que se traduzira uma esperança
Apenas a mortalha que me alcança
Enquanto a vida ao largo se apresente.

Por mais que outro caminho ainda tente
Ao vago do não ser o amor me lança,
E tendo em suas mãos sede e vingança
Retrata o que se mostra enfim demente,

A vida não desmente e da navalha
Conheço cada fio e sei a dor
Morrendo a cada ausência, cada falha

Enquanto uma ilusão tosca batalha
Teimando num momento encantador,
Terror a morte aumenta e ora amealha.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010 0 comments links to this post
25474
Em águas cristalinas concebera
Imensa placidez, porém a vida
Que tanto me maltrata decidida
Expondo tão somente a frágil cera

Aonde com terror sempre acendera
Imenso fogaréu. Não se duvida
Do quanto é necessário que decida
O passo antes que o fim acontecera.

Gerando do vazio outro vazio,
Assim a minha vida ora desfio
E mostro estas feridas quais troféus

Medalhas que eu herdei de longos anos
Momentos de terror em desenganos
Cerrando da esperança os claros véus.
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25473
Jamais repetiria os mesmos erros,
E neles refazendo a minha vida
Por tanto quanto audaz, já destruída
Apenas me restando vãos desterros,

Aonde preferira mais aterros
A sorte sem sentido, corroída,
Expressa uma alma atroz, mas decaída
Alheia às cordilheiras, montes, cerros.

E sendo sempre assim, vago e vulgar,
O mundo que desejo desbravar
Expressa no final um vão imenso,

E quando neste nada ainda penso
Retenho nos meus olhos esta imagem
Que agora se percebe qual miragem.
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25472
Mandando para a puta que pariu
Quem tanto se mostrara inconseqüente
Por mais que a vida às vezes violente
Eu não quero ser vil nem ser servil

E assim o quanto quis se repartiu
E neste repartir tão divergente
Do quanto desejara que aparente
O mundo preparando um novo ardil,

Nas ansiedades tolas ser ou não
Ainda se mostrara uma questão
Que tanto me incomoda vez em quando,

Mas logo que este enigma decifrara
Não vou expor ao tapa a minha cara
Tampouco noutra face me ofertando.
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25471
Espúrios pensamentos dizem tanto
E deles desfiando este novelo
Medonho com certeza o pesadelo
E nele se percebe o desencanto,

Aonde se pensara em outro canto,
Diverso do que agora posso vê-lo
Não tendo mais sequer por que nem pelo
O quadro se destrói em vão quebranto,

Assisto à derrocada desta frota
E nela a minha vida já se esgota
Mostrando ser o fim a solução,

E morto para os sonhos, não pretendo
Seguir como se fora um mero adendo
Na espreita das tempestas que virão.
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25470
Sistemas tão diversos se mostrando
Aonde não se vê qualquer disfarce
E nele a vida quanto mais esgarce
Puindo este momento outrora brando,

E vejo se mostrando desde quando
A corja que inundara destroçar-se
Vivendo por viver sem esforçar-se
O templo que sonhara desabando,

E meras ilusões vencendo o prazo,
Somente me restando o fim e o ocaso
Aonde se pensara em horizonte,

Acordo entre as estranhas armadilhas
E quanto mais ao longe ainda brilhas,
Maior o meu terror, maior desmonte.
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25469
Quão enfadonha vida se apresenta
A quem tentara a luz e não percebe
A imensa escuridão da dura sebe
Aonde se mostrara a violenta

Face desta insânia que aparenta
Momento de ternura, mas concebe
A fúria que deveras já me embebe
E dela a sorte inerte ora se ausenta.

Viver sem ter sequer noção do quanto
A vida poderia, mas enquanto
Houver alguma luz, não me sacio,

Esbarro nestas hordas do passado,
E o vento há tanto tempo desolado
Trazendo ao fim da vida imenso frio.
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25468
Estúpida quimera, esta ilusão
Aonde desmembrando cada sonho
Percebo quanto mais me decomponho
A imensa e insofismável podridão

E nela as rapineiras fartarão
Prazeres que deveras um medonho
Fantoche que ora sou já não me oponho
E morto em vida espero a solução

Que possa me acalmar e trazer luzes
Aonde se mostrando velhas urzes
A cruz que no caminho agora sela

Destino deste inútil ser insano
Às turras com seu mundo vão, profano,
Abrindo para o ocaso, última vela.
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25467
Pisando nos espinhos que espalhaste
Nas sendas onde outrora fui feliz,
A vida se transforma e já desdiz
Moldando tão somente este desgaste,

Perambulando à toa, velho traste
A sorte derrotando este infeliz
Mergulho nesta imensa cicatriz
Aberta no meu peito em vil contraste

Esbarro nos cadáveres dos sonhos
E bebo sanguinário estes medonhos
Resíduos do que um dia fora vida,

A carne decomposta, o olhar ausente,
A morte em tal delícia se pressente
Há tempos desejada e agora urdida.
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25466
Podando as esperanças vale imundo
Aonde em tempestades encontrei
O mundo que deveras já tentei
E nele com certeza me aprofundo

Na ausência de alegria, um vão profundo
Tomando neste instante toda a grei
E a morte que deveras procurei
De um tolo coração tão vagabundo

Esgoto minhas forças e me perco,
As dores vão fechando assim o cerco
Não restando sequer algum sorriso

Mortalha que desenho a cada dia
E nela este terror que me sacia,
Do sangue que ora bebo e mais preciso.
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25465
Estremecidos passos rumo ao nada
Esgares entre risos histriônicos
Os dias se mostraram catatônicos
E a boca que desejo; envenenada

Aonde se pensara nova estada
Os dias são deveras mais irônicos
E quando se fizeram desarmônicos
Traçaram o final, plena calada.

Atocaiados botes desta quem
Enquanto a sorte amarga me provém
Arrasta-se qual serpe em luz sombria,

Assíduos espetáculos de horrores,
O céu já não possui mais brandas cores,
No fogo que satânico envolvia.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010 0 comments links to this post
25464
Nos ávidos caminhos das rapinas
A podre chama traz\ a morte em glória
E quando se pensara merencória
A faca entre teus dedos, me alucinas

E bebo destas sortes cristalinas,
E delas percebendo uma vitória
Deixando para trás torpe memória
As noites tão vulgares e ladinas.

Anseio o fim da festa em velas, pranto,
E quando perceber fatal encanto
Deveras encontrando o meu final,

A fúria desdenhosa deste tempo,
Audaz a se entregar ao contratempo
Nos olhos desta fera tão venal.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010 0 comments links to this post
25463
Não poderia ao menos ter notado
As ânsias de um vulgar verme que tenta
Após esta ilusão feroz, sedenta
Tornando insuportável o velho Fado

Adentro os descaminhos, tanto enfado
E morto sob o fogo violento
Aonde se pudesse estar atento,
O mundo a cada dia destroçado,

E quando nas escórias eu percebo
O amor como se fosse algum placebo
Inútil nem sequer mais remedia

E deixando os cadáveres dos sonhos,
Os dias que inda restam tão medonhos
Matando qualquer forma de utopia.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010 0 comments links to this post
25462
A podridão em faces mais vulgares
Estraçalhando o resto de uma vida,
Ao mesmo tempo enceta outra ferida
Deixando para trás tantos lugares

Aonde se erigiram meus altares
Na senda tantas vezes destruída,
Aporto novamente e sem saída
O barco se perdendo em vastos mares,

Assíduas ilusões já não contenho
E quanto fosse audaz o vago empenho
Medonhas artimanhas da cobiça

Vergando minhas costas sob o peso
E vendo este mesquinho ser surpreso,
A sorte preparando a vã carniça.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010 0 comments links to this post
25461
O ocaso deste sonho feito em vida
Agarrando meus pés cruel quimera,
E além do que deveras não se espera
A sorte muitas vezes corroída

Mostrando a face amarga construída
Nos ermos da emoção, terrível fera
E quando esta paisagem degenera
A face num esgar já destruída.

Amedrontados olhos nada vêm
Procuro uma esperança, mas ninguém
Somente esta vontade de morrer.

E nela bebo enfim farto veneno,
E quando com delírios eu aceno,
A podridão invade todo o ser.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010 0 comments links to this post
25460
Não quero a luz do dia refletindo
Nos olhos o que fora sonhador
E quando vejo a imagem decompor,
E o tempo em minhas mãos já se esvaindo,

O quanto se mostrara outrora infindo
Agora transgredindo o falso amor,
Ainda se percebe sem valor
O chão que sob os pés eu sinto abrindo.

Estúpidos fantasmas me rondando,
As águias se aproximam, turvo bando
Falcões entre os abutres e as daninhas,

A morte se tornando a redenção
E nela minhas dores cessarão
Traduzem o vazio que continhas.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010 0 comments links to this post
25459
Aborta-se a esperança a cada dia
E trago este vazio, após o quando
Deveras noutro mundo transformando
O que esta realidade fantasia

Felicidade é frágil utopia
E dela sem defesas me afastando,
Inerte poesia desmontando
Jogral que a realidade enfim desfia,

As presas em mortalha transformadas,
As ânsias muitas vezes debandadas
Angustiosamente nada resta

Senão tal gosto amargo do não ser,
E a morte se aproxima e passa a ter
Papel fundamental na insana festa.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010 0 comments links to this post
25458
Estar sempre contigo o tempo inteiro
Morrendo a cada dia mais um tanto,
A vida se transcorre em desencanto
Cenário se mostrando o derradeiro,

A morte se aproxima e nela vejo
Além da claridade terminal,
O gozo quase insano e sensual,
Fomentando em delírio tal desejo,

Anseio este momento como fosse
Infecta maravilha à qual me empenho,
E quando percebendo o que contenho,
A sorte no passado em agridoce

Caminho se traduz em nunca ter,
Somente esta vontade de morrer.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010 0 comments links to this post
25457
Do quanto que este sonho já venero
Em meio aos dissabores tão freqüentes
Por mais que outros caminhos inda inventes
Contigo tudo aquilo que mais quero,

O amor sendo deveras tão sincero
Permite esta alegria em que presentes
Delícias entre gozos envolventes
Traduzem o prazer onde me esmero

E vendo as luzes várias deste encanto,
Aonde se pensara noutro tanto
Refaço a cada dia outra ilusão

Temendo os descaminhos não me ausento,
O mundo solitário e tão violento,
Nos braços deste amor a redenção.
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25456
O meu amor foi sempre verdadeiro
E embora muitas vezes nada fale,
Por mais que novos sonhos eu escale
O nosso com certeza é o derradeiro,

Ainda que pensasse no canteiro
Aonde outra emoção inda se instale,
Nas mãos de tanta luz, o amor embale
Dos deuses o sobejo mensageiro,

Seria muito bom se prosseguíssemos
E novos caminhares conseguíssemos
Legando o sofrimento ao vão passado,

Assim nas mãos de um deus feito menino,
Enquanto nos teus braços me fascino
Escuto deste amor mais alto brado.
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25455
Por vezes eu me calo e nada mais
Traduz esta esperança tão ausente
O amor que em desamor planta a semente
Conforme muitas vezes demonstrais

Não tendo na verdade em vossas mãos,
Significado algum para quem trai,
E assim a fantasia já se esvai
Matando em nascedouro belos grãos

E frutificando o ódio ao vão se lança
Deixando para trás ética e gozo,
O quanto se demonstra pavoroso
Levando para nunca a confiança

Transforma a nossa vida neste inferno,
Aonde se quisera amor eterno.
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25454
É meu jeito, querida tão somente;
Por isso não se assuste se ao voltares
Mudanças nesta casa tu notares,
O amor nos torna pleno de repente

E quando outro caminho já se invente
Moldando no prazer nossos altares
Bebendo a imensidão de vários mares
E neles toda a glória é mais premente.

Viver estas fantásticas torrentes
E nela uma ventura que pressentes
Transformações diárias e constantes,

Aonde se fizera luz sombria,
O amor com toda força se irradia
Momentos com certeza deslumbrantes.
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25453
Sem ter tua presença eu perco o cais
E abandonado ao vento, não mais creio,
Exposto aos vagalhões e vendavais,
Apenas nos meus olhos o receio

De um dia em que este amor diga jamais
E nele se desmancha o belo veio
Que tanto desejara e nunca mais
Eu saberei em paz, gozo e recreio.

Vasculho nas gavetas da memória
E vejo a mesma luz tão merencória
Que um dia fora a tônica de um sonho,

E quando relembrando a imagem estúpida,
Quimera que se fora mansa e cúpida
Agora traduzindo um ar medonho.
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25452
Se o rumo não encontro novamente
Depois de ter perdido a lucidez
O quanto deste sonho se desfez
Deveras traduzindo esta semente

Que antanho se fez glória e agora ausente
Não deixa que se entenda este talvez
E nele tu não queres ou não vês
O fim do nosso amor, a dor pressente.

E quando não houver mais claridade
Apenas tão somente a tempestade
Estrondos mais funestos, noite fria

Recordarás de tudo o que eu te disse,
Ainda parecendo vã tolice,
Mas que aos meus tristes se desfia.
posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Fevereiro 24, 2010 0 comments links to this post
25451
Não deixe que este sonho chegue ao fim,
Jamais aceitaria este momento
Se nele encontro paz e assim me alento
Perceba tão somente por que vim

Dizer desta esperança, um estopim
Aonde mesmo em glória me atormento,
Não abandona nunca o pensamento
Que amor seja deveras de festim.

Esqueço os meus anseios em teus braços
E deles faço sempre fortes laços
Que possam permitir a caminhada,

Sabendo que me espera um claro sol,
Guiado por teus olhos, meu farol,
Tornando a minha vida iluminada.


25476 até 25525
25525
Horrivelmente imerso em trevas sigo
E tanto quanto posso ainda creio
Que enquanto houver um sonho ou mesmo um veio
Ainda se verá quem sabe, abrigo.

Empesteando a vida não consigo
Vencer a fantasia que rodeio
E dela muitas vezes mesmo alheio
Percebo bem sutil, medo e perigo.

Enveredando sendas mais profanas
Proféticos oráculos; predizes

E tentas discernir gozo de dor,
E quando vejo o encanto decompor
Chagásicas imagens: cicatrizes...
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010 0 comments links to this post
25524
Qual fora um tempestade um porto além
Do que pensara outrora ancoradouro,
Nas ânsias mais vulgares, nascedouro
Do pântano que uma alma vil contém.

E sendo que deveras sou ninguém
E disto faço a glória de um tesouro,
O sonho que pensara imorredouro
Desnudo se transforma e nada vem.

Adentro a fantasia, vil senzala
E a voz que se inebria já se cala
E escalando paredes a alpinista

Vontade transcorrendo em vagas ondas
E mesmo quando fútil me respondas
Nenhum sinal de paz aqui se avista...
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25523
Vetustos caminheiros fragilmente
Estendem seus cadáveres em sonho
E quando num conjunto decomponho
A sorte se tornando mais ausente

Em cândidos momentos que se tente
Viver além de um ar tosco e bisonho,
Reconstituo a senda e assim me oponho
Ao que seria inútil penitente.

Azedam-se as vontades e esperanças
Articulando em vão as fortalezas,
E quando em voz sonante tais defesas

Ainda que tão frágil vês e alcanças
Gerando pandemônios entre risos
Legando ao nada ser, cruéis avisos...
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25522
Revelas entre velas e velórios
Mordazes emoções em rito falso
E quando bebo em ti meu cadafalso
Momentos que vivera tão simplórios

Atando com denodo em tons mais vários
A cada caminhada outro percalço
E sigo em pregos, brasas, me descalço
Compartilhando tantos adversários.

Um execrável ar empesteando
Aonde se pensara bem mais brando
Fenecendo a ilusão que não sustento.

Ao deus-dará seguindo em prontidão
Vencido pelas trevas que verão
O derrotar de um sonho, violento...
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25521
Decorrem dos meus vários pesadelos
Metáforas que traçam morte e dor
E quando me percebo em vão andor
Momentos terminais eu posso vê-los

E bebo da ansiedade seus apelos
Sentindo a minha face a decompor,
E nela se adivinha este sol-pôr
Envolto pelos medos e desvelos.

Incréu vasculho restos do que fora
E a morte mesmo sendo sedutora
Propaga dentro em mim lamas diversas

E pantanoso dia se anuncia
Matizando em gris minha agonia
Inebriantes féis que em mim tu versas...
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25520
Se lúgubres parecem paisagens
Os antros que freqüentas dentro em ti
Extraem o que há tanto apodreci
Eternizando assim em toscos gens.

E vândalos porfiam tais miragens
Escandalosamente eu percebi
O quão se faz do nada mesmo aqui
Distante das benditas vãs paragens.

E quando as engrenagens se emperrando
As águias e os demônios revoando
Percebem teu olor adocicado

E o fardo se tornando bem mais leve,
Tua alma em lama feita, já se atreve
Aos prazeres ausentes no passado...
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25519
Hominais delírios, Paraísos,
Infestam os meus olhos e não creio
Que apenas tendo enfim qualquer receio
Os dias poderão ser mais precisos.

A sorte em morte trama seus avisos
E goza do final, cruel anseio,
Enquanto do vazio sigo alheio
Vou contabilizando os prejuízos.

Juízos se finais ou nada tendo,
O mundo se desnuda em estupendo
Momento quando estás e nada além.

Após a podridão deste teu cerne
Uma alma em negação, ao fim se hiberne
Enquanto novas levas sempre vêm.
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25518
Exóticas visões em contraluz
São fatos corriqueiros e banais,
Mas quando nestas farsas demonstrais
Caminho que deveras nos seduz

Espúrias emoções expondo a cruz
Que tanto, sem saberes desejais
E nela se anuncia o ledo cais
Marcado a ferro e a fogo, peste e pus.

Estéticas diversas vos dominam
E nelas vossos sonhos determinam
Arcaicas fantasias de beleza.

Após a podridão vos conhecer,
E nada do que vedes irei ver
Não há como enfrentar tal correnteza...
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25517
Análogos caminhos percorridos
Pelos viventes seres desta Terra
E quando a morte chega e o ciclo encerra
Distantes dias morrem nos olvidos.

E os sons que outrora em vozes já perdidos
A porta com firmeza agora cerra,
Sobrando algum sinal da torpe guerra
Travada contra os sonhos e as libidos.

Assim hereditárias ilusões
Idênticas às tantas que me expões
Mutantes emoções proferem vagas

E quando devorada pelos vermes
Os restos destroçados, pois inermes
Serão do que desejas, tuas pagas...
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25516
Iridescências, nega esta manhã
Que tanto desejara em outra face
Esgarço o meu caminho em tal impasse
E a vida preconiza a fria cã

Agrisalhado olhar, espúria e vã
Farsante que meu dia ainda embace
Estraçalhado sonho em que passe
A vida sempre atroz, cruel, malsã...

E vingo-me das hordas que me deste
E bebo mesmo pútrido ou agreste
Em fartos goles, todo o desatino,

E quando me percebes muito além
Sorrir com ironia é o que convém
E vendo o teu esgar, eu me alucino...
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25515
Delicado e suave sentimento
Já não comporta um peito que se deu
Ao mais terrível medo e bebe o breu
No qual com mui prazer eu me atormento.

E sendo tão volúvel quanto o vento
O mundo que deveras concebeu
Quem morto em plena vida sabe o seu
Caminho em tempestade e me arrebento.

Nas pedras e falésias, cais distante,
Aonde se entregara um navegante
Se tudo não passou de falso sol.

E tendo inebriado o timoneiro,
O encanto em podridão é derradeiro
E nega a quem veleja algum farol.
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25514
Erráticas e espúrias ilusões
Ascendem ao jamais poderei ter
E quanto neste nada o teu prazer
O mundo em crua face tu me expões.

Negrejas os meus dias, vãs neblinas
E tramas com furor outros vazios,
E em plenas esperanças desafios
Que aos poucos com terror tomas, dominas.

E assisto aos meus momentos terminais
E deles purulentas pestilências
Aonde proferisses inocências
Momentos tenebrosos tão iguais

E o pântano que legas como herança
Traçando um vago plano de vingança...
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25513
Astênicos momentos desfraldados
Antrazes entre lutas e batalhas,
Nas ânsias mais profundas, as navalhas
E os cortes tão terríveis, lacerados.

Evisceram caminhos entranhados
Ancoram quando ausente tu mais falhas
No peito o falso gozo de medalhas
Ascendem aos inúteis vãos recados,

Terríveis ventanias, porto além
E quando se percebe nada vem
Nem mesmo este prazer em que sacias

Na terebrante e insólita facada
A mesma sensação do eterno nada
E as mãos que tu me deste estão vazias...
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25512
Florescem alvas formas nos meus olhos
E delas encetando meus delírios
Crisântemos, verbenas, dálias, lírios
Prazeres reconheço e colho aos molhos.

Por mais que tantas vezes acidula
A vida não se perde em poucas luzes,
Arranco do canteiro torpes urzes,
Mergulho no teu corpo, em fúria e gula

E teimo em descumprir qualquer tratado,
Fronteiras não conheço nem limites,
E quando em minhas mãos, mais te permite
O sonho se desenha desvendado.

E esplêndidas manhãs anunciadas
Em luzes mais profanas consagradas...
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25511
Carnais delírios tomam minha rota
E entranham delicadas maravilhas
Aonde com furor as armadilhas
Permitem a delícia em bancarrota.

Minha alma neste instante sente e nota
Diversas emoções aonde trilhas
Molduras tão sublimes formas, brilhas,
E o sonho tal beleza em luz adota.

Arranco do passado a dor venal
Aflora-se o desejo em sol e sal
Mareias com teu corpo em água clara.

Excelsos os caminhos percorridos
E os sândalos que exalas, percebidos
Nos gozos em que a fúria se declara...
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25510
São purificadores os anseios
Que tanto encanto trazem e me tomam,
Poéticas loucuras já nos domam
Com sôfregos delírios, belos seios.

E adentro os teus caminhos sei dos veios
Dois corpos quando em fúria ora se somam
Harmônicos prazeres nos assomam

Tentáculos divinos nos enlaçam
E as trevas bem distante quando passam
Realçam o teu brilho inusitado,

Em abordagem lúbrica um corsário
Tomando de teu corpo este estuário
Luxurioso templo emoldurado...
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25509
Venusianos montes versam gozos
Impudicos caminhos entranhados
E neles ânsias feitas em pecados,
Mordazes, mas audazes, maviosos.

Em lúbricos detalhes prazerosos
Olores tão diversos desenhados
Sidérea fantasia em nossos Fados
Volúveis, mas sutis, voluptuosos...

Alvíssima manhã das cãs distante
Imensidade em raio deslumbrante
Partícipes de insânias venturosas

E nelas entre luzes mais profanas,
Deliciosamente tu me explanas
Delírios no momento em que mais gozas...
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25508
Véus brancos em venéreas maravilhas
As aves em seus vôos vão levando
Ao vento o tempo atento em raro bando
Enquanto mais atenta em luzes trilhas.

Ancoras em corais, sobejas ilhas
Expressam recomeço imerso quando
Aos poucos furnas, urnas desnudando
Mudando a direção conforme brilhas.

Exalas o perfume e me iluminas
Num lume extasiante e tão fugaz,
Lascívia perpetrada em loucas minas

Esguia silhueta se desnuda
Delírio que em martírio satisfaz
Cenário em tom tão vário se transmuda...
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25507
Grinaldas desfraldadas pela lua
No vértice de um céu em pratas feito,
Audaciosamente insatisfeito
O pleito mais distante, atroz, flutua

O sonho que ora enfronho e ledo atua
Enquanto em quarto escuro e frio deito,
A claridade invade e me deleito
Imagem qual miragem bela e nua.

Ondulo entre o não ser e o ser além
E quanto encanto o canto ainda tem
Que possa confessar em versos lúdicos,

Momentos entre tantos temporais
E quando em brando vento mergulhais
Em vosso olhar luares quase lúbricos...
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010 0 comments links to this post
25506
Entoas entre tons mais dissonantes
Momentos variáveis e ferinos
Atando aos nossos pés tais desatinos
Perpetuando luzes deslumbrantes

Bem querência; tomaste em vãos instantes
Dobrando com furor último sino
E quando em brando vento me alucino
Destróis inlapidado diamante.

Embrutecida acidas nossa vida
E trazes em mil fases, despedida
Acidulando agora o que restara.

E a cândida ilusão se torna fútil,
O passo em contrabando segue inútil
O tempo em voz velada se dispara...
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Sexta-feira, Março 05, 2010
25505
São inexatas formas as que trago
E trafegando em ruas mais diversas
Quando deveras vês e desconversas
Percebo como fosse algum afago

O gosto desta insânia quase mago
Nas horas que nos sonhos vão imersas
Imagens desenhadas e dispersas
Versando sobre o nada, não apago.

Acendo outro cigarro e fumo além
Do que em verdade posso ou me convém,
Porém a morte traz esta saída

Que tanto procurara e não sabendo
Na angústia meu legado e dividendo
Uma esperança? Segue ao ar, perdida...
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25504
Revelo-me em revólver e engatilho
Pensando no final mais condizente,
Sem ter sequer um porto que apascente
Seguindo este esperado e torpe trilho.

Aonde houvera outrora um andarilho
Agora se percebe em ar demente
Um ser que desta vida vai descrente
Cansado de escutar mesmo estribilho.

Audácia não se faz em suicídio
A vida se transforma num dissídio
E deste caminhar eu já me aparto

Depois de tantos dias e inseguro
Na ponta do revólver asseguro
A solução de um mundo vago e farto.
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25503
Na lânguida expressão quase que irônica
Deitada calmamente sobre alfombras
Deixando em minhas ânsias fartas sombras
Nefasta maravilha serpe hedônica

Resumes minha vida em histriônica
Mortalha sobre a qual ainda assombras
Submetes meu olhar quando me alfombras
Com teu delírio atroz em voz harmônica

Numa expressão diversa da que outrora
A vida se mostrara e em paz decora
Perfil de um caminheiro envelhecido

Produzes maremoto em calmaria
Martirizado enredo que te guia
Numa explosão sobeja da libido...
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25502
Quebrantados caminhos se perdendo
Em meio aos costumeiros vendavais
E neles percebendo ao longe um cais
Quem sabe meu final seja estupendo?

Em vossas mãos a fúria se vertendo
E quando meus desejos sonegais
Aonde quis agora é nunca mais.
E o sonho em pesadelo está morrendo.

Ingratidão selando o que deveras
Já fora no passado mais sadio
O tempo sem limites desafio

E nele sei que o todo degeneras
Deixando como herança esta mortalha
E a faca que mais fundo corta e talha.
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25501
Alinho-me aos anseios que me trazes
E neles me perdendo vez em quando
Porquanto se mostrasse em contrabando
O olhar auspicioso engenha pazes.

Patéticos momentos, toscas bases
E o todo num pedaço se mostrando
Na visceral certeza trucidando
Prendendo-me em algemas e tenazes.

Vencesse calmamente outras manhãs,
Mas herdo prematuras, estas cãs
Que tanto agrisalharam a esperança

Numa irascível sombra de nós dois
O agora se perfila sem depois
Enquanto martiriza, sempre avança...
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25500
Recatos entre os medos mais vulgares
Expressam o temor do amor que fere
Ainda que o prazer domine e impere
Estendo esta beleza em meus olhares.

Senzalas, salas, medos, deles pares
E quando o sonho morte regenere
Meu mundo neste mundo já se insere
Quereres redundando dos sonhares...

Antúrio enlanguescente, tinhorões
Venenos maviosos que me expões
Nas ansiosas noites mais veladas.

Das liras bardos fazem melodias
E vendo, temerosa, que tremias
Luxúrias em recatos declaradas...
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25499
Na lúgubre figura asseguraste
O peso de uma obesa fantasia
E dela quando em pântanos desfia
Caminho para o sórdido desgaste

Ultraje que geraste como um traste
Que vaga pela insólita agonia
Assoberbadamente em utopia
A senda sendo sóbria; renegaste.

Mortalha onde queria paz equânime
Teu ódio contra ti em voz unânime
Permite um triste algoz que ora porfias

E nele te retratas muito bem
Fazendo o que deveras te convém
Como se fossem t’as fotografias.
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25498
Martírios entre tiros, pedras, balas
E tramas das entranhas teus enredos
Segregas com vigor, falhas e medos
E quanto mais eu peço mais te calas.

As bases do meu mundo quando abalas
Deixando rastros falsos, passos ledos
São lassos os meus dias e em degredos
Transcrevo estes segredos noutras falas.

Falaz hipocrisia cria quem
Sabendo que o desvelo me contém
Aquém do que podia sendo amiga

Vencer a ventania mais freqüente,
Mas quando mais preciso que apascente
Tempesta que geraste desabriga.
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25497
Exóticos caminhos, sendas falsas
Florescendo os abrolhos mais temíveis
Refolham-se ilusões em vãos terríveis
E as almas geram traumas, pois descalças

Em espinheiros fartos, cortes alças
Das balsas e dos botes implausíveis
Erráticos desníveis previsíveis
Em insensíveis trevas tu realças

Aonde há cibernético futuro
O passo descompassa e traz o escuro
Negando o resplendor pleno e temático.

Moldando assim enfim caleidoscópios
Porém não resistindo aos microscópios
O teu virulento ar, tão sorumbático
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25496
Vagando em noite imensa, penso e crio
Em solilóquio vão venço ou me perco
E as dores entranhando fecham cerco
Acerco-me deveras do vazio.

E o vento vergastando em vasto frio
Do sonho mais bisonho adubo e esterco
E quando de algum terço ou reza acerco
Invernal e abismal granizo estio

Mudando a direção de vento e sombra
A sórdida impressão de novo assombra
Mundana fantasia estribo e açoite

Sem ter quem tentaria trazer luz
O vendaval revolta e me conduz
Traçando em treva e neve o meu pernoite.
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25495
Rebeliões; empilhas aos milhões
Humilhas com teus risos vãos, sardônicos
Gerando bandos tantos desarmônicos
Tetânica e apoplética me expões

Esplêndidas belezas, turbilhões
Que tramas entre algemas e histriônicos
Caminhos muitas vezes vis e hedônicos
Voláteis astros e anjos; decompões.

Careço de cadências confiáveis
Padeço das demências mais palpáveis
E nelas são aráveis solos meus,

Angustiadamente a mente enriste
Um ar que, secular e ancestral triste
Prepara a amara morte em vago adeus...
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Março 05, 2010 0 comments links to this post
25494
Burburinhos diversos versos versam
Versões de outros verões que não veria
Quem veste vergastada fantasia
Enquanto cantos, contos, desconversam.

Seguindo sem adendo se dispersam
Os passos em espaços, traço guia
E faço se disfarço em agonia
Submersos abissais que em ti conversam.

E arrastando os demônios que converges
Traçando os dias tétricos que imerges
Num âmago insensato atos entranhas

Díspares destes ímpares começos
E as messes que prometes são tropeços
Do avesso tuas vestes vãs e estranhas.
posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Março 05, 2010 0 comments links to this post
25493
Num êxtase sem luxo e sem estase
Uma explosão sidérea em luz profana
Da qual eclode sonho e voz se emana
Fogoso gozo aonde o gosto apraze

Equânime loucura, escusa base
Avinagrada sorte desengana
Sagrada madrugada ora se empana
E os pântanos diversos versam fase

Acídula vergasta em gesto bruto
Um títere que, lúgubre, reluto
Astuto vendaval verte delírios

E deles círios negam azinhavres
Por mais que na verdade desagraves
Agravam-se deveras meus martírios...
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25492
Exorto os meus demônios e exorcizo
Os erros dos medonhos ecos trago
E cada vez venal o velho estrado
Aonde ondeio em dias, impreciso.

Descrédito de um édito sem siso
Proclamo enquanto tramo algum afago
Qual fora algum efebo ingênuo drago
Amores entre cores que matizo.

Esquemas ditam temas entre algemas
Das gemas preciosas que lapido
Furor extasiante da libido

Do pleito insatisfeito faço emblemas
Pulsares e quasares siderais
Em vossas vozes vibram vendavais...
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25491
Broqueio cada farsa em falsa espera
Fenestrando deveras teus engodos
E neles transpassando vários lodos
Com os quais a vida degenera

E beijo a boca espúria desta fera
Prazeres enfronhados; quero todos
Nublando brandos bandos, antros godos,
Apenas pênsil pêndulo me espera

E contumazes erros cometidos
Gerados pela insânia das libidos
O olvido não repõe partos erráticos

Nem sátiros caminhos percorridos
Serão de qualquer forma, pois, ungidos
Tampouco os meus enganos sistemáticos...
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25490
Revéis já transmudando os meus anseios
Esgoto vãs audácias, passos firmes
E quanto mais deveras reafirmes
Rebeldes caminhares ditam veios

Diversos dos meus vagos vãos rodeios
E neles mesmo quando tu me afirmes
E traces novas bases em que firmes
Os passos se perdendo em devaneios

Revelo-me volúvel, mas velado
As vastidões vasculho e em meu passado
Ventanilhas abertas não mais vejo

Vogara entre naufrágios e procelas
Borrascas entre farsas me revelas
E as velas enfronhando tempestades

À custa do viver incêndio e rosas
Esvaio-me em volúpias vaporosas
Enquanto em tanto encanto tu me invades...
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25489
Regalos de uma lúgubre bacante
Enlanguescidamente dita normas
E quanto mais voraz tu me deformas
E tomas minha vida a cada instante

Aonde se pensara deslumbrante
Demônio em que decerto te transformas
E quando do teu âmago me informas
És serpe disfarçada em diamante.

Imagem tão sutil, paradisíaca
Hedônica figura que é satânica
Paralisia causas, pois tetânica

Vulcânica explosão que, demoníaca
Vendendo uma emoção quase que orgástica,
Depois se gargalhando vil sarcástica...
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25488
Sistematicamente a mente, mente
Ou omite emitindo falsos guizos
Em vandalismos cismo se imprecisos
Vários versos versando insanamente

E quando tanto ou mais sigo descrente
Atento aos violentos Paraísos
Em virulências feitas ânsias sisos
Conciso ou preciso se envolvente

Venéreas maravilhas vencem sismos
Em viscerais vitórias cataclismos
Abismos, precipícios ócios, vícios

E pendulares âncoras do tempo
Estampam no meu peito o contratempo
Volvendo aos versos frágeis: meus inícios...
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25487
Um feto que tão fátuo fui fugaz
Das fráguas freqüentara farsas fartas
Fuligem, farpa féretro e me enfartas
Com falsas e falazes, fútil paz

Feneço num falsete ou tanto faz
Se enfados ou fagulhas já descartas
Assisto à derrocada enquanto partas
E atento ao tempo tramo e entranho o antraz.

Noite aterrorizante antes do intento
E quando um brando andor ainda invento
Aceito teus conselhos velhos vãos

Espelho dentro da alma alça o vazio
E quando a vaga eu venço ou desafio
Desfio a fantasia em novos grãos...
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25486
Natura se recria em minha vida
Esgotando a terrível mocidade
Enquanto bebo agora a insanidade
Percebo a minha força em despedida

A cada passo a sorte sendo urdida
Vencido pela incúria que me invade
Degrado-me em temível falsidade
Falências que carrego em voz perdida.

Agarro-me aos escombros, vãos destroços
E neles recompostas ilusões
Enquanto reproduzem aversões

Expondo apodrecidos, frágeis ossos
Na carcomida imagem me retrato
Um ser medonho e tênue quase abstrato...
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25485
Moléculas diversas me compondo
E delas podridão já se percebe
A vida se perdendo desta sebe
E mesmo que respire decompondo

O que restou de mim agora expondo
Em caricata face que percebe
Do avinagrado sonho que ora bebe
Putrefato caminho em vão repondo.

Descrevo os meus demônios com palavras
Que sorrateiramente ainda lavras
Usando larvas, moscas, vermes, vândalos.

Eviscerada imagem marginal
Mudando o tão profícuo ritual
Negando essencialmente corte e sândalo...
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25484
Reboa dentro em mim sombria voz
Danando o meu destino em vagas luzes
Aonde se pensaram flores, urzes
E a própria juventude é meu algoz.

O olhar entediado e quase atroz
Medonhas criaturas reproduzes
E tantas vezes vejo as mesmas cruzes
E nelas ansiedade estreita os nós.

Das díspares noções ações diversas
Imersas emoções ditam quimeras
E quanto mais assim te desesperas

As palidezes tantas vão dispersas
Universalizando o sofrimento
Não tendo noutro tento mais alento...
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25483
Na transubstanciada dor presente
Aufiro os meus estranhos caminhares
E se fores astuta ao me notares
Verás o que deveras se pressente

No olhar deste fantasma qual demente
Ansiosa previsão em vagas, mares
Mudando em tempestades mansos ares
E neles permaneço incoerente

Evoco os meus demônios e prossigo
A cada nova espreita um inimigo
Vestindo este fantoche que sou eu

Mortalhas que ora visto visam ter
Após a fúria imensa algum prazer
Devorando o que em mim já se perdeu...
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25482
Brados entre brandas madrugadas
Estúpidos gemidos de um fadado
A ter dentro de si sempre o passado
E as horas em penúria decifradas

Escracho caminheiro em vãs estradas
E nelas o meu corpo lacerado
Espalha o cheiro podre e adocicado
Carcaças decompostas, malfadadas.

Satânicas orgias, noite espúria
Nos olhos deste ser a farta incúria
Expressa o nada ter que me incendeia

E a lua em plenilúnio debochada
Transforma em pesadelo a torpe estada
Brumosa criatura segue alheia...
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25481
Se resignadamente sigo agora
Depositando em lágrimas o quanto
Encontro a cada canto em desencanto
Certeza do não ser já me apavora.

O bêbado que pária em mim se aflora
Devora cada parte e traz no pranto
A súbita impressão de um vil quebranto
O monstro que assim gero não demora

E torna as minhas garras afiadas
Vasculha deste inferno tais entradas
E grava a ferro e fogo dentro em mim

Temáticas diversas, sonho e morte
E enquanto esta pantera eu não aborte
O corte me levando a espúrio fim...
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Quinta-feira, Março 04, 2010
25480
Percebo tão sutis quanto inexatos
Caminhos que me levem ao teu braço
E quando nova rota ainda traço
Os dias se perdendo em tolos fatos.

Postergo os meus anseios, sinto ingratos
Momentos em que sigo cada passo
Levando à incerteza de um espaço
Torturas permitindo tais contratos.

Assisto ao meu final de camarote
E quando a realidade dita o mote
Profiro meu poema feito em dor

E sinto ser possível ter na mão
Além de se mostrar a exatidão
Pudesse destilar o bom licor...
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25479
Tracejo uma sobeja maravilha
Envolta nos mistérios do desejo,
E quanto mais deveras eu protejo
A estrela com certeza nunca brilha.

E assim tanta tristeza se moldara
No vago de uma vida sem sentido,
O tempo muitas vezes soerguido
Produz imensa chaga, vil escara.

E teimo em prosseguir contra a maré
Sabendo que depois só terei resto
E quanto mais mordaz, torpe e funesto
Mais firmemente sinto tais galés

E delas não consigo me livrar,
E a morte se aproxima, devagar...
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25478
Sutis imagens voltam do passado
E trama incoerências onde um dia
O medo que deveras já se urdia
Seguindo da esperança o vão traçado.

E o peso se é menor compartilhado
Ainda mesmo assim em mim ardia
Deixando mais silente a poesia
Moldando o figurino amortalhado.

Tecesse desde então nova saída
E quanto mais atroz a despedida
Maior o meu temor, esteja certa.

E quase ser feliz já não me basta
A face da verdade agora gasta
Aos poucos meu caminho em vão deserta...
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25477
Cinzéis em preciosas gemas tramam
Arquétipos de jóias eternais
E quanto em minhas mãos vós derramais
Momentos mais audazes que reclamam

Aquém da realidade em se exclamam
Entranho velhos portos, ledos cais
E neles fantasias sensuais
Saudosas emoções por vezes clamam.

E sendo-vos leal não poderia
Ultrapassar sequer tal fantasia
Vivenciada em pranto, medo e dor,

Mas pálida figura se aproxima
Tornando mais pesado ainda o clima
Gerando tão somente um vil terror...
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25476
Mortalha que reciclo a cada verso
E nele me entranhando em sombra plena
Enquanto a fantasia ainda acena
Eu ando sem destino, vou disperso

Adentro esta ilusão seguindo imerso
Nem mesmo a poesia me serena
E quando a morte surge vaga e amena
Permito-me sonhar com o universo

Dicotomias tantas, luzes fartas
E delas sem querer, silente apartas
Os meus momentos sóbrios onde eu creio

Na libertária voz que me sacia
E dela reencontrando a fantasia
Embora prosseguisse em vão e alheio..



25526 até 25599
25599
Qual fora perseguindo este raro astro
Depois de tempestades no horizonte
Sem sol que ainda veja e não desponte
O barco não tem leme e perde o mastro,

Afundo enquanto em dores eu me alastro,
Mergulho no abissal buscando a ponte
Que um dia poderia ser a fonte
Não vendo do futuro sequer rastro.

Rastejo sobre pedras, réptil vago
E a morte com prazer ainda afago
Beijando a sua boca em podridão,

E o medo não produz qualquer mudança
A faca no pescoço adentra e avança
Com fúria numa exata direção.
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25598
Razão de cada sonho mais audaz,
O verso que pensara ter valia
Aos poucos se transforma em voz vazia
E nele na verdade tanto faz.

O passo preferido leva ao nada
As chances não teriam mais valor,
O medo novamente ao meu dispor
Mudando esta visão tão deturpada.

Aspectos variados, beijo e corte,
Afiando assim a faca e o canivete
E quando ao nada ter já se remete
A seca dominando algum aporte,

Nesta aridez minha alma se detém
E morre solidária, sem ninguém...
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25597
Extraviando a rota em tal seqüestro
Vestindo esta mortalha e enlutado,
O beijo pela dor silenciado,
Momento mais feliz sequer orquestro,

E sendo nesta vida tão canhestro
Percebo tão somente o mesmo enfado
E nele refazendo o meu passado,
O verso sequer tento nem adestro.

Esgoto os meus anseios no vazio,
E quando a realidade aqui desfio,
Enceto-me em mortais caricaturas,

Servindo aos meus senhores, sou o nada,
A sorte tantas vezes desprezada
Distante do que queres e procuras.
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25596
De quem se fez feliz e quer bem mais
Apenas um sorriso não acode
Além do que deveras inda pode
Enfrenta estes terríveis abissais.

Eu sinto que o final já se aproxima,
Mordazes os momentos mais cruéis,
E neles enfrentando os velhos féis
O quanto é necessária alguma estima.

Estigmas que carrego são vulgares,
Mas tento disfarçar um ledo engano
Mudando a direção em novo plano,
Retorno sem saber aos tais lugares

Esgarço-me e demonstro em cada parte
O que se fez inútil e já descarte...
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25595
Aonde se pensasse em liberdade
O ser humano muda toda a história
Bisonha criatura que em vanglória
Destroça o que inda houvesse em quantidade.

Estúpida quimera vaga solta
E traz nos seus olhares fogo e fúria
Mortalha se desenha em tal incúria
Deixando em polvorosa e tão revolta

A nave-mãe que um dia se fez nobre
E agora mero esgoto, mal suspira
Na mão de um verme inválido esta pira
Com bruma e com veneno a mãe encobre,

Depois deste serviço em vão completo
O rei dos animais? Simples inseto...
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25586 até 25594
25586

Bebendo desta fonte poluída
Por tantas e terríveis ilusões
Na verdadeira face que me expões
A tradução perfeita para a vida.

A porta escancarada traduzida
No todo que deveras decompões
Aonde ao meu destino não opões
Verões em plena neve, tudo acida.

E quando esta carcaça se permite
Usar de uma esperança qual limite
Errático fantasma segue a trilha

E mesmo quando em fétidos aromas
O nojo neste instante; tu já domas
Minha alma em tom bem pálido rebrilha.


25587

Apenas os espinhos entranhando
A pele já desfeita em podridão
E o quanto novos dias mostrarão
Resumo de um momento amargo e brando,

As rapineiras chegam, ledo bando
Fazendo do cadáver, divisão,
Mortalha se tornando meu colchão
O mundo cada parte devorando.

Afasto-me dos sonhos, bebo as trevas
E quando te aproximas também cevas
Os restos deste espectro que inda sobram,

Deveras me entregando não resisto,
Sabendo que o culpado maior disto
Sou eu, e os meus demônios vêm e cobram.

25588

Resignado prossigo meu caminho
Rumando para a morte incontestável
Figura assaz comum e detestável
Satânico percorro e vou sozinho,

Nefasto caminhar me leva ao ninho
Deveras como fosse um intragável
Destino deste ser tão deplorável
Nos túmulos de uma alma vã me aninho.

E riscando os espaços nada deixo,
Sequer um rastro fétido. Não queixo
Sabendo ser assim a minha sorte,

Depois de tantos erros, desventuras
Nas mãos esta vergasta em que torturas
Condenas com escárnio à fria morte.


25589

Jogado pelas ruas como um pária
Já não pertences mais ao mundo que
Tentaste conhecer, mas já não vê
Figura caricata uma alimária.

Esgota-se por si tão temerária
Imagem deturpada que se crê
Maior do que deveras já se lê
No olhar ensimesmado da alma otária

Expondo esta faceta apodrecida
Ainda pensa ter alguma vida
E morto, perambula por aí,

Um cão entre outros cães e nada mais,
Nos sórdidos retratos vãos, venais
Sorrindo de si mesmo tal zumbi.


25890

Murmúrios prenunciam noites fartas
Em trevas adiando uma esperança
As nuvens provocando rara dança
Enquanto da alegria tu te apartas,

Jogando sobre a mesa as mesmas cartas
Somente o funeral de uma alma avança
Sarcástica figura em aliança
Futuro desde já sei que descartas.

E morto em vida segues qual fantoche
Exposto aos vis sarcasmos e ao deboche
Rolando sem destino nem paragem,

A podridão sondando cada passo
Que dás rumo ao vazio que ora traço
Selando em tom mais fúnebre a paisagem.


25891

Na lúgubre paisagem tal mortalha
Esboça este retrato mais fiel,
O olhar degenerado rompe o céu
E voa libertários corvo e gralha

Apenas quando vejo esta batalha
A faca se transforma em carrossel
Girando vagamente segue ao léu
Enquanto a realidade se atrapalha,

Adentrando no peito o canivete
A morte transcorrendo em paz intensa
Satânico caminho recompensa

A boca apodrecida me remete
Ao lago em placidez sob a neblina
Ao qual a nossa vida nos destina.

25892

Numa ávida ilusão feita quimera
A boca se escancara furiosa
Enquanto a própria vida já se glosa
Apascentar a fúria de uma fera

E dela toda a sorte degenera
E muda esta faceta cor de rosa
Agrisalhando o olhar se ri e goza
Do pânico que atroz, em todos gera.

A morte se mostrando nua e crua
Deveras nos tortura e continua
Atormentando até chegar o fim,

E pútrido penhor nos devolvendo,
A carne noutra pasta convertendo
Aduba das daninhas o jardim.

25893

Mesquinhos abandonos em que vejo
Uma alma demoníaca e desnuda,
Penando a cada dia sem ajuda
Entregue aos vagos nãos de um vão desejo.

Afasto-me do espelho que me traz
A face decomposta deste estúpido
Aonde se fizera outrora cúpido
Agora se demonstra mais mordaz,

Voluptuosamente insaciável
Satânicos momentos que vivera,
E em cada deles sempre convivera
Com fera de perfil mais intratável

E entranha-se na podre criatura
Que mesmo após o fim atroz, perdura.

25894

Aonde se pensara em lucidez
A pútrida impressão do nada ser
A morte se aproxima e sinto ter
Nas mãos a mais completa insensatez

O quanto a realidade já desfez,
Caminho que cansei de percorrer
Fantoches do passado a recolher
O mundo que criara se desfez

Só resta então a podre sensação
Carcaça deste ser que sendo vão
Adentrando neblinas mais funestas

As cinzas coletando vida afora,
Apenas este odor fétido ancora
Imagem decomposta à qual te emprestas.
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010 0 comments links to this post
25585
Vestindo esta carcaça feita em vida
Ainda não consigo a liberdade
Na morte com certeza rompo a grade
Enquanto este delírio se decida,

Há tempos a minha alma vai perdida
Vivendo a cada dia enquanto brade
Apodrecida face diz metade
Completa-se em total insanidade
E prepara feroz a despedida.

No cerne da questão ser ou não ser
Sentindo a cada dia envilecer
O que restara ainda deste nada

No não ser me completo e assim percebo
Que cada vez bem mais disto me embebo
Até que a noite chegue, em vão... Nublada.
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25584
Medonho caricato; eu nada tenho
Somente o soçobrar da embarcação
A morte se traduz em podridão
E assim perpetuando um vago empenho

Mergulho neste abismo que se abriu
E nele percebendo estas carcaças
Diversas das que geras quando passas,
No olhar mais demoníaco e assaz vil

Encontro as garatujas que pintara
Em formas mais bisonhas e satânicas
Tétricas figuras, mas orgânicas
Praguejo contra a sorte, tão amara

E erguendo-se por sobre o mar bravio
A Serpe num etéreo desafio.
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25583
Os lábios que me beijam, descorados
Satânicos orgasmos prometidos
E assim entre demônios as libidos
Traduzem os delírios mais ousados

E quando se percebem estes Fados
Os fardos que carrego sendo urdidos
Por mãos destes canalhas desvalidos
Em dias com certeza mais nublados,

E as tramas nas quais vejo o meu retrato
Estúpidas quimeras desacato
E forjo outra saída mais sutil,

O rosto que se vê num vão espelho
Sulfídrica figura em tom vermelho,
Bebendo o sangue expõe meu lado vil.
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25582
Das sombras, ressurgido Satanás
Vasculha nas entranhas deste que
Agora já sabe, mas só vê
O medo que se estampa, amargo e assaz.

Enquanto a névoa densa já me traz
No olhar entorpecido o que se crê
Este fantasmagórico buquê
Moldado num sorriso mais mordaz,

Eu sinto a minha pele apodrecida
E assim tomando toda a minha vida
Hercúleas emoções expondo a nu

A carne que deveras decomposta
Seduz a rapineira e cada posta
Devora com prazer este urubu.
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25581
Amargos e violentos os delírios
Quebrantos que percorro em vã neblina
A morte pouco a pouco me fascina
E nela posso ver vagos martírios

Esboço reações, mas não consigo
Vencer putrefações tão costumeiras
E nelas as verdades são bandeiras
Expondo a cada passo outro perigo,

E teimo contra as forças das marés
Vigorosos, soturnos temporais
Entranhando estes vermes triunfais
Ainda permaneço sobre os pés

E sinto que se abala a frágil base
Por mais que a morte ainda em vão se atrase.
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25580
Amordaçada sorte não me ilude
E dela me esquivando a cada passo
E quando outro momento ainda traço
Bem mais do talvez uma atitude

E necessário crer que a juventude
Ainda tenha em mim qualquer espaço,
Deteriorado sonho, me desfaço
E bebo a podridão, cruel açude.

Erguendo então um brinde ao nada ser
Esboço algum sorriso, mas percebo
Que quanto mais a morte em ti concebo

Maior deveras vejo o meu prazer
E sei que na verdade rapineira
Eu sinto a minha voz mais traiçoeira.
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25579
Diária por saber felicidade
Cobrada de um poeta vagabundo
Num ágio sem igual, expondo o imundo
Caminho aonde a sorte me degrade

Mordazes os momentos em que luto
E teimo contra a força das marés
Sabendo meu amor por que tu és
O vento é cada vez mais forte e bruto.

Carvalhos arrancados na raiz
Escárnios costumeiros repetidos,
E os ócios contumazes das libidos
O tempo tanto afirma, mas desdiz.

E o jogo não termina e se refaz
Levando para sempre alguma paz...
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25578
E nada nos maltrata ou atrapalha
Durante a caminhada sem destino,
E quando nos teus braços sou menino
Amor é fogaréu, mas pouca palha.

O gesto de abandono nunca falha
Vontade de partir, mas me domino
E o gozo anunciado, eu determino
Qual fosse um mero campo de batalha.

Permissivos desvios são vulgares
E neles muitas vezes seus esgares
Nefastas realidades se apresentam.

Marcados pela brasa em carne viva,
Enquanto esta verdade já me priva
Os dias são iguais e me atormentam.
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25577
Pois temos neste amor, sinceridade
E tudo é tão fugaz. Mas mesmo assim
Teimamos e tentamos crer enfim
Que há sorte, mesmo contra a realidade.

O beijo se mostrara mais venal,
E o quarto de dormir desarrumado
Demonstra a insanidade do passado,
E o porto abandonando a tosca nau

Argúcia se transforma em heresia,
Ecléticas vontades deslindadas
As hordas muito mal acostumadas
Enquanto esta mentira desfazia

Uma alma em tais mosaicos enredada
Sabendo que ao final, não resta nada...
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25576
Na ponta de uma faca ou de navalha
Os dedos decepados da ilusão
Os dias com certeza não terão
A mesma face escusa da medalha,

E quando a fantasia em vão se espalha
Tomando e negrejando esta amplidão
Perdendo há tanto tempo a direção
O corte se apresenta e nunca falha.

Acordo entre os espinhos mais comuns
Seleciono e guardo mesmo alguns
Sabendo desta herança em podre face.

O peso não suporto e se me dobro
A força ainda teimo e assim desdobro
O mundo feito em dor, vazio impasse...
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25575
Contamos com a força da verdade
Para podermos ter alguma chance
E mesmo quando a treva ainda avance
O gosto de um prazer sequer invade.

A pútrida faceta escancarada
Carranca que devora e não sossega,
A sorte sendo audaz se mostra cega
E traz após tempesta o velho nada.

São lúdicos caminhos, disto eu sei,
Enamorada luz não me acompanha,
Falácias se perdendo em tola sanha,
Carcaça resta sobre a amarga grei.

E o beijo desencarna este fantoche
E dele a própria vida faz deboche...
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25574
E somos prisioneiros deste sonho?
Jamais aceitaria esta falácia,
Não tendo nem sequer qualquer audácia
O que fizeste em trevas não componho.

E mesmo quando a vida não embace-a
A sorte se transtorna em ar medonho,
E o bêbado sem luzes, sou bisonho,
No sangue quase não existe hemácia...

A porta destrancada e mesmo assim,
A podridão expressa de onde vim
O parto se abortara e a vil placenta

Deveras desenvolve-se e sobeja
Ainda tem o olhar de quem deseja
Embora a vida nega e desalenta.
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25573
Que se faz renovado a cada dia
O sonho mais audaz aprisionando
E mesmo se mostrando vez em quando
Realidade há tanto já não guia.

A farsa se desvenda e ora recria
Um templo onde prevejo em tosco bando
O gozo necessário desarmando
A podre condição, torpe heresia.

Compêndios não bastaram nem um tomo
E quando a fortaleza invado e tomo,
Saqueio os meus demônios e os desfaço,

Mas tudo se transborda em falsas luzes,
Deveras aos infernos me conduzes
Seguindo sem pensar vou passo a passo...
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25572
Nas lutas que travamos, eu reponho
As armas já perdidas no passado
E quando me percebo amargurado
Ainda sem sentidos, teimo e sonho.

O caso é o que o futuro é tão bisonho
E nele quando estou mais entranhado
Percebo que não resta nem bocado
Do todo aonde às vezes decomponho.

A porta se fechando diz do quanto
Apenas herdaremos desencanto
E toda esta ternura fora inútil

Assento-me deveras sobre o fardo
Assim o passo audaz mato ou retardo
Sabendo que o viver se tornou fútil...
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25571
Vontade muito além do que dizia
Poema de um antigo companheiro
No quadro desenhando vou inteiro
Deixando para trás a fantasia,

E a morte anunciada não permite
Sequer que eu veja um brilho onde não tem,
O passo desdenhoso nega o bem
E o peso ultrapassando algum limite

Extraio poesia da cachaça
E nela me inebrio e sem sentido,
O quanto desejara é dividido
E quem procura bem logo rechaça

Empórios em total liquidação
Meus olhos, novos dias não verão...
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25570
No mundo que queremos, mais risonho
Apenas leves sombras reconheço,
O tempo se transcorre e não mereço
Sequer a fantasia que componho.

Eu vejo o meu futuro em tom medonho
A sorte já não sabe um endereço
E tudo variando sem começo
E quando canto assim, eu sei me exponho

Ridículos os dias sonhadores!
Matamos o jardim, queremos flores?
Não vejo nisto algum sentido, amiga.

Exatas são as nossas recompensas
Se as labaredas vejo sendo imensas
Destino em desatino já periga...
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25569
Nós somos passageiros da alegria?
Quem dera minha amiga, quem me dera...
Aonde se escondeu a primavera
Que o inverno nunca mais nos largaria?

Espreito da janela e bem queria
Matar se ainda viva fosse a fera,
Mas quando a fantasia nos tempera
A boca escancarando uma ironia.

Exaltamos loucuras e fantoches
Expondo nossos dias aos deboches
Sarcásticos palhaços, dois bufões.

E temos histriônicos caminhos
Medonhos, mas sublimes passarinhos
Que matas quando em risos tu te expões...
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25568
E assim, nada nos cala, nem alcança,
Tampouco nos trazendo algum prazer,
Inércia costumeira posso ver
Nas mãos de quem matou minha esperança.

A sorte se mostrando em tal vingança
Sorrindo de soslaio me faz crer
Que ao menos poderia parecer
Melhor quem no vazio ora se lança.

Ocasos em terrível firmamento,
E quando novas sendas inda tento
Atento aos dissabores, não me culpo,

E verso sobre o tanto que talvez
Ainda nunca viste e já não crês
E o fim em sordidez agora esculpo.
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25567
De par em par, querida, a mesma dança
A vida se enlaçando com a morte
Sem ter quem na verdade ainda aporte
O brilho necessário, sem mudança

Ao deus dará meu sonho já se lança
E nele com certeza sem um norte,
Aprofundando sempre mais o corte,
Quem tenta novo dia nunca alcança.

Assomam-se terrores mais freqüentes
E quando tempestades tu pressentes
Assisto à derrocada em camarote.

Heréticas manhãs não me seduzem
E os dias ao final quando conduzem
Preparam com prazer último bote...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010 0 comments links to this post
25566
Sentindo o teu respiro junto a mim
Eu vejo retratado o quanto fora
A vida em falsas luzes, tentadora,
Num átimo em teu lábio carmesim

A angústia discernindo de onde vim
Uma alma muitas vezes sedutora
Morrendo ao se sentir reveladora
Extremamente estúpida; eis meu fim.

Não posso desvendar velhos mistérios
E quando o tempo dita seus critérios
As farpas penetrando em carne viva

São pregos e tenazes que me prendem
E os sonhos finalmente já se rendem
Enquanto a fantasia agora priva...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010 0 comments links to this post
25565
Um pesadelo horrível num segundo
Anunciando o fim da poesia
E quando esta verdade já se urdia
Deixara há muito tempo o tosco mundo

Retrato o meu passado tolo e imundo
Enquanto um novo tempo se recria
E nele morta em dor a fantasia
O velho coração de um vagabundo

Anseia algum momento em abundância
Revive o sortilégio de uma infância
Aonde o privilégio de sonhar

Vivenciara sempre com prazer,
E agora ao se notar e nada ver
Mergulha no vazio especular...
posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Março 08, 2010 0 comments links to this post
25564
Pensara que este estúpido destroço
Vagando pelas ânsias do não ser,
Ao crer no emaranhado de um prazer
Além do que em verdade já não posso,

Esgueiro-me entre redes e mortalhas
A serpe me acompanha em risos fartos,
Aonde imaginara novos partos
Apontam-me os olhares várias falhas.

E sei que talvez tenha tal coragem
De em falsas ilusões não mergulhar
Salgando com as lágrimas meu mar
Aonde não se vê sequer miragem,

Desertos me acompanham desde cedo,
E aos vastos deste nada eu me concedo...
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25563
Numa alegria augusta; eu me aprofundo
Embora saiba bem a estupidez
Que a cada passo dado, mais tu vês
E dela sem defesas vou ao fundo

E vendo destroçado um peito imundo
Tomado por total invalidez
O peso do passado já desfez
A rota de um canalha vagabundo.

Apertando este cinto eu sei o quanto
O bêbado caminho em desencanto
Não poderia dar sequer sinal

E o vandalismo invade cada passo
E quando novo rumo ainda traço,
Aguardo tão somente o meu final...
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25562
E vejo que não foi; querida, assim
O mundo que traçara no passado
O gesto repetido cancelado
Percorro e já sem flores o jardim

Estúpida quimera vê ao fim
O tempo com certeza mais nublado
E quando se percebe o torpe Fado,
Acendo o que me resta: este estopim

Bombásticos delírios de um poeta
E tendo a minha vida em frágil seta
O peso das vergastas não esqueço,

Não fora mesmo assim, minha querida,
Invalidando enfim a tosca vida
Marcada a cada queda, em vão tropeço.
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25561
Estás comigo, amada, aqui ao lado
E sei dos tão diversos dissabores
Gerados pelos medos, vãos temores
Há tanto que protelo o anunciado

Momento toscamente desejado
Ainda que desvende em ti as flores,
Desejos muitas vezes tentadores
E neles ao final, um mero enfado.

Astuciosamente se percebe
O vário colorido desta sebe
Mesquinhos os abismos que traçaste

E neles minha queda se anuncia
Gerando o desfazer da fantasia
Enquanto tu te ris, tolo contraste...
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25560
Eu posso te tocar, sentir teu cheiro;
Mas se equivale ao que pensara,
Desvio o rio em foz diversa e clara
E quando me percebo só me esgueiro.

Estranho o descaminho e vou ligeiro
Numa ânsia sem igual a alma declara
O medo que este olhar torpe escancara
Diverso do meu mundo corriqueiro.

E beijo em meus destinos, descalabros,
Altares sem sequer os candelabros
Desabo e percebendo tais ruínas

Ainda te gargalhas e ironia
É tudo o que deveras anuncia
Tua alma. Mesmo assim tu me dominas...
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25559
O dia renascendo, iluminado,
Seria uma notícia prazerosa,
Mas quando não se vê sequer a rosa
O que farei do velho e agreste prado?

O peso em minhas costas demonstrado
Em noites claras traz a caprichosa
Verdade onde o prazer já nem mais goza,
E o templo que criei desmoronado.

Procuro pelas ruas o esmoler
Sabendo aceitarei o que vier
Esfaimado pedinte sem paragem.

E tendo no horizonte um sol vazio,
O estúpido caminho ora desfio,
Nublando dentro em mim tal paisagem...
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25558
Ressonas sobre fronha e travesseiro
Pensando no talvez que nunca veio
O quadro se desenha e sem rodeio
O mundo não seria lisonjeiro.

Acordas e não vês o companheiro
E quando se percebe estando alheio
O gosto delicado de um recreio
Morrera há muito tempo em vão ribeiro.

Assédios tão comuns na juventude
Agora a fantasia não ilude
E a queda de um andaime é tão comum.

As pernas varicosas, olhos mortos,
Na vida coletados os abortos,
De amores que sonhara; vês nenhum...
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25557
Beijo-te com carinho, aliviado,
E sei quantas quimeras enfrentei,
A sorte muitas vezes disfarcei
Em risos de ironia. Sei do fado

Que tanto tem por vezes destroçado
Caminho mais tranqüilo eu não trilhei,
E agora quanto mais longínqua a grei
Maior o meu desejo sem enfado.

Percorro os meus anseios e detenho-me
Nas furnas mais terríveis, mas embrenho-me
E sigo sem temer os vendavais.

Abismos corriqueiros, precipícios
Não deixo nesta estrada mais indícios
E sigo mesmo em tempos tão venais...
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25556
O dia enfim renasce alvissareiro
E nele não se vêm brumas atrozes,
E quando se percebem noutras vozes
O canto que pensara o derradeiro,

Mergulho meu delírio num tinteiro
E alçando fantasias mais ferozes,
Encontro os descaminhos, bebo as fozes
E sei do mar imenso, timoneiro.

Infaustos coletados pela vida
Apenas me preparo em despedida
Na lápide epitáfios não desejo

Assumo a derrocada de um poeta
Que tendo a fantasia se completa
Somente no vazio de um lampejo.
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25555
Ao ver as tuas costas, nuas, alvas
Entranho por caminhos mais audazes
E sei que tantas vezes tu me trazes
Apenas tão somente estas ressalvas.

E delas quando expressas negação
Escondo os meus desejos e pereço
Enquanto solitário me envelheço
Momentos mais felizes voltarão?

Não creio em tal falácia e sigo assim
Estúpido palhaço sem juízo
E tendo muito mais do que preciso
Sem medo vou chegando mesmo ao fim.

Etéreas ilusões desenfreadas?
Há tanto tempo sei abandonadas...
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25554
As esperanças riem; fartas, sonsas
E fazem dos meus dias histriônicos
Caminhos que se mostram desarmônicos
Guiando as fantasias, geringonças

Diversas das que tanto concebi
E o peso me envergando não permite
Se crer nalguma luz pós o limite
E dele não retorno mais aqui.

Esgarçam-se os meus últimos momentos
Em furiosas sendas, vago em vão
E sendo o meu destino o de um senão
Que tanto se perdera sem alentos

Espraiam-se os delírios numa tenda
Diversa da que o sonho inda desvenda...
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25553
Ao ver especular imagem minha
Desnudada figura envelhecida
Marcada pela angústia de uma vida
Que sei ser tantas vezes tão daninha

E quando a morte chega ou se avizinha,
A sorte se anuncia desprovida
De toda a maravilha e a despedida
Sem lágrimas aos poucos se adivinha.

Descrevo a minha senda sem pudores
E vejo após as chuvas, tentadores
Caminhos que me levem ao passado,

A juventude; esqueço em algum canto
E sinto do final doce acalanto
Momento tão temido e desejado...
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25552
Tomado por encanto, adoradores
Dos mais diversos deuses encetando
Caminho tantas vezes duro, brando,
E nele seus poderes redentores,

Quem dera se somente fossem flores,
A espada muitas vezes desnudando
Na farsa de um cenário aonde um bando
Mergulha e dissemina seus terrores,

Aonde poderia crer que um Deus
Gerasse ao mesmo tempo o ledo adeus
E a fúria invés de amor entre os irmãos?

Somente numa mente doentia
A morte salvadora se faria
Tornando os nossos dias toscos, vãos...
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25551
Só isso, simplesmente, já me acalma
Saber dos meus fantasmas e enfrentá-los
A mão se lapidando em tantos calos,
A cada nova queda, novo trauma,

E sinto que se perdem dentro da alma
Momentos de raríssimos regalos
Sabê-los e vivê-los mesmo amá-los
É conhecer da vida toda a palma.

Mas sendo tão servil e insano creio
Tempestuoso mundo verte anseio
E nele me entranhando solitário,

Vestindo a falsa imagem que ora crio
Viver é com certeza um desafio
Um passo no vazio, temerário...
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Domingo, Março 07, 2010
25550
Aonde uma alegria sempre alcança
Além do que talvez eu possa ver
A vida se trazendo em desprazer
Não deixa nem sequer vaga lembrança

De um dia aonde a sorte inda se lança
E mostra a divindade noutro ser,
Pudesse em radioso amanhecer
Vivenciar os lumes da esperança.

Mas vejo que, cansado, nada tenho
E mesmo quando vejo algum empenho
Do sonho tão cruel quando inocente

Eu bebo a podridão deste vazio
E toda a solidão sinto e desfio
Maior do que deveras se pressente...
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25549
Olhar para teus olhos infinitos
E ver ainda a força juvenil
Diversa do que em mim já se previu
Na morte em seus venais e tolos ritos,

Ainda escuto ao longe os ecos, gritos
De um tempo mais amargo e teimo vil
Aonde um coração bem mais servil
Tentara decifrar velhos escritos

Traçando o meu futuro em holocausto,
O quando se mostrasse ainda em fausto
Seria uma mentira deslavada,

E após permanecer em sonhos vagos,
Da morte ao conhecer mansos afagos,
Minha alma se entregando não quer nada...
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25548
Roubando o próprio brilho desta vida
A sorte se desdenha a cada passo
E quando um novo tempo, inútil, traço
Percebo quão foi fútil a investida.

Espreito desde já minha partida
E marco com terror este compasso,
Se tudo o que fizera enfim desfaço
O medo conflitando com a lida.

Esgarçam-me os temores tão venais
E sei que minha voz traz o jamais
E nele o peso enorme que carrego.

Aonde prosseguir se nada vejo
O sol somente um frio e vão lampejo
Prossigo desta forma, tolo e cego...
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25547
Acreditar em sonhos mais bonitos
Depois de conhecer a realidade?
Estupidez não traz felicidade
Os dias prosseguindo assim, aflitos.

E os sonhos são decerto meros mitos,
O mundo se transborda em crueldade
Por mais que um tolo sonho ainda brade
Mais forte do terror, imensos gritos.

Salvasse pelo menos um momento
E nele com ternura e sentimento,
Mas quando a vida expulsa a fantasia

Mortalha se anuncia em pleno luto
E contra tal quimera não mais luto
Nem mesmo outro destino entenderia...
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25546
Não ver mais nada além neste arrebol
E ter esta certeza de um vazio
É como se tivesse em desafio
A luta contra o brilho de algum sol,

E o medo me transforma em caracol,
Deixando como herança este fastio,
E nele as esperanças não recrio,
Jamais imaginara outro farol.

Seguindo em solidão a vida passa
E quando se percebe a mesma traça
Devora o que restara de um poeta,

E a boca da pantera escancarada
A morte há tanto tempo anunciada
Agora no teu gesto se completa...
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25544
Olhar para os teus olhos e sentir
A pútrida ilusão que se esvaece
E enquanto a realidade me enlouquece
Procuro da esperança um elixir

Sagrando em minhas mãos tolo porvir,
Medonha fantasia ora se tece
Negando com certeza qualquer prece
Matando devagar e sem sentir.

Aos pés desta terrível solidão
Somente os meus espinhos moldarão
Jardim feito em abrolhos e daninhas

Perceba esta penúria em fúrias feita
E quando o meu olhar já se deleita
As almas caminhando mais sozinhas...
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25543
Meus guias que acompanham onde eu for
Já sabem dos destinos que traçaste
E a cada nova queda outro desgaste
De um corpo que percebo decompor

E nessa podridão, como um andor
A vida sonegando qualquer haste
Jazendo pouco a pouco, velho traste
Somente este vazio, este estupor.

À parte do que possa a caminhada
Por mais distante e longa, a dura estrada
Não deixa que se veja algum final.

E o beijo amortalhado da quimera
Matando o que restou da primavera
A vida sonegando a mim seu sal.
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25542
Desculpe se causei algum transtorno,
Mas nada se compara à cicatriz
Deixada como herança e tanto diz
De um tempo solitário, amargo e morno.

O medo me servindo como adorno,
No olhar de um torpe ser, um infeliz
A vida modifica seu matiz
Sem nada, brilho ou sonho em seu entorno.

E assíduas ilusões batendo à porta,
A face da esperança semimorta
Expressa a violência do não ser.

E quando me entranhasse em seu dissídio,
Apenas me restando o suicídio
E nele última forma de poder...
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25541
Também sofri demais e ainda vejo
Em meio às tempestades ventanias
E nelas com certeza me trarias
Além de simples dor, vago lampejo

E quando exposto ao vento ainda almejo
Um cais que possa dar as garantias
Diversas das estúpidas vazias
Manhãs onde ninguém sinta ou desejo.

Herméticos momentos solitários
E neles desprazeres sendo vários
Deixando-me confuso e sem sentido

Aonde houvesse brilho nada creio
E apenas vou herdando um tosco anseio,
Num corpo há tanto tempo desvalido.
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25540
Não deixo de pensar nenhum segundo
Nas tantas e improváveis soluções
Diversas das que agora tu me expões
E segue o coração audaz e imundo,

Das podres ilusões quando me inundo
Vivenciando dores e os vergões
Marcando as minhas costas expressões
De um tempo mais cruel. Sou moribundo.

E tento disfarçar meu desengano
No olhar que tantas vezes é profano,
Mas traz os traços duros do abandono.

E quando eu me percebo em noite escusa
A morte em descalabro ainda abusa,
Nem mesmo do cadáver eu me adono...
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25539
A vida se transcorre em turbulências
Diversas das que um dia imaginara
Uma emoção feliz é muito rara
Não adiantam mais as diligências

Na busca por sorrisos e clemências
Ausência de um carinho se declara
E a solidão persiste vã e amara
Enfrento as mais terríveis penitências

A morte talvez seja a solução
E nela fartos brilhos tomarão
O céu que se tornou escuro e frio.

Ao ver a etérea sombra de um passado,
Quem sabe no morrer veja outro lado,
E o encanto mesmo mórbido desfio...
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25538
Vivendo tão somente um canto lento
Assentam-se os caminhos mais cruéis
E tento mesmo ausente destes méis
Domar o mais terrível pensamento,

Aonde se procura um manso alento
Encontro finalmente amargos féis
E os dias entre fúrias, carrosséis
Girando sem parar e me atormento

Inútil prosseguir, disso bem sei,
Quem faz de uma esperança tosca lei
Jamais conhecerá realidade

E tendo nos meus olhos o horizonte
Nublando sem o que o sol inda desponte
Somente a gelidez venal invade...
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25537
Diverso do que tinha impaciência
Tomando meu caminho não permite
Que eu siga muito além deste limite
E assisto à evolução da decadência

E o corpo em sofrimento tem ciência
Da morte que deveras acredite
Tornando-se presente já palpite
E tendo a poesia esta incumbência

De esclarecer aos olhos do poeta
Ainda se envolvendo em outra meta
Esquece de se olhar defronte o espelho

E tendo esta verdade indiscutível
O pânico se mostra indescritível
Não sigo mais sequer qualquer conselho...
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25536
Tomando meu caminho, cerca o vento
E nele me percebo em dor e cruz,
Aonde se pudesse ver a luz
Distante prosseguindo o pensamento,

Restando tão somente este momento
Que às trevas mais terríveis me conduz
E como praga a dor se reproduz
Deixando para trás contentamento.

Vencido pela angústia passo a ver
Somente a minha pele envelhecer
E as rugas neste espelho retratando

A vida que se foi sem harmonia
E quanto mais feroz a ventania,
Mais longe, no passado, um tempo brando...
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25535
E traz na noite fria esta dormência
A ausência de quem tanto desejara
A vida ao mesmo tempo desampara
E leva pouco a pouco a tal demência

E tendo mais diversa uma cadência
A sorte se desfia, crua e amara,
Na poesia a luz que se escancara
Talvez seja uma forma de clemência.

A quiromante tanto me dissera
Que amor não resistindo à primavera
Teria tal inverno rigoroso,

Auspiciosos sonhos? Pesadelos,
E a cada noite posso enfim revê-los,
Distante do que foi prazer e gozo.
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25534
Querendo estar contigo e vendo que
Caminhos diferentes a trilhar
Cerzida sorte em tétrico tear
Procuro o meu retrato, mas cadê?

Se tudo o que deveras já se crê
Persiste muito aquém do imenso mar,
Aonde com firmeza navegar,
Se uma alma se tortura e nada vê

Sequer as velhas sombras do que fomos,
E quando desta vida em frágeis gomos
Expresso a mais completa solidão

Querendo ou não querendo sigo assim,
Apenas aguardando então meu fim
Deixando para trás qualquer verão...
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Sábado, Março 06, 2010
25533
Na cama do hospital pensava em ti
Distante dos meus olhos, solidão.
E quando chega o tempo, a decisão
Deveras muitas vezes me perdi,

E tendo todo mundo bem aqui
Guardada uma devida proporção
Enfronho nos meus olhos a emoção
E dela sem perdão eu me embebi.

E a morte se aproxima dos meus dias
E nela se deixando as utopias
Somente a poesia me acompanha

E o gesto palatável diz amor
Mas quando vejo o rosto sedutor
Da morte já concluo a minha sanha...
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25532
O mundo bem depressa modifica
As ordens naturais e transformando
O que pensara outrora bem mais brando
Agora se não luto, mortifica

E tudo transcorrendo não explica
O medo sobre nós já desabando
E o todo a cada dia mais pesando
A teoria aqui nunca se aplica.

Imprevisível passo leva à queda
E quando noutras tramas vida enreda
Percebo quão inútil deve ser

Quem tanto se perdendo em nada crer
No abismo feito em trevas já mergulha
E não vê da esperança uma fagulha...
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25531
Com olhos dispersivos, me perdera
Do rumo já traçado em poesia
E a sombra do passado ainda urdia
Matando o que esperança concebera.

E o vento benfazejo de um sorriso
Ameno transformando o gelo em brisa,
Maturidade chega e já me avisa
Do passo necessário e mais preciso.

Vestindo esta emoção que é temporã
O amor rompe barreiras e, acredite,
Não respeitando enfim qualquer limite
Promete um sol imenso na manhã

Legado que pretendo cultivar
Imerso neste encanto a me tomar...
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25530
Agora que me chamas também tento
Buscar esta esperança que perdi
E dela redundando sempre em ti
Olhar tão carinhoso e sempre atento,

Vencer os dissabores, meu intento
E deles traduzir melhor aqui
Num verso demonstrando o que senti,
Após um tempo amaro e turbulento.

Estando solitário e a depressão
Negando nos meus olhos um verão
Incendiando em fúria cada dia.

E nele a rotineira dor traçava
Numa alma sem destino e quase escrava
A morte do que fora poesia...
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25529
Assisto ao derradeiro sonho que alimento
E vivo entre as neblinas, noites fartas
E quando dos teus dias me descartas
Deveras assumindo o meu tormento.

Assíduas ilusões e o pensamento
Jogando sobre a mesa as mesmas cartas
Dos âmagos profanos nunca apartas
Quem tanto se envolveu em sofrimento.

Perfaço o meu caminho em falso passo
E quando dos meus erros me desfaço
Não traço soluções, apenas sigo

E nesta invalidez uma alma insana
Medonha caricata tanta engana
Sonega ao penitente algum abrigo.
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25528
Um mar feito em sargaços e corais
Distintas cores traçam o oceano
E quando se percebe cada engano
Os dias em procelas são venais.

Vagasse por espaços, siderais
Momentos em que vejo o ser humano
Na mórbida impressão de perda e dano,
Vislumbro atocaiados animais

Vorazes e insensatos neste bote
Aonde a mortandade se denote
Por tanta estupidez e vilania.

Porém esgoto pútrido e feroz
Ouvindo mais distante a sua voz
Covardia se torna valentia...
posted by MARCOS LOURES at Sábado, Março 06, 2010 0 comments links to this post
25527
Sequer estrela pálida percebo
Na treva que tomando a minha vida
Há tanto em fúria imensa decidida,
Diversa da esperança que concebo.

Eu sei que novo sonho é um placebo
E a cada amanhecer outra ferida
Expressando uma noite mal dormida
E da aguardente amarga – amor – eu bebo.

Pudesse ter nas mãos o meu destino
A faca, a foice, o tiro em desatino
O medo escancarando este delírio

E vendo tão somente o que hora herdei,
Vazio que deveras encontrei
Traduz sem ter retoques meu martírio...
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25526
Das noites que brumosas eu enfrento
Após as tão sonhadas calmarias
Diversas das que em sonho fantasias
Tocadas pela mão de intenso vento.

E quando em luzes frágeis inda tento
Vencer os meus terrores tu me guias
E levas aos demônios que recrias
Tomando este arrebol medo e lamento.

Angústias tão comuns de quem procura
Um tempo aonde possa ser feliz,
E quando mais distante ou por um triz

No olhar ensimesmado, tal loucura
Abisma com seu vário ingrediente
Por mais que a solução audaz se tente...

25601 até 25627
25627
Aonde se escondeu a estrela fria
Que tanto se fez falsa em noite escura,
O quanto me perdi em tal procura
Minha alma sem remédio se esvazia

E o bêbado funâmbulo traria
A queda sobre a pedra turva e dura
Sinal do quanto valho e em tal loucura
Somente me restando a ventania.

Abrindo as escotilhas inda vejo
Naufrágio de um estúpido desejo
Amanhecendo em vão, tosca quimera,

E o passo sem sentido ou direção
Dizendo quanto a vida fora em vão
Não tendo uma emoção sequer que espera...
25626
Quisera perceber um novo dia
Aonde a fantasia desmorona
Uma alma mais ferina até ronrona
Enquanto cada garra mais afia.

E a sorte que conheço, tão bravia
Durante a tempestade vem à tona
Das estradas que traço já se adona
Fazendo do meu mundo, a montaria.

Por vezes imagino em turbulência
O que pensara outrora em convivência
E sei ser impossível entre dois

Que tanto se engalfinham e se cortam,
E quando as fantasias nos exortam,
Sabemos quão sombrio este depois...
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25625
Assumo estas facetas mais vulgares
E beijo o que se fez em luz sombria
Figura melancólica se erguia
Toando os seus acordes nos altares

E vejo recriados lupanares
Em meio a mais soturna fantasia
E dela o meu passado se recria
Atravessando em fúria tantos mares.

E o gosto de vingança ora se apura
A vida perpetua a mesma e escura
Estrada aonde um velho caminhante

Moldara o seu destino de andarilho
E quando sobre o pó ainda trilho
A morte se aproxima neste instante...
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010 0 comments links to this post
25624
Se as lúgubres paisagens descortino
E adentro com furor ou mesmo impávido
O gosto se mostrara bem mais ávido
Tomando sem pensar o meu destino.

O corpo lacerado e quase esquálido,
Restando o velho sonho de menino
E nele com certeza me ilumino
Por mais que o dia siga sempre pálido.

Equânime e sombria fantasia
Aguarda o meu final e se sacia
Nas artimanhas toscas que hoje enreda

E o pano se fechando no cenário,
O que pensara outrora temerário
Nem mesmo a paisagem torpe veda...
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010 0 comments links to this post
25623
Abrindo as minhas cartas encontrei
O fato presumível e esperado
Que tanto demarcou o meu passado
Servindo para mim conforme lei

E dele cada resto eu entranhei
Até ver o meu mundo dispersado,
O gosto tão amargo perpetrado
Adentra o paladar bem mais que sei.

Singela fantasia? Ledo ocaso...
O vento anunciando o fim do prazo
E agora só me resta a despedida.

Articular defesa? Para que?
No fundo te procuro, mas cadê?
Assim se resumiu a minha vida...
posted by MARCOS LOURES at Quinta-feira, Março 04, 2010 0 comments links to this post
25622
Sistematicamente sigo só
E teimo vasculhar minhas entranhas
E quando a realidade tu estranhas
Erguendo do que eu fora, simples pó

O medo se aproxima e em firme nó
Defronte à multidão diversas sanhas
E nelas precipícios e montanhas
Preparam para mim o espelho: Jó.

Ocasos e mentiras se misturam
E delas poucas coisas já depuram
Quaisquer que procurassem desvendar

Retorno ao uterino e bom momento
Somente quando imerso me apascento
Regrido ao nada ser: último lar...
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25621
A treva em nuvens densas desce à Terra
E toma esta paisagem ora sombria
E quando a imensidão já se porfia
O medo dentro da alma se descerra

A ventania lembra fome e guerra
A paz que procurei não existia
Tampouco ao encontrar farta agonia
Capítulo da vida não se encerra.

Audaciosamente dera um passo
Alheio ao que deveras já desfaço
Criando com meus pés o próprio abismo

E agora em noite tétrica e fugaz
Distante do que um dia quis ser paz
Molambo sem destino, ainda cismo...
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25620
Levito entre os fantasmas que ora trago
E farpas tão comuns devoro e quero,
O mundo que se fora mais austero
Agora não percebo nem afago,

O tempo se transforma em podre estrago
E o corte aprofundado, mas sincero,
É tudo o que carrego enquanto emprego
O verso que pensara outrora mago.

Alquímicos poderes, tal cadinho
Transforma esta esperança em podre vinho
E bebo da vinhaça que me dás.

Da morte quando aos poucos me avizinho
Eu sinto tenebroso e bom carinho,
E nela descansando, enfim, em paz...
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25619
Ruidosas esperanças, não floreio
Com verso que talvez não mais traduza
A sorte que deveras tão obtusa
Esgota da ilusão a fonte e o veio,

E quando nos meus charcos banqueteio
Com lúbrica emoção que reproduza
Uma alma tantas vezes tão escusa
Deixando no passado o velho anseio.

Recreio-me com posta apodrecida
E dela se refaz a minha vida
Antraz que ora carrego dentro da alma.

Esmero-me em poder ver no holocausto
Apenas tão somente algum infausto
E a imagem produzida já me acalma...
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25618
Metástases carrego vida afora
E pútridas manhãs me destemperam,
E quando os tolos toscos degeneram
Apenas tumular voz já se aflora

A poesia há tanto foi embora
E os restos do que fomos inda esperam
Eméticas delícias onde esmeram
As ânsias mais vorazes. Luz descora...

E o cândido poeta adormecido
Agora pela vida envilecido
Aguarda tão somente este final

E nele se prepara nova senda
Aonde a fantasia se desvenda
Ou nada se transcorre triunfal...
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25617
Na lúgubre paisagem desenhada
Pelo meu verso tolo, mas sincero
O fim deste tormento agora espero
Sabendo ao que minha alma é destinada.

Versando sobre a vaga e fria escada
Na qual a queda sempre em gozo fero
Produz esta fratura aonde quero
Ver minha vida em pus já retratada.

O beijo que se escarra em minha face
Aonde se mostrara cada impasse
E nele se refaz a velha história

Por mais que novo mundo ainda trace
Com ares de terror ou de vanglória
Legado ao nada ser, tosca memória...
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25616
No íntimo me percebo um morto-vivo
E como fosse assim este zumbi
Vivendo do cadáver que escolhi
Dos sonhos mais felizes eu me privo

E sendo muitas vezes mais altivo
Vazio de esperança chego a ti
Atrocidades tantas mereci
E nelas do que fui anda vivo.

Alvissareiros dias do passado
Apenas um retalho costurado
Em meio aos falsos lumes que carreto

Apesar de saber que inda respiro
Preparo neste instante bala e tiro
Fechando em suicídio este soneto...
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25615
Na farsa que traduz inútil vida
Cenário mais propício: ato final
E nele se perfaz o ritual
Aonde se vislumbra a despedida.

A faca pelas ânsias sendo ungida
E o bêbado caindo em meu quintal
Sarjeta dentro da alma é tão normal
E dela uma esperança segue urdida.

Perene poesia este soneto
Ao qual com virulência me arremeto
E bebo cada gota que espalhara

Do pus que dentro em mim ora alimento
E faço da carcaça o meu provento
Na imagem destroçada a vida amara...
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25614
Astuta caçadora, uma esperança
Fugaz imagem trama após o nada,
E a carne pouco a pouco devorada
Traduz em sentimento esta vingança

Ao peso do que fui a alma balança
A cada novo dia a vergastada
Reacendendo a morte desejada
E nela a minha cruz, o tempo lança.

Obesas ilusões já não profiro,
E quando se prepara último tiro
A bala se entranhando no meu cerne

Acasos entre ocasos pretendidos
E os corpos de esperanças estendidos
É tudo o que me resta ou me concerne...
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25613
Rebeldes caminheiros noite afora
À sombra do que tanto desejei
A podre sensação tomando a grei
E nela uma alma aflita se decora,

A fera que no espelho me devora
E beija este cadáver que entranhei
Mortalha em poesia deslindei
Vagando pela noite sem demora.

Escravizado sonho se moldando
De um tempo mais feliz, quiçá mais brando
Em criminosos passos assassinos

Expressa o suicídio inevitável
E o corpo em rapineiras palatável
Espera ao fim dobrar de vários sinos.
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25612
Uma ávida quimera me destroça
E nada se percebe como herança
No olhar desta pantera uma vingança
Que quanto mais voraz melhor desossa

Abrindo esta cratera imensa fossa
A sorte mal assombra enquanto avança
E ao fundo desta poça ora me lança
E a vida gargalhando tudo endossa.

Esgarçado por garras tão venais
Restando ao sonhador os vendavais
E neles o vazio agora traz

A imagem decomposta da ilusão
E vejo se formata desde então
No espelho que ora miro: Satanás!
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25611
Esgoto dentro da alma traduzindo
A vermiforme noite em pesadelos
Pudesse pelo menos revolvê-los
Teria sob o olhar fúnebre e findo

O tempo de viver que assim deslindo
Em trágicos momentos, percebê-los
E quanto mais possível envolvê-los
Tecendo a solução, mas eu prescindo.

Acostumado ao mesmo descaminho
Prefiro que me vejas já sozinho
Do que pensar ser minha salvação.

A morte não perdoa quem se entrega
E mesmo quando exposta e quase cega
Momentos mais tranqüilos se farão.
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25610
O feto que abortara: fantasia
Em pútrido cenário se desfaz
E mesmo num sorriso tão mordaz
Soergue-se emoção e o dom recria

A morte vai tomando a poesia
E como fosse assim fria tenaz
Deixando esta emoção que sei fugaz
Amortalhado sonho em agonia.

Espúria lividez que, cadavérica
Traduz esta ilusão falaz e homérica
Vinganças preparadas pela sorte.

E tendo sob os olhos o horizonte
E nele cada lua que desponte
Trará um sonho em paz que me conforte.
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25609
Pisando na carcaça que hoje sou
Estúpidos os passos que programas
E neles posso ver cadáver, lamas
E delas tradução do que restou

De um ser inusitado e aonde vou
Carrego nos meus olhos falhas chamas
Meticulosamente enredo dramas
E neles minha vida mergulhou.

Na lividez do sonho tumular
Putrefação se expondo devagar
E enquanto a cada estágio mais avança

Certeira caminhada para o fim,
Dourando em poesia o meu jardim
O medo se transforma em esperança.
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25608
Ermos dentro da alma soam tristes,
Mas quando me percebo mais desnudo
Deveras caminhando quieto e mudo
Diverso do calor aonde existes,

Por mais que outros motivos bons me listes
O coração sem foco é tão miúdo
E nisto me percebo em tom agudo
Discernindo o terror por onde insistes

Tomar as minhas mãos e ter nos dentes
A clara tentação de uma mordida
E nela cada lacerando em vis gementes

Delírios satisfazem tua fome?
A carne que te entrego, carcomida
Enquanto a própria sorte me consome...
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25607
Consola-me saber que a morte vem
E dela bebo a pálida quimera
Aonde se pensara fim se gera
A vida mais tranqüila em novo bem.

O peso do passado segue além
Do que suporta uma alma, mesmo fera
E quando a solidão me desespera
Revejo este cenário. Sem ninguém.

Apodrecendo aos poucos nada tenho
E nem sequer faria mais empenho
Já que descubro ser a negação

E a sórdida manhã beija a carcaça
O tempo sem remédios segue e passa
Espelha as noites frias que virão.
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25606
Quem dera se pudesse ser teu alfa,
Mas Omega não posso mais sonhar
Buscando ter meu sonho em preamar
Correndo contra tudo, uma alma esfalfa.

E falo francamente sem refolhos
Que tudo tem decerto solução
E os dias mais sobejos mostrarão
Além de simplesmente vãos abrolhos.

Mas tudo se presume e nada faço
E o bêbado procura a luz, falena.
Minha alma a cada passo se apequena
Não deixo nem sequer um rastro ou traço

E entranho-me na morte que me espera
Atocaiada e bela, sutil fera...
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25605
Agrestes as montanhas onde cevo
Mortalha que deveras caberá
E nela o meu destino se fará
Bem mais do que nos versos eu me atrevo.

Envolvo-me nas teias e longevo
O medo persistindo aqui ou lá
Meu erro a cada instante moldará
Invernal garatuja aonde nevo.

O prazo se findando e nada vem
Somente a frialdade e fico aquém
Do passo que permita da cratera

Vislumbrar uma luz que não existe,
E se pareço assim, mordaz ou triste
Que faço se matei a primavera?
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25604
Negar a própria essência e prosseguir
Por vias tão funestas que me trazes
E nelas perceber as várias fases
Oráculos discernem meu porvir?

O peso de deveras conseguir
Enquanto prenuncio mais mordazes
Momentos onde pústulas e antrazes
Permitem a minha alma refletir.

Esgarço-me nos fronts e me permito
Saber que mesmo inócuo, sigo aflito
E assino a cada dia esta sentença

Na qual a morte surja deste nada
E como fosse assim predestinada
No túmulo concebo a recompensa...
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25603
Corôo com meus temores esta vida
Aonde não podia crer na luz
Deixando os pesadelos quase nus
O medo calcifica enquanto acida.

E tendo neste olhar a despedida
O nada quando em nada se deduz
Prepara esta mortalha e reproduz
Vazio que encontrou, alma perdida.

Acendo este cigarro mesmo quando
Percebo minha vida desabando
Sem ar, já me esfumaço pouco a pouco.

A dívida que tenho não se paga
O beijo da mulher, cruel adaga
E vendo o meu retrato, eu me treslouco....
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25602
Descrevo em solitária madrugada
Os vértices de um sonho, um pesadelo
E quanto mais atroz sinto vivê-lo
A imagem desta vida destroçada.

Jogado pelas ruas, na calçada
Condeno o coração a tal desvelo
E quando pelo encanto vago, zelo
Resposta se mostrando o mesmo nada.

Viver e ter apenas o caminho
Que leve á madrugada onde, sozinho
Mortalhas eu carrego e tão somente.

A pútrida manhã em luz desfeita
O medo vendo a cena se deleita
E mata desde já qualquer semente...
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25601
Estúpida quimera me rondando
A morte se transforma em solução
E os dias repetindo este refrão
Aonde novos tempos vislumbrando

Já sei que nada tenho desde quando
Fantasmas me tomando a direção
Naufrágio deste barco sem timão
E o vento toda noite me assombrando.

Vivesse mais um pouco e poderia
Realizar enfim a fantasia
De ter no meu olhar um horizonte

Aonde mais sublime luz guiasse,
Mas quando vejo o espelho e o mesmo impasse
Impede que este sol, vago, desponte..

25628 até 25631
25631
Não quero ser bonzinho nem panaca
O tempo me ensinou a ter defesas,
Preparo a cada dia fortalezas
Senão a minha mula já se empaca.

Ficar com esta cara de imbecil?
A bunda já não vai ficar exposta
Tem gente que em verdade disto gosta,
Eu mando para a puta que pariu.

Vestindo de palhaço ou de bufão,
Cansado de levar tanta porrada,
Na vida agora só dando pernada,
Se bobear eu tasco um bofetão,

Mas levo de gaiato o meu viver,
No fundo o que eu desejo é ter prazer...

posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Março 09, 2010 0 comments links to this post
25630
O amor nos apresenta multiforme
Às vezes nos faz bem ou nos faz mal,
Caminho com certeza desigual
Pois enquanto acordado, ela bem dorme,

E quando noutra senda se transforme,
Baixando o santo, é briga na geral,
É canivete, foice até punhal,
Na cicatriz que tenho tão enorme.

Assim vamos levando nossa vida,
Às vezes muito bem, outras nem tanto,
Um curativo sana uma ferida

Depois recomeçamos ladainha,
Verdade se contém nisto que canto,
Só sei que sou só teu e tu és minha...

posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Março 09, 2010 0 comments links to this post
25629
Às vezes te procuro, cara amiga
E vejo que talvez fosse melhor
Ficar com prejuízo bem maior,
Pois logo recomeças com tal briga,

E assim o que fazer? Manter a calma...
Somente e nada mais, seguir em frente.
Sem ter sequer alguém que te apascente
Nem mesmo algum carinho inda te acalma.

Melhor sofrer calado, isso eu garanto,
A gente não combina mesmo não,
Armando este barraco em profusão,
Prefiro segurar a dor e o pranto,

No mais, tá tudo bem, e aí contigo?
- Verdade? Nem a pau, querida eu digo...

posted by MARCOS LOURES at Terça-feira, Março 09, 2010 0 comments links to this post
25628
Quem dera se esta lua protegesse
Amantes que se buscam noite afora,
Apenas tão somente nos decora
É como se um divino ser tecesse

Em prata maviosa fantasia
E dela inspiração para se amar,
Mas quando se escondendo este luar
Escuridão tomando a cercania

Ausência de seus brilhos, lua amada
Trazendo tanta dor a quem sonhara,
A noite que já fora bela e clara,
Agora totalmente transformada,

Que faço se este brilho raro e bom,
Ofusca-se nas noites em neon?

26996
Abisma com seu vário ingrediente
A sorte tentadora, mas atroz,
E quando não se escuta mais a voz
Por mais que tantas vezes isso eu tente,

Não creio no futuro se não vejo
Alguma luz num túnel refletida,
Na ausência do que fora mera vida
Sem esperança alguma não verdejo

E o caos se aproximando, nada além
Do fim inconstetável eu aproxima,
Aonde poderia novo clima
A gélida manhã insiste e vem,

Negando qualquer raio de algum sol,
Nublando tudo em volta, no arrebol...

25632



Aonde se queria a primavera
O tempo não deixando restar nada,
Outono se transborda e na alvorada
Somente o frio imenso nos tempera,

Assim a vida traz tão longa espera
E nela o que se vê sonega a estada
Que um dia imaginei delineada
Em sonhos; mas a história degenera

E o quanto se queria em nova luz
Inverno desdenhoso reproduz
E assim vamos seguindo sem paragem.

Viver cada momento intensamente
Sabendo que o futuro não se sente,
Aproveitando assim a mansa aragem...

25633
Saudade dita normas complicadas
É como o renascer de algum defunto,
Falando sempre assim do mesmo assunto
Caminho se perfaz nestas estradas

Há tanto conhecidas no passado.
Beber no mesmo copo esta aguardente
Por mais que ainda queira só se sente
O gosto do retrato amarelado.

Lembranças do que foi? Não, minha amiga,
Retrovisor traduz em capotagem
E quando se prepara outra viagem
Esqueça, por favor daquela antiga.

Saudade, se inda tenho por aqui,
Somente do que outrora não vivi...

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