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Saturday, November 11, 2006

Textos vários 2

Daniela



Felicidade, sonho que naufraga
Nas ondas deste mar imaginário.
A vida se devora qual a draga
Que me transformará, pobre cenário...

Fragata sem destino, busca plaga
Onde ancorar. Encontra meu aquário,
Roto, qual fora, simplesmente, praga...
Felicidade, sonho solitário!

Em meio a devaneios, aquarela
De cores infindáveis, rutilantes...
Na busca dos prazeres inconstantes,

Um sorriso emoldura toda a tela.
Nascendo dos meus medos, triunfante,
Espelha uma esperança, Daniela!





Darlene



Minhas cismas vagueiam, vão a esmo...
Confusas tempestades doidivanas...
Amor que se pretende ser o mesmo,
Não pode se esconder destas ciganas...

A sorte está lançada não quaresmo,
Nem tento descobrir as espartanas
Vontades. Tantas vezes me ensimesmo
Calado, minha ermida... Não me enganas!

Os olhos embuçados negam céu...
Explodem meus amores, tantas cismas...
Não quero que ninguém, louco, me apene...

Vênus adormecida em meu dossel...
A vida se explodindo em aneurismas,
Esperanças? Encontro em ti, Darlene..





Débora




Mulher que me entolece com olhares
Sutis e penetrantes qual um raio...
Em meio a cataclismos estelares,
Deponho meus desejos. Tonto, caio...

Levando meus anseios, corcel baio,
Desesperadamente, lejos mares...
Ausculto teus cantares nos altares
Ofusca-me este lume, então desmaio...

Mulher que me entristece se não vejo!
Emblemático manto do futuro.
No canto que decifro, meu desejo.

Uma abelha rainha , sou zangão,
Esperando esta morte, com apuro,
Débora, me devora o coração!



Débora: Abelha






Denise




Lua nova, nos claustros e nos mares...
Meu sonho peregrino te procura.
Flamejas entre breus, trevas, olhares;
És guia, fosforesces noite escura...

Qual deusa rediviva nos altares,
Transcreves, nos caminhos, toda alvura
Encontrada somente nos luares...
Sombreias qualquer uma criatura!

Lua nova, comparsa dos meus planos!
Companheira de todos os enganos
E promessas que nunca cumprirei!

Aceitas, sem pensar, qualquer deslize
Pois sabes, teus desejos são a lei.
Lua nova, me traga, enfim, Denise!




Desirreé




Em flocos invernais, meu sentimento...
Desmorona-se a cada tempestade...
O medo que comporta o frio vento,
Amaro gosto, sangra a saudade...

As falhas pressupõem longo tormento.
Meu arrependimento, veio tarde.
Inverno derramando violento,
A morte se mostrando, na inverdade...

Nos pinheirais flocados pela neve;
A sombra estonteante, porém breve,
Me traz as esperanças de viver!

É fronde que promete-se tenaz;
Desejo bem mais forte, renascer,
Desirrée, desejada, traz a paz...

Desirreé: Desejada
Marcos Loures





Diana




Tantas vezes reveses e derrotas...
Pássaros que chilreiam meus lamentos;
Nas gaiolas, os pávidos tormentos...
Torturas, sofrimentos: plenas cotas!

Constantes meus martírios não derrotas.
Em plena insensatez, tais sentimentos
Revigoram-se, fortes como o vento.
Perdidos passarinhos caçam rotas...

Liberdade, refém de vil pantera
(saudade). Temerária noite engana.
Ataca a formidável, rara fera,

Nas mãos somente, versos, sou poeta...
Uma deusa surgindo mira a seta,
Me libertando. Salva-me Diana!






Dinah:


Ao trazeres teus louros da vitória,
Nevrálgicos sentidos me revelas.
Na vida sempre foste meritória
De todas as belezas destas telas

Que pintam artesãos à tua glória!
As flores me negaste, mais singelas.
Teus planos invadiram minha história,
Faróis que sempre ofuscam pobres velas...

Liberdade resulta em tanto pejo.
Enojada, me mostras os teus feitos
Sabendo que jamais terás cortejo.

Mas amo tua forma de brilhar!
Teus olhos e teus cantos são perfeitos...
Dinah, resplandecente qual luar!







Dinorah



Ao musicalizar teu nome amada,
Pressinto uma canção maravilhosa!
Homenagens te faço em verso e prosa,
Dedico uma cantiga apaixonada

Recendendo a pureza de uma rosa,
Trazendo bela noite enluarada.
Sentado aqui, na beira da calçada,
Em serenatas canto a terna fada!

Um simples andarilho na incerteza,
Encontra teu castelo iluminado.
Ao longe num respiro de princesa,

Mostrando que o palácio era encantado.
A voz linda se ouvia... Em tal beleza,
(Dinorah, Dinorah),iluminado!



Dinorah: Luz





Dirce




Meu rumo sem teu rastro morre cedo.
Buscando por prazeres e delícias,
Na espera de viver contente, ledo,
Gozando de perfeitas mãos, carícias...

A vida me omitindo seu segredo,
Tortura-me feroz, duras sevícias...
Trazendo-me fatal, cruel medo.
Não deixa-me sequer outras notícias

Do tempo em que, felizes, encontramos
Os olhos e seus brilhos confundidos...
Do tempo onde sinceros, nos amamos.

A fonte do prazer adormecida...
Fonte da juventude já perdida.
Procuro minha Dirce, tempos idos...



Dirce: Fonte





Diva

Um dia me sentindo tão cansado
Das dores mais diversas desta vida;
Sonhei com novos campos, belo prado;
A paz, enfim, sonhada e conseguida.

Meu verso, tantas vezes disfarçado
Num canto agonizante de partida;
O fardo do viver, recompensado,
Nos braços desta deusa enlanguescida.

Um sonho tão perfeito, feito em paz;
Depois de ter lutado insanamente,
O barco finalmente, chega ao cais...

Minha alma sem grilhões, antes cativa,
Liberta, me remete a tanta gente!
Só meus olhos, ‘stão presos em ti, Diva...




Diva: Deusa







Divina


À vida, não me prendo, pois é frágil.
Minha alma, sim, eterna caminhante...
O tempo de viver, esse é tão ágil,
Transcorre num segundo delirante.

A dor que te consome e que palpita,
Por certo findará, tenha certeza.
Toda tristeza passa, pois finita.
Manhã quando renasce traz leveza.

A amarga solidão, seu desconforto,
O látego ciúme, tudo passa...
Os males procelários acham porto...

A vida se refaz, tão cristalina...
Minha alma anda feliz e não disfarça,
Pois encontrou, enfim, seu par: Divina!


Divina: De Deus






Dora




Andava tão tristonho, tantas urzes...
Buscando um sentimento que pensara
Estar adormecido sem ter luzes
Que pudessem luzir jóia tão rara.

Mal sabia, entretanto, que produzes,
Emanando dos olhos luz tão cara.
Me acalmando tal qual os alcaçuzes,
Ao mesmo tempo, forte, me antepara.

Essa força gentil, tão procurada,
Tantas vezes passou despercebida;
Quantas vezes pensei: não será nada!

Somente bem depois, há pouco, agora,
Percebendo a rudeza desta vida,
Descobri esta dádiva que é Dora!



Dora: Presente, dádiva de Deus



Dóris


Netuno, num momento de paixão,
Encontrou no seu mar bela sereia.
Revoltoso oceano: ebulição!
Em tsunamis desmancha-se na areia!

Um amor gigantesco quando arpeia
Um fantástico deus, seu coração,
Todo o mar, num momento, se incendeia;
Num segundo, este mar vira sertão.

Da beleza do encontro deste deus,
Com a linda sereia, encantadora,
Uma chama flameja, cessam breus.

A sereia engravida-se dolente...
Semi-deusa encantando toda gente,
Meu amor, em teus braços Dóris, mora...



Dóris: Filha do oceano






Dulce



A encontrarei tão calma na alvorada
Dos dias que serei bem mais feliz.
A sua alma serena, iluminada,
Uma cor radiante em seu matiz.

Pois você tem tal dom locomotriz
Que não permite medo nem parada,
É de todas as forças, a raiz
É início e rumo desta estrada.

Como posso viver sem a ternura
Que emana de você, meiga e tão pura
É o fulcro que tanto procurei...

As feridas, com calma, já demulce
Aprendi a viver em sua lei,
É tão terna e tão doce, meiga Dulce...



Dulce: Meiga, doce, terna



Lagrimando com estrambote
Lagrimando saudades prateadas,
Às expensas das loucas intempéries.
Os vates já previram madrugadas
Em silêncio e amores vindo em séries...

Não mereço, por certo que pilhéries
Destas dores nefandas, vãs, caladas,
Corações pirilampos depaupéries
Bem antes das manhãs mais orvalhadas...

Sentindo este coral venal, harmônico,
Esperava por certo, um novo acorde.
Mas ao nascer, amor resta mecônico,

Não há luz nem carinho que o acorde.
Viverei tão incerto, pois afônico
Não ouvirás um canto que discorde.

Coração desespera e bate manso,
O teu colo podia ser remanso,
Em meu sonho sem paz, nunca te alcanço






Bradicárdico
Meu coração chagásico, disforme,
Aflorando-se em pétalas anidras...
Em meio a tempestades sempre dorme,
Aguardando as terríveis, venais hidras...

Num suicídio brando, dor enorme,
Como comemorasse, festas, sidras...
Bradicárdico, pulsando filiforme,
Embalde procurando doces, cidras...

Doces amores, plagas impossíveis.
Díspares seus sonhares, realidade...
As dores não recuam, impassíveis.

Jardins já não dispõem variedade.
As flores se tornaram virulentas,
Sístoles e diástoles... Tão lentas..






Alma prisioneira com estrambote


Minha alma vai ebúrnea, proscrita.
Virginal esperança lamuria...
Entre estreitas cimalhas, vai restrita,
O cansaço do vôo tanto exauria

A sonhadora em abóbadas se atrita...
Quem, entre tantas festas, luxuria;
Presa, atada, morrendo assim, constrita...
Lutando, em desespero já se hauria...
(Alma ebúrnea, marmórea, tristes cenas)

O céu que te atraia, cores plenas,
Parece-te impossível, tão distante...
Pois como o alumbramento p’ras falenas,

Da luz inebriante, sua amante,
Minha alma se escraviza, tantas penas...
Aprisionada, morre nesse instante...



Desilusão!



Desilusão! Maldita companheira!
Por vezes procurei cura de própolis,
Nos meus sonhos helênicos, acrópolis,
Embalde, te mostraste por inteira.

Tua face mostrando verdadeira
Pequenos vilarejos às metrópolis,
Sonhos imperiais, bela Petrópolis,
Desilusão dos sonhos de uma freira

Apaixonada. Serás meu sepulcro!
Pois me acompanharás ao cemitério...
Tantas vezes perdido, vou sem fulcro,

Carregando pesado fardo, vida...
Delírio que imagino, vou funéreo,
Até que a morte, enfim, venha e decida!



Adeus...



Quando, ao dobrar dos sinos, percebi
Que quem durante tempos fora minha,
Eu nunca mais veria;então senti
O medo e desamparo da avezinha

Engaiolada: nunca mais saí...
A solidão, da morte má vizinha,
Depois de tantos anos, ei-la aqui.
Minha alma vai morrendo, pobrezinha...

Amores e saudades, com certeza,
Irmanados; devoram totalmente...
A vida se passando, sem tristeza,

Num átimo, se torna sem sentido...
Todo bem que levava, de repente,
Se vai neste naufrágio, estou perdido..





Edwiges


Nas guerras e batalhas siderais,
As expansões celestes num cortejo
Criando batalhões mais irreais,
Desfilam deslumbrando meu desejo.

Entre estrelas, planetas os sinais
Que demonstram verdades num lampejo.
Em tropéis gigantescos, canibais,
O céu perde, um momento, o azulejo...

Nas flamejantes lanças, holocausto!
Toda a dor explodindo neste infausto...
Miasmas e matérias se confundem...

Por um instante louco, uma viseira
Se ergue. Meus olhos noutros olhos fundem,
Meu amor, Edwiges, a guerreira!



Edwiges: Guerreira rica

textos vários

Amor outonal


Prelúdio deste amor que não previa,
Os beijos e triunfos glamourosos...
A vida, procurando uma harmonia,
Não tinha esses cismares mais garbosos.

Cansado de tentar acrobacia,
Em busca de destinos mais honrosos,
Vadio coração se debatia.
Germina-se dos sonhos vaporosos!

Os meus olhos erguidos caçam lumes...
Montanhas dos desejos, vastos cumes.
Expectativa clara de vitória.

Triunfos tentadores, novos cantos...
Nos prelos da esperança, teus encantos.
No outono, minha vida: extrema glória!
Marcos Loures



Verbena


Bonina delicada, tua alvura
Graciosa e tão sutil, enfeita a vida!
Melífero desejo traz doçura
Da boca que julguei estar perdida.

Abelha seduzida pela pura
Inocência emanada, decidida,
Procura-te em total e sã loucura.
Menina, aonde vai assim florida?

Nos campos, nos pomares, no jardim,
Suave borboleta sobrevoa.
Pura felicidade vive em mim.

Aos raios deste sol, uma açucena,
Bonina, doce amada vai à toa,
Meus olhos já não têm cor de verbena...




Luxúria 2


Nas alcovas procriam-se luxúrias!
Sedentos sedutores sorvem sexo.
As bocas invasivas, tantas fúrias...
A noite reproduz-se perde nexo...

Nem preces, rogos, medos nem as cúrias
Sossegam junção: côncavo, convexo!
Viajam-se loucuras: Roma, Astúrias...
Hormônios derramados, nos meus plexos...

Pernas titubeantes, reentrâncias,
As sedas e perfumes se confundem.
Nas fomes e desejos, as ganâncias...

Polinizando alcovas, borboletas...
Delírios e carícias loucas, fundem.
Nas bocas e nas coxas, mil cometas!




Lúbrica 2

Vestida de imortal desejo e nua,
Estende-se cruel por sobre a cama.
Um passageiro alado já flutua,
Acende fervorosa e louca chama.

Visagem tão fantástica de lua
Exposta totalmente em bela trama,
Escultural figura, densa e crua,
O passageiro, tonto, não reclama...

Ávido desta lúbrica escultura,
Esgueiro por debaixo da coberta
A boca exploradora me tortura,

A seta redentora e sua flecha...
A gruta delicada, porta aberta,
Num átimo, teimosa, já se fecha!



Máscara


Por vezes te pareço até acídico,
Deveras me detenho em tantos ermos...
Os erros que cometo, nem causídico
Defenderia. Tétricos, enfermos,

Desejos se transbordam. Pico, ofídico.
Embora tanto amor assim não termos,
Bem sabes que pretendo ser fatídico.
Palavras tão venais são simples termos...

Sobre este amor, sincero, meu tripúdio.
Empáfias e falácias, simples medo...
Bem sei quanto me dói o teu repúdio!

A dor de amar demais é meu segredo,
Sou qual sonata morta no prelúdio.
Amor, em teu carinho, meu degredo...



Rajadas


Passos calmos procuram harmonia,
Em teus gestos esfíngicos, quimeras...
Devoras a vetusta fantasia
Que se acampara desde priscas eras

No peito solitário. Melodia
Esquecida em felizes primaveras...
Amor de tanto tempo não queria,
Sentidos anciãos já me adulteras...

Nos juncais da saudade, perco o rumo...
Espreita-me a serpente, firma o bote;
Minha alma se esvaindo, leve fumo.

Renovas sensações mais arrojadas.
Prazeres e delícias vêm em lote,
No peito, as emoções vibram rajadas..



Quimeras


Qual vate dos destinos que persigo,
Trazendo teus olhares magnéticos.
Por vezes, indeciso, não consigo,
Bem sei que te figuram anestéticos

Os versos que burilo. Mas nem ligo...
Em êxtases diversos, tão ecléticos,
Percebo-te qual colmo deste trigo,
Deslumbrando-me. Amores são patéticos!

Mefistófeles! Nunca serei Fausto!
Ermitão, viverei sempre sozinho.
Amor que sempre trouxe tanto infausto,

Escusa-se dos versos e das sombras...
Vagando pelos campos perco o linho,
Quimeras, com certeza não me assombras!



escombros

Vagando meus caminhos por escombros
Entregues pelas mágicas penumbras...
A vida carreguei, pesa nos ombros
Tal qual ferocidade que vislumbras.

Meus sonhos se transformam em assombros,
Nas dores que me trazes, me penumbras...
Percalços que transponho, vários combros...
Persigo nova luz onde translumbras...

Homérico desejo: ser feliz!
Bendito quem consegue tal proeza...
A vida morre em palcos, pobre atriz...

Nos pélagos profundos, morro mar.
Quem dera reviva esta certeza,
Outros braços poder, enfim, amar!





Antiqüíssimo amor


Antiqüíssimo amor, recendes frígio!
Vestal e quase implume sentimento...
Conflitos inerentes ao litígio
Que vives; a causar tanto tormento.

Conservas das quimeras tal vestígio
Que forma cicatrizes: sofrimento!
Viver sem ter ciúmes: um prodígio.
Amores nunca são disperso vento...

Às vezes, convulsivos, outras manso,
É verbo que adjetiva minha vida...
Sentido vero e pleno não alcanço.

Contornos femininos, mas tão másculo;
Forma testosterônica traz básculo
Nas dores que carregas. Louca brida!



Cataclismo orgástico


Em cataclismo enorme, titânico,
Em busca de frementes espetáculos.
Amor que sempre fora tão tirânico,
Se mostra mais sutil, como em oráculos

Onde premissas: sorte, morte, pânico;
Freqüentam infernais, iguais cenáculos.
Carícias e desejos, conceptáculos...
Sentimento carnal, quase mecânico!

Inebriantes flâmulas, histéricas.
Sacrofagicamente canibal.
Buscando as epopéias quase homéricas,

Transfunde colossais pressentimentos,
Ungindo-se em torpor, qual animal,
Perpassa meus vadios pensamentos.


Daisy


Amor se prometendo mais sincero,
Em busca de teus olhos, vago o dia...
Por vezes te encontrei, sentido fero,
Nas outras me embalava a fantasia...

Sozinho, por teus lumes sempre espero
Na brusca indecisão sem valentia.
Amor, simples palavra que venero,
Embalde te esperei com galhardia...

Agora, com meu tempo se esvaindo,
A tarde se mostrando mais feroz.
No dia que renasce, claro, lindo;

Escuto teu cismar pela montanha.
Remoendo-me inteiro, vem veloz,
Explodindo-se em Daisy, força estranha!


Daisy: Olho do dia




Dalila



No colar perolado do meu sonho,
Encontrei tal sereia em devaneios...
Pensei que novamente mal medronho
Viria destruir belos anseios...

Entretanto, ao sentir-me mais risonho,
Carinhos mergulhei, teus belos seios...
Cansado do viver tão enfadonho,
Penetro por teus mares, rios, veios...

Relances imprecisos, meu passado,
Um beijo tão sutil, amor destila.
Reflete-se em teus olhos verde prado,

Como a me convidar a ser feliz.
Floresce neste campo a flor de lis;
Maviosa, com delícias de Dalila!




Cantares


Procuro por estradas sem desvios...
Recebo teu poema com vigor.
A noite se reparte trama cios,
Ouvindo tais palavras, traço amor!

Misturo sentimentos com vazios,
Espreito nesta curva, calo a dor.
Umbrais que se fecharam, sem estios.
Gralhando, minhas dores invernosas.

Recebo minhas velas, meus pavios.
As horas sem perfumes, pedem rosas,
Nas plêiades navego, são brilhosas,
Decifro teus cantares, meus navios...



Libertária


Pérolas que carregas, seus poemas,
Alvíssaras e paz, levam consigo.
Recendem esperanças, tantos temas,
As alamedas belas que prossigo...
Nebulosos destinos, os reverte.
Única pérola, liberta o mar;
Resume-se em sereia, que o converte
Incrustando o desejo de voar...
A luz se prometendo incendiária,
Cabendo dentro deste sonho: amar!
As algas, os marulhos.... Procelária
Revoa livremente, sem parar.
Lume se revigora, fonte vária,
As estrelas não podem reclamar!
( a poetisa é sempre libertária)

Friday, November 10, 2006

Vestida de imortal desejo e nua,

Vestida de imortal desejo e nua,
Estende-se cruel por sobre a cama.
Um passageiro alado já flutua,
Acende fervorosa e louca chama.
Visagem tão fantástica de lua
Exposta totalmente em bela trama,
Escultural figura, densa e crua,
O passageiro, tonto, não reclama...
Ávido desta lúbrica escultura,
Esgueiro por debaixo da coberta
A boca exploradora me tortura,
A seta redentora e sua flecha...
A gruta delicada, porta aberta,
Num átimo, teimosa, já se fecha!

Nas alcovas procriam-se luxúrias!

Nas alcovas procriam-se luxúrias!
Sedentos sedutores sorvem sexo.
As bocas invasivas, tantas fúrias...
A noite reproduz-se perde nexo...
Nem preces, rogos, medos nem as cúrias
Sossegam junção: côncavo, convexo!
Viajam-se loucuras: Roma, Astúrias...
Hormônios derramados, nos meus plexos...
Pernas titubeantes, reentrâncias,
As sedas e perfumes se confundem.
Nas fomes e desejos, as ganâncias...
Polinizando alcovas, borboletas...
Delírios e carícias loucas, fundem.
Nas bocas e nas coxas, mil cometas!

Prelúdio deste amor que não previa,

Prelúdio deste amor que não previa,
Os beijos e triunfos glamourosos...
A vida, procurando uma harmonia,
Não tinha esses cismares mais garbosos.
Cansado de tentar acrobacia,
Em busca de destinos mais honrosos,
Vadio coração se debatia.
Germina-se dos sonhos vaporosos!
Os meus olhos erguidos caçam lumes...
Montanhas dos desejos, vastos cumes.
Expectativa clara de vitória.
Triunfos tentadores, novos cantos...
Nos prelos da esperança, teus encantos.
No outono, minha vida: extrema glória!

Calados passarinhos, ninho morto...

Calados passarinhos, ninho morto...
Nas vibrações etéreas, vento manso.
Meu pensamento frágil voa absorto
Em meio a mansidão deste remanso...
Nos áditos perdidos, rumo torto,
Embalde tantas ruas, eu me canso...
Amar sem ter alguém, é meu aborto,
Procuro pela guia e não avanço!
Espedaçado, pávido, indeciso...
Caminhos inauditos e ferozes.
Edênico desejo, paraíso,
Conglobam-se velórios e quimeras...
Nos meus escuros sonhos, ouço vozes
Distantes. Dos amores d’outras eras!

Custódia

Biparti meus desejos, hoje choro...
Amores não permitem tais propostas.
De lágrimas ferozes me decoro,
Os lanhos deste açoite fazem postas.
Perdão, filha do sonho, eu já te imploro!
Aguardo ansiosamente essas respostas.
Truão, vero canalha, mas te adoro!
Punhais que aprofundei nas tuas costas!
Falar de traição é tão difícil!
É como disparar um torpe míssil
Matando todo amor que sempre deste.
Quem dera não houvesse essa rapsódia!
A dor nunca seria minha veste.
Imploro teu perdão; volta Custódia!

Cristina

Das noites sepulcrais, revivo, pasmo;
Grilhões que me maltratam, são quimeras...
Vivendo num caótico marasmo,
Não quis a parcimônia com que esmeras
Os casos teus de amor. Entusiasmo
Contido, sentimentos sem panteras
Nem garras, sem dentadas nem sarcasmo.
Amor que não promete loucas feras!
Distante de teus olhos, alma exora...
Presume teu perdão, com galhardia.
Preciso refazer meu mundo agora,
A dor desta saudade me alucina!
Não deixe-se acabar a fantasia,
Rebenta tais grilhões d’amor Cristina!

Creuza

Amor marmorizado na lembrança,
Em todo seu primor, se destruiu...
No pedestal erguido pela esperança
O meu peito artesão; o amor buril...
Teu corpo contornado de pujança,
Alumbrando meu sonho mais viril.
Eterno reviver desta aliança,
Do amor mais vigoroso e dor sutil...
No páramo tristonho, solitário,
As mãos tão delicadas, maltratei...
Desejo se tornou totalitário,
Ferindo ferozmente a minha deusa...
Assim quem, tolamente, achou-se rei,
Em prantos vem pedir: retorne Creuza!

Cremilda

Brados descomunais, noite pujante.
No ganido longínquo, sofrimento...
Disforme sentimento dum gigante,
A vida se refaz cada momento.
Melancolia chega, estonteante,
O vento se resume: açoidamento.
Na lápide dos sonhos, minha amante.
A dor em mim procura alojamento...
Soberba e soberana, lua atroz...
Não sabes nem sequer minha existência!
Um brado delirante, tão feroz;
Percorre por espaços siderais...
Quem sabe, enfim, terás santa clemência
Cremilda, ouvindo o brado e os meus ais!

Conceição

Mina aurífera, fonte cristalina
Etéreo sentimento penetrando...
Cobrindo meus delírios na cortina
Alvirubram desejos misturando!
Cores, formas, anseios e a menina
Diáfana, redentora... Completando
Este cenário audaz, lua divina!
Meus humores, prazeres até quando?
Os céus se multiplicam em primores,
As hordas de falenas que desfilam,
Em busca do teu lume; nos odores
Perfumantes que exalas, na paixão!
Nossos desejos, carinhos já destilam,
Na música que emanas, Conceição!

Cleonice: Aquela que tem glória, fama

Cleonice: Aquela que tem glória, fama

Amar é meu tormento mais constante,
Os versos que te faço, meu empenho...
Palpita um sentimento delirante,
Sem forças, vou tentando e me contenho!
Amor que me transforma num gigante,
É mais do que consigo e do que tenho.
No canto que te faço, minha amante,
Eu tento transformar teu duro cenho.
Fogueira que me abrasa, forte chama.
Meu amor desenhando sua trama,
Não diga, por favor, não é tolice.
Ador que me exaltando, me levanta,
Também é semente para a planta.
Assim como p’ra vida, Cleonice!

Clementina: Aquela que possui bondade e clemência

Clementina: Aquela que possui bondade e clemência

Perdoe se não faço-te feliz.
Os erros do passado no presente...
A lua se revolta e me desdiz.
Quem ama, de verdade, tudo sente.
O sol do nosso caso está poente.
A vida vai passando, por um triz;
Amar é necessário e tão urgente!
Jardim que não floresce flor de lis.
Perdoe meu amor que é inconstante,
Te peço tão somente a paciência.
Quero viver cada feliz instante,
Profusamente! A vida me alucina,
Te imploro tão somente por clemência,
Terás felicidade, Clementina!

Claudia

Claudia

Cordilheiras andinas, os condores
Trazendo liberdade em suas asas...
Desfraldam-se dezenas de pendores
Abertos encimando tantas casas.
Seus vôos, maviosos, redentores!
Embaixo, as dores lembram outras Gazas,
Triste povo, sofrendo suas dores,
As chamas da miséria, vivas brasas...
Cordilheiras andinas, liberdade!
Os altos das montanhas são nevados.
O frio que maltrata também arde,
Assim como meus olhos congelados
Na espreita deste amor que nunca vem...
Condores, liberdade, Cláudia, bem...

Clarisse: Brilhante, ilustre

Clarisse: Brilhante, ilustre
Trazes todas estrelas que quiseres,
Os céus só são brilhantes porque existes.
Em todos os amores que me deres,
Meus versos deixarão de serem tristes!
Tu és rainha e deusa, bela Ceres
Mas, verdadeiramente, não são chistes,
Eu encontrei em ti, tantas mulheres.
Apaixonadamente, pontas, ristes...
És banquete completo, mil talheres...
Trago, nas entranhas, tantas dores...
Dum tempo que morri e ressuscito.
Vida se diluindo em estertores.
Vieste como luz, que enfim eu visse,
Trazendo as esperanças, vivo grito,
Da vida renascer em ti, Clarisse!

Passado

Passado
Não quero perguntar d’onde vieste,
Nem quero que me mostres cicatrizes.
Me dizes que passaste por Trieste;
Nos tempos, áureos dias, mais felizes.

No mundo sempre existem tais ciprestes:
São duros, são gigantes, sem deslizes...
No fundo, não resistem ventos lestes.
Ao fogo da verdade, são perdizes!

Jamais te esconderei os meus pecados;
São tantos, são venais, estão expostos...
Não crio nem fantasmas nem sobrados.

Sou manso como fera em pleno cio.
Cadáveres (passado) decompostos,
Não trago essas mortalhas; vou vazio!

Clara

Clara

Os ventos e as nuvens, tempestade!
A noite se nublou, escureceu...
Na vida procurando claridade,
O mundo que sonhava, já morreu.

Tantas vezes vivendo ansiedade,
Mal posso definir, em pleno breu,
Àquela a quem amava de verdade.
A noite em minha vida, já choveu!

Minha alma em plenitude procelária,
Espera ansiosamente por um lume.
A morte, que antes fora imaginária,

Num átimo ressurge, já se aclara.
Minha esperança, frágil vaga-lume,
Repousa em teu desejo, ilustre Clara!


Clara: Brilhante, ilustre

Cíntia

Cíntia

Nas luzes tão serenas, minha amada,
Nos montes, nas florestas e nas matas.
Por entre cachoeiras e cascatas;
A vida se transcorre iluminada!

A sorte que me deste, minha fada,
Nas horas mais difíceis, me desatas.
Os cardos mais cruéis, tu não maltratas,
A seta que carregas, perfumada!

Os meus desejos são tuas vontades...
Dominas meus anseios com vigor.
Nas lutas pela vida, claridades,

És poderosa chama, sou fumaça;
Na vida sempre fui um caçador,
Mas, em teus braços, Cíntia, sou a caça!




Cíntia: Um dos nomes da deusa Diana ou Ártemis

Cinira

Cinira



No país dos meus sonhos mais sensíveis,
Um canto merencório me alucina.
Cantado por sopranos invisíveis,
A música me invade, cristalina!

Acordes dissonantes, tão incríveis,
A noite dos idílios descortina.
Trazendo tais tristezas incabíveis.
A lágrima maltrata e me domina!

Um som maravilhoso, mas tristonho,
Qual fosse maldição que se cumprira.
Meu mundo se refaz, procuro o sonho,

Envolto está no canto que delira...
Nos barcos deste sonho então me ponho.
Nesta harpa delirante de Cinira!


Cinira: Harpa de som triste

Cibele

Cibele

Acima do que posso imaginar,
Repousa tão fantástica beleza!
O Olimpo, certamente faz brilhar,
Com lume e com potência de princesa.

Dos seus braços, nasceram terra e mar
Seu seio amamentou a realeza!
À noite resplandece no luar,
A vida fez nascer, sua grandeza.

O mundo, seus pecados e delícias,
Etéreos passageiros, sombra e luz.
O campo das estrelas, as malícias.

As ninfas, seu carinho e sua pele.
Nas Plêiades, desejo seu transluz,
Consorte, lhe encontrei, minha Cibele!

Cibele

Cibele

Acima do que posso imaginar,
Repousa tão fantástica beleza!
O Olimpo, certamente faz brilhar,
Com lume e com potência de princesa.

Dos seus braços, nasceram terra e mar
Seu seio amamentou a realeza!
À noite resplandece no luar,
A vida fez nascer, sua grandeza.

O mundo, seus pecados e delícias,
Etéreos passageiros, sombra e luz.
O campo das estrelas, as malícias.

As ninfas, seu carinho e sua pele.
Nas Plêiades, desejo seu transluz,
Consorte, lhe encontrei, minha Cibele!

Cibele

Cibele

Acima do que posso imaginar,
Repousa tão fantástica beleza!
O Olimpo, certamente faz brilhar,
Com lume e com potência de princesa.

Dos seus braços, nasceram terra e mar
Seu seio amamentou a realeza!
À noite resplandece no luar,
A vida fez nascer, sua grandeza.

O mundo, seus pecados e delícias,
Etéreos passageiros, sombra e luz.
O campo das estrelas, as malícias.

As ninfas, seu carinho e sua pele.
Nas Plêiades, desejo seu transluz,
Consorte, lhe encontrei, minha Cibele!

Christiane

Christiane

Num templo abandonado no deserto,
Encontro tua imagem, cristalina.
Dos sonhos que já tive, estive perto,
Imagem tão risonha, me alucina!

Não sabia: sonhava ou mais desperto,
À sombra do retrato, minha sina!
Amor, o sentimento que eu oferto,
Àquela cuja imagem determina.

Um sonho? Vão delírio de um poeta?
Não posso precisar, falta certeza.
Qual força me enlouquece e arquiteta

O rosto desta bela criatura?
Em pleno afresco fosco, esta beleza,
A amada Christiane brilha, pura!


Christiane: Seguidora de Cristo

Celina

Celina


Nasceste na nascente do universo,
Olhar primaveril tão envolvente!
Te canto mergulhado no meu verso,
Procuro teu olhar em toda a gente.

Meu mundo sem teu canto é tão disperso,
Em tristes melodias, de repente,
Transborda neste mundo. Sou reverso,
Avesso, sem te amar perdidamente!

Nos céus donde vieste, na alvorada,
Promessas benfazejas de fortuna!
A noite em tempestades, mais soturna,

Espreita, de tocaia, me alucina!
Eu canto esta canção desesperada,
Na espera de te amar, linda Celina!

Celina: Filha do céu

Célia

Célia


Amar como eu te amei, a vida inteira...
Sem medo e sem vontade d’um adeus.
Em cada noite, a lua mensageira
Trazendo claridade nos meus breus.

A tarde das angústias, derradeira,
No amor, meu sacrifício, louva-deus!
Não canto despedida, faço esteira
Dos raios, dos luares, louvo a Deus...

Embora já temi o meu destino,
A morte não trará essa incerteza.
A vida noutra vida outra beleza!

Eterno coração, velho menino...
Amor igual ao nosso, mansa fera,
Só Célia me traria, tão sincera!


Celia: Aquela que é sincera e verdadeira

Amor desesperado

Amor desesperado
Amor, desesperado e traiçoeiro...
Procuro, nos seus bolsos, minha algema.
Não fui feliz, apenas verdadeiro.
O mote da existência; minha gema!

Te quis, eu mergulhei e fui inteiro,
Teu cheiro me trazia a piracema,
Teu corpo deslumbrando-me, tinteiro,
Deixou um só sinal, acho que trema...

Levaste meus acordes e meu pinho,
Sonatas e sensórios insolventes...
Sem suspensório, calça e colarinho,

Caminho sem sentido e sem remédio..
Meus versos invertidos e sem dentes,
Vasculham nas estrelas, fim do tédio...

Cecilia com estrambote

Cecilia com estrambote



Não podes ver o brilho deste sol,
A tarde emoldurada, várias cores.
O lume não te serve de farol,
Nem beleza incerta destas flores!

Porém, toda a candura dos olores,
A forma delicada, o girassol,
Ternura que carregas, teus pendores!
No canto mais feliz do rouxinol
(Delícia de saber tantos amores!)

Por certo teus sorrisos em malícias
Demonstram feminino ar, armadilha...
Carinhos e desejos, nas carícias,

No olor e maciez da bela tília.
A vida se transborda nas delícias
Dos olhos deste amor. Minha Cecília!

Cátia

Cátia


Sim, decididamente não me queres!
Os teus olhos trazendo esta verdade.
Tantas vezes carrego meus halteres
Tentando convencer-te. Vaidade

E suplícios. Em vão! Sei que preferes
Palavras envolventes, claridade,
Os lumes estrelares. Caracteres
Mais concisos, assim, restou saudade!

Que poderei fazer? Não faço verso!
Meu mundo se resume: academia!
Nos músculos está meu universo!

Cátia, estarei buscando um claro dia,
Torrente caudalosa e tão completa,
Que me faça acordar, livre, poeta!

Catarina

Catarina


Mocidade vibrante, me estonteia...
Audácias e desejos são constantes.
Nas luas e nas ruas tece teia,
Viaja por planetas mais distantes.

A noite, nas delícias, incendeia,
Os raios do luar, simples amantes...
Nos cantos e motéis, noturna ceia,
Os corpos se entrelaçam, delirantes.

Mocidade... Faz tempo que não vejo...
Meus carinhos dormitam na incerteza,
O peito, démodé qual realejo,

Na visão de teu corpo se alucina...
És manto de pureza e de beleza.
Por que tu demoraste, Catarina?


Catarina: Aquela que é pura, nobre e imaculada

Versos Traiçoeiros

Versos Traiçoeiros
Não quero meus poemas, os detesto!
Expondo minha entranha malfazeja,
Mostrando meus estrumes, sou o resto.
A morte, companheira, me deseja...

Vou medonho, meus versos desembesto
Trazendo a podridão que já me beija.
A noite me trazendo seu incesto,
Promíscua relação que nunca invejo.

A noite enluarada se engravida,
Dos raios terminais deste deus sol.
A morte que pensei, brotar da vida,

Refaz o seu caminho, sem farol,
Meus versos, traiçoeiros, forte brida,
Atando-se em teus braços, gira o sol...

Cassiana

Cassiana

É certo que pequei, eu não discuto.
Errei ao perseguir teus mansos passos.
Tantas vezes, perdido, fui tão bruto.
Outras tantas, busquei-te, vãos abraços...

Ao longe, transtornado, então me enluto;
Por ter, assim, entrado em teus espaços;
Tens razão: destruir um podre fruto,
Rebentará, decerto, falsos laços.http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=26879245
Criar

Mas peço, por favor, por caridade,
Não deixes este sonho se acabar!
Em vão, já procurei pela verdade,

A luta se mostrou leda, temprana...
A noite, meu amor, trouxe o luar,
Te espero, minha amada Cassiana!

Cássia

Cássia


Minerva, num delírio sedutor,
Ao ver esta mulher que caminhava.
Momento de raríssimo esplendor,
Um pássaro a voar, manso, cantava

Os hinos mais perfeitos ao amor.
Aurora deslumbrante demonstrava
Belezas e perfumes, rara flor...
Vulcânicos fulgores formam lava.

Minerva, se encantado, prontamente,
Mandou iluminar os teus caminhos...
Levando seus talentos para a mente

Desta mulher. Das flores, fez acácia
Beleza feita em cachos de carinhos...
Ao mundo, então, brindou contigo, Cássia!

Cassandra

Cassandra


És minha companheira mais fiel!
Toda dor que esta vida sempre dá
Momento tão difícil, mais cruel,
Na lua que jamais retornará,

És a certeza plena que há um céu!
Amiga, onde estiveres, estou lá,
És todo o meu sustento, meu farnel!
Meu sonho, nunca mais, se findará!

Por vezes me encontraste abandonado,
Sozinho, sem promessas de esperança.
A vida parecendo um peso, um fardo...

Rastejo minhas dores, salamandra,
Teus braços me levantam, na aliança
Eterna deste amor, minha Cassandra!



Cassandra: Auxiliar do homem

Carolina

Carolina

Nos campos verdejantes, belas flores...
Perfumes de diversas qualidades.
Abelhas, passarinhos, tantas cores.
Batendo um coração, tristes saudades...

Nos céus as alvoradas são favores
Divinos. Nestes campos, nas cidades,
Procuro pelos rastros dos amores;
Embalde, nunca vejo claridade!

A vida sem te ter, já se amofina,
O mundo não permite um triste canto.
A noite, no meu peito descortina,

Ofusca essa beleza, nega encanto.
Meus dias procurando Carolina,
Nas águas deste rio, todo o pranto!

Carol

Carol

A vida amanhecendo ensolarada.
Andorinhas, pardais, cantam bom dia,
Nas árvores louvando. A passarada,
Plena satisfação na cantoria!

Um manto de esplendor, de fantasia,
Se espalha na manhã, linda, orvalhada!
O mundo inteiro vive essa alegria,
Todos, menos minha alma apaixonada!

Uma nuvem tristonha perde o sol,
Embora tanta vida se deslinde.
A natureza, bela neste brinde,

Esquece deste pobre girassol.
Antes que esta manhã, linda, se finde;
Espero por teu beijo enfim, Carol!

Carmo

Carmo
Carmo: Religiosa

Altares dos amores que sonhei
Nossas manhãs, cetim e veludo.
Amor que sempre, louco, procurei
Tuas mãos são promessas. Não me iludo.

Teus palácios, castelos, tua lei.
No templo do talvez e do contudo,
No teu mundo de sonhos, mergulhei.
Retorno do teu reino, quieto, mudo...

Amar perdidamente, minha sina...
Os versos de ansiedade e de tortura...
A noite simplesmente me alucina.

Nas torres, teu castelo, tanta altura,
Meus olhos se turvando em tal neblina.
Meu amor te encontrou, Carmo, tão pura...

Carmem

Carmem
Carmem: Poema, versos, poesia

Quem dera ser poeta e te dizer
Das nuvens e das chuvas que não trazes
Da noite que te encontra, meu prazer.
Da vida que te trouxe tantos ases.

Das asas que carregas, sem saber.
Tua vinda renasce em mim, as frases
Vindas do coração. Tento ler
No livro de esperanças, luas, fases...

Quem dera em mansos versos proclamar
Beleza que encontrei no teu olhar.
Quem dera conhecer a fantasia

Que encharca tua noite de luar.
Que traz toda a pureza deste dia,
Quando encontrei-te, Carmem, poesia...

Carla

Carla


Desejados carinhos desta lua...
Infinitos os raios que me dás,
À noite, a esperança que flutua
Me traz a verdadeira e mansa paz..

A visagem serena, bela, nua,
Desta mulher fantástica, voraz,
Que navega meu mar, numa charrua...
Na visão mais dileta, mais audaz...

Um escultor, ao vê-la, disse: parla!
Meu canto de louvor, a ti dedico.
As palavras, não gasto numa charla.

Meu rimar, ao sonhar-te, sempre rico.
Amor igual ao meu, somente explico
No brilho dos teus olhos, bela Carla!

Carina

Carina
Carina: Aquela que tem graça, delicadeza

Tuas mãos delicadas, tão sensíveis.
Promessas de carinhos e de paz...
Teus passos pelas ruas, inaudíveis,
Flutuas, com certeza! Sou capaz

De naufragar meus sonhos impossíveis
Nos mares que me trazes. Tanto faz
Se, nas estradas loucas, invisíveis
Preciso for voar, serei audaz!

Teus dias se transcorrem graciosos,
A vida sem teu beijo, desatina...
Os dias se tornando belicosos

Se não estás comigo, cristalina!
Meus olhos te procuram, ansiosos,
Onde estás, delicado amor? Carina...

Cândida

Cândida
Cândida: Aquela que é alva, pura

Folhas secas, tristonhas, sobre o chão...
Silenciosas tardes, vento frio.
Meu pranto de ansiedade, coração,
Esperando, seguindo tão vazio...

Tanto tempo perdido, vou em vão...
A chuva me impedindo o claro estio,
Em busca simplesmente do perdão.
Deste nada, total nada, sombrio...

Mas, de repente, brilhos no horizonte...
A Terra se cobrindo de esplendor.
As águas renascendo velha fonte.

A luz iluminando noite escura.
De novo conhecer o que é amor!
Olhos desta mulher, Cândida, pura...

Camila

Camila
Camila: Aquela que nasceu livre

Liberdade! Meu canto te procura
Nas penumbras longínquas, siderais...
A noite que tivemos, mais escura,
Espreita negras nuvens colossais.

A dor de amar demais jamais se cura.
Crepúsculos tristonhos, abismais...
Bebendo desta mágoa, sem brandura,
A vida emoldurando catedrais!

Nos dourados veludos, no cetim
A maciez da pele, veleidade...
Encantamentos, lábio carmesim...

O mel que tua boca já destila,
O canto deste amor à liberdade:
Só encontrei no teu cantar, Camila!

Cacilda

Cacilda
Cacilda: Lança de combate

Não temo esses combates nem as lutas.
Cerrando os tristes olhos, te encontrei.
As noites sem carinho são mais brutas,
Nos campos de batalha fui o rei!

Agora que, distante, tudo enlutas
Agora que, perdido, não te achei;
Escondo-me, procuro escuras grutas,
Feridas que me causas, não curei.

Flamejas nas mortalhas que me deste,
Penetras corações com tuas setas...
A vida passa a ser um simples teste.

Desfolhas, nos teus beijos, toda flor!
Qual Eros, suas flechas prediletas,
Cacilda, tua meta é meu amor.

Bruna

Bruna
Bruna: Escura, parda

O sol se transformando em espetáculos!
As praias, belos mares e sereias
Amor se diluindo, seus tentáculos,
Invadem litoral, quentes areias...

Morenas desfilando. Nos oráculos,
A febre dos amores; me incendeias...
Nos altares divinos, tabernáculos,
Nas praias, os desejos entram veias...

Caminhos de corais, longas jornadas,
As ilhas tão distantes, minha escuna..
Belas sereias, nuas, encantadas...

Elfos e silfos, vento manso, sonho...
Num marulho suave, um barco ponho...
Meu barco, meu amor, morena Bruna...

Brigite

Brigite
Brigite: Aquela que guia

Tateando, busquei por teu carinho
Como se fora náufrago sedento.
Por tanto tempo, pálido, sozinho,
Clamando por teu nome, livre vento...

Aos poucos, sem te ter, tanto definho,
Pois não me sais jamais do pensamento!
Sou pássaro tristonho sem ter ninho,
A chaga terebrante pede ungüento!

Angústias acompanham meu desejo.
Quem me dera beijar salgada pele...
Caminhar por estradas de azulejo,

De ladrilhos dourados, tua trilha...
É beleza sem par que me compele
Brigite, teu caminho, maravilha!

Brígida

Brígida

Na derradeira noite deste amor
Que nos trouxe tristeza e alegria
A vida se mostrou ao teu dispor,
Em plenas convulsões da fantasia

Dançávamos felizes sem temor
Das horas de torpor, melancolia...
Esquecemos que toda bela flor
Por certo murchará, num triste dia!

Dores antigas matam sentimento.
Nada mais restará senão adeus...
Palavra sem sentido, leva o vento.

Minha alma não se cansa de lembrar
O beijo que trocamos, sonhos meus,
Ah! Brígida! No amor, foste ao luar!

Bianca

Bianca

Noite clara de amor, imensidão!
Nos céus e nas montanhas tanta alvura...
Nas palavras, no vento, mansidão..
Um sendeiro fantástico de ternura.

Marinhos caracóis trazem paixão
As ondas se rebentam com brandura...
Espumas, calmaria... Na amplidão
A lua se deslinda em paz, brancura...

Uma nova sereia traz o mar.
Os cavalos marinhos, os corais,
As águas transparentes, o luar...

Estrelas desfilando; noite branca...
Amor que revelou-se mostra a paz,
Nos olhos radiantes de Bianca!

Betânia

Betania: Simplicidade, humildade

Trago as sombras antigas de quimeras,
Caminhando por pedras entre urzes....
As fontes desejadas, as esperas,
Já se despedaçaram, velhas cruzes...

Derradeiros prazeres, mortas eras,
Invernaram-se inteiros, negam luzes...
Soledades, tristezas, vis crateras;
Em guerra corações, setas, obuses...

Distante do castelo das perfídias,
Uma bela mulher adormecida...
Em volta da tapera, mil orquídeas.

Toda simplicidade da beleza...
És última esperança desta vida,
Betânia, teu amor, uma riqueza!

Berta

Berta: Brilhante, gloriosa

No fundo do oceano revoltoso,
Serpentes, calabares tão terríveis
Abismo tão profundo, tenebroso.
Gigantes monstruosos, invencíveis!

Tanto brilho estrelar, misterioso,
Dos peixes abissais, seres incríveis!
Caminham quais cometas! Glorioso
Mar de fantasmagóricos desníveis...

Céus de estrelas diversas, tão gigantes...
Nas luzes de cometas e quasares,
Universos de cores radiantes!

Amor, no sentimento delirante,
Amantes se iluminam nos luares...
E Berta, gloriosa e tão brilhante...

Wednesday, November 8, 2006

Bernarda

Eu ando a mendigar pelas estradas
Buscando por amparo e nada vem...
Ninguém a me sorrir, noites geladas,
Anseio por carinhos mas, ninguém!
As rosas se morreram, desfolhadas,
Os cálices de vinho, quero alguém!
As ondas se passaram, naufragadas
Distantes dos meus sonhos. Perco o trem...
Não tenho mais saída, sou revés.
Rastejo pelo mundo, quebro os pés.
A morte, redentora, não se tarda!
Uma esperança frágil inda resta,
Quem sabe voltarei de novo à festa
Da vida, nas mãos santas de Bernarda!

Bernadete: Aquela que tem a força de um urso

Bernadete: Aquela que tem a força de um urso

A nossa casa, amor, já não existe...
Procuro meus quintais, não mais os vejo.
Meu bem, a vida queda-se tão triste!
A morte vem chegando, em seu cortejo!
Um frágil coração jamais resiste
À ausência dolorosa do teu beijo!
Sou pássaro faminto, sem alpiste,
Sou tarde que perdeu seu azulejo!
Vivendo de ilusões cadê a casa
Onde fomos felizes? Sem jardim,
Mergulho esse infinito, sem ter asa.
Meu mundo se perdendo, sem confete...
É quarta feira, cinzas, mesmo assim,
Teu nome irei gritando: Bernadete!

Berenice: Portadora da vitória, vencedora

Berenice: Portadora da vitória, vencedora

Esmolei tantas vezes teu carinho!
Meus versos em total monotonia...
Um coração morrendo, pobrezinho,
Espera enfim, nascer de novo, um dia...
Meu velho paletó, recende linho,
A chuva no meu peito, nunca estia...
No meu canto, assum preto fez o ninho,
Calada, adormecida, a poesia!
Cinzentas brumas, mares inconstantes,
Derrotado, procuro por teu colo.
Um dia, fomos lúdicos amantes,
O tempo, tão cruel, tudo desdisse...
Altos céus, mergulhei, caí ao solo.
Tu és vitoriosa, Berenice!

Benedita!

Nossa casa, resquícios dum passado
Cruel, difícil, livre, encantador!
Vivemos triste mundo amortalhado,
A vida já não tem nenhum valor!
Maldita esta saudade, vou de lado,
Espero por um dia, redentor!
De colmo, nossa casa, seu telhado,
Porém era sincero, teu amor.

Num êxtase vivemos nossa história.
Idílico caminho sem volta
O tempo derramou a nossa glória.
A noite que nos viu, morrendo aflita,
Em loucos sentimentos, se revolta...
Saudades do teu brilho, Benedita!

Beatriz

Astros que derramaste quando vinhas,
Deitada nas alfombras dos meus montes...
És flor que iluminando minhas vinhas,
Caminhos encantados, rendas, fontes...
As flores que plantaste, todas minhas,
O mundo que transborda tuas pontes.
As ervas que maltratam, mais daninhas,
Nunca irão impedir teus horizontes.
Amada, água tão mansa e benfazeja.
Nas duras tempestades, meu abrigo!
A cor destes faróis, já me azuleja,
Não posso me olvidar de ser feliz!
Meus astros encontrei, não mais persigo.
Estão em teus abraços, Beatriz...

Bárbara: Estrangeira

Bárbara: Estrangeira

As cinzas apagadas, quero o fogo!
Nas chamas destes braços, meus confeitos
Te peço, te repeço, tanto rogo!
Amores que plantei, eram perfeitos...
Nas sendas dos meus sonhos, teu olhar...
No mundo que encontrei, és um vulcão!
Por tantos universos, vou te amar!
Explodes em delírios, coração.
Na brasa que trouxeste, meu desejo.
Quimeras esquecidas, não as tenho...
Embora tantas vezes fecho o cenho,
Na noite que rolamos, verdadeira...
Sentidos e carícias, relampejo.
Bárbara, meu amor, luz estrangeira!

Núria

Núria

A vida, caminheira, não se cansa.
Traduz-se em divinais formas e brilho.
Trazendo, no seu bojo uma esperança.
Depois de tanta dor, me maravilho
Com olhos que iluminam, canto e dança.
Percebo-te num claro e belo trilho,
A luz desta esperança já te alcança.
Num lago, fino amor, de mãe e filho...
Quimeras e disfarces, falsos medos...
Os mágicos delírios de mulher.
No fundo, desvendando-se segredos.
Nos mares, nas montanhas em Astúria,
Caminhos d’oceanos se quiser,
Teus versos sempre encantam, maga Núria!

Aurora: O romper do dia

Aurora: O romper do dia

Tua luz, espetáculo de vida!
Anseio por teus olhos, claros dias!
A chama dos amores, aquecida.
Rondando nossos sonhos, melodias!
Amar-te cicatriza essa ferida
Que a vida me causou; melancolias.
A bela, que julguei, adormecida,
Clareia meu amor com honrarias!
Nas ânsias de saber onde encontrar,
Esqueço-me das dores lá de outrora...
A noite mal termina, volto ao lar
A vida qual verbena, vem, se flora...
Encantos do teu brilho sobre o mar.
Felicidade; vivo amor: Aurora!

Áurea: Aquela que é dourada, de ouro

Áurea: Aquela que é dourada, de ouro

Olhos fitos, buscando por um sol.
Encontro essa riqueza que deixei.
Em meio aos arquipélagos, atol,
Ilha aonde pensava ser o rei!
Minha boca ansiosa te beijei,
Num momento julgava-me farol.
Como é cruel, Meu Pai, a tua lei!
Agora vou sozinho, um catassol!
Dourados os caminhos que passara,
Inebriei-me, tonto, mas passou...
A jóia que dispunha; viva! Rara!
Depois desta tormenta, sobrou nada!
Vazio coração, agora vou,
Buscando te encontrar: Áurea dourada!

Augusta: Aquela que é majestosa

Augusta: Aquela que é majestosa

Pensei que conhecesse meus desejos...
Pensei, apenas soube dos meus erros
Ao conhecer os campos dos desterros
Onde repousam, néscios, nossos beijos!
Procurei por entranhas e sentidos,
Os vales, cordilheiras, foram vãos.
Pensávamos amores como irmãos
No fundo, sentimentos corrompidos...
Agora, que conheço meus defeitos,
Meus lábios te procuram, como um sol...
Meus olhos devorando fartos peitos.
Na vida, esse delírio já me incrusta
Eu t’ amo! Te procuro, girassol,
Na tua majestade, amada Augusta!

Astride: Rainha dos belgas

Astride: Rainha dos belgas

Tu vais, tranquilamente, pelas ruas,
Procuro tuas cores, belo outono...
Imagens de mulheres lindas, nuas
Meu mundo se resume em abandono!
As bocas que sonhei, deveras cruas,
Agora não freqüentam o meu sono.
Mulheres se passaram, foram luas.
De destino cruel, eu sou o dono!
Mas eis que minha sorte se revela,
Na curva desta estrada, se avizinha!
A luz que bruxuleia como vela,
Num segundo, em farol já se transforma.
Beleza sem igual, a noite forma,
Astride, neste outono, uma rainha!

Arlete: Penhor, garantia

Arlete: Penhor, garantia

Trago-te meu delírio e meu remendo...
Minha alma se esgotou sem teus pendores...
As ondas que navego, sem as cores,
São lumes que jamais, de novo, acendo...
Carinhos tão chagásicos vivendo,
Palpitam no meu sol, meus estertores...
Martírios deste mundo sem amores,
O corte do desejo repreendo!
Meu mundo não precisa fantasia,
Fanáticos momentos são inglórios...
A morte dos meus sonhos, sem velórios,
O canto da saudade é garantia.
Meu astro se desfaz, puro confete,
Renasce nos teus braços, Bela Arlete!

Antonieta

Antonieta

Amor que recomeça e não termina,
Se faz destas terríveis emoções.
É fonte do desejo, minha mina,
Embalde procurando corações.
Escuto tua voz , Ó minha sina,
A vida vai passando aluviões...
Gorjeio da saudade me alucina,
As pálpebras verbênicas, paixões!
Os olhos garços, tristes te procuram,
Num átimo te encontram, mas cometa...
As dores que provocas, não se curam.
A morte se aproxima, mas me engana...
Noutro momento, lúbrica, espartana
Deitada em minha cama, Antonieta!

Antonia: Aquela que está na vanguarda, inestimável

Antonia: Aquela que está na vanguarda, inestimável

Alvorada que busco, meu desejo..
Nos braços das estrelas, adormeço.
O canto que dedicas, não mereço,
O medo de morrer me enche de pejo!
Na palidez tristonha, nada vejo,
A vida me transmuda sem tropeço.
Espero fantasias, adereço,
Em meio a tempestades, peço um beijo!
Nos campos procurando uma açucena,
A cor maravilhosa da verbena
Encanta meus olhares, me alucino...
Por quantas noites, tive tanta insônia,
Amor é sentimento em desatino.
A minha salvação: amada Antonia!

Angelina: Aquela que é como um anjo, pura

Angelina: Aquela que é como um anjo, pura

Num vestido de chita bem rodado,
Caminha esta princesa e me domina.
No tempo que sofri, e foi passado,
Procurando, nas matas, rica mina.
Meu mundo parecia desgraçado,
A lua no meu céu já não domina.
Embalde vasculhei o povoado,
Queria te encontrar, bela menina!
Olhando para o chão, onde buscava,
Não pude discernir tua beleza.
A luz do sol já não iluminava,
Meu mundo resumia-se em tristeza.
Mas, quando mais eu me desesperava
Achei, em Angelina, tal pureza!

Alessandra

Juventude perpétua sem queixumes,
Promessas de viver felicidade...
Amar sem sofrimentos, sem ciúmes,
Guardar, bem escondida a vil saudade.
Princesa que me encharca de perfumes
Não quero retornar à realidade!
Na terra dos prazeres, bons costumes,
A fantasia vive na verdade!
Água que pureza não se iguala,
Perfume de lavanda solto ao ar.
A vida tal doçura, calma, inala,
Meus reinos por teu reino, sou teu rei!
Amar é pouco, quero te adorar!
Alessandra, princesa que sonhei!

Açucena - Branca, pura...

Mergulho no oceano dos encantos,
Palácios e princesas, sei de cor.
Não temo nem as urzes, desencantos,
A vida me guardou seu bem maior!

Alvores e manhãs magas belezas,
Meu reino entre diversos, maravilha...
Searas de ternura e de riquezas,
Nos perfumes e cores, flores, tília...

Escuto estas cantigas nos umbrais,
A vida, com certeza, vale a pena.
A noite me promete festivais,

Prateando com a lua, toda a cena.
Deslindam-se loucuras imortais.
Na beleza tão pura de Açucena!


Açucena - Branca, pura...

Acácia - Imortalidade

O mundo me detesta, disso eu sei.
Não tenho nem promessas nem esperas...
O rastro das tristezas que causei,
Me levam aos caminhos das quimeras...
Nos prados das saudades fui o rei.
Vencido por batalhas, priscas eras.
Desgraças que, por certo, te causei,
As dores aplacando frias feras...
Agora me perdoes se és capaz.
O mundo não deseja tal falácia...
Eu quero teu amor, preciso paz.
A vida se demora mas, audaz,
Sabendo-me mortal, eu sou tenaz,
Amor faz imortal a maga Acácia...

ARIADNE: castíssima.

ARIADNE: castíssima.

Magia encantadora conheci,
Nos frêmitos divinos, coração!
Por mundo tão fantásticos saí,
Buscando encontrar a solução
Do vazio que estava todo aqui,
Na quimera feroz, a solidão.
Anseio seus mistérios, me perdi,
À procura do afago, seu perdão!
És pura, teus caminhos sem deslizes,
Sem marcas, que enod'assem teu passado.
Por mais que sempre foram infelizes,
Os dias que passaste mas, dulcíssima
Perdoa coração apaixonado.
Ariadne, mulher linda e castíssima!

ARIADNE: castíssima.

ARIADNE: castíssima.

Magia encantadora conheci,
Nos frêmitos divinos, coração!
Por mundo tão fantásticos saí,
Buscando encontrar a solução
Do vazio que estava todo aqui,
Na quimera feroz, a solidão.
Anseio seus mistérios, me perdi,
À procura do afago, seu perdão!
És pura, teus caminhos sem deslizes,
Sem marcas, que enod'assem teu passado.
Por mais que sempre foram infelizes,
Os dias que passaste mas, dulcíssima
Perdoa coração apaixonado.
Ariadne, mulher linda e castíssima!

ARACI: a mãe do dia, ou seja, a aurora.

ARACI: a mãe do dia, ou seja, a aurora.

Noite que me traria teu amor,
É noite engalanada maviosa.
Explode-se nas chamas, esplendor!
Perfuma meu desejo, linda rosa,
Vestido carmesim, cadê rubor?
Se entrega no festim, audaciosa,
Vulcânica, desmancha-se em calor,
Em meus braços, dilui-se, vaporosa!
Na noite dos desejos e carícias,
Imerso em teus delírios e delícias,
Prazeres que em loucura revesti.
É mar que, enluarado, me convida,
Orgástico, fecunda e se engravida,
Na aurora, mãe do dia, em Araci...

APARECIDA

APARECIDA

No mel de tua boca, pleno gozo,
Nos ventos, meu orgulho de lutar.
Por vezes, meu caminho é andrajoso,
Distantes esperanças, céu e mar....
Vitórias sempre deixam orgulhoso
Quem sempre se perdeu por não amar.
Chama queimará pobre ser teimoso
Ao largo das estrelas, ao luar...
Travando mil batalhas contra a sorte,
Espero preservar a minha vida.
O coração boêmio teme a morte.
A juventude morre, má, fendida.
Amor que representa duro corte,
Renasce em teu olhar; Aparecida!

ANITA

A luz que te traria me enganou,
Não trouxe nem sequer um vago lume.
Saudade que senti, ressuscitou
Nas asas desse amor, um vagalume!
Carrego o muito pouco que sobrou,
A dor, o medo, a ponta de ciúme,
A dúvida feroz, ser o que sou?
Não posso perseguir o teu perfume,
A rosa que deixaste, não brotou...
Perdoe se não posso estar contigo,
Meu grito nunca mais te importará.
À noite, adormecido, não consigo,
Saber o quanto a dor traga infinita,
Estrela dos teus olhos brilhará
No que me restará de vida, Anita!

ANGÉLICA: pura como um anjo.

ANGÉLICA: pura como um anjo.

Celestiais delírios dum poeta!
Composto de ilusão e de tormento.
A vida percorrendo em reta
Caminhos que me leva o pensamento.
No mundo tantas vezes fui asceta,
Distâncias percorri, amado vento.
Tentando ser teu arco, fui a seta.
Amor que me deflagra o sentimento!
Ah! Celestes desejos! Fantasias...
Ns telas que pintaste teus arranjos,
As cores boreais, as poesias...
Por quantas vezes alma levo bélica,
Mas os teus braços, mansos, calmos, anjos
Sossegam meus tormentos, minha Angélica!

ANA: cheia de graça.

ANA: cheia de graça.

Vinda da noite, estrela que me guia,
Seu brilho transformando minha vida.
O canto desta noite, fantasia,
A lua não pretende despedida.
Nos olhos dos cometas, ventania,
Minha alma, em desalento, vai perdida.
Silêncio nos amantes, noite fria,
A noite vai morrendo, amanhecida...
Embora tão distante, dos meus braços,
O canto que se escuta, não disfarça.
Teu rosto nos espaços, finos traços...
Coretos alegrando plena praça,
Em graciosa harmonia, branca garça.
Vai Ana, caminhando, plena graça!

AMÉLIA

AMÉLIA


Bem sei que te fizeram redentora,
Mulher de mil batalhas e de guerra.
A noite que te trouxe, criadora,
Das dores, teu carinho me desterra.

Não posso conceber que quem te adora,
Não vive sem pensar: É bela a Terra.
Dos vales e dos campos és pintora,
Dos pássaros das cores desta serra!

Se tens a mansidão que tanto acalma,
Por certo também tens brilho e ternura.
As linhas do futuro em tua palma,

São flores maviosas qual bromélia.
A vida, em tuas mãos, tanta brandura,
Destino que me trouxe a ti, Amélia!

AMANDA

AMANDA

AMANDA: digna de ser amada.

Amor, meu companheiro de viagem!
Nas curvas e desníveis do caminho,
Espero por teu vento, tua aragem.
Não quero prosseguir assim, sozinho...

A lua vai mudando de roupagem...
No céu prateia e doura cada ninho,
Se enfeitando, tão bela maquiagem!
Amor meu companheiro, passarinho!

Voando pelos campos, beija a flor.
Revoando por mares, cordilheiras...
Encontra esta beleza, e esplendor.

Pesado, coração voa de banda,
As noites são amigas, companheiras,
Decerto eu hei de amar-te, bela Amanda!

AMÁLIA

AMÁLIA
AMÁLIA: trabalhadora.

A vida se transforma em duras lutas,
As luas e desejos se despojam.
Amores e cansaços desalojam
As noites que se foram, frias, brutas...

Nos medos minha angústia, não refutas;
Pois sabes que torturas não se forjam,
Nas dores que, no peito, sempre alojam.
Distâncias e saudades são astutas...

É minha culpa, tento ser sincero,
Unicamente minha! Mas desejo
Que neste nosso amor, que é manso e fero,

A vida não se torne uma mortalha,
A noite que vivemos, nosso beijo,
Na garra que demonstras cara Amália!

ALANNA

ALANNA


Noite chegando, cais distante e triste...
Mar se quebra, falésias, nas areias...
Um brilho neste céu, longe, resiste.
As mãos tão calejadas criam teias.

Esperando por luz que não existe.
Mares distantes, tristes, incendeias
Na força que carregas. Vais, insiste
No mundo que suportam minhas veias.

Noite distante, nuvens levam ventos.
Os medos, as angústias nesse cais...
O mundo não permite sofrimentos,

A noite renasceu, não morre mais...
A vida se ressurge, vai temprana,
Na força que se emana em ti, Alanna!

ALZIRA

ALZIRA
ALZIRA: ornamento, beleza.

Quando Deus fez a Terra, Seu encanto,
Com tantas belas cores enfeitou.
Na voz da natureza pôs o canto.
No meio das estrelas repousou.

Enfeites polvilhou cada recanto;
E belezas sem par imaginou.
Na noite das crianças, acalanto,
São provas que o Divino Pai amou!

Aos homens trouxe a luz d’uma mulher,
Amada companheira de beleza
Ímpar, pois é rainha onde estiver.

O fogo vai queimando numa pira,
A noite se passando sem tristeza.
À minha vida, ornando, deu Alzira!

ALINE: nobre

ALINE: nobre

Vindo de terras nobres e gentis,
Dona dos meus momentos de ilusão.
No tempo em que julgava-me feliz,
Castelo dos desejos: coração!
Meus sonhos, meus anseios mais sutis
Traziam bem distantes a canção,
Minha felicidade por um triz...
Na praia, nestas ondas, no verão!
(Sobre tão bela praia, esta visão)

E eu gritarei teu nome, pelos mares,
Luz mais clara, nobreza feito nome.
Nos campos verdejantes, nos luares,
Nas ondas , nos remansos desta areia...
Uma visagem mágica consome:
Aline, doce, nobre, uma sereia!

Tuesday, November 7, 2006

ALICE: a verdadeira.

ALICE: a verdadeira.

Eu bem sei que jamais tu mentirias,
Verdade é aliada e companheira...
O medo destas noites, longas, frias,
Por certo perseguiu-te a vida inteira...
Nas mãos tão carinhosas, ventanias,
Orgulho te servindo de bandeira...
Na chama das mentiras não te ardias,
Na vida, sempre foste verdadeira!
Não há um ser humano que cobice,
Nem queres os engodos da riqueza.
Sem reino tu és mais que uma princesa,
És dona da verdade, cara Alice.
Embora tantas dores isto traga.
Um Deus tão benfazejo já te afaga!

ALEXANDRA: defensora da humanidade.

ALEXANDRA: defensora da humanidade.

Nas mãos tão delicadas novo brilho,
Nos olhos esperança destacada.
Desejo teu amor como estribilho,
As noites que passamos, na calçada.
Surgiste do infinito, já me pilho
Em loucas fantasias sobre o nada.
Por certo, tantas vezes eu me humilho,
Na incerteza cruel, desesperada!
Em vias de loucura, cara amiga,
As tuas mãos são bênçãos divinais.
Ajudas a aplacar a dor antiga,
Daqueles que precisam deste cais.
Alexandra ,também da humanidade,
Faço parte, me tenha caridade!

ALDA

ALDA: sábia e rica.

Te imagino no brilho da manhã...
Aurora boreal, um rico encanto...
És fonte de ilusão, num louco afã,
Amanhecer sonoro, lindo canto...
A vida sem te ter, é pobre e vã;
É rio que derrama um mar de pranto.
A vida não será triste e malsã,
O mundo não trará somente espanto.
És sábia, disso sei e te venero,
As mãos derramam tapas de pelica.
Amor que desconheces quando fero,
Na dor que silencia, não desfralda,
Por certo tantos erros nada explica,
Perdoe meus enganos, sábia Alda!

ALCIONE: nome de uma estrela muito brilhante da constelação das Plêiades.

ALCIONE: nome de uma estrela muito brilhante da constelação das Plêiades.

Uma brilhante estrela sobre o mar...
Distante, num saveiro peço cais...
Num ritual insano, te adorar,
Embalde! Me disseste: nunca mais!
A vida que perdi, quero encontrar,
Mas como, se em tristezas, tudo jaz...
Estrela brilha mais do que o luar,
Procuro teu caminho, sou audaz,
Mas a noite responde: estás insano!
Nas Plêiades perdida nunca volta...
Meu peito, magoado, se revolta.
O mundo gigantesco num ciclone,
Meu barco naufragando, meu engano...
Distantes dos teus braços, Alcione!

ALCINA: de mente forte.

ALCINA: de mente forte.

Não posso resistir ao teu desejo,
Na força que se emana, poderosa.
Nas tempestades, és um relampejo.
Perfume que tu tens, recende rosa.
A noite dos teus passos, sempre vejo
Na força que te faz tão orgulhosa!
Contigo não resisto nem pelejo.
És sábia mas, no fundo, carinhosa!
Meus versos procurando teu carinho,
Em busca destas luzes envolventes.
Te ter é conhecer a fina sorte.
Não posso mais me ver, nem vou sozinho...
Conselhos que me dás, tão competentes,
Tu és, Alcina, bela estrela forte!

ALBERTINA

ALBERTINA: ilustre.

Desculpe se te ofendo, minha musa;
Por vezes me esqueci do teu ciúme.
Não fiques assim tonta, tão confusa;
Não posso mais viver sem teu perfume.
A noite se demonstra cega, obtusa
Se não estás. Me perco num queixume,
Se foges de meus braços,. Ó cafuza
Meus olhos necessitam do teu lume!
Tens no sangue, beleza duma Iara,
De princesa africana esta linhagem.
Rainha dos desejos, da coragem,
A vida te ilumina, jóia rara!
Amar e desejar-te: doce sina!
E m’honras com teus beijos, Albertina!

ALBA

ALBA: branca, alva.

Noite de plenilúnio no sertão!
A lua se fazendo namorada,
Dispara um sertanejo coração.
Em busca da mulher, presença amada!
Por vezes imagino teu perdão,
Por outras vou olhar, não vejo nada!
O mundo se derrama na amplidão,
As mãos mais solitárias sem espada
Que proteja nos ermos do caminho.
Não deixe-me ficar sem o teu brilho,
És lua que ilumina alva e tão mansa
Não posso mais viver aqui sozinho,
Iluminas meu rumo onde vou, trilho.
Nesta brancura que Alba sempre alcança!

ALAÍDE

ALAÍDE: variação de Adelaide.
de linhagem nobre

Princesa sertaneja, meu desejo,
Estar entre teus braços, sedutores.
À noite de trazer num manso beijo,
As luzes que iluminam meus amores!
A fonte do desejo, sem ter pejo;
Envolta nos carinhos destas flores,
Trazendo pr’este peito sertanejo
A certeza da beleza destas cores.
Altiva e tão serena, meu amor.
Os versos que te faço, num momento,
São formas inconstantes do penhor
Que trago no meu peito. Não duvide!
Rainha não permite sofrimento,
Princesa com certeza és, Alaíde!

AIMÊ: do francês Aimée, significa amada.

AIMÊ: do francês Aimée, significa amada.
AIMÊ: do francês Aimée, significa amada.


Perguntas sem por que se és minha amada!
Por certo sempre tive esta esperança,
A noite quando espera a madrugada,
No fundo necessita da criança
Que vive no meu peito, apaixonada,
Resquícios belo tempo na lembrança
Depois de tanta dor, não sobrou nada.
A vida se perdendo sem bonança!
De repente, a vieste sem querer,
Amor, que adormecido tinha um quê
De tristeza, domina todo o ser.
Quem sabe, me conhece, enfim, me crê
Capaz de ser feliz. E pode crer
Que és por mim muito amada, cara Aimê!

AIDÊ.

AIDÊ: vem do francês Haydée e está associado a independência e ousadia.

Quem dera tua força, na batalha.
O brio de teus olhos, ó princesa.
A morte sem sentido nunca atalha
Os motes que cantaste, sem tristeza!
És livre e esse teu vôo nunca falha,
Dispara teus desejos, realeza...
Não há dor nem quimera, tens navalha
Pronta p’ra cortar essa incerteza.
Quem vive neste mundo e nunca vê
O brilho da rainha dos meus dias.
Não sabe nem conhece fantasias.
No fundo reconhece bem por que
Independência crias, nas coxias
Do teatro da vida... Forte Aidê!

AÍDA: próspera, feliz.

AÍDA: próspera, feliz.

A solidão, quimera mais atroz,
Havia me legado ao sofrimento.
A boca da saudade, mais feroz,
Mordia cruelmente; esquecimento!
Distante de meu peito, ouço a voz,
Sincera e tão venal do meu tormento.
Sou rio que não sinto minha foz,
Destino me deixou, solto no vento....
Embora mais sincero que já fui,
O medo na verdade, contradiz.
Minha alma sofredora, vai perdida..
O tempo da existência nunca flui,
Sou pássaro ferido, qual perdiz...
Só me encontro feliz, se estás, Aída...

AGNES

AGNES: significa pura.

Deitada num dossel, és virginal,
A deusa dos amores te deu luz!
Montado em meu corcel, no longo astral,
Caminho transtornado. Me seduz
O lume que emanaste neste umbral
Do castelo dos sonhos. Andaluz
Cavalo a me levar, na sideral
Trilha, o teu brilho sempre me conduz!
A vida, sem demora me deu vez,
O campo das estrelas no infinito...
A morte de meu mundo se desfez,
O tempo sem querer me deu seu rito.
Emocionado solto um berro, um grito,
Envolto em tal pureza, minha Agnes...

ÁGATA: bondosa.

ÁGATA: bondosa.

Vida densa, tristezas, minha sina...
Amores e mortalhas, companheiras..
A boca que beijei, fria assassina,
As noites que se foram, carniceiras...
Não quero recordar essa menina,
As horas dos amores, as primeiras,
Um peito juvenil, já desatina...
Vontade de pular, saltar das beiras!
Mas quando essa tristeza soberana,
Mais forte dominava sem carinho,
A sorte poderosa, não me engana,
A lua retornou de seu caminho,
Brilhando suas luzes, gloriosa,
Ágata, nome de mulher bondosa!

ADRIANA: escura, morena.

ADRIANA: escura, morena.

Nas praias, nos desertos, solidão...
Nesse medo de amar que me maltrata.
O sol que me incendeia, meu verão,
A doce solidão desta cascata...
Esse mundo não cabe coração,
Na noite que enluara, densa mata,
Nas horas mais difíceis , teu perdão.
Amor que traduziste cor de prata....
Mas a vida se refaz em cada cena,
A porta, paraíso não se engana.
A pele que me encanta tão morena,
É luta em que terei, por certo gana,
Na boca que me morde, tão pequena,
A sílfide sem par, bela Adriana!

ADINA: voluptuosa.

ADINA: voluptuosa.

Não me deixas sentir sequer o medo...
Não tenho tempestades, nem as temo...
Amar parece ser o teu segredo.
Nos mares que navego, és o meu remo...
Por vezes, se freqüento meu degredo,
A morte tão silente nunca eufemo,
Aguardo minha dores, simples, ledo...
A teu lado sequer, nunca me tremo...
Perfume e singeleza, tens da rosa,
Caminhas flutuando pelo céu...
Amada, teu caminho descortina,
Nas mãos desta mulher voluptuosa,
Delícias e luxúrias, carrossel...
És todo o meu amor: Ó minha Adina!

ADÉLIA: nobre.

ADÉLIA: nobre.

Querida amiga, quero teu perfume...
Não me escondas mais luzes sem promessa.
A vida me traduz tanto queixume....
Ser feliz é preciso e tenho pressa.
Estar ao fim dos dias neste cume,
Cordilheira do amor! Se tudo estressa,
Me acalmo nos teus beijos, de costume...
Nas dores e feridas, és compressa!
Nos nobres sentimentos, tua glória.
Nos belos pensamentos, meu futuro...
Nos mais tristes momentos, a vitória!
Das flores e dos frutos és corbelha,
Mas quando estou sozinho, o mundo escuro...
Encontro a claridade: nobre Adélia!

ADELAIDE

ADELAIDE: de linhagem nobre.

Mundo cruel, fizeste-me plebeu...
Quem dera se pudesses seres minha...
A noite esconderia o triste breu,
A vida não seria mais sozinha...
Meu coração, outrora vil, ateu,
Encontraria luzes, velas, linha.
Seguiria caminho todo meu,
Distante da gaiola que se aninha...
Ah! Como a solidão, medonha fera,
Esfrega suas garras no meu peito.
O mundo que sonhei se degenera.
Ao menos se pudesse ser alcaide,
Decerto, assim tivesse jeito
De poder vislumbrar bela Adelaide!

ADALGISA

ADALGISA: lança de nobreza.

Amor que me deu glória na verdade,
Espelha tanta luz, na calma brisa...
No peito me revela esta saudade,
As dores da existência me exorcisa.
O templo da paixão, a claridade,
Nas mãos desta divina poetisa.
É lua que me cobre de vaidade,
É noite que, de bela, me hipnotiza...
Embalde procurei outra beleza,
A vida não me deixa outro sentido.
Na marca triunfal desta nobreza,
A mão que me acarinha forte e lisa;
Quem dera nunca mais haver perdido,
A lança da nobreza de Adalgisa...

ADAIL: guia e defensora.

ADAIL: guia e defensora.

Nas lutas que travei na vida afora,
Sozinho, sempre tento prosseguir.
A noite das tempestas não demora.
O mundo sem vontade de existir...
Meu peito foi guerreiro mas já chora,
A luta que travei, morando aqui.
Cantiga imaginara, mansa, aflora,
Nos rastos das estrelas, foi daqui...
As guerras e batalhas nunca venço,
A solidão promessa de derrota.
Reluto, mas no fundo me convenço,
Retorna essa mulher que nunca fora,
Redime meus tormentos, vida brota,
Em Adail, a guia e defensora!

ADA

ADA: feliz, próspera.

Mulher dos meus delírios e defeitos,
Espero teu carinho e tua glória.
Não sigo por caminhos mais perfeitos,
A dor que me consome, na memória.
O verde de teus olhos, mansos leitos,
As matas que carregam minha história.
Persigo, nas vontades, tantos pleitos.
A luta que travamos, peremptória...
Amada que não queixa nem ciúme,
Amada que feliz, permite sonho....
Não posso ter de ti qualquer queixume,
Encontro-te nos olhos da esperança.
Futuro, nos teus braços, mais risonho.
És próspera mulher, meus sonhos, ADA!

Abigail!

Surgida entre estrelares amplidões,
As luzes que imagino já perdi...
As cores reproduzem soluções,
O mundo que sonhei, longe daqui.
Batendo incoerentes corações,
Esqueço tantas dores que vivi.
Não peço nem preciso teus perdões.
A dor de não me amares, esqueci...
Procuro pelos versos que não fiz,
Estrelas são cadentes, perdem céu.
No fundo, necessito ser feliz...
Um anjo dos espaços, já caiu,
Nos braços, minha chama e meu dossel.
É fonte do prazer: Abigail!

Ângela

Noite vem outra vez, me encontra só...
Os raios deste sol não me aqueceram.
A vida se refaz, retorno ao pó
A sorte e meus amores me esqueceram...
Destino tão cruel quanto o de Lot,
As rodas da fortuna se perderam.
Quem quis da vida festa e pão de ló,
Quem da flor, nem perfumes conheceram,

No fundo se perdeu, sem despedida...
Saudade que já tive não trarei.
A morte vem tecendo sua lei,
Desfeita a liberdade, morre vida...
No peito, o frio vago nega vela,
Só Ângela, num anjo se revela...

Andréia

O mundo não me trouxe tais respostas,
Aguardo calmamente, este desfecho.
Chicotes vão lanhando as minhas costas,
A luz dos meus amores, nenhum fecho...
Quem dera minha sorte, sem desleixo,
Quem dera meu destino, vida em postas,
O peso desta vida, não me queixo.
Queria só saber se tu me gostas!
Apostas que já fiz, perdi de vista.
Amar é conviver com panacéia...
Não creio em sentimento que resista
Aos ventos e tempestas da saudade...
A noite de meus sonhos, claridade
Encontra nos teus olhos, linda Andréia...

O que dizer destas mãos que me acarinham?

O que dizer destas mãos que me acarinham?
São sedas perfumadas, sem espinho;
São noites que as estrelas adivinham,
Delícias delicadas, fino vinho.
Por matas e vertentes se encaminham,
Encontram solitário passarinho,
Nos rumos mais tristonhos já se alinham,
Buscando, em tempestades, manso ninho!
Mãos de fada, enfadonhas as quimeras.
Nas flores que fecundam primaveras,
Nos olhos que me espreitam de tocaia.
Nas barras que seguro, tua saia,
Nos vértices dos céus, livre sonho.
As mãos tão delicadas... E eu, medonho!

Não sei se me permites ser sensível,

Não sei se me permites ser sensível,
Espero essa resposta por e-mail.
Amor que não demora , tão incrível,
Se encontra desvairado em pleno anseio.
Paixão que sempre estranha, inacessível,
Demora nas delícias do teu seio.
Eu quero teu amor, pois infalível,
Nas ondas deste amor, enfim vagueio...
Meus braços estarão sempre esperando,
A moça que não quer se complicar.
Não quero essas mentiras, não sou brando,
Eu quero me fartar desta ambrosia,
Nos lumes dos teus olhos, vasto mar...
A noite que vivi, anseia o dia!

Nas cores que alumia meu desejo,

Nas cores que alumia meu desejo,
Inúteis passarinhos quedam sós.
Se vejo não prevejo nem revejo,
Desejo, quero ouvir a tua voz...
Na sala do meu sonho, um azulejo
Quebrado, me prendendo tortos nós...
Se perco não me pelo nem pelejo,
Eu não quero ser algo nem algoz...
Caminho por teu ninho e tua senda...
Espero-te na curva do meu rio.
Nos desertos, ocara, taba, tenda,
Acabo tendo luzes sem amores...
Coração que não rebate bate cio,
Nos brilhos dos desejos, tuas cores...

Tanto prazer na chuva e nas tempestas,

Tanto prazer na chuva e nas tempestas,
Mistérios de divinas sensações.
O gosto das esperas, loucas festas,
Maltrata em arrepios, corações.
Vertiginosamente já me emprestas
Amores e mortalhas, teus perdões.
Deitando nas entranhas destas frestas
Que os tolos apelidam de paixões...
Rosto alvo de princesa, mãos macias...
As bocas carmesim, os arrepios...
Vestida de mentiras, fantasias,
Seriam mais sutis nos dias frios.
Amargo o sentimento da ilusão.
Me mate neste mate, chimarrão!

Não chegue de tardinha, já te peço.

Não chegue de tardinha, já te peço.
As horas mais gentis já não disponho.
Meus erros e consertos nem confesso.
Meu medo dos amores é bisonho!
Ferrabrás, Satanás, tanto faz, meço
Palavras e sentidos o meu sonho.
Doçuras e mergulhos! Endereço
Dos infernos: meu canto mais medonho!
Mordazes os sorrisos, são safados..
Vasculho nos teus bolsos, meu ingresso.
O mundo dos canalhas, seu congresso.
Permite decifrar sinas e fados,
Estremo temeroso, a podre unção.
Batuca melindroso, o coração!

A tua boca, esposa e fantasia,

A tua boca, esposa e fantasia,
Nos sabores ferozes dos teus beijos
As linhas cruéis: farsas, desejos...
Os ecos da discórdia em pleno dia...
Não sei de que me vale ou se valia,
O canto dos canários, tantos pejos,
O medo dos espinhos, vãos solfejos.
A porta das estrelas não se abria...
Linda e nua, remota e traiçoeira,
Os cardos e penúrias, podres urzes...
A mão que tortura, vez primeira.
Revejo estes cansaços e disfarces.
Mas posso te ofertar algumas faces,
Decerto encontrará as velhas cruzes!

Na tarde tão divina e rutilante,

Na tarde tão divina e rutilante,
Os brilhos se misturam com as cores...
Aberta sobre o mar, ó bela amante,
Os caminhos das nuvens e das flores
Definem tal beleza, delirante!
Persigo teus pendores, onde fores,
A vida se transforma neste instante!
As tuas mãos morenas, meus amores,
Deslindam-se na tarde delirante!
Nas praias, clara areia, mansas ondas,
Os medos se tornaram fantasias...
Nos leitos das amantes, tantas rondas,
Em cores milagrosas, primavera...
Nos sonhos e nas conchas, melodias,
A vida não permite tanta espera!

Eu sempre que te vejo, rutilante,

Eu sempre que te vejo, rutilante,
Horizontes abertos, tardes claras...
Um manto languescente, minha amante,
Trazendo pr’este céu as cores raras..
A vida se deslinda, neste instante.
Constelações divinas, jóias caras,
Elevam-se qual flor mais deslumbrante...
Espaços siderais, belas tiaras...
Magistral plenilúnio sobre o mar!
Olhos estonteantes, lírios alvos...
Estradas radiosas, caminhar...
No delta dos amores, milagrosas
E divinas mãos, sobre montes calvos,
Milhares e milhares, tantas as rosas...

Nas mãos serenas, sonhos e quimeras...

Nas mãos serenas, sonhos e quimeras...
Desejos e romances se entrelaçam.
Em tempos dolorosos, velhas eras,
Os olhos fragilizam-se, disfarçam...
Nestas horas que sempre foram feras,
As rendas e promessas nunca passam,
O que será jamais trará esperas,
Vazios corações, tontos, se caçam...
Nas alfombras, descansas o teu cio,
Azulejos divinos, meu prazer...
Caminhos mais selvagens negam frio,
Desejos apodrecem tão maduros...
Calores siderais, todo o meu ser
Invadem: violentos, mas escuros...

Não conhecia medos nem quimera.

Não conhecia medos nem quimera.
O tempo se esvaia, sem propósitos...
Meus invernos, outono e primavera,
Das dores simplesmente vãos depósitos!
Amor de tantas cores quem me dera!
Não sei, mas pretendi saber compósitos
Que formam os caminhos desta fera,
Me perdi nestes tolos despropósitos...
Mas, acalmado pelo carmesim
Da boca da pantera que me olhava;
A vida sem resumo e sem ter fim,
Fazendo das esperas, esperanças.
Teu olhar, meu olhar, nada restava...
Quimeras minhas curas e lembranças...

Romântico, romântico, romântico!

Romântico, romântico, romântico!
Rasgando o coração, esqueço a vida...
No canto, teu encanto, no meu cântico,
A lua dos amores, sei perdida!
Nos céus explodirei, sincero, quântico.
No mundo dos meus sonhos, preferida,
Nos mares dos meus mundos, onde, atlântico,
Espero tua volta, despedida...
Te procurei nas ânsias do viver,
A quimera expressando minha dor,
Singulares desejos num blazer
Que guarda esse infeliz como um vulcão;
Explode, sem vergonha, num tumor.
Meu peito, amargurado coração!

Tédio sem fuga, espera, estreito teu abraço...

Tédio sem fuga, espera, estreito teu abraço...
Não deixarei estrela esquecida no céu...
Meu acalanto triste, envolto no mormaço,
Aguarda simplesmente um novo e belo véu.

Promessas e mentira, eu sei deste teu laço...
Mudaste de paixão, sempre foste infiel,
A noite que te viu, morreu triste cansaço...
Num rompante lunar. Ah! Como foste cruel...

Tédio sem fuga, luz... Eu sempre quis teu beijo...
Não pude navegar, esqueço, então do mar...
Nas ondas que te trago, o gosto da ilusão...

O rio do meu sonho, as águas do sertão.
Palavras que esqueci, dizer que é bom te amar,
São coisas que esqueceste, estradas do desejo...

Meu amor traz completa sensação

Meu amor traz completa sensação
De universos vagando sem sentido.
Perdendo-se renasce na amplidão,
Inteiro é que se encontra dividido...
Imerso nos teu mares, convulsão,
No meios das estrelas vai perdido
Amor que não dispara coração,
É luz e treva, segue sem ter sido...
Nas horas mais tristes
Amor que não sei
No mundo encontrei
Saudades e risos,
Tormentas e praias,
Verdades e saias,
Nos céus, paraísos...
Meu amor traz cantigas infantis,
Cantinflas, Mazaropi, cines boates.
Todos sonhos medonhos, pueris.
É canto que encanta
Trazendo esperança
Olhar de criança
Verdades e lendas,
Heróis e fantasmas
Suspiros e asmas.
Desertos e tendas..
Esse amor minha seiva, rum e mel,
Serenatas, manhãs, ruas, mascates...
Nas ilhas dos seus sonhos, sou ilhéu...

Amor que não se pede, espere bem sentado,

Amor que não se pede, espere bem sentado,
Amor que não se cuida, a semente não brota...
Passarinho, prendi, ficou demais calado...
Meus sonhos de cristal, a lua é minha rota...
Não vou levar saudade, espero novo fado.
Perdido meu amor, jogado nesta grota.
Carrego meu cansaço, amor pobre coitado.
Felicidade enfim, cumpri a minha cota...
No riso que vigora, a vida toda chora....
Espero meu passado, aguardo meu futuro,
Morena por favor agora não é hora,
Se fores não terei, uma simples mortalha,
A vida que não tive, num alto e grande muro,
É corte que se dá no fio da navalha...

Invernosa, minha alma adormecida...

Invernosa, minha alma adormecida...
Os sonhos cristalinos : aflições!
Infernos que renascem, minha vida...
Tantas vezes luares e sertões,
Agora simplesmente vai perdida,
Longe das auroras e verões.
Derretem-se geleiras nesta brida.
Sina, caldeirão pleno de ilusões!
Canário que cantou nesta gaiola,
O coração não sabe dos amores...
Amor nunca se aprende nesta escola...
Minha alma adormecida, noite fria...
Minha Nossa Senhora, minhas dores,
Na triste madrugada, uma agonia...

Monday, November 6, 2006

Nesta beleza rara, escultural,

Nesta beleza rara, escultural,
Suave calmaria leva o mar.
Contorno de vitória triunfal,
No campo das batalhas do luar.
Beiras a perfeição, és divinal,
Uma sílfide leva-me a sonhar.
Beleza sem igual, fenomenal,
Tradução mais correta: verbo amar.

A boca carmesim, doce e pequena,
Os olhos exclamando: formosura,
Acena com propósito de cura.
A pálpebra fechada: vera cena,
Dormita tão serena criatura.
Acordado, venero esta morena!

Um lêmure perdido na cidade...

Um lêmure perdido na cidade...
Me sinto quando encontro teu olhar.
Por vezes me demonstras falsidade,
Em outras me convocas a sonhar.
Revoltas no meu peito, claridade,
Reversos e complexos, morro mar...
Mentiras são humores. À vontade,
Proclamas vibrações, chamas, luar...
Deitada quase sempre num divã,
A diva se revive na vitória.
As plácidas lembranças, vida vã,
Esgotam minhas culpas, madrigais..
Embora me guardaste na memória,
Palavras que me lambes, são venais!

Ah! Quando dispersei essa esperança

Ah! Quando dispersei essa esperança
Em nome da certeza do futuro;
Não sabia que a vida não se cansa,
De fingir-se leal, porto seguro.
Ao tentar destruir esta aliança,
O claro sentimento fez-se escuro.
Tempestade abortando uma bonança,
A sorte se escondeu detrás do muro...
O mar que fora meu, virou deserto,
O frio de minha alma congelou.
A solidão feroz, ronda por perto,
A paz se fez distante, na batalha.
O nada simplesmente me sobrou,
No corte tão profundo da navalha!
Agora que, decerto, já descansas,
Envolta nas mortalhas virginais.
Cabelos negros, belas, fartas tranças;
Na beleza sem par, fontes astrais.
As flores que no céu, amada, alcanças;
Emanam seus perfumes divinais...
A festa sideral promete danças,
À vinda desta deusa! Triunfais
Cortejos da beleza pelo astral!
Convivas comemoram tua vinda,
Os céus em reboliço, tantos brilhos...
O jardim dos meus dias já se finda,
A rosa que plantei, já desfalece...
Estrelas radiosas seguem trilhos,
Só minha alma, viúva, se entristece...

És tudo que aspirei a vida inteira,

És tudo que aspirei a vida inteira,
Caminho das estrelas que vaguei...
Decerto te encontrei, ó companheira,
Nos palácios divinos que sonhei...
A minha alma sofria, carpideira,
Em busca dos castelos, quis ser rei;
O templo da agonia, minha beira,
Por quanto tempo, triste, freqüentei...
Em teus olhos, estrelas fosforescem;
Buscando claridade, muitas cegam.
Pobres astros obscuros obedecem
As ordens dos teus olhos, qual farol.
Aquelas que, infelizes, vãs, te negam
Ofuscam-se no brilho do teu sol!

Sunday, November 5, 2006

A dor que me penetra qual mortalha,

A dor que me penetra qual mortalha,
Trazendo minhas ânsias, ser feliz...
Os brilhos que esta lua sempre espalha
São látegos denotam cicatriz...
Sombrias tempestades, qual navalha,
Malditas me torturam. Por um triz
O bote destes lumes, dor canalha,
Vestida de ilusões, vã meretriz!
Castamente covarde dissimula.
Forjando santidade se revela
Nas horas mais sombrias, vago o mundo...
Ó lua, por que queimas, sua vela?
Traíste meus delírios de poeta,
Meu verso vai embalde, vagabundo...
Mataste qual Cupido e sua seta!

Atravessando trevas nebulosas,

Atravessando trevas nebulosas,
Em busca da amplidão do teu carinho.
As mãos que se perfuram, olorosas,
Lancinantes desejos pedem ninho.
Angústia dos jardins que perdem rosas,
Embalde me apeguei ao teu espinho...
Nos mares das volúpias tenebrosas,
Um canto que se cala, passarinho...
Neste atroz pesadelo, latejante,
Mistura das tremendas fantasias.
Represo meus temores, arquejante.
Não posso receber a vida amarga
Como quem saboreia as ambrosias;
Amor que me devora: afaga e larga....

Sacrifícios banais, não os mereço.

Sacrifícios banais, não os mereço.
As aves cujas garras se aprofundam,
Por vezes, tantas dores, desconheço.
Os meus versos, exóticos, redundam...
Não quero nem saber teu endereço,
Os olhos que clausuras nunca afundam
Nas pernas que escondeste, neste avesso.
Permita que sentidos nos confundam...
O mesmo sentimento que exorcisas,
Enclausura os amores que negaste.
As bizarras fanfarras que cotizas
Em avalanches tétricas devoras...
Simulas delicada, negas haste,
No fundo te desejo sem demoras...

Minha tola esperança adormecida

Minha tola esperança adormecida
Nos espectros vazios busca amparo.
Volúpia de quimeras, esquecida
Envolta nestas brumas, desamparo...
Distante da vereda mais florida,
É fera que perdeu o rumo e faro...
Vacilante esperança quer guarida,
Febrilmente desejo nobre e caro...
Nas cândidas procuras estelares,
Nas buscas incontidas da verdade.
É fruto que não nasce em meus pomares,
Perfume que me negam os rosais,
Esperança adormece, frialdade...
Acordará do sono? Nunca mais!

Nostalgia e dolência nesta tarde...

Nostalgia e dolência nesta tarde...
Carinhos imortais da amada bruma...
A noite me trará embora tarde,
O gosto da explosão, marinha espuma!
Quem ama não precisa deste alarde,
Espreita um caçador, um salto, o puma...
Olhar que no infinito, fere e arde,
Não pode descansar de forma alguma!
Espasmos da luxúria florescentes,
Noctívagos delírios vampirescos...
Meus sonhos, meus amores, são dantescos.
Aguardo, calmamente a minha morte.
No fundo, meus defeitos, indecentes,
Misturam-se num gozo louco, forte...

Amor que se fizera arquitetônico,

Amor que se fizera arquitetônico,
Buscando novas formas, novos tons.
Nas horas mais difíceis foi irônico,
Explodindo em milhões de megatons!
Mas, nas várias tristezas forte tônico,
Espalha nos prazeres vários sons...
Amor que se pensara ser platônico,
Depressa me devora em tantos fronts...
Mistérios e sentidos já decoro.
A boca que me morde me pragueja...
Na roupa que me rasgas me decoro,
A noite que passamos como arqueja!
Não quero mais manter tolo decoro,
Vem correndo: essa boca te deseja!

Nas folhas peroladas pela neve,

Nas folhas peroladas pela neve,
Na prata que se esvai neste luar.
Estrelas decadentes, vida breve,
Desejos de morrer, fundo do mar...
Estrela merencória não se atreve
Nas plêiades divinas, navegar.
Satélites vagando... Terno, leve,
Universo mergulha, devagar...
Nas explosões noturnas, meu desejo...
Primitivos delírios e delícias...
Nebulosas, quasares, num lampejo
Transformam ilusões neste caudal.
Se fecundam, estrelas e malícias,
Explodem toda a noite, em festival!

Sensação de impotência me invadindo...

Sensação de impotência me invadindo...
Tortura sentimentos, liberdade.
Meu tempo de esperanças vais sumindo
Como a estrela que morre nesta tarde.
Estrela, companheira vou seguindo
As trilhas que deixaste, mas embalde...
Pobre bardo, morrendo vai subindo,
Em busca desta estrela vã: saudade!
Encontra tão somente seus clarões,
Resquícios do que fora mais feliz...
Ardentes, os silentes corações,
Derramam-se envoltos na loucura.
A vida vai passando por um triz
Sensação indizível de tortura...

Prelúdios e canções, serenidade...

Prelúdios e canções, serenidade...
As límpidas imagens deste amor
Passeiam mais etéreas, veleidade...
O gosto das estrelas, teu sabor
Nos silfos encontrei a paridade
Flutuantes, meus sonhos, cadê dor?
Nos espaços serenos, a verdade
Se expondo assim completa, sem rancor...
Nos brilhos da luz, sonhos e promessas.
Maravilhosamente solitárias
As horas não se passam, perdem pressas...
Sensação divinal de paz me invade...
Dores deixam de ser totalitárias,
O vento da esperança, o fim da tarde...

Violinos, dança, valsas, serenatas...

Violinos, dança, valsas, serenatas...
Seios expostos, loucas madrugadas...
Diamantes e cristais, mansas sonatas.
Mãos a percorrer, extasiadas...
A lua se elevando, suas pratas...
As bocas se devoram, tresloucadas...
Nas danças, os casais giram, cascatas...
As pernas mais febris, desenfreadas...
Sedosas confusões, pernas e cama.
A noite em tempestade não se cansa...
As pernas se entrelaçam nesta dança,
Enredos, violinos, valsa e chama...
Mergulho meus sentidos nesta trama,
A noite mais vadia, vai, avança!

Na vida me equilibro qual funâmbulo,

Na vida me equilibro qual funâmbulo,
Amores rufiões não mais os quero...
Vagueio pelos bares sou noctâmbulo
Irônico sorriso trago, fero....
Por vezes qual colérico sonâmbulo,
Nefandos pesadelos, desespero.
A vida nos seu trágico preâmbulo,
Me trouxe estes remendos onde impero.
Tavernas e bodegas são meus lares,
Conhaque, vinho e rum meus companheiros
Sarcasmos, falso amor, paixão e bares,
Sou noivo da mortalha que me espera...
O sangue que escorreu, podres tinteiros,
Amansam coração da louca fera...

Ao seguir calmamente pelas sendas

Ao seguir calmamente pelas sendas
Auríferas do amor, singelo lírio...
Em teu alvor encontro velhas lendas,
Teu perfume inebria num delírio...
Procuro me esconder, profanas fendas,
Dos siderais fantasmas, meu martírio.
Quem dera, destra vida desse prendas,
No brilho das estrelas, meu colírio...
Ó lírio companheiro das desditas,
Afaste dos caminhos, vãos quebrantos.
As minhas mãos em prece, tão aflitas,
Esperam teus pendores alvos, santos...
As linhas do destino, foram ditas
Vivendo teus simbólicos encantos...